Amigos
Harry estava à beira do lago sentado na grama, observava alguns alunos do segundo ano jogarem comida para a lula gigante, Gina estava deitada em seu colo folheando o Profeta Diário, ele inconscientemente alisava seus cabelos com a mão. Era um belo dia de verão, o sol brilhava no céu muito azul, sem nenhuma nuvem. O calor que fazia era intenso, mas agradável, alguns alunos se refrescavam no lago, outros jogavam frisbies dentados, um grupo de quintanistas pegara algumas vassouras velhas e agora jogavam uma partida de quadribol onde o objetivo era fazer jogadas cheias de floreios e fintas – Harry viu uma garota de cabelos muito negros subir uns quinze metros e descer rodopiando no ar enquanto os outros jogadores saiam de sua frente, ele poderia jurar que vira a menina bater no chão, os pés dela rasparam na grama fofa e ela por puro reflexo desviou de um companheiro que estava a menos de um metro bem à sua frente.
- Rony, pára.
Harry olhou para o lado.
- Ah, qual é Mione, não custa você parar de ler um pouco e me dar atenção.
- Rony, pára.
- Mione, é sério, eu acho que estou com febre, olha. – Disse Rony pegando a mão de Hermione e levando-a até seu rosto.
- É verdade você está um pouco quente, mas deve ser por causa do sol intenso desse lindo dia de verão que provavelmente está fritando seus miolos. Ah, mas que coisa você não tem miolos para serem fritos. – disse ela ironicamente.
- Nossa! Tudo bem, se você não faz questão de passar uns momentos comigo, só nós dois...
E ela o beijou. Harry riu, observando os dois juntos agora tudo ficava mais claro, eles eram perfeitos um para o outro, Rony amenizava o lado sério de Hermione enquanto ela era o ponto de equilíbrio dele. Continuavam brigando como sempre só que agora as brigas terminavam de repente em risadas ou beijos.
- Harry!
Ele olhou para Gina, mas alguma coisa estava errada, Gina falara com a voz de Rony.
- Harry! – Ela chamou de novo e ele se assustou.
Harry não estava nos jardins, estava na torre da Grifinória, Rony estava em pé aos pés de sua cama, ele procurou seus óculos.
- Nossa você devia estar sonhando com alguma coisa muito boa. – disse Rony com um meio sorriso.
- Por que você está falando isso? – perguntou Harry bocejando.
- Cara, você estava rindo, quase gargalhando.
- É, não foi um sonho ruim. – disse Harry coçando a cabeça – Porque já está vestido?
- Harry temos que descer, vamos tomar café e depois... – Rony suspirou.
- Ah, os funerais.
- É. Você quer que eu te espere? – perguntou Rony de cabeça baixa.
- Não, não precisa. Pode descer e guarda um lugar pra mim perto de vocês.
- Ok
Harry não precisou se esforçar muito para perceber o pesar no rosto do amigo. Seria muito difícil para Rony ir ao funeral de tantos companheiros e principalmente de seu irmão, mas Harry estava decidido a não deixar seu amigo passar por este momento sozinho, assim como Rony ficara ao seu lado durante tantos anos, Harry ficaria ao lado dele. A tristeza logo passaria e então só restaria a saudade e ele estaria ali para tentar amenizar um pouco a dor do amigo e não estaria sozinho, pois estava certo – mais do que nunca – que ele, Rony, Hermione e Gina agora eram inseparáveis.
Quando chegou ao Salão Principal Harry desejou ter pedido para Rony esperá-lo na sala comunal para descerem juntos. Todos já estavam dispostos nas mesas e observavam Harry atentamente enquanto ele se dirigia à mesa da Grifinória, alguns diziam palavras de incentivo e agradecimento enquanto outros apenas acenavam freneticamente. Enquanto se dirigia à mesa percebeu que todas as pessoas estavam com vestes limpas e formais, e se deu conta que ele mesmo estava vestido com roupas limpas que encontrara na mesinha ao lado de sua cama. Imaginou se as roupas teriam sido conjuradas ou mandadas buscar pelos elfos do castelo, uma vez que todos que lutaram na noite anterior continuavam na escola.
- E então como vocês estão? – Perguntou ao se sentar à mesa.
- Bem. – Responderam Rony, Hermione e Gina juntos.
O café não demorou para ser servido e tampouco para ser devorado. Apesar do barulho de talheres batendo e de pessoas conversando tudo estava muito tranqüilo. Após todos comerem, os pratos e copos foram retirados das mesas e os professores entraram no Salão Principal. Todos ficaram em silêncio enquanto eles se sentavam à mesa dos professores e McGonagall se dirigiu à frente da mesa como Dumbledore sempre fazia no discurso de início do ano letivo.
- Foi um ano difícil para todos nós – começou – perdemos nosso mais inspirador diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore, e quisera eu ter a mesma genialidade da mente de Alvo para fazer este discurso quanto ele tinha para cativar e ensinar aos alunos desta escola.
“Perdemos Dumbledore como sofremos tantas outras baixas terríveis. Todos os amigos que se foram, se foram por uma mesma causa, a causa pela qual Hogwarts sempre lutou: a paz, a união, a igualdade entre tudo e entre todos”.
Ninguém falava, parecia que ninguém sequer ousava respirar, a professora falava com tanto ardor, com tanta emoção, que aos poucos todos os presentes pareciam estar hipnotizados, todos com os olhos cheios d’água, pais abraçavam seus filhos, amigos se davam às mãos, Hermione encostou a cabeça no peito de Rony, Gina entrelaçou seu braço com o de Harry e por cima da mesa os quatro se deram as mãos.
