Para a faculdade, e avante!

Significados de “Dirty”: Sujo, porco, desprezível, sórdido, obsceno.

Capítulo um:
Para a faculdade, e avante!


Está tudo escuro... Uhhhhh... Escurooooo... Alguém esqueceu de pagar a conta de luz, no mínimo.

- Gina, acorda! – ouvi falarem em algum lugar pra fora da escuridão que me cercava.

- Gina! Acorda logo, cabeça de fósforo bestificada! – a Marcela me chamou do que? Cabeça de fósforo bestificada? Quem ela pensa que é pra falar isso? Coitada...

- Acorda logo, se não eu meto a mão na tua fuça, ôh ruivinha! – dessa vez foi a Débora que me falou isso.

Mas... Eu estou acordada! Do contrário não estaria pensando e ouvindo tudo o que elas estão falando... A não ser que esteja sonhando. É bem possível, já que está tudo preto.

Ah, mas eu acredito que esteja tudo assim, escuro, porque essa criatura BURRA aqui está com os olhos fechados, não? AH, agora sim! Está tudo claro, eu estou vendo tudo, o sol batendo na janela, borboletinhas voando pelo céu azul e límpido, e duas garotas com os rostos colados no meu.

- AHHHHHH! – gritei arregalando os olhos para Marcela e Débora que estavam praticamente em cima de mim, e quando ouviram meu grito pularam pra trás. A Céia com uma mão no coração e tentando controlar a respiração, e a Debby olhando feio pra mim.

- Já tava na hora de acordar, né? – disse ela se levantando da cama em que estava e pegando sua bolsa.

Realmente a Débora e a Marcela são minhas duas melhores amigas, nós somos três pessoas inseparáveis, entende? Mas mesmo assim eu nunca vi três gênios e estilos tão diferentes como os nossos.

A Débora, por exemplo, é considerada a “Gostosa fria e calculista” do trio. Ela é aquela loirona de olhos muito azuis que está sempre com uma expressão fria no rosto e sempre tem uma resposta na ponta da língua, e JAMAIS desce do salto, entendem? Hoje, por exemplo, ela está vestindo uma calça de seda preta, um espartilho preto e branco, uma bota preta de salto agulha Manolo e um crucifixo com pedras transparentes. Sem contar com o par de argolas Tiffany's, a bolsa branca Louis Vuitton e os óculos Vintage. Viu? Ela não parece aquelas advogadas dos chefões da máfia? Eu falei...

Já Marcela é conhecida como a “Gostosa louca desequilibrada”. Ao contrário de Debby ela vive descendo do salto, raramente pensa duas vezes antes de fazer uma coisa por impulso e vira e mexe tem alguma idéia totalmente maluca e sem nexo. As roupas dela são as mais estranhas de nós três, mas nem por isso elas são feias, ao contrário. Hoje ela resolveu vestir Azzedine Alaia da cabeça aos pés. Vestia uma calça jeans escura, uma blusa de manda três quartos rosa com uma camiseta roxa por cima, um Scarpin rosa de salto fino, uma bolsa preta Lulu Guinness (a maioria das bolsas dela são dessa marca), brincos de pedras roxas e para finalizar um máxi-óculos preto. Só ela pra fazer essa combinação.

E eu, é claro, sou conhecida como a “Gostosa sexy e irritada”. Na maioria das vezes eu fico no meu canto observando tudo atentamente, até chegar a hora de agir, e é só mexer no meu calo que eu viro uma fera. Ninguém gosta de me ver irritada, e tenho que admitir que dou um pouco de medo. Isso deve ser algo atrativo para os homens, não sei exatamente por que, mas isso é fato. Nesse exato momento eu estou usando um shortinho xadrez verde e branco, uma camiseta verde escrito "Tasty" ambos da Jitrois, uma sandália de salto plataforma branca Isabel Marant, uma bolsa verde Zucca, argolas prata e pulseiras verde e branco. Percebeu como a Gininha cresceu agora?

Nós três não conseguimos passar por um lugar sem sermos notadas. É humanamente impossível, sabe? Não é à toa que somos conhecidas por “Gostosa e tal e coisa”. Tipo, eu tenho uma comissão dianteira, se é que vocês me entendem, bem avantajado. A Débora tem “A” comissão traseira, e Marcela, umas pernas divinas! Em Beauxbatons nós mandávamos e desmandávamos em tudo, os garotos só faltavam se estirar no chão para passarmos por cima, e as garotas faziam de tudo para entrarem na nossa turma. Realmente patético.

