Equilibrio
Acordei feliz da vida. É, o beijo que dei em Hermione fez efeito a todas as minhas células. Acho que até meus neurônios estavam eufóricos pelo que fiz. Foi como fazer o que minha alma sempre quis sem eu saber que essa vontade existia.
Coloquei uma roupa preta já que era sábado e não tinha aulas. Cantarolando fui até o banheiro do quarto. Vi minha barba mais rala e um pouco mais escura.
‘Adoro meninos de barba’. É não esqueci aquilo.
Sorrindo saio do quarto de Monitor-Chefe. Precisava falar com ela, mas sabia que não podia ser assim..ela acharia que eu estava obsesso. Bom, estava, mas ela não precisava saber disso, certo?
Caminho pelo castelo alegre, nem mesmo os pirralhos da Lufa-Lufa tira meu humor. Passo pela biblioteca. Ao entrar lá, relembro o que passou entre mim e Hermione. Na sala reservada escuto um soluço.
Entro e vejo a beterraba carnívora chorando. Aquele sim, era meu dia de sorte. Eu senti....porque todos nós temos somente um dia feliz por ano. Aquele onde tudo da certo pra você e percebi que aquele era o meu. Afinal, á meia noite havia beijado Hermione. E agora, em plena sete da manhã encontro Weasley chorando pelos cantos. É sim..é meu dia de sorte.
-Oi Weasley...Potter te comeu e não gostou foi? – Perguntei sentindo uma onda gostosa dentro de mim. A ruiva levantou no mesmo instante.
-CAI FORA MALFOY!! SEU MERDA! TUDO É CULPA SUA!!
-Olha só..a Weasley ta estressada...é você tava vencida ou o quê?
-CALA A BOCA!! VAI EMBORA! – Ela gritou chorando. Lembrei de tudo que aquela garota fez com Hermione e não pude deixar de rir.
-Você é patética Weasley...não merecia nem ter nascido.
-VAI EMBORA! – Ela gritou mais.
-Mas nem foi tão ruim...graças a você pude me aproximar de Hermione...só não agradeço a você porque não me rebaixo a tanto.
Ela não conseguiu responder e deixou-se cair no chão chorando.
-Você não pode ser tão ruim nessas coisas pode?! Se até com a Parkinson é bom, não acho que você seja ruim.
-Quer experimentar Malfoy? – Perguntou levantando a cabeça ainda chorando.
-Deus me livre tocar em você, sua nojenta. Engraçado como a vida dá voltas não acha? Até certo tempo atrás você era a queridinha da escola...nunca descobri o porque disso, mas o povo parecia gostar de você. Ai do nada, você vira a rejeitada...
-Que você quer de mim, Malfoy? – Meus olhos escureceram com a pergunta.
-Que você sofra! Tanto quanto Hermione sofreu! –Respondi sentindo uma leveza anormal a dizer aquilo.
-NÃO FALE NAQUELA GAROTA!
-Não fale naquela garota! – Imitei fazendo-a bufar. – Descobriu que ela é melhor que você foi?
Ela levantou e veio até mim. Agarrei os braços dela.
-Vai me bater? – perguntei arqueando a sobrancelha. – Vai me bater? Oh tadinha...vai chorar pelo namoradinho...Hermione tem razão...nem Voldemort merece alguém como você Weasley...você me enoja.
-Você fica se vangloriando por ai, Malfoy, mas Hermione não ta nem ai pra você. Ela gosta do Harry como você mesmo disse...e ela é sangue-ruim.
-Francamente, querida, eu não estou nem aí! – Respondi saindo da sala. Nunca me senti tão leve na minha vida...bem talvez quando beijei Hermione..mas não conta..afinal aquilo ali foi surreal.
Fui para o Hall tomar café. Iria encontrar Hermione depois do que acontecera e esperava que ela não ficasse com raiva ou coisa parecida. Chego lá e não tem quase ninguém.
Vou para a mesa de minha casa e pego algumas torradas. Depois de um tempo escuto um barulho vindo do alto e vejo que é o correio. Indiferente coloco a torrada na boca e pego a geléia de uva. Mas uma carta cai em cima da mesa. O que me surpreende..quase ninguém me escreve.
Vejo que o pergaminho é de meu pai. Abro o selo e leio a carta. Minhas mãos começam a tremer nitidamente. Largo a torrada ali em cima da mesa e correndo vou para o quarto dos monitores.
