Carinhoso
N/A: Blaise Zambini também é chamado de Blás pelo Draco. Ele é do noroeste do país e fala gírias de lá. Na fic as gírias que ele fala são do nordeste, mas para o Ceará( que é onde moro). O "macho" dele equivale ao véi, mano, bro e adjacentes.
N/A: Goyle e Crabbe são burros. Então quando eles falam, falam errados. Por isso, propositalmente, coloquei erros bobos de gramática nas falas dos dois. Então, não se assutem se virem "nós é da sonserina" ou "o pobrema é meu". Pronto, Podem começar a ler.
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Muito vale o gesto, algumas vezes mais eloqüente do que a palavra, já de si tão forte e tão rica, o gesto que dispensa o verbo e a explicação, o gesto que perdoa, o gesto que acusa, o que repudia, o que aceita, o que abençoa, o que condena, o gesto silencioso, expressivo dizem tanto. É como dizem, uma imagem vale mais que mil palavras...mas um gesto apaixonado vale mais que mil poemas de amor juntos.
Só que ás vezes, um gesto não mostra o que quer realmente dizer. Daí você usa as palavras. Palavras fortes, feridas, alegres, tristes, caladas, que são capazes de fazê-lo chorar só de ouvi-las. O ruim de tudo isso, é que eu nunca tive dom para escrever, nem mesmo um romance patético e sem graça. Mas na minha vida acontecem tantas coisas que realmente preciso escrever em algum canto para tirar de mim esses sentimentos que me consomem como chamas.
São três horas da manhã, agora. Horário do demônio. Por isso, preferiria que fossem umas cinco horas da tarde. Mas meu relógio de pulso marca prosaicamente três horas da manhã. Trancado em meu quarto, vejo a fotografia de Hermione e eu que tiramos num dia em Hogsmeade, e escuto, de longe, sons que me parecem do carinhoso.
Atrás da fotografia, uma carta que Hermione havia escrito para o Potter, no Natal, (que consegui roubar dele antes de acabar o sétimo ano) e uma para mim. A letra de Hermione era caprichada. Tinha vontade de rasgar a carta do Potter.
Harry,
É tão angustiante viajar assim, quase sem previsto. Mas não podia deixar tio Géremy sozinho agora. Tia Gabrielle está doente só de vê-lo nesse estado. O pior é que não posso fazer nada para ajudá-lo. Não posso curá-lo com magia.
Ah, reencontrei Viktor há alguns dias. Estava competindo pelas eliminatórias para a copa do mundo de Quadribol...consegui uma foto dele autografada muito boa. Vou dá-la ao Rony..a única dele era aquela do nosso quarto ano e está muito velha.
Comprei coisas pra você também...espero que você goste. Pergunte a Ginny se ela quer algum presente em especial. Feliz Natal para todos vocês.
Avec amour, pour jours vôtre¹,
Hermione
Avec Amour, pour jours vôtre?! Isso era o que me fazia querer rasgar essa carta, por sorte Potter não sabia o que significava aquela frase e mesmo que soubesse duvido que mudasse alguma coisa no rumo dessa história.
A minha era quase a mesma coisa. Só não tinha a frase que sempre sonhei em ouvir dela. Nem frase nem gesto. Acho que mesmo dando a ela uma poção do amor ela não pararia de amar o tosco do Potter.
Eu sempre quis mostrar com gestos o que sentia por Hermione, já que não sou bom com palavras. Até porque era um pouco humilhante para mim, dizer para alguém que eu estava apaixonado, mas acho que era mais por medo do não de Hermione do que por qualquer outra coisa. Só que eu estava sufocado. Eu precisava dizer aquilo a ela, o mais cedo possível, precisava ao menos fazê-la ficar independente desse garoto.
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Duas horas da manhã. Manhã não, madrugada. Não conseguia dormir, e o motivo sabia que era Hermione. Um lado bom foi que os sonhos que tinha com Hermione pararam ou deram uma maneirada, e eu já podia dormir e acordar tranqüilo sem medo do que ela poderia pensar de mim. O outro lado foi que além dos sonhos terem parado, meu sono quase não chegava. Ouvia os roncos do Blás e do Goyle, contava carneirinho, mas não adiantava, nada fazia eu pegar no sono.
Levanto-me da cama, e ando pelo castelo. Era monitor-chefe, então se algum professor me visse naquela hora da noite, diria que ouvi gente conversando e fui ver quem era. Como as paredes das masmorras eram finas, e era um local vazio e frio, era mais fácil escutar coisas ali do que qualquer outro lugar do castelo, principalmente na torre norte, onde fica o dormitório de Hermione. Para alguém escutar lá, teria que ser um grito, no caso, a escola toda iria ser acordada.
Algo dentro de mim incomodava. Não agüentava mais ver a Hermione chorando pelos cantos por causa do Potter. Precisava fazer alguma coisa. Algo que a faça esquecê-lo pelo menos por um tempo, que a deixe feliz e que não se importe tanto como ele trata a Weasley. Algo que toda vez que ela estivesse com raiva ou magoada, faria fazê-la ficar mais confiante e independente. Assim como ela era antes de se apaixonar pelo Potter.
Saí do castelo e fui para Hogsmeade. Era um pouco longe a pé, mas eu gostava de andar quando algo me incomodava. Eu pensava na melhor forma de esquecer o que me afligia e ainda fazia exercícios.
