Primeiro beijo
3. PRIMEIRO BEIJO
Gina saiu da sala de Dumbledore pronta para enfrentar as serpentes sonserinas, assim como Pansy se preparou para enfrentar os leões grifinórios. Não, elas não queriam ir, mas tinham. Não havia outra maneira, a não ser que as duas sumissem por duas semanas, o que despertaria suspeitas. A morena (agora ruiva) contou basicamente sua vida para a outra, assim como Gina o fez, para que não houvesse enganos. Portanto, Gina caminhava até as masmorras e Pansy até a torre.
-Olho de morcego – murmurou Gina, entrando na Sala Comunal da Sonserina e vendo o moreno que ainda dormia calmamente em uma das poltronas em frente à lareira.
Blaise mexeu-se na poltrona, aconchegando-se mais ali. Procurando não fazer barulho, Gina seguiu as instruções que Pansy lhe dera para chegar ao quarto da monitora-chefe. As escadas que levavam ao dormitório da ex-morena eram circulares, mas não muito maiores do que as que levavam ao dormitório de Hermione na torre da Grifinória. Ao chegar à porta, Gina disse a senha, vendo-a abrir-se sozinha. Entrou e, sem nem ao menos olhar ao seu redor, ela caiu no primeiro lugar macio que encontrou, uma poltrona logo em frente à porta.
-Onde esteve? – disse uma voz suave e arrastada atrás dela, fazendo-a pular de susto.
Gina virou depressa, procurando pelo dono da voz tão conhecida. Bem, conhecidas não eram as palavras que ele estava usando, já que somente ouviu insultos da parte de tal