***
Hermione caminhava lentamente pelo jardim de Hogwarts. A neve já cobrindo alguns centímetros do gramado e o lago congelando aos poucos. Estava no meio de novembro e pensava no Natal. Hermione não havia decidido se ia ficar em Hogwarts ou ia pra casa dos pais. Fazia tempos que não passava o Natal com eles.
-Pensando na vida? – Perguntou alguém atrás da garota. Hermione se virou e encarou Justin Flinch-Fletchey. .
-Oi Justin..é um pouco. To pensando onde passar o Natal. – Respondeu sorrindo gentilmente.
-Vai pra casa de seus pais?
-Acho que sim...faz tempo que não vou pra lá. E quero esquecer um pouco as coisas que andam acontecendo em Hogwarts. – Confirmou.
-Posso conversar com você? – Perguntou corando de leve. Hermione achou engraçado a atitude do menino e aceitou. – Verdade que gosta do Harry Potter?
‘Ah caramba, os porcos já começaram a falar!’ Pensou a menina. – Quem te disse?
-Fiquei sabendo. Sabe as coisas aqui em Hogwarts sempre correm depressa.
-É..devia estar acostumada. – Comentou baixando a cabeça. – Se lembra do quarto ano Justin? Que a Rita Skeeter fez aquele comentário sobre Harry e eu?
-Sei..você até disse que não tinha nada a ver vocês dois..e depois tava com o Vitor Krum no Baile de Inverno.
A garota corou ao lembrar do búlgaro. – Pois é...acontece que esses boatos voltaram com força total.
-Não foi isso que perguntei. – Comentou o garoto corando ainda mais. A castanha olhou para ele assustada. – Perguntei se gosta dele.
-Por que quer saber? – Perguntou temendo ser muito fria. Viu o rosto de Justin ficar completamente vermelho.
-É que vai ter um baile no fim de ano e... gostariadesabeersenaoquerircomigo?
-Que disse? – Perguntou a castanha não entendendo o que Justin havia dito. Ele se aproximou de Hermione, ela se afastou um pouco.
-Gostaria..deir..comigo? –Perguntou encarando a neve e entregando a Hermione uma rosa amarela. A garota olhou o menino confusa. ‘Mas o que cargas d’água deu no povo desse colégio??"
-Ah Justin...é..obrigada. – Disse pegando a rosa.- É muito gentil..mas tenho que pensar.
-Entendo...se você não tiver alguém pra ir até lá...irá comigo?
-Sim, claro que sim. - Justin abriu um sorriso de orelha a orelha.
-Puxa obrigado Hermione...espero que ninguém te convide. Quer dizer...lógico que alguém irá te convidar..e..
-Justin.- Chamou Hermione rindo pelo desespero do garoto. – Não espere alguém me convidar...bom, te dou a resposta semana que vem. Pode ser?
-Quando você quiser. Caso aceite me diga logo e irei providenciar o terno e tudo mais.
-Certo.
Justin ia virar pra ir embora, mas parou no meio do caminho. Corou furtivamente a abraçou Hermione. Hermione abriu os olhos mais que o normal. Não esperava aquela reação do rapaz.
-Você é muito legal Hermione...mas se não quiser ir comigo pode dizer a verdade. Sei que você deve gostar de alguém...você nunca falou comigo e vive rodeado de garotos, aposto que tem um deles de quem gosta...se ir com algum deles não me importarei. – Dizendo isso afastou-se da garota e entrou no castelo. Hermione olhou para a neve e segurou a rosa amarela mais forte.
Hermione estava parada em frente ao quarto dos monitores-chefes. A rosa amarela que Justin Flinch-Fletchey lhe deu na mão esquerda. A bonequinha de biscuit e a plaqueta escrita Hermione no alto da porta. Hermione abriu a porta e sentiu o coração pular no mesmo instante.
Em uma das poltronas estava Draco Malfoy. O loiro estava com os cabelos molhados encostado na poltrona. O braço direito caído e na mão esquerda copo com algum liquido vermelho.
Hermione engolindo em seco foi até Malfoy.
-Malfoy...- chamou Hermione. O loiro olhou para ela...os olhos azuis-cinzas estavam escuros como cor de grafite. – Que aconteceu? – perguntou ajoelhando-se no chão.