No meio do caminho há umas casas bem arrumadinhas, meio perdidas. Tipo aquelas de interior que é um pouco afastado das outras e de um vilarejo maior. Algumas dessas casas estavam abandonadas, mas outras ainda continham pessoas morando lá. Passo por uma casa que tem um portão de grade preta e dentro um jardinzinho. Sinto perto dali um cheiro de café tostado. Que tipo de pessoa faz café ás três da manhã? Mas o cheiro era um pouco forte, e até gostoso. Por algum motivo lembro-me de minha mãe. Ela gostava do café mais amargo.
Depois de meia hora de caminhada, chego á Hogsmeade. Era estranho ver aquele lugar naquela escuridão. A neve cada vez mais pesada nos telhados das lojas e nas árvores. Vou até o outro lado comercial de Hogsmeade. O vilarejo é dividido por várias partes, há a parte de comércio, o de lazer, o residencial e o estudantil. Que é onde vamos quando Hogwarts faz visita com os alunos. No lado comercial se vende mais coisas necessárias ao mundo bruxo e até coisas mais simples. No lado estudantil só há praticamente lojas de doces, travessuras, equipamentos mágicos para experiências idiotas, e afins.
Queria comprar algo para Hermione. Mas não sabia bem o que queria, e bom, sair de madrugada à procura de um presente não é lá fácil de conseguir, mesmo que você já tenha em mente o que vai comprar. Decidi então comprar uma coisa tão barata, tão simples, e tão banal que até pensei que quando entregasse a Mione, ela me bateria. Mas ela não me bateria, porque todas as garotas gostam disso, até mesmo quem diz que elas morrem rápido. É, decidi comprar uma rosa a Hermione. E quando decidi comprar isso, algo no meu estômago queimou e descobri que era o que mais queria dar a ela. Era o que eu precisava dar, porque ela merecia, porque eu sabia que ela queria.
Comecei a correr pra chegar mais rápido ao lado comercial. Eu tinha uma urgência em comprar aquilo que era anormal. Então, tudo que parecia ser duvidoso para mim ficou mais claro e até óbvio e eu sabia que não poderia fugir daquele sentimento, só se eu morresse, e só não morro porque nunca mais a veria de novo.
Comecei a me desesperar quando vi que tudo estava fechado. Nada estava aberto...pensei que lojas bruxas fossem abertas 24 horas, pelo menos no Beco Diagonal eram. Bati nas portas, mas ninguém atendia, estavam em suas casas provavelmente.
Ás cinco da manhã, decidi voltar ao castelo. Ninguém estava acordado e precisava voltar antes que alguém sinta a minha ausência ou estaria expulso por estar fora do castelo naquela hora. Voltando pelo caminho que andei, sinto que o cheiro do café não existe mais. Passei da casa com o portão de grade, e parei por alguns minutos. Se naquela casa havia jardim, então muito provavelmente haveria rosas, plantas e essas coisas. Girei os pés e fiquei de frente á grade. Corri e pulei. Agarrei a grade e fui subindo até chegar ao final, daí pulei e meus pés tocaram na grama com cristais de gelos.
Havia alguns arbustos e árvores. Descobri que o jardinzinho não era tão pequeno assim. Mas nada de encontrar rosas. Andei pela casa toda e nada de encontrar rosas. Estava frustrado. Escutei vozes saírem da casa..que ótimo iria ser expulso por invadir casas. Já imagino o veredicto. “Senhor Malfoy, expulso de Hogwarts por invadir uma casa para colher rosas a Hermione Granger” aquilo era ridículo, por que diabos fui me meter nessa? Tentei me esconder atrás de uma árvore, mas a dona da casa me viu antes de eu conseguir.
-O que está fazendo aqui, garoto? Quem é você?
Não poderia dizer que era Malfoy. Iria me denunciar para o Ministério...a reputação da minha família foi manchada graças ao meu pai. Precisava inventar um nome.
-Ah, sou Blaise Zambini, desculpa ter invadido assim sua residência. – Falei educadamente. Sim, Malfoy’s têm educação e etiqueta.
-E o que está querendo aqui?
-Ah, bem achei seu jardim bonito e só queria ver porque gosto muito de Herbologia. Daí achei que....- certo, desisti, estava parecendo um baitola. Decidi falar a verdade. – Ah, bem, estava procurando alguma rosa para dar a uma garota.
Ela riu divertida. – Senhor Zambini, está em pleno inverno, não encontrará rosas nesta estação. Só na primavera.
Senti meu rosto esquentar de vergonha. Caralho, eu era muito burro mesmo, meu Deus! Como não pensei nisso? Gastei três horas da minha madrugada procurando rosas em vão. -Ah, certo...ahn, desculpe, obrigado mesmo assim.
Escalei a grade de novo e pulei. Uma dor subiu pelas minhas pernas. Vi que a senhora chegou mais perto do portão.
-Da próxima vez, se o senhor se quiser, posso abrir o portão pra você com a chave. – Falou mostrando a chave do portão. Outra vez pareci um idiota. Acenei com a cabeça e voltei para Hogwarts.
Cheguei ao colégio ás seis e dez. Estava tudo escuro ainda por causa do horário de inverno, o que fazia o sol nascer ás oito e se por ás três.
Fui para o meu quarto e deitei na cama. Fechei os olhos pra ver se pelo menos descansava, ainda bem que era domingo, assim não tinha aula. E se pegasse no sono poderia dormir até a tarde.
Eu disse que poderia dormir até tarde? Bom, acordei ás oito horas da manhã com Blás me balançando.
-Ei, macho, acorda!
