Descanso



Harry não sabia exatamente onde ficava Little Hangleton, pois nunca havia visitado a cidade realmente. A primeira vez que avistou a cidadezinha a Taça Tribruxo transformada em chave-de-portal o levara direto para dentro do cemitério, e na segunda vez ele e Dumbledore estavam dentro da lembrança de um funcionário do Ministério e pousaram exatamente na estradinha de onde Harry avistou a cidade, portanto, não saberia como chegar a tal estrada. Então só lhe restava se concentrar com todas as forças no nome da cidade, esperando que desse certo como fizera na mansão dos Malfoy fugindo para o Chalé das Conchas.

Eles se postaram de modo que todos segurassem uma parte da cortina envolta em Voldemort e todos deram as mãos. Harry, segurando o corpo de Voldemort com uma das mãos e a mão de Rony com a outra, girou. Sentiu a familiar sensação de ser empurrado para dentro de uma mangueira de borracha, sentiu seus pulmões se comprimindo e então tudo passou. Quando abriu os olhos percebeu com alívio que tinham chegado ao seu destino e melhor, exatamente aos portões do cemitério.

Harry sentiu Rony apertar sua mão e ao se virar para verificar o que o amigo queria deparou-se com um homem olhando para eles de olhos arregalados, incrédulo.

- Confundo. – Disse Hermione apontando a varinha para o homem. – Vão logo, entrem no cemitério antes que mais alguém nos veja, eu já vou.

Eles entraram o mais depressa que puderam deixando Hermione para trás e Harry os guiou até a o túmulo dos Riddle.

- Wingardium Leviosa – Disseram Harry, Rony e Gina juntos e a tampa do túmulo se deslocou no ar e com um baque leve caiu no chão. Eles colocaram o corpo de Voldemort em cima dos restos mortais de seu pai e recolocaram a tampa no momento em que Hermione se reunia a eles.

- Hum...Harry? – Disse Rony quando Harry já dava as costas para o túmulo para ir embora.

- Quê?

- Assim...não é por nada não, mas você não vai deixar nenhuma impressão? – Perguntou o amigo.

- Rony! Você ficou maluco é?! – Exclamou Hermione.

- Ah, qual é gente, o cara era mau, tudo bem, mas ele merece um pouco de respeito, né?

- Res – pei - to? – perguntou Harry não acreditando nas palavras de Rony – Ele matou meus pais, que respeito você quer que eu tenha?

- Eu concordo com o Rony. Por mais maldades que ele tenha feito Harry, ele também era um ser-humano, estranho claro, mas era. – Concluiu Luna sonhadoramente.

- Tá e o que vocês querem que eu faça? Conjure flores para ele? –
Perguntou Harry não acreditando na cena que presenciava.

Então Hermione se aproximou, apontou a varinha para a lápide e gravou em letras garranchosas e disformes:

Tom Marvolo Riddle
Aquele-que-não-deve-ser-nomeado
Filho de Tom Riddle

- Assim irão achar que foi algum vândalo. – Disse Hermione com tom de quem encerra a discussão.

Eles não disseram mais nada, simplesmente deram as costas e saíram em direção aos portões altos e escuros do cemitério.

- Porque estamos voltando para os portões, não é mais fácil desaparatar daqui sem que ninguém nos veja? – Perguntou Jorge.

- Tem razão, não é necessário voltarmos. – disse Rony – E você ficou fazendo o que lá fora? – Ele perguntou de repente a Hermione.

- Não é óbvio? Eu estava dizendo àquele trouxa o que ele havia visto quando nós aparatamos.

- E o que foi que você disse? – perguntou Gina.

- Disse que era óbvio que ele não tinha visto pessoas aparecerem do nada, que deveriam ser alucinações por conta da grande quantidade de licor de gengibre que ele acabara de tomar no Enforcado...Um bar local – acrescentou ao ver a expressão de interrogação de todos.

- Muito bem, vamos embora logo, quanto mais cedo sairmos daqui melhor eu vou ficar – disse Harry.

E Gina segurou sua mão, era a primeira vez que sentia seu toque depois de toda a confusão dos últimos meses e teve vontade de abraçá-la, beijá-la ali mesmo, sem se importar com os colegas. Mas eles teriam tempo, muito tempo, dias, meses, anos para ficarem juntos. Todos deram as mãos e Harry girou.