Malfoy afastou um pouco do encosto da poltrona. Olhou nos olhos cor de mel de Hermione. Num movimento repentino Malfoy jogou-se contra o peito de Hermione. Hermione fechou os olhos sentindo o aroma de menta entorpecer a mente. Algo quente e molhado escorreu pelo rosto de Draco. Hermione sentiu a circulação sangüínea aumentar...algo estranho e profundo percorreu o corpo da castanha...começando no coração e indo parar na pontas dos dedos. Malfoy estava chorando.
Hermione levantou os braços. Com medo e com vontade os braços da garota acabaram sobre as costas do loiro. Hermione apertou com força. Um barulho de vidro se quebrando pode-se ouvir e a mão que estava ocupada com o copo achou as costas de Hermione.
Ficaram assim por segundos...talvez minutos. Talvez décadas. Hermione não soube distinguir mais o tempo naquela horas. Só sabia que podia passar a vida toda ali, abraçando Draco Malfoy. Um soluço mínimo veio do garoto. Hermione engoliu em seco.
-Loiro, que aconteceu? – Perguntou Hermione abrindo os olhos. Sentiu os braços de Malfoy apertá-la mais.
-Ter nascido me estragou a saúde. – Ele disse abrindo os olhos sem desgrudar da garota. Ela não respondeu.
A garota abraçou o loiro mais forte. Sabia que tinha acontecido algo..e sério. Não é todo dia que vê Draco Malfoy chorando.
-Vai ficar tudo bem...Vai ver....vai tudo voltar ao normal. – Ela tentou. Sentiu o coração bater em desespero.
-Não vai..Hermione, minha mãe...morreu.
Hermione não precisou abraçar o garoto mais forte, pois assim que disse isso Malfoy a apertou com tanta força que a garota sentiu que a qualquer momento quebraria as costelas. Hermione sentiu os joelhos doerem mas não ligou. Desgrudou de Malfoy olhando-o nos olhos azul-grafite.
-Sinto...muito. – Disse sentindo um bloco de saliva na garganta.
-Não é culpa sua...- respondeu Malfoy encarando os olhos dourados de Hermione. Draco sentou no chão. A mão esquerda sangrando um pouco pelo vidro do copo que se quebrara na mão do loiro. Malfoy apoiou a mão direita no chão. A perna direita esticada e a outra dobrada. Ficou a fitar Hermione a sua frente entre suas pernas e ajoelhada. Viu que a garota segurava uma rosa amarela. Pegou a rosa da garota e colocou na orelha direita de Hermione.
Hermione se jogou nos braço de Malfoy. Pelo impulso Draco foi para trás deitando-se no chão. Instintivamente sua mão esquerda foi parar ao redor da cintura da castanha. Hermione ficou por cima do loiro. Encostou a cabeça no peito do garoto já que este era maior que ela.
Ficou assim por minutos, sem que nenhum dos dissessem algo. Draco acariciava os cabelos de Hermione com a mão direita enquanto a esquerda se encontrava ao redor da cintura dela. Hermione fechou os olhos sentindo o coração de Draco Malfoy bater cada vez mais forte.
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Ali estava ela. Hermione Granger, a Monitora-Chefe de Hogwarts, Grifinória, 18 anos, signo de virgem, amiga de Harry Potter e Rony Weasely, em cima de mim. Seus braços ao lado do meu corpo e o lado esquerdo da cabeça encostada no meu peito. O cheiro de canela invadindo meu ser. Minhas mãos brincavam com o cabelo volumoso da garota enquanto ela parecia dormir.
Olho para o relógio na parede e vejo que já é de noite. Incrível como o tempo passa rápido quando to com ela. Sinto a mão direita dela encostar na minha esquerda que continha um pouco de sangue. Aperto forte. Posso ser odiado pelo mundo todo, mas juro que sou a pessoa mais feliz do mundo por tê-la ali comigo.
Sinto ela se mexer e acordar. Os olhos um pouco escuros pelo sono. Ela senta no chão entre minhas pernas e eu sento para olhá-la nos olhos.
-Dormiu bem?
-Eu dormi? – Ela perguntou parecendo assustada. Não evitei sorrir. –Ah desculpa, Malfoy...você deve se sentir horrível pelo que aconteceu a sua mãe e eu dormindo...
-Tudo bem. – Respondi. – Não tem problema.