Não sei por que, mas na região onde o Blás nasceu, os garotos costumam chamar os amigos de macho. Não sei se isso é algum elogio. Eu até que não me incomodava, mas ás vezes, dava raiva porque de dez palavras numa frase quatro eram macho.
-Me deixa, Blaise!
-Vai pra Hogsmeade não, macho? Vamos, as meninas vão comprar o vestido pro baile do fim de ano, quem sabe a gente não dá uma espiada, hein? Descobri que a Parkinson vai se produzir toda pra você. Quer não, macho?
-Não. – Respondi colocando o travesseiro sobre minha cabeça. Pra mim a Parkinson podia morrer. Tudo bem, admito que ela era bonita, se fosse antes eu faria tudo pra espiar a Parkinson, mas depois de Hermione, nenhuma garota em Hogwarts me interessava. Claro que não deixei de achar as meninas bonitas por gostar de Hermione, mas não havia mais aquela “perversão”- se posso chamar assim- que tinha antes por essas garotas.
-Fala sério, macho, você ta muito estranho! Quase não fala com a gente.
Ouvi a porta do banheiro abrir. E pelo barulho das pisadas fortes sabia que era Goyle.
-É mesmo, Malfoy. E tu não é de ignorar as garotas da Sonserina, que ta avendo com você?
-Nada ué, só não quero ir pra esse povoado. Odeio aquele lugar, não tem nada demais lá, só doces, bares e essas coisas.
-Então, por que a gente não compra um Celular? – Perguntou Blaise.
-Não, obrigado. Estou abstenho.
-E o que tem haver a religião? – Perguntou Goyle. Juro pra vocês que realmente não sei da onde ele tirou tanta burrice. Respirei fundo. Talvez não fosse tão ruim. Tirei o travesseiro de cima de mim e me sentei na cama.
-Certo. Eu vou. Mas eu não vou ficar espiando garotas não.
-E vai ficar fazendo o quê? Qual a graça de ir pra Hogsmeade se não for pra espiar as meninas ou transar lá? Qual é, macho? Bora! Arranjo umas meninas pra ti. – Ofereceu. Uma onda de nojo subiu no meu corpo.
-Deus me livre! – Levantei-me da cama e fui ao banheiro. – Não quero vocês me enchendo lá, ouviram? Já estou fazendo um favor a vocês de ir, e ainda querem que eu transe com uma garota qualquer?! Sai fora. Vocês ficam lá, e eu fico na minha sozinho. Certo?
-Fechou, então! – Blás respondeu. –Mas nem a Parkinson?
-Não!
Lá estávamos nós. Blaise, Crabbe, Goyle e eu em Hogsmeade.
Alunos de Hogwarts cobertos de pés aos pescoços por causa do frio. Havíamos acabado de chegar e eu já estava com vontade de ir embora. Olhei para todos os cantos pra ver se encontrava uma garota de cabelos castanhos cheios, mas não consegui. E mesmo que a encontrasse teria que distrair os meninos para que não me visse com Hermione.
-Ah, então decidiu vir, foi? – Ouvi alguém falar atrás de mim. Virei-me e vi que era Parkinson. Quis soltar um expressivo palavrão, mas me controlei. – Então, meninos, o que estão fazendo aqui?
-A gente acabou de chegar, Pansy. Ah , olha, por que você não conversa com meu amigo aqui, hein? – Apontou Blaise para mim. Tive vontade de socá-lo até a morte. – Ele ta precisando de uma relaxada, né, não, macho?
-Não. Não preciso de uma relaxada. – Respondi calmo.
-Não se preocupe, Blás, eu falo com o Draco. E vocês? Vão comprar o Celular?
-Mas é claro que sim. O que é uma visita a Hogsmeade sem um goró, né? – Ele disse batendo em minhas costas. – Bom, então vou deixar vocês conversando ai, vamos Crabbe, Goyle!
Os três saíram e me deixaram com a Parkinson. Traíras. Tinha vontade de mandá-la a um canto bem longe e que não tivesse volta pra cá. Mas eu percebi que realmente ela estava muito bonita. Não sei se aquele vestido era com o que ela iria para o baile, mas era tão curto que não sei como conseguiram vender naquela estação. Ela não estava com frio? Como se ela fosse uma cadela no cio, começou a me rodear. Eu só olhava para as pernas dela. O vento batia graciosamente na barra do vestido dela e eu acompanhava o movimento do tecido. O vento é sortudo. Porque ele poderia ver o que quiser, é capaz de destruir, e quando não gosta de um lugar vai embora pra bem longe. Às vezes, queria ser como o vento, mas será que era possível viver sempre fugindo? Sempre fingindo ser o que não era? Ou fingindo sentir o que não sentia? Valeria a pena ser um mero nômade que quando tudo está acabado, vai embora como se fosse um covarde pra casa da mãe porque não sabe o que fazer do que sobrou da vida? Cheguei á conclusão que não.
-Sabe, Pansy. Você não é tão bonita assim! – Falei seco. Ela parou de me rodear e olhou nos meus olhos, parecia com vontade de chorar. –Não tenta me seduzir, porque você não consegue mais.
-Você é o cara perfeito, Draco.
-Não sou não. Sou o cara mais imperfeito do mundo.
-Eu sei. Foi isso que quis dizer. Você é convencido, arrogante, prepotente e orgulhoso. Mas é que eu prefiro os seus defeitos. Comparado ao Steve Bruce – que foi meu ultimo caso- você é como um dia de sol na praia. Você foi a melhor coisa que me aconteceu na vida e eu sei que eu nunca vou me esquecer de você.