- Vamos, nós já chegamos. – disse Débora saindo do Nôitibus Andante em que nós estávamos.

Ah, eu me esqueci de falar onde nós estávamos, né? Pois é, nós estamos no Nôitibus Andante em direção à faculdade de aurores desde a madrugada de ontem, e pelo visto acabou de amanhecer. Como é de noite, o Nôitibus estava cheio de camas, e isso era tudo do que eu precisava depois da noitada de despedida de ontem que tivemos na casa de uma amiga nossa. Eu dormi feito pedra, até a hora que essas duas malucas resolveram me acordar. Esplêndido.

- Ela ficou a noite inteira reclamando de como esse ônibus chacoalhava. – disse Marcela pegando sua bolsa enquanto eu me levantava. – Sorte sua que você dormiu a viajem inteira. Só pra você ter uma noção de como a coisa foi feia, eu cheguei a contar 87 martelos do Guto mentalmente. – 87 martelos do Guto mentalmente? Não disse que ela era louca?

- Ta bom, ta bom. – respondi nem me dando ao trabalho de comentar os 87 martelos e pegando minha bolsa. – Vamos então? Estou doida pra chegar no nosso novo apartamento.

Nós duas descemos do Nôitibus e nos juntamos à Débora, que estava esperando do lado de fora com os braços cruzados.

- Eu acho que vou mandar uma notificação para o Ministério da Magia informando o estado lastimável desse ônibus. Ele tem que ser extinto! – ouvi ela reclamando de meu lado direito enquanto andávamos. – Se eu não tivesse tomado a poção ontem por causa da ressaca, aposto que teria vomitado tudo. E seria bem feito se eu vomitasse na cara daquele motoristasinho de merda!

- “Guto bate com 87 martelos, 87 martelos, 87 martelos. Guto bate com 87 martelos e depois bate com 88.” – ouvi Marcela cantar baixinho do meu lado esquerdo com uma expressão de maníaca, depois ela olhou pra mim rindo e piscou um olho, no que eu retribui o sorriso.

- Dá pra fazer o favor de prestarem atenção em mim? – perguntou Debby pra gente com as mãos na cintura.

Uiii... Ela ta nervosinha. Normalmente sou eu a nervosa daqui, mas... Fazer o quê? É bom tirar umas férias de vez em quando. Ai ai.

- Uau! – ouvi Marcela dizer com a boca escancarada olhando para frente. Eu também parei e olhei para frente, e pude ver uma construção antiga enorme, não tão grande como Hogwarts, é óbvio, mas mesmo assim enorme com quatro andares. A melhor maneira de descrevê-la seria dizendo que parecia ser uma parte arrancada do Big Ben, de tão bonita que era.

- Huuum... Realmente bonita. Me espantou agora. – disse Débora se recuperando do choque primeiro que a gente e voltando a andar. Não falei que ela nunca descia do salto?

- Tem certeza que isso aqui não é Harvard? – não falei que a Marcela faz os comentários mais idiotas?

- Ai, cada coisa que eu tenho que escutar... – eu falei virando os olhos e seguindo Débora.

- Não, eu to falando sério. – ouvi Marcela dizendo andando atrás de mim. – Olha esse jardim enorme, com os arbustos cortados milimétricamente certinhos, esse laguinho em volta da faculdade, essa pontezinha que passa em cima do laguinho, e... OLHA LÁ! OLHA! UMA FONTE na frente da faculdade! – terminou a doida de dizer e apontando para a tal fonte.

- Cala a boca, Marcela. – disse Débora. Apoiada.

- Apoiada! – falei enquanto a gente virara uma esquina e nos deparávamos com uns cinco prédios no final do caminho. É lá que a gente vai ficar. – É lá que a gente vai ficar. – eu tenho que parar de falar tudo o que eu penso. – Eu tenho que parar de falar tudo o que eu penso... – resmunguei baixinho.

[...]

AHÁ! Parei.

- Ah... Parece demais! – exclamou Marcela animada como sempre.

- Será que as nossas bagagens chegaram sãs e salvas? – perguntou Débora apertando mais o passo.

- Se algumas das minhas calças Diesel não estiverem em ordem eu armo barraco. – sério mesmo, se alguma coisa estiver fora do lugar eu dou regaço! Não por causa do dinheiro e nem nada, caso vocês não saibam meu pai agora é Ministro da Magia, e todo mês ele me manda uma quantia bem mais do que razoável de galeões. Mas você tem noção de como é difícil achar todas essas raridades de roupas? Com certeza não.

Só em mencionar que poderia ter acontecido algo com nossas roupas nos deu um fôlego maior ainda, e nós três saímos apresadas até parar na frente dos prédios.