Eles chegaram aos portões de Hogwarts e os encontraram abertos como os tinham deixado, os javalis alados não estavam ali e Harry imaginou que talvez estivessem com as outras tantas estatuas e armaduras que haviam se juntado para lutar na espera de seu esperado reparo. Eles andaram pelo jardim lentamente, olhando cada milímetro dos terrenos da escola como se jamais tivessem pisado neles antes, mesmo deteriorada e parecendo um tanto frágil pelos vários estragos feitos por feitiços e gigantes, Hogwarts emanava a mesma magia de sempre, parecia convidar quem estava ali observando-a a entrar e descobrir seus mistérios e usufruir do seu saber. Harry estava em casa, nunca mais iria querer abandonar este lugar que tanto lhe ajudou, que tanto lhe ensinou, sentia-se parte da escola, e o aperto que cortou seu coração - pela primeira vez em anos - não foi de tristeza, mas de uma alegria sem prescedentes que o inundou como uma onda gigantesca ao ver o castelo ainda de pé, a escola de portas abertas para acolher a quem recorrer a ela.

Quando chegaram ao Salão Principal o encontraram vazio exceto pela Profª McGonagall que os aguardava sentada à mesa da Grifinória. Aparentava cansaço e fraqueza e Harry supôs que talvez estivesse ali apenas para cumprir com seu dever de diretora, agora que Snape não estava mais no posto. Ao vê-los ela se levantou e andou em direção a eles.

- E então onde foram? – Perguntou, seu olhar indo de um para outro.

- À Little Hangleton – disse Hermione.

- Onde? – Repetiu a professora.

Harry daria tudo para que ela deixasse que explicassem a história mais tarde, mas sabia que não seria fácil fugir das perguntas de McGonagall.

- A cidade onde está enterrada a família de Voldemort. – explicou Harry.

- E como vocês poderiam saber onde estaria enterrada a família de Lord Voldemort? – indagou McGonagall confusa. – Quando disseram que ele ficaria com sua família pensei que o deixariam com comensais mortos! – completou.

- Bem, é uma longa história, mas para encurtar: o Profº Dumbledore me contou algumas coisas sobre Voldemort. – Harry tentou simplificar para que pudesse sair dali e ir se deitar.

McGonagall percebendo a intenção do garoto olhou-o com um olhar quase maternal e disse:

- Está bem, dá para ver que vocês estão exaustos e acho que teremos tempo para explicações mais tarde. Acho que podem subir para seus dormitórios, desde que me prometam que tudo será explicado, a mim e a comunidade bruxa.

- Professora, tenho minhas dúvidas se a comunidade bruxa deveria saber toda a história. – disse Rony – Sabe, nossa jornada foi longa e árdua e...

- Tenho certeza de que todos irão querer saber sobre sua incrível jornada heróica ao lado do Srº Potter e da Srta. Granger, Srº Weasley – interrompeu-o McGonagall com um sorriso afável – porque todos querem saber a verdade e têm este direito.

- Eu concordo professora e garanto que daremos todas as explicações... Assim que acordarmos e comermos. – falou Hermione se jogando em um banco na mesa da Grifinória.

- Se você quer ir dormir porque se sentou então? – perguntou Gina.

Mas Hermione não estava ouvindo, olhava fixamente para um ponto na parede a sua frente, os olhos arregalados a boca aberta.

- O que foi Hermione? – perguntou Harry olhando para o mesmo ponto, que para ele parecia vazio – O que você viu?

- Você não viu? – respondeu ela – Estava ali, bem ali.

- O que estava ali? – perguntou Rony curioso indo até o ponto que Hermione apontava.

- Rony, você viu, Rony? – ela correu e o abraçou – Ele ficou, ficou aqui. Ele está em Hogwarts, ah Rony!

- Mione, quem ficou? Quem está aqui? – perguntou ele tentando se desvencilhar do abraço assustado.

- Como quem Rony? Fred! Fred ficou! – exclamou ela com imensa alegria.