Ela começou a andar. Foi se afastando. Um cara normal correria atrás dela, pediria desculpas e se declararia para ela. Mas eu não sou um cara normal. Meus pés não mexeram porque eu não quis e sabia que não tinha como eu correr atrás dela. Estava cansado daquilo, cansado daquela vida miserável que eu levava! Eu não agüentava mais! Descobri que meninas como Parkinson são como bonecas de plástico. Você lembra delas porque as vê todo dia, mas quando se quebram, você joga fora e é como se nunca tivesse lá no seu quarto. E de tanto olhar para o seu quarto, você descobre que não faz diferença alguma se tem bonecas ou não. Garotas como Hermione são como ursinhos de pelúcia. Quando você ganha um, você sorri e guarda com o maior cuidado possível para que não fique empoeirado ou sujo. Ás vezes, é a única forma que você tem para conseguir dormir tranqüilo e se tirarem de você, algo lhe diz que falta alguma coisa feliz naquele quarto. Garotos, a maioria das vezes, procuram bonecas de plástico por serem mais fáceis de quebrar e mais fáceis de esquecer. Vivemos toda nossa vida nessa brincadeira de ter bonecas. Só que passamos a eternidade procurando ursinhos de pelúcia porque eles não podem ser quebrados, só rasgados. E dói ver um ursinho de pelúcia rasgado. Quando você chega ao seu quarto e vê aquele bichinho em cima da sua cama de braços abertos esperando você, sente-se bem porque tem algo que está ali por toda sua vida, e só o perde se você quiser. E eu não queria perder Hermione. Porque se eu a perdesse, eu me perderia também e o problema de me perder é que sei que não acharia mais Hermione, e se eu não acho Hermione, não me acho também. Entende?
Senti meu coração acelerar quando senti mãos me abraçarem por trás. Ouvia os soluços de Hermione de tanto chorar. Potter havia rasgado Hermione. Havia tirado os pêlos um por um com uma pinça e deixou só o sorriso inocente de Hermione. Sorriso que se desfazia quando ele ia embora e os próprios braços, que estavam abertos pronto pra uma abraço, se fecharam em volta do corpo para tentar se aquecer e não chorar. Se Potter apertasse o coração de Hermione, provavelmente sairia uma musiquinha.
-Mione, por favor, não chore. – Falei tirando as mãos dela do meu corpo e virando para olhá-la. – Não pelo Potter. Pelo amor de Deus, eu não agüento mais.
-Nem eu, Draco. Nem eu. – Ela disse com os olhos ultra-vermelhos. Acho que nunca os vi assim.
-Que foi, agora? Potter transou com a Weasley?
-Como sabe? – Ela perguntou com os olhos dilatando mais que o normal.
-Bom, pro seus olhos estarem assim era o meu primeiro palpite.
-Qual seria o segundo?
-O casamento deles! – Os olhos começaram a ficar mais vermelhos ainda. Meu Deus do céu!! Será possível que esta garota ame tanto assim esse menino?! Aquilo ali já era doença.
-E o que eu vou fazer, Draco?
-Parar de chorar, está em Hogsmeade, não em um funeral. Precisa se divertir, tenta não pensar nisso. Até porque, o que você queria Hermione?! Eles são namorados, uma hora ia rolar não?! Potter pode ser santinho, mas não quer dizer que tenha que morrer virgem.
-Sim, eu sei, mas é que isso estragou o meu dia. – Ela disse meio chateada. Será que agi mal dizendo aquilo a ela?
-Que nada, seu dia só começou! Vem! – Chamei com a mão e ela começou a me seguir.
Diferente de Parkinson, Hermione estava com sobretudo, gorros, luvas e cachecóis para se proteger do frio. Ela adorava aquela estação, mas não quer dizer que precisava morrer congelada. Os lábios um pouco roxos por causa da neve dava a Hermione um ar juvenil e despreocupado.
Entramos no Cabeça de Javali que estava meio cheio. Zambini e os outros já haviam saído de lá e muito provavelmente estava trepando com alguém.
-Quer um Celular? – Perguntei pra ela que me olhou assustada.
-Celular? Pensei que só trouxas usavam celulares!
Não evitei rir. –Não, Mione. Celular é uma bebida do tamanho de uma garrafa de bolso. É um pouco mais forte que cerveja amanteigada.
-Ah. – Ela corou envergonhada. – Quero sim.
-Quer de quê? Tem de quatro sabores: Blue Lagoon, Green Paradise, Sunset e Blurple.
-Blurple?! – Ela repetiu rindo. – Nome engraçado. Vai esse mesmo.
Pedi dois do mesmo sabor. O que eu mais gostava era o Sunset que era de laranja. O Blue Lagoon era de uma fruta muito rara que se parecia com maça verde, mas na bebida ficava com um gosto muito amargo, algo mais para conhaque. Green Paradise era de limão com menta. E o Blurple era de uva com alguma coisa que eu ainda não descobri. Ficamos esperando a bebida enquanto a gente conversava. Aos poucos, os olhos de Hermione pararam de ficar vermelhos e já estavam dourados. Ela parecia se divertir, o que me deixava feliz também, não sou tão intragável assim. A bebida chegou. Ela tirou as luvas e guardou no bolso do sobretudo marrom. Depois, ela bebeu um gole. Fez uma careta.
-O bom de você, Mione, é que você bebe com vontade e nem faz careta. – Falei irônico.