Nós paramos uma do lado da outra, em frente aos cinco edifícios enormes que se estendiam à nossa frente.

- Sou só eu que está com a impressão de que esquecemos alguma coisa? – perguntou Marcela fazendo cara de pensativa.

- Cadê a carta? – perguntei colocando meus óculos (brancos e enormes da Chilli Beans) por causa do sol e olhando para o alto do prédio.

- Está dentro da minha bolsa. – disse Débora suspirando, no que eu gemi.

- Ah não... – se lamentou Marcela apoiando a cabeça no meu ombro. Eu sabia que não devia ter deixado a Débora ficar encarregada dos formulários. Eu sabia! Agora pra ela achar alguma coisa na bolsa dela é um verdadeiro martírio! – Pelo menos tenta ir mais rápido dessa vez, ta Debby? O povo já ta começando a olhar...

E era a mais pura verdade... Várias pessoas que passavam nos olhavam, principalmente os homens.

Comecei a olhar para os lados à procura de alguma coisa mais interessante do que a luta diária de Débora para achar alguma coisa. Débora mexia sem para em sua bolsa, e Marcela tinha desencostado a cabeça de meu ombro e olhava claramente curiosa para uma árvore.

Suspirei e dirigi minha atenção para o último dos prédios. Na frente dele tinha uma BMW preta conversível estacionada, e um casal estava dando um senhor amasso encostados nela. Tinha alguma coisa de familiar no jeito com que o homem a beijava... Mas não sei o quê.

- Ai, como eu sou IDIOTA! – gritou Débora assustando Marcela pela segunda vez no dia, que deu um gritinho.

- Pode apostar. – eu disse me esquecendo do casal e dando meu melhor sorriso sarcástico para Debby.

- Sério... Como eu fui me esquecer que eu sou bruxa? – falou ela incrédula me olhando. Porque ela ta me olhando?

- E eu sei lá. – respondi levantando a sobrancelha.

Ela bufou e apontando a mão sem varinha para a bolsa e disse: “Accio Carta”, e o pedaço de pergaminho voou diretamente para a mão dela.

É, realmente ela foi burra.

- Mas então, o que diz aí? – perguntou Marcela se postando atrás de Débora para tentar ver o que estava escrito na carta.

- Huum... “Edifício E, 3º andar, apartamento C1”. – disse Debby depois que leu a carta.

- Bom, vamos por etapa. Qual é o edifício E? – perguntei olhando para as duas. Débora e Marcela se entreolharam e fizeram a mesma cara de “hãm?”.

Suspirei e olhei ao meu redor procurando minha vítima. Huum... Acho que vou no terno Armani.

- Você vai fazer o quê? – perguntou Marcela quando viu que eu marchei decidida até um grupinho de adolescentes que estavam perto de uma árvore.

- Me informar. – respondi sorrindo para ela, e continuei minha caminhada. Cheguei perto do grupinho e cutuquei um loiro de olhos azuis claros que vestia uma camiseta por baixo de um terno Armani. Se ele não for educado pelo menos tem bom gosto. Ele se virou me encarando surpreso. – Com licença. Você saberia me dizer qual é o Edifício E?

- Claro. – disse ele sorrindo. – É o... – mas foi interrompido por uma garota que estava ao lado dele.

- Por quê? É nova por aqui, gracinha? – ela tinha cabelos vermelhos TINGIDOS (porque se ela queria ficar ruiva, se deu muito mal), olhos castanhos e era bem alta, se quer saber minha opinião. Sabe, eu sou nanica, e ela perto de mim é como... A Xuxa perto da Sasha(?).

- Sou sim. Algum problema? – perguntei a olhando normalmente.

- Não, problema algum. – ela respondeu sorrindo falsamente pra mim e jogando aqueles cabelos vermelhos tingidos para trás. Eu sou ruiva natural, benhê! Olha e baba.

- Então, o Edifício E é aquele último ali. – disse ele apontando o prédio que eu estava olhando á poucos minutos atrás, que tinha uma BMW preta na frente. – Aquele com uma BMW preta na frente. – ui, ele lê pensamentos.

- Okay, obrigada. – eu disse dando um tchauzinho pra ele e me virando pra ir embora.

- A gente se vê! AI, porque você me beliscou, Nanda? – pude ouvir o loiro falando antes de me distanciar mais ainda. Provavelmente aquela mocréia deve ter se sentido ameaçada por mim. Haha, coitada...

- E aí? Descobriu onde que é, Jack Chana? – perguntou Marcela pra mim. JACK CHANA? DA ONDE ELA TIROU ISSO?