Os olhares de Rony e Harry se encontraram e se voltaram para Jorge e Gina, que assistiram a cena e que agora estavam boquiabertos. Rony lançou um olhar a Harry novamente como que pedindo ajuda, mas Harry balançou a cabeça sem saber o que dizer.

- É claro que a Srta. Granger ficou muito abalada com os últimos acontecimentos – disse McGonagall interrompendo a cena – precisa ir se deitar. Srta. Weasley acompanhe a Srta. Granger até a torre da Grifinória, por favor.

- Não, eu vi, não estou abalada, talvez cansada é claro, mas sei o que vi. – disse Hermione largando Rony e se virando para McGonagall.

A professora chegou bem perto de Hermione, olhou-a nos olhos, seu nariz quase tocando o da garota e disse:

- Srta. Granger, acho que o cansaço está afetando o seus sentidos, é claro que precisa descansar, suba e depois conversamos. – e dizendo isso piscou para a garota.

Ninguém percebeu o gesto da professora e tampouco ouviu o que dissera a Hermione, mas a menina percebeu e entendeu o que queria dizer aquele gesto e que o assunto estava encerrado, pelo menos por hora.

Eles subiram, Harry, Rony, Hermione, Gina, Neville, Jorge e Dino andaram pelos corredores em direção à Torre da Grifinória, Luna se despediu deles com um beijo e um abraço em cada um – demorando-se mais com o abraço de Dino – e se encaminhou para a Torre da Corvinal. Quando chegaram ao retrato da Mulher Gorda, Harry percebeu que não sabiam a senha.

- Hum, esquecemos de perguntar a senha a McGonagall. – disse aos outros – Me esperem aqui, vou procurá-la.

- Não será preciso Sr. Potter. – disse a Mulher Gorda – É uma honra recebê-lo. Todos nós habitantes de Hogwarts o reverenciamos, por sua lealdade à escola e sua coragem ao enfrentar Àquele-que-não-deve-ser-nomeado. – e dizendo isso girou o quadro como uma porta e eles viram com alegria o buraco que levava à Sala Comunal da Grifinória.

- Hum...Obrigado. – disse Harry desconcertado ao passar pelo buraco do retrato.

A Sala Comunal não sofrera dano algum com a batalha da noite anterior. O sol entrava pelas janelas, as poltronas estavam dispostas ao lado da lareira e ao redor das mesas, e Harry se sentiu em casa mais do que nunca. Ele se despediu de Hermione com um beijo na bochecha e de Gina com um rápido beijo em seus lábios – Bom descanso, a gente se vê mais tarde – disse às duas e se virou para subir as escadas para o dormitório dos meninos. Ao pé da escada se virou para esperar por Rony, e viu o amigo dar um beijo nas bochechas de Gina e um grande abraço em Hermione seguido por um rápido toque de lábios – Harry sorriu por dentro – e em seguida eles subiram para o dormitório dos meninos.

Sua cama de dossel o aguardava, quente e confortável como sempre. Ele se trocou, apertou as mãos de Jorge, Neville e Dino e abraçou Rony, tão apertado que era como se quisesse demonstrar a gratidão e o carinho pelo amigo por tantos anos de lealdade e amizade. Rony entendeu o gesto do amigo – como não poderia – eles pensavam juntos havia anos, eram irmãos nascidos de pais diferentes, irmãos que a vida uniu, e agora eram quase da mesma família, irmãos de verdade. Eles se soltaram e sorriram um para o outro e Harry sabia que quando acordasse Rony estaria ali, esperando-o para tomarem café juntos. Com este pensamento ele se deitou, com este pensamento ele adormeceu e com este pensamento ele sonhou, sonhou com os infinitos momentos que passaria ao lado de seus amigos, momentos de alegria ao lado de Rony e Hermione, e Gina, e toda a família Weasley e todos os estudantes da escola. Momentos de intensa alegria em casa, sua verdadeira casa, Hogwarts.



Oi gente, bom terminei o 2º cap e estou gostando muito de escrever, espero que vcs estejam gostando da fic. Quero aproveitar e agradecer a minha colega de trabalho Sandra pela sugestão de colocar o nome de Voldemort na lápide. Em breve postarei o 3º cap, bjos a todos!!!

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