-Ah...você disse que era um pouco mais forte que cerveja amanteigada. É muito mais forte...tem gosto de..whiskey de uva. – Ela falou estalando a língua.
-Já tomou Whiskey é?
-Uma vez quando era pequena. Meu pai tava bebendo, e achei que fosse bom, mas foi pra nunca mais. – Ela fez mais uma careta. – Preciso de uma bala, chocolate, algo doce.
-Tá certo, a gente compra na Dedos de Mel. – Falei pegando a garrafa e saindo do bar com Hermione ao meu lado. Apesar dela ter reclamado da bebida, parecia ter gostado. Mas a cada gole, vinha uma careta.
-Ei, quer me ajudar a escolher meu fraque? – Perguntei ansioso. – Seria legal uma opinião feminina.
-Ah. – Ela pareceu meio sem vontade. – Sabe o que é, loiro? É que não sou boa em conselhos de roupas, se você não percebeu não sou muito de me arrumar. Por que não pede a Parkinson ou alguma menina amiga sua?
-Porque você é a única menina amiga minha! Não tem problema, se sua opinião for muito ruim como você diz que é, eu não levarei o fraque, é mais só pra me fazer companhia. Que tal?
Ela bebeu mais um gole da garrafa. Os olhos dourados pareciam começar a sair de órbita. –Ah, ta bom, então.
Fomos até a Zorbe’s. Uma loja só de roupas formais que Hermione sempre quis entrar, mas nunca teve coragem. Ela foi olhar os vestidos. Ficou olhando para um verde. Bebeu mais um gole de Blurple. Fui até ela.
-Você fica melhor de azul. – Comentei fazendo-a virar. –E está aqui para me ajudar não para secar os vestidos.
-Ah, desculpe. – Ela pediu encabulada. – É que nunca entrei aqui, parece loja de grife. Tudo é muito bonito.
-Eu deixo você ficar olhando enquanto eu experimento um dos fraques. Certo? – Ela acenou com a cabeça. Sorri e fui ver os fraques. Escolhi dois para vestir. Um era todo preto, sapatos pretos e a camisa de dentro também preta. O outro era preto, mas tinha riscas de giz em cor azul-marinho quase imperceptíveis, o contorno dos botões e das mangas também eram azuis, a camisa de dentro era preta e os sapatos eram pretos com o nome da Zorbe’s em preto.
Saí do provador depois de uns cinco minutos usando o primeiro fraque. Hermione estava sentada num banco de veludo, olhava para o chão e na mão direita tinha a garrafa de Celular quase vazia.
-Então? – Perguntei fazendo um sorriso sem-graça. Hermione levantou a cabeça e sorriu.
-Está muito bonito, Draco! Muito mesmo. – Ela disse baixando a cabeça para o chão.
Voltei para o provador e voltei usando o preto com riscas azul-marinho. Limpei a garganta e ela olhou de novo. Franziu a testa.
-Ué, ta com o mesmo?
-Não. Esse é diferente. – Falei levantando uma sobrancelha. – Chegue mais perto.
Ela levantou e ficou a um palmo de distância. Ela pareceu notar os detalhes em azul.
-Qual você acha melhor? – Perguntei.
-Esse combina com seus olhos. – Falou levando a cabeça um pouco para trás. Depois pegou o primeiro terno. – Os dois estão ótimos e aposto que qualquer um que você vá, vai estar muito bonito no baile.
-Qual você prefere? –Tentei de novo. Ela bebeu o último gole de Celular.
-Esse mesmo. – Disse apontando para o que eu estava usando. – Você fica bem em todo o tipo de roupa, quem dera ser assim.
-Você ainda nem me viu nu. – Falei brincando e ela riu brincalhona. –Então vou levar esse!
-Vai na minha? – Ela perguntou parecendo temerosa.
-Sim, te chamei pra me ajudar a escolher. Se sua opinião não contasse não teria te chamado. – Ela levantou as sobrancelhas e deu um sorriso. Deu de ombros e saiu da loja esperando pelo lado de fora. Após uns dez minutos voltei com a sacola na mão. –Obrigado pela opinião.
-Disponha. –Ela disse colocando a garrafa de Celular no lixo ao lado da loja. Também joguei a minha no lixo.
-Ei, quer conhecer o outro lado de Hogsmeade? – Perguntei ansioso.
-Outro lado?
-É! O residencial, o comercial e o lazer. Hogsmeade tem várias partes. Vem! Deixa eu te mostrar.
Ela me seguiu e depois de uns dez minutos de caminhada havíamos chegado à área residencial. Ela ia passando olhando para as casas e parecia admirada.
-Nossa, é muito bonita.
-É. Aquela casa ali. – Apontei pra uma casa que tinha o telhado alto. – foi construída a partir da arte gótica. Se você entrar vai ver o teto todo pintado por cima. Demorou quinze anos para ficar pronta. Não tenho certeza, mas acho que ninguém mora aí.
-Essas ruas são muito largas. – Ela disse. – São proporcionais á altura das casas, certo?
-Certo. A maior parte de Hogsmeade é proporcional a alguma coisa. O povo que antes moravam aqui gostava muito da idéia da perfeição. Então faziam suas casas com cálculos matemáticos perfeitos. Além de serem construídas na lua minguante.
-Porque acreditava-se que construindo casas na lua minguante, a casa duraria mais tempo.
-Exatamente. -Respondi sorrindo. Era muito bom você conversar algo com uma pessoa que entende do assunto. Antes, eu falava de várias curiosidades e nenhuma garota sabia nem o que comentar. Diziam “legal, bacana, puxa, incrível” e afins.