- Jack Chana??? – perguntei quase matando ela com o olhar.

- É que você parece uma ninja, e o ninja-mor pra mim é o Jack Chan. – ela falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Só vou perdoar porque ela me chamou de ninja. 8D

- Sim, eu descobri. É aquele último ali. – respondi apontando para o dito cujo.

- Então vamos, ué! – Débora falou indo na nossa frente. Porque ela SEMPRE tem que tomar a frente das coisas? Será que ela gosta de tomar conta da situação? ¬¬

Nós três seguimos nossos caminhos e paramos contornando a BMW que estava na frente do prédio, e eu pude ver as costas do cara que quase engolia a mulher. Ele vestia uma calça jeans folgada Burberry que deixava a mostra a cueca preta Cavalera, uma blusa azul marinho Moschino e um tênis Adidas azul marinho com três listras pretas. Pelo menos ele tem bom gosto, coisa que aquela mulherzinha que estava agarrada nele não tinha. Ela usava uma blusa branca com um decote FORMIDÁVEL, e uma saia preta rodada MINÚSCULA, com um sapato preto de salto alto ENORME que deixava ela maior que o rapaz. E um colar de um tremendo mau gosto! Provavelmente ela comprou aquelas roupas em uma liquidação de uma lojinha no centro da cidade. E o cabelo dela era loiro tingido drasticamente, pois não tinha nada a ver com o tom de pele morena dela.

Normalmente eu não sou tão malvada assim com uma pessoa, mas eu sei lá... Não fui com a cara dela. Não fui mesmo. Não tenho a mínima idéia do porque, mas... AH! Deixa quieto.

Sacudi a cabeça e deixei de olhar para o casal, e subi os poucos degraus do prédio. Andamos no corredor até achar o elevador no fundo dele.

A Débora, como sempre, apertou o botão chamando o elevador antes de nós.

- Ele está no décimo primeiro andar! – falou Marcela se sentando em um banquinho entre o elevador e a escada. Como ela adooora reclamar. Já falei isso? Não? Pois é, nunca vi uma pessoa que gosta mais de reclamar do que ela. Mas só quando ela está de mau humor ou TPM, no resto das vezes ela simplesmente pula serelepe cantarolando alguma música retardada e falando como o dia está lindo e gracioso.

Mas normalmente ela está de mau humor. Acordar pra ela é estar de mau humor.

- Então vamos esperar, ué. – respondi olhando tudo ao redor.

- Ginnynha... – ouvi Marcela falar manhosamente. Ai vem coisa! ¬¬ - Como você é um super hiper mega blaster plus advanced ninja, não daria pra fazer algum truque e fazer o elevador vim mais rápido não? – terminou ela sorrindo retardásticamente pra mim.

Retardásticamente?

- Não.

- Ah, qual é Gina! A gente te ama! Faz isso por nós, siim? – ela ainda ta sorrindo retardásticamente.

- Eu já disse que não. E cala a sua boca e pára de falar besteiras, Marcela! – falei brava pra ela. Haha, eu posso!

- Concordo plenamente com a Gina. – disse Débora.

- Mas eu não suporto esperar!

- Então vá pela escada, oras!

- Ótima idéia, Debs! – exclamou Marcela levantando da cadeira e tentando abrir a porta das escadas. Tentando. – Porque esse troço não abre!? – perguntou ela revoltada.

- Porque você é idiota, e essa deve ser uma porta anti-idiotas. – falou Débora sorrindo maquiavelicamente. Quando ela quer ser má, ela é maquiavélica! Sério mesmo... Eu tenho muito medo dela, principalmente quando ela dá uma de mãe em todas nós. Ela sempre faz isso.

- Ah-há! Muito engraçado. Mas agora você vai ver para o que as minhas aulas de yoga serviram! – disse Marcela com cara de... Sei lá, mas tava engraçada.

Ela colocou a bolsa na cadeira que estava antes, tomou distância da porta e deu UM CHUTE! Tipo Chuck Norris! Manooo... Paguei pau agora pra ela! \o/

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIII! – gritou ela massageando a perna. E a porta continuava intacta.

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!

Que idiota! Eu e Débora quase caímos no chão de tanto rir, enquanto Marcela xingava tudo e a todos.

- Precisam de alguma ajuda? – disse um voz masculina atrás de nós. Me virei ainda sorrindo e entrei em estado de choque.

Na minha frente estava o homem que estava agarrando a mulher encostado na BMW.

E ele era nada mais nada menos que Harry Potter.