“Mas nada que eu disser aqui – continuou - vai arrancar de nosso peito a dor e a saudade das pessoas que perdemos, daqueles que amamos. O que eu posso dizer é que eles não se foram, não queridos eles não se foram, eles permanecem conosco, nos nossos pensamentos, nos nossos corações, temos de pensar neles com alegria e não com tristeza, pois suas mortes não foram em vão. A morte meus amigos não é o fim, ela é apenas o começo de uma nova e incrível jornada em que nós só podemos desejar tudo de melhor para aqueles que começaram a segui-la. E é por esta jornada que se inicia e pelas outras tantas que já vivemos que eu espero que todos os que foram e os que aqui ficaram, estejam bem, que estejam em paz. E que aceitem esta singela, porém, sincera homenagem”.
Neste instante o professor Flitwick se levantou ficando de pé em sua cadeira, ele se virou de costas para o Salão Principal e com um aceno da varinha algo que só poderia ser descrito como fantástico aconteceu: os animais estampados no escudo da escola atrás da mesa dos professores, de repente criaram vida e saíram de suas molduras em direção aos expectadores. Todos se sobressaltaram, ficaram de pé em cima dos bancos, alguns caíram no chão, mas todos acompanhavam a trajetória dos animais que corriam em todas as direções do Salão Principal, entre os estudantes e convidados, mas o mais impressionante estava por acontecer.
Todos viram quando o leão da Grifinória saltou por cima das mesas chegou até uma das paredes e com as patas dianteiras arranhou com um único gesto as pedras lisas da parede da escola, faíscas saíram de suas garras afiadas e onde deveria aparecer um grande arranhado apareceram letras de ouro que começaram a formar uma palavra.
- Não é só uma palavra, é... Um nome! – exclamou Hermione.
E então Harry compreendeu. A águia da Corvinal levantava vôo até o teto, se escondia entre as nuvens que imitavam o céu lá de fora e voltava em um rasante trazendo fitas douradas no bico, que uma vez que a águia as jogava na parede se transformavam em mais um nome. O texugo da Lufa-Lufa cavava o chão e de cada buraco que abria fitas douradas saiam e iam de encontro com as paredes para formas mais nomes e então o buraco no chão se fechava instantaneamente. A cobra de Sonserina serpeava pelas paredes e por onde seu longo corpo passava apareciam novas letras douradas.
Os animais continuaram com este ritual durante dez minutos em que todos ficaram boquiabertos com o que viram. Ao final destes dez minutos o leão, a cobra, a águia e o texugo correram novamente em direção ao grande escudo atrás da mesa dos professores e se juntaram novamente à moldura. E ali estavam, todos eles, os nomes de todos que morreram, que lutaram contra Voldemort, estariam gravados para sempre nas paredes de Hogwarts.
Harry conseguiu identificar quase todos os nomes: Remo Lupin, Ninfadora Tonks, Fred Weasley, Batilda Bagshot, Colin Creavy, Alastor Moody, Sirius Black e com um suspiro Alvo Dumbledore, dentre tantos outros amigos e aliados que além de terem um lugar em seus pensamentos, agora teriam também seus nomes marcados na história da escola.
- E assim – ouviu-se McGonagall continuar - teremos nossos amigos sempre conosco. E agora eu gostaria de pedir a vocês uma grande salva de palmas em homenagem a todos que se foram em corpo, mas que permanecerão em nossos corações para todo o sempre.
Todos obedeceram e bateram palmas como nunca antes, como se as palmas e o barulho que produziam pudesse extirpar todo o pesar e a dor. E assim com o cessar das palmas as pessoas foram se retirando do castelo, indo para suas casas fazerem os preparativos dos funerais de seus entes queridos.
O restante da família Weasley se juntou a Harry, Rony, Hermione e Gina poucos minutos depois.
- Foi linde, nam foi? – Perguntou Fleur a todos. – Uma perrfeite homenagem.
- É foi maravilhoso. Talvez nem Dumbledore pudesse ter feito melhor. – Falou a Srª. Weasley com a voz embargada.
- Ou talvez tenha sido exatamente uma idéia do Dumbledore. – Concluiu Gui. – Acho que tem bem a cara dele. - Completou.
- E então, vamos? – Indagou Rony.
- Ah, filho, temos que esperar McGonagall e Flitwick, eles querem estar presentes. – Informou o Sr. Weasley. – Além do mais Kingsley virá nos buscar em carros do Ministério.
- E onde estão... Sabe, eles? – Perguntou Gina.
- Já estão em casa – respondeu Jorge – Papai e Gui levaram Fred, Lupin e Tonks ontem à noite. – Completou com pesar na voz e de cabeça baixa.
Antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa ouviu-se o ronco de motores e eles viram os carros do Ministério se aproximarem dos portões de Hogwarts. Os cinco grandes carros ministeriais eram rápidos, em poucos minutos estavam n’A Toca e dali partiram com os corpos de Lupin, Tonks e Fred para o cemitério da aldeia de Ottery St. Catchpole. Os funerais dos três amigos foram simples como a família Weasley sempre foi, mas não deixaram de ser íntimos para cada pessoa presente. Ver Fred, Lupin e Tonks serem enterrados foi admitir que jamais os veriam de novo e Harry já sentira isto tantas vezes, mas sabia que estavam em um bom lugar, como onde encontrou Dumbledore.
Palavras foram ditas, por Kingsley e pelo Sr. Weasley. Os túmulos foram fechados e em cada uma das três lápides foram gravadas as palavras:
A Ordem;
A Escola;
A Família;
As pessoas que amamos nunca nos deixam.
Gente obrigada por esperarem tão pacientemente o termino do cap 3. Eu estava com ele todo na cabeça mas não sabia como colocar no papel e ainda por cima mudei de casa. Mas eu espero que vocês gostem e prometo não demorar muito com o quarto cap. Muitos beijos.
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