-Aquele cara ali é um fotógrafo!? – Indagou ao ver um cara sentado num banco com uma máquina preta na mão. – Que acha da gente tirar uma foto, loiro?
Senti minhas mãos suarem. –Hein? Foto? Ah, não, não sou fotogênico não.
-Eu também não. Mas o que tem? Daqui a cinco anos, quando vermos essa foto nos lembraremos desse dia.
-Não preciso de foto pra me lembrar de hoje.
-Vai, eu só tenho foto com meus pais, Harry e Rony. Seria legal vê um álbum e do nada, uma foto com o temido Draco Malfoy. – Ela falou rindo.
-Certo. Mas não mostre essa foto pra ninguém.
Fomos até o moço. Ele levantou e pediu para que a gente se posicionasse da forma que queríamos. Sentamos no banco - que depois, numa placa de metal pequena, vimos ter escrito “Para Sempre”. Olhamos para a câmera. Então, repentinamente, aconteceu algo incrível. Não sei se vocês vão entender. Mas para mim foi a coisa mais simplória e mais bela que já me aconteceu. Superou a do beijo naquele dia. Minha mão - sem querer ou não - encostou na de Hermione. Meu dedo indicador tocou o mínimo dela. Não sei porque, mas era como se ela tivesse pedido aquilo e só minha mão tivesse entendido. Depois, os outros dedos foram sobrepondo-se aos dela, lentamente. A mão dela parecia perguntar “tem certeza?” e a minha dizia: “Absoluta”. Então, meu coração bateu mais forte. E minha mão direita envolvou a mão esquerda de Hermione. Então, senti os dedos dela apertarem os meus como se eles dissessem “eu também tenho”. Daí, o rosto de Hermione apoiou-se no meu ombro. Engoli em seco e sorri.
Incrível não é? Como uma cena de apenas oito segundos pode mudar toda sua história?! Aquele gesto foi fantástico. O moço tirou a foto e pela primeira vez gostei de como saí. A imagem era justamente a ação do momento que nossas mão se encontraram. Dedo por dedo, até Hermione apoiar a cabeça no meu ombro. Pagamos o fotógrafo. Ele agradeceu com a cabeça e ficamos observando ele voltar pra casa. Nunca pensei que minha mãe tivesse aquela capacidade de suar. Mas não soltava. Eu podia derreter, mas não tiraria minha mão de cima da de Hermione nem fudendo. Depois, o céu começou a ficar vermelho-alaranjado, rosa e um anil também começaram a aparecer no céu fazendo uma mistura de cores inacreditáveis. Parecia uma aurora boreal. Hermione desgrudou os dedos dos meus. Puxou as pernas para cima do banco e se encostou no meu peito. Minha mão direita ficou estendida por trás das costas dela e Hermione começou a brincar com a minha mão.
-Sabe de uma coisa, loiro? –Hermione chamou ainda encostada em mim.
-Quê?
-Não foi tão ruim, assim. – Ela disse sorrindo honestamente. –Obrigada por hoje.
-Disponha. –Respondi sorrindo também. – Vai fazer a ronda hoje?
-Só no primeiro andar, e você?
-Vou ter que fazer pelo jardim. Mas como eu acho que ninguém vai estar lá, te faço companhia. –Ofereci.
-Certo. – Ela levantou desgrudando os dedos da minha mão. E me puxando, levantamos do banco. – Mas é melhor irmos agora ou perderemos as carruagens para voltar á Hogwarts.
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-Fala sério, Goyle. Quem você pegaria da Sonserina? – Perguntou Blaise Zambini para “meu grande amigo” Goyle. Eram quase duas horas da manhã. Havia acabado de chegar da ronda com Hermione.
-Ah, Blás, você sabe que o Goyle é tão seco que pega até a Madame Nora. – Respondi. Ouvi risadas dos outros garotos enquanto Goyle me olhava com raiva. – Ah, Goyle, me diga o nome de alguém que já gostou de você. Animais não valem.
Vincent Goyle olhou para baixo pensativo. Ficamos calados esperando a resposta. E ela não veio.
-Sério, macho, não sei como agüenta ficar tanto tempo sem ficar com uma única garota. – Comentou Zambini.
-O problema é que as garotas não querem ficar com ele. – Disse Crabbe. Eu até me assustei com o comentário, depois comecei a rir.
-E você, Crabbe, é muito assediado pelas meninas, né? Francamente, acho que vocês dois são os únicos meninos da escola que nunca beijaram uma garota.
-Não é verdade. – Levantou Goyle. – Weasley também não.
-Não se iluda, Goyle. Weasel come a Granger.
Num segundo, Blaise estava no chão com a boca sangrando e prestes a receber um crucius. Minhas mãos estavam tremendo e uma raiva que nunca senti antes havia se apossado de mim.
-Que foi? – Perguntou limpando a boca com as costas das mãos. – Endoidou, macho?
-Não fale assim dela.
-Todo mundo sabe que é verdade, Malfoy. – Disse levantando-se.
-Não é verdade não. – Falei ainda apontando a varinha pra Zambini. Ele estreitou os olhos.
-Que foi? Vem dizer que você gosta dela. – Começou a rir, puxando risadas de Crabbe e Goyle. – Essa é boa, Malfoy...você gostando da Granger.
Fechei os olhos e sentei na cama. Precisava me acalmar, mas não conseguia. Agora, todos da Sonserina saberiam o que sinto por Hermione e se meu pai descobrisse, eu estaria fudido. Maldito Blaise, precisava dizer aquilo de Hermione?