Ela sorriu. Senti minhas mãos tremerem e minha circulação sanguínea aumentar o ritmo mais do que já estava. Vi ela sorrir e me abraçar de novo. Minha mão esquerda passou pela orelha direita que tinha a rosa amarela. Afinal onde ela conseguiu aquilo?
-Hermione...Quem te deu essa rosa? – Ela se afastou e me olhou assustada. – Quem foi que te deu essa rosa?
-Te interessa? – Já disse que eu odeio quando ela fica bruta do nada?...pois é odeio. Porque sei que ela ta escondendo algo. –Acho melhor voltar pra Grifinória. –Disse levantado.
-Quem foi que te deu essa rosa? – Perguntei me levantando também.
-Nin..ninguém. Peguei em Hogwarts.
-Em pleno Inverno?
-Peguei na estufa da Professora Sprout.
-Mentirosa, lá não tem essas rosas. – Vi ela recuar. Sabia que ela tava escondendo algo. – Foi o Potter não foi?
-Por que você acha que tudo é o Harry?
-Porque do nada ele vem todo manso pra cima de você e termina com a Weasley sem motivo aparente.
- Como sabe disso? – Ela perguntou estreitando os olhos dourados.
-Falei com ela hoje de manha. – Vi a cara dela se fechar. Não sei se foi de raiva ou de ciúmes. Rezei que fosse a segunda.
-Vocês dois até que estão bem amiguinhos né? Do nada começa a falar com ela...ah é esqueci que você é apaixonado por ela. – Ela falou e juro que não entendi. Ela virou para sair do quarto, mas a peguei ela pelo braço. –Me larga!
-Endoidou foi? Que aconteceu?
-Você que começou caramba..me solta Malfoy..tenho que voltar pra Grifinória. Já ta tarde. – Meu coração deu uma guinada e a soltei. Ela me olhou nos olhos e foi embora o quarto.
Respirei fundo. Cassete...ela tinha razão..foi eu que comecei. Deitei na cama e fechei os olhos. Merda!
***
Hermione tinha os olhos vermelhos e rezava para que ninguém aparecesse ali na sua frente muito menos certa ruiva ou a azararia com um Furunculus ou até mesmo um feitiço estuporante.
Disse a senha para a Mulher-Gorda e entrou no salão comunal da Grifinória. Não havia ninguém...é, passou a manhã, a tarde a quase a noite toda dormindo com Malfoy. O pior era que certamente Harry e os outros notaram sua ausência e ela sabia que teria que dar uma bela desculpa.
Subiu a escadaria do dormitório, mas parou no meio do caminho. Olhou para baixo. Sentia que alguém estava ali. Seu coração batia depressa.
-Harry...pode sair.
No fim da escada Harry tirou a capa de Invisibilidade e olhou para Hermione. – Onde esteve? Ficamos o dia todo procurando você!
-Tava no quarto dos monitores-chefes. Não queria ninguém me perturbando. – Respondeu calmamente...não conseguia mentir para Harry Potter. –Por que vestiu a capa de invisibilidade? Se queria me esperar, não precisava se esconder.
Viu o rosto de Harry corar.
-É que não queria ver a cara da Gina...eu procurei por ela o dia todo e também não a achei.
-Ah, a Gina. – Reclamou Hermione baixinho. – Malfoy disse que falou com ela hoje de manhã.
-Estava com ele? – Perguntou Harry aumentando a voz. Hermione se assustou um pouco. –Estava com Malfoy não era? Passou o dia todo com ele?
-Bom, consequentemente ele estava no quarto dos monitores também..
-Sei...não se faça de ingênua Hermione.
-O quê? O que está querendo dizer? – Perguntou descendo um degrau da escada.
-Nada..só to perguntando o que fez com ele?
-O que acha que eu estava fazendo com ele?
-Não sei, você virou amiga dele não foi? Anda toda estranha pelos cantos.
-Você pirou Harry, está pior que Gina. Eu não fiz nada...só dormi com ele... –Mas Hermione parou de falar no mesmo instante. Percebeu o que havia falado e viu o rosto de Harry se contorcer em raiva.
-Dormiu?! E diz que não foi nada!! – Harry começou a rir malevicamente. –Serio Mione você foi até rápida não foi?
Hermione desceu as escadas com o rosto vermelho. Não era de vergonha, era de raiva. Não respondeu. Deixou Harry falar pra ver que até ponto ele chegaria.
-Nunca pensei que você fosse fazer isso!
-Quê? Achou que eu morreria virgem? – Perguntou esnobando Harry. O garoto olhou para Hermione assustado. –Fui mais rápida que você e Gina não foi?
Harry apertou as mãos. Hermione olhou para o garoto com nojo. –Desde quando desconfia de mim Harry?
-Desde que ficou amiga do Malfoy.
-Acha mesmo que fiz o que está pensando?
-Você que disse!
-Você pensa o que quiser...mas se fosse meu amigo como pensei que fosse, não iria pensar essas coisas de mim, Harry. – Hermione comentou se aproximando de Harry. Viu os olhos verdes do amigo ficarem um pouco escuros.
-Ah, desculpa Mione. Sério, sei que não devia ter desconfiado de você. É que depois de tudo que o Malfoy fez pela gente, e você vira amiga dele...é que é estranho. Entende? Parece que to perdendo você pra ele...
-Você não ta me perdendo, Harry. Eu vou sempre escolher você ao Malfoy. Ele é só meu amigo...e, bom, a gente acabou brigando, então se eu o conheço bem, ele vai ficar algumas semanas sem falar comigo. Quero que saiba que jamais deixarei de ser sua amiga...mesmo que você prefira a Gina, nunca vou deixar de sentir o que sinto por você.
Harry sorriu fazendo Hermione sorrir também. –Promete?
-Pro-me-to.
Harry sorriu ainda mais. Aproximou-se de Hermione e a abraçou. – Obrigado, Mione. Não se importa de eu namorar a Gina, então? Eu tinha terminado com ela porque achei que você iria ficar de mal comigo.
Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou para a lareira. Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o estômago e os intestinos. – Não...Gina é boa pessoa, e eu gosto dela. Se você realmente a ama, Harry, não posso impedir...pode voltar com ela.
-Posso? – Perguntou levantando as sobrancelhas levemente. O brilho nos olhos verdes-esmeraldas voltara e Hermione sentiu que choraria a qualquer momento. –Está tudo bem eu voltar então?
-Está. – Respondeu Hermione sentindo o balão de ar encher dentro dos pulmões, mais uma vez. Eles se separaram e Harry sentou na poltrona vermelha.
-Vou esperar por ela pra conversar. Acha que ela vai escutar?
-Vai sim. Ah, vou indo pro meu quarto. Té amanhã Harry.
-Té. – Respondeu Harry observando Hermione subir ás escadas.
Hermione fechou a porta e deitou na cama. Seus olhos que já estavam vermelhos ficaram completamente enxarcados e as águas dos olhos começaram a cair de forma incessante, que machucava a alma da menina e a matava em pedaços com pedaços de madeira e pedregulhos. Sentiu Bichento subir na cama e ouviu o bichinho miar melancólico. Hermione tentou segurar um soluço, mas não conseguiu. Levantou a cabeça e acariciou a cabeça do bichano.
-Quando me encontrar com a Gina, Bichento, lembre-me sempre de levar paz no rosto. – Bichento em resposta soltou outro miado. Hermione virou na cama de forma a ficar numa boa posição para dormir. Bichento deitou sobre a barriga da dona enquanto a menina acaraciava-o atrás da orelha. – Vai ficar tudo bem...- Disse antes de adormecer.
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-Tá tudo bem mesmo, Hermione? – Perguntou Justin sentado ao lado de Hermione na neve que cobria um pouco o gramado de Hogwarts. O que diabos ele tava fazendo ali com Hermione? Escondi-me atrás do carvalho. –Parece triste.
-Tá tudo bem sim, Justin. Sério..só coisas de meninas.
-Ah, eu causei algum problema? –Indagou o menino. – Me desculpe, se isso é alguma culpa minha.
-Não. Claro que não Justin..você não tem nada a ver com essa historia..sério..só não to num bom dia.
-Foi por eu ter te convidado pro Baile? – Perguntou.
Ele havia chamado-a para o baile? Filho de uma égua. Senti minha garganta secar pensando que ela havia dito sim.
-Hein? Claro que não. Não se culpe por isso..não tem nada a ver.
-Se você diz...bom vou deixar você sozinha. Minha mãe sempre diz para quando encontrar uma garota triste deixá-la sozinha pois certamente ela está precisando de um tempo para si mesmo. – Respondeu o garoto sorrindo. Hermione sorriu de volta. – Vou tomar café. Quer alguma coisa?
-Não, obrigada. – Disse levantando. – Você é bem legal Justin queria ter falado com você antes.- Hermione falou sorrindo gostosamente. Que bom que ela não o conheceu antes de mim. Só faltava essa, o babaca do Flinch-Fletchey interessado em Hermione. Que coisa mais ridícula;
-Você é bem legal Justin queria ter falado com você antes. – Imitei Hermione. – Que fofo o novo casalzinho de Hogwarts.
O Lufa-Lufa virou quando escutou minha voz e ficou me encarando como se eu fosse um bicho peçonhento. Pra alguns eu sou mesmo e não faço questão de fazê-los mudar de idéia sobre a minha pessoa
– Ah não enche Malfoy...cai fora!
-Ui, lufa-lufa ficou com raiva...- Vi o Flinch-Fletchey sacar a varinha que estava guardada e apontava para mim. Tudo bem, gelei, confesso, mas não deixei transparecer. Então, abri um sorriso como quem não dá muita fé naquilo. – Que vai fazer boboca?
-Pare de encher Hermione senão vai ser estuporado da cabeça até os joelhos.
Certo, fechei o sorriso porque ele parecia realmente decidido a fazer aquilo ali, e eu não queria ser levado para a enfermaria por causa de um Lufa-Lufa. O que os meninos vão pensar? Olhei para Hermione e a vi sorrindo para o idiota.
-Justin. – Chamou Hermione. – Pode ir. Eu cuido do Malfoy. Ele pode se aproveitar por ser Monitor-Chefe, não se preocupe. Vou ficar bem. – Acrescentou Hermione ao ver que o garoto ia reclamar. Justin abaixou a varinha e deu meia-volta andando pelo gramado em direção ao castelo.
Hermione também aprendeu a me conhecer nesse tempo que ficamos juntos. Ela sabia que quando eu ficava estressado ou ansioso, apareciam manchas no meu corpo. Sabia que quando ficava calmo, na verdade estava um pouco com raiva, só casualmente que perdia as estribeiras. Sabia que o que eu mais gosto nesse mundo todo é cafuné. Sabia que eu realmente usava meu posto de monitor-chefe para abusar dos garotos. Só não sabia do sentimento que eu tinha por ela, mas provavelmente não duraria muito tempo aquele meu segredo.
-Sabe, não pense que Lufas-Lufas são covardes. Isso são coisas que o povo inventa. Na verdade a maioria deles são muito bons em feitiços, como disse Justin. – Recolocou Hermione rindo por causa da minha cara. – Loiro, o que foi agora? Até parece que não consegue ficar sem me ver.
-Não se gabe Hermione...só vim passear e consequentemente te encontrei com esse lesado. – Menti. Bom, na verdade omiti. Porque realmente não conseguia mais ficar sem vê-la e eu estava passando lá porque achava que ela estaria lá. Simples. Mas certas coisas não podem ser ditas.
-Não chame ele de lesado. – Respondeu levantando a varinha para mim. Franzi as sobrancelhas? Ah, depois daquele beijo ela queria era me estuporar? Que tipo de agradecimento é esse? Comecei a pensar se Hermione realmente ficou chateada pelo o que aconteceu porque ela não é de usar a violência. Bom, na verdade é, mas depois que Potter começou a namorar a biscate ruiva, ela só chorava. Vi a mão dela tremendo. – Não comece a chatear.
-Eu te chateio? – Perguntei sorrindo com a cara zangada de Hermione. Adorava vê-la com raiva.
-Muito. Você é egoísta, convencido, mau e insuportável!
-Então você gosta dos caras egoístas, convencidos, maus e insuportáveis?
-Não. Gosto dos caras gentis.
-Então como gosta do Potter? E eu sou gentil.
-Não é não. – Retrancou como se fosse uma piada. –Não tem como você ser gentil, Malfoy.
-Ah, não quer ver? – Me abaixei e fiquei sobre os joelhos em frente á castanha.
Um sorriso se fez no rosto da garota. Senti minha mão se fechar e agarrar um pouco de neve. E o sorriso dela desapareceu quando recebeu um bola de neve no rosto. Me levantei e comecei a rir, depois joguei outra bola de neve na garota. Hermione se defendia com os braços como podia. Abaixou-se e pegou uma bola de neve enquanto eu a infestava de neve. Hermione jogou uma bola bem no meu rosto do que me fez parar de rir. Hermione então foi quem começou a rir. Daí nós dois começamos a fazer uma guerra de neve e riamos como crianças. Hermione começou a correr e se esconder de mim, consegui alcançar Hermione e a puxei, mas me desequilibrei um pouco e a acabou caindo e rolamos gramado abaixo. A gente só parou perto da entrada da floresta proibida.
-Você ta bem? – Perguntei engatinhando até Hermione que tinha os olhos fechados. – Ei, Mione...acorda!
Fiz uma careta quando senti a mão de Hermione espatifar na neve no meu rosto. Depois ouvi uma risada gostosa vindo dela. Não evitei sorrir também.
-Você não é gentil, Malfoy. É muito é bruto.
-Sou gentil sim. Acontece que são poucos os que merecem minha gentileza. – Levantei-me e estendi minha mão esquerda pra ela.
-Sei. – Respondeu sem ânimo segurando a minha mão e com um pouco de esforço levantou-se.
-Tá melhor?
-Melhor do quê? – Perguntou não entendendo.
-Ouvi quando você disse pro babaca do Flinch-Fletchey que tava com problemas de meninas! Que foi? Menstruou?
-Não! – Respondeu rindo. - Acha que todos os problemas de garotas só existem quando elas estão com TPM?
-Não, vocês, garotas, tem problemas toda hora. Inventa dor pra tudo. – Disse fazendo Hermione sorrir ironicamente. – Homens não sentem dor, a não ser que chutem o saco. O que é dor de cabeça pra um homem?
-Chifre! – Respondeu rindo. – E não seja machista, Malfoy, não agüentaria uma cólica.
-Agüento dor sim. Pode dar um murro na minha barriga que eu agüento.
-E se os murros, chutes e puxões forem de dentro pra fora? – Perguntou Hermione divertida.
-Você cuida de mim. – Disse sorrindo quando vi os olhos de mel brilharem. – Então, o que te preocupa tanto?
-Nada.
-Mentirosa...
-Não sou mentirosa. – Respondeu se aproximando de mim. Eu sabia quando ela mentia...ela não me enganava. Quando ela mentia, as pupilas da Hermione se dilatavam por alguns segundos e depois voltavam ao normal. Ás vezes, quando ela já tinha em mente uma mentira pronta, as pupilas ficavam normais, mas ela escondia as mãos no bolso ou cerrava os punhos por segundos para depois abrir de novo.
-Te conheço, castanha, não mente pra mim, não. – Falei com a voz rouca. Os olhos de Hermione começaram a ficar vermelhos. Era alguma coisa do Potter.
Hermione respirou fundo e se jogou nos meus braços. Foi o Potter, tinha certeza disso. Aceitei e devolvi o abraço. Senti alguns flocos de neve cair sobre a gente. A voz de Hermione saiu abafada. Como se fosse chorar a qualquer instante.
-Harry vai voltar com a Gina, Malfoy.
-Ah, Hermione, não fica assim. Sabe que odeio quando começa a chorar pelo Potter. Escuta, queria saber se gostariavocêdecomigoaobaileir? – Perguntei me espantando com a minha própria fraqueza. Não sabia que era tão difícil convidar uma garota pra um baile. Talvez porque seja Hermione, não qualquer garota.
-Que disse? – Perguntou Hermione.
-Vocêsegostariadecomigo ir. Digo, vai ter um baile no final do ano, gostaria de ir comigo?
-Ah, bom, sabe o Justin já tinha me convidado e...
-Justin? Flinch-Fletchey? Vai com o idiota?
-Não chame ele de idiota, Malfoy. Ele me convidou antes, e acho que o justo seria ir com ele.
-Seria? Quer dizer que está pensando em não ir com ele? – Um sorriso iluminou o meu rosto ao pensar que Hermione estava desistindo do Flinch-Fletchey e me aceitando pro baile.
-Tô pensando na verdade em não ir com ninguém.
-Por quê? – O sorriso se desfez.
-Tô sem saco. Não gosto de dançar e não estou a fim de ver o Harry dançando com a Gina.
-Sempre o Potter. Onde conseguiu tamanha dependência?
-Meus amigos me deram de presente.
-Sabe, é triste ver uma garota como você sofrendo. – Falei honestamente. Vi os olhos dourados de Hermione brilharem. – Parece que você é capaz de sentir todos os sentimentos do mundo e consegue guardar só pra você. Não se sente sufocada?
-Toda hora. – Respondeu olhando nos meus olhos. –Mas eu agüento.
-Você é realmente esquisita, Hermione.
-Respeite, Malfoy. Até eu fui obrigada a me respeitar. – Disse com a mais profunda calma. Confesso que senti meu coração acelerar. Hermione era realmente uma garota completamente diferente. Antigamente, não sabia do que ela gostava, sobre o que ela pensava, e só de lembrar que eu a xingava de sangue-ruim, um remorso me tomou e engoli em seco.
Desviei o rosto quando três bolas de neve me atingiram de forma violenta.
-Hermione! – Gritou o Weasley sarnento. – O que esse aguado ta fazendo com você?
-Não chegue perto dela, Malfoy! – Ameaçou Potter com a beterraba carnívora ao seu lado. – Ou acabo com sua raça.
-Não se intrometa Potter!
-Ele te fez algo, Mione? – Indagou o pobretão se aproximando da Hermione.
Fechei as mãos com raiva. Tinha que ter alguém pra atrapalhar. Era sempre assim, nunca teria um momento de plenitude com Hermione sem os idiotas para atrapalhar...tinha que ser agora que finalmente estávamos nos entendendo?
-Não. – Respondeu Hermione. – Estávamos só conversando.
-Malfoy não é a melhor raça para uma conversa, Mione. – Disse a beterraba.
-Olha só quem fala, a beterraba carnívora. – Rebati com raiva. Cai no chão pelo murro que Potter me deu. Mas levantei na mesma hora.
-Não a chame assim, Malfoy. To cansado de você falar mal da Gina!! Se a xingar mais uma vez, terá rezado nunca ter nascido. – Ameaçou praticamente com a boca espumando.
-Vem Potter! Pode vir! É bom que se eu te matar, Hermione deixa de sofrer por você.
Potter avançou em mim. Não me mexi porque vi os olhos de Hermione ficarem vermelhos, depois a garota falou algo pro Weasley e os dois foram embora, subindo a colina de mãos dadas! Mas o que diabos? Weasley? Senti minha mão esquentar. Mas cai no chão de novo e senti um filete de sangue escorrer pela boca. Potter tirou a varinha do bolso da calça jeans e apontou para mim.
-Harry, deixa ele. Melhor irmos ou nos atrasaremos para Hogsmeade. – Chamou Weasley. Potter concordou e foi subindo a colina com a pobretona.
Limpei o sangue com a costa da mão esquerda. – Só não te mato, Potter, porque Hermione me odiaria pelo resto da vida. – Levantei-me e fui para o castelo. Será que aquele garoto nunca iria entender os sentimentos de Hermione. Como pode Potter fazer aquilo com Hermione? Acho que Potter não sabe 1/3 dos sentimentos de Hermione por ele. Eu, pela primeira vez em toda minha vida, desejei ser Harry Potter.
Continua...
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Bom, decidi responder os comentários e aproveito para agradecê-los e se alguém tiver alguma crítica, pode fazer também, por que afinal, uma crítica mais ajuda do que atrapalha. Aos comentários positivos, obrigada e continuem se puderem.
Whonna Malfoy: Os dois vão fazer as pases, não se preocupe, mas estou preocupada do Malfoy perder a identidade dele. Vou fazer o possível para que isso não aconteça.
Larissa Moreira: Você leu só o primeiro? Tenta ler o resto, pra ver se você gosta.
Teresa: Bom, infelizmente nem eu sei o que aconteceu para o Draco tá triste nos dias de hoje, mas quem sabe eu possa ter uma idéia no futuro.
Isabella Rodrigues: Obrigada. Estou fazendo o possível para ser a mais rápida possivel porque ainda tenho outra fic que tenho que terminar, e aí fico um pouco atrasada. Mas que bom que você tá gostando.
Imogen: Não é? Adoro essa música! E o engraçado é que essas citaçoes que faço vem na hora que to escrevendo, eu nem planejo nem nada, e realmente casou muito bem. Até eu fiquei admirada.
Sarinha: Você é amiga da Imogen? Nossa que legal, não há propaganda melhor no mundo do que a boca a boca, não é? Fico feliz que indiquem fics para os outros, estou feliz porque isso diz que minha fic é boa. Obrigada.
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