-Não gosto da Granger. – Tentei inutilmente, até negar era difícil pra mim. O que Hermione tinha pra me fazer ficar daquele jeito?
-Claro que gosta...você não me engana. Ela até que não é má, mas é sangue-ruim, macho. Não tem nojo?
Me acalmei. Senti meu sangue gelar. Anote: quando meu sangue gela, fico perigoso. – Não a chame de sangue-ruim, Blaise. – Falei já esperando a resposta de Zambini. Um sorriso demoníaco apossou do meu rosto. Anote: Capaz de matar.
-Chamo ela do que eu quiser, Malfoy. Ela é sangue-ruim e sempre será uma.
-NÃO FALE ASSIM DELA! – Gritei, perdendo as estribeiras. – Não fale assim dela! Se falar mal de Hermione uma única vez, Zambini, perderá todos os seus dentes e nem irá sentir. – Disse tentando não deixar o sorriso demoníaco crescer ainda mais.
-Ela é sangue-ruim, é suja, ridícula, somente os grifinórios a suportam porque ela dá pontos a casa deles e porque provavelmente ela trepa com eles todo santo dia...
Senti minha mão esquerda ir de encontro para os dentes do Blaise. Vi embaçadamente uma coisa vermelha na minha mão, mas não liguei. Continuava a socar o rosto daquele desgraçado. Não escutava nada. Parecia que tudo estava mudo. Depois fui percebendo que a coisa vermelha foi encharcando o rosto do Zambini, e vi que o vermelho se misturava com algo preto e algo branco estava no chão. Algo duro quebrou em minha mão e uma dor fina começou, mas era tão fraca que nem parecia existir. Senti outra coisa quebrar em minha mão e a dor aumentava. Percebi que Zambini não fazia nada para se proteger, mas não liguei. Vi outra coisa branca no chão e uma dor insuportável tomou conta da minha mão. Depois senti mãos me segurarem pelos ombros. Tentava me soltar descontroladamente. Depois, minha vista escureceu.
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Senti algo nos meus cabelos. Dedos percorriam meus fios suavemente. Meu corpo endureceu e minha cueca parecia apertada. Só uma pessoa me fazia ficar daquele jeito, Hermione Granger. Abri os olhos e encontrei os olhos dourados da garota completamente sem brilhos. Das duas uma: Ou ela havia brigado com Potter ou algo muito sério havia acontecido.
-Ei. – Ela disse baixinho quando me viu acordado. – Tá tudo bem?
-Que aconteceu? – Perguntei com a voz rouca.
-Você desmaiou.
-Não. O que aconteceu com você? – A vi franzir as sobrancelhas e afastar o rosto um pouco. –Te conheço, Mione.
-Comigo nada. – Ela respondeu e parecia verdade. – Mas com você é que vai. – Então era isso? Ela tava preocupada comigo? Hermione se preocupava comigo? Sorri.
-Por quê?
Ela apontou para um canto da sala. Virei o rosto e vi uma cabine que não costumava ver. Havia cortinas brancas e não havia mais ninguém na enfermaria além de mim e Hermione. Tentei mexer meus dedos, mas uma dor insuportável me pegou e fiz uma careta de dor.
-Você quebrou seu pulso esquerdo. – Sussurrou. – Madame Pomfrey disse que você vai ficar bem. Parece que você desmaiou pela dor de ter quebrado o carpo, e alguns ossos do metacarpo.
Então vi que meu pulso e minha mão esquerda estavam enfaixados. Depois lembrei do que havia acontecido.
-Zambini está lá? – Perguntei me referindo á cabine. Ela confirmou com a cabeça. Parecia meio triste. – Ele tá bem?
-Bom, você arrebentou a cara dele.
-Não exagera.
-Não estou exagerando, Draco. Zambini teve três dentes quebrados, um quarto dente cortou a gengiva e o céu da boca porque ele foi forçado a ir pra trás. Parece que uma das maçãs do rosto foi amassada, também teve o supercílio cortado e com impacto no chão, a cabeça abriu. Acha que realmente estou exagerando?
-Ele tá vivo? – Perguntei desgostoso.
-Não sei. Mas por que você bateu tanto nele? Nem no Harry você faria igual.
-Ele mereceu.
-Mas ele é seu amigo, Draco. – Ela disse um pouco revoltada.
-Ele não é meu amigo. – Mas o que diabos? Ela estava defendendo-o? Só faltava essa, agora. Depois de eu tê-la defendido daquele animal. – O que acha que vai acontecer comigo?
-Não sei...mas se ele morrer, provavelmente será expulso da escola. O que acho muito difícil porque Madame Pomfrey e Severo Snape estão trabalhando juntos para restaurar o rosto dele. E se tivesse morrido, já teriam nos avisado.
-Merecia ficar assim por toda a eternidade. – Respondi sem ressentimento algum.
-O que foi que ele fez com você? Porque quando Dumbledore avisou na hora do café que você estava aqui na enfermaria e que Blaise Zambini estava desfigurado quase que não acreditei.
-Ele é um idiota, só isso. Esquece isso, Mione. Por que não vai pra aula? Não é sua aula de Transfiguração agora? - Conhecia todos os horários de Hermione. De todos os dias. E era extremamente raro Hermione não ir pra aula.
- Na verdade é de Herbologia, mas pedi pra professora Sprout me liberar, daí vim ver você. – Disse sorrindo fazendo-me rir também. Caramba, amava aquele sorriso.
Vi a porta da enfermaria abrir. Professor Dumbledore e o Professor Snape entraram. Os dois logo olharam para mim. Depois professor Snape foi até a cabine e entrou.
-Como está, senhor Malfoy? – Perguntou Dumbledore. Não sei por que, mas aquele velho me passava tranqüilidade.
-Bem. Eu vou ser expulso? – Perguntei temeroso de nunca mais ver Hermione de novo.
-Ah, não. Claro que não. Ninguém será expulso de Hogwarts. – Abri um sorriso de satisfação ao ouvir isso. Havia quebrado a cara de Zambini, Hermione estava ali do meu lado, e não seria expulso de Hogwarts. O dia havia amanhecido mais azul.
-Mas não faça isso de novo. – Falou Snape saindo da cabine.
-Sim. Peço que não faça isso novamente, senhor Malfoy, ou teremos que expulsá-lo da escola e não queremos isso. Nem você, nem eu, nem a senhorita Hermione, não é?
-Não. – Respondi. Hermione negou com a cabeça. Parecia encabulada. Amava aquela menina. Com raiva, alegre, encabulada, nervosa, ansiosa, com medo e chorando. Era quase perfeita. Só não era perfeita, porque senão ela não existiria. Mas se você compará-la com esse mundo escroto, Hermione era o ser mais perfeito possível.
-Bom, tenho que ir, com licença. – Pediu o diretor serenamente.
Quando a porta da ala hospitalar foi fechada, Snape veio até mim, sabia que iria começar a chatear.
-Tome cuidado com suas atitudes da próxima vez, Draco Malfoy! Os pais de Zambini estão vindo para Hogwarts para levá-lo ao St. Mungus. E se ele morrer, sua família irá ter que pagar o preço por sua irresponsabilidade. O que deu em você para fazer isso com o garoto?
-Ele xingou a minha família. – Disse quase me levantando. Hermione ficou em pé e me segurou. Dizia para me deitar. Mas não liguei e continuei a me levantar. Até ficar em pé no chão.
-E desde quando protege sua família de xingamentos com essa forma, senhor Malfoy?
-Desde que aprendi a gostar dela.
É, aquilo era verdade. Desde que aprendi gostar da Hermione é como se ela fosse a minha família, a única pessoa que eu podia confiar. A única menina que eu sabia que não estava comigo por causa do meu dinheiro ou pelo status da minha família. Estava comigo porque ela gostava de mim, mesmo sendo só gosto de amigos, mas ela gostava de mim e não se importava se eu era loiro, rico, de olhos azuis. Hermione era como se fosse minha mãe, minha irmã e minha esposa numa só pessoa. E se não tivessem me segurado, Zambini estaria morto a pancadas.
-Pois é melhor o senhor controlar seus impulsos, Malfoy, ou não poderei mais ajuda-lo.
-Não pedi sua ajuda! – Retranquei.
-Draco, por favor, Professor Snape só quis ajudar...não seja grosso. – Disse Hermione que ainda me segurava para eu não me desequilibrar.
-Não pedi sua opinião, senhorita Granger. – Respondeu o professor. – Quando precisar peço educadamente, não se intrometa nesse assunto.
-Não seja grosso com ela. – Falei rispidamente. Sempre tratava Hermione mal, mesmo quando a menina o defendia?! Hermione olhou-me apreensiva e vi os olhos negros do Snape se dilatarem.
-Muito bem. – Ele disse se afastando. – Com licença, vou preparar a minha próxima aula, senhor Malfoy.
-Draco, pensei que ele fosse te matar. Viu a cara dele quando você o respondeu? – Perguntou preocupada quando Snape havia saído da ala.
Não respondi e sentei na maca com a ajuda dela. Algo me desesperava. Tinha a impressão que Snape havia descoberto meu segredo e se ele realmente descobriu, minha vida se tornaria um inferno.
Continua...
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Avec amour, pour jours vôtre. "Com amor, para sempre sua" em francês.
Respondendo comentários.
Isabella: Postei. Peço desculpas pelo tempo que durou, mas estava viajando por causa do carnaval e só voltei quarta-feita. Quinta fui tentar atualizar mas não consegui entrar no site. Fiquei triste, mas hoje recebi o seu review por email e lembrei que o floreios tinha mudado de endereço. Procurei no bom e velho google e achei. Esta aí o capítulo. Espero que tenha gostado.
Imogen: Cada vez melhor? Talvez eu concorde com você. Não sou prepotente, mas adorei escrever esse capítulo e o próximo também to adorando escrever. Não perca o próximo capítulo. Adianto uma bela discussão. Adorei o seu comentário "tenho prazer de indicar a sua como excelente leitura". Não sabe como fiquei feliz.
Ariane: Nova leitora. né? Fofa? Huh,..obrigada. Não sabia que minha fic é fofa. Brincadeiras a parte, obrigada pelo comentário. O Draco triste realmente é foda. Ás vezes, tenho tanta pena dele que tenho vontade de fazer Hermione ir até ele e dizer que ama o loiro. Mas ai estragaria a história. Não sei porque, mas tenho a impressão que quando a fic acabar, vou chorar.
Teresa: Você ama a fic? Eu também amo. Você quer que eu diga que eles vão ficar juntos? Tudo bem, eu digo: eles vão ficar juntos. Mas note que foi você quem pediu porque nem eu sei o que acontece com Hermione. (Mentira eu sei, mas não vou dizer. Lero-lero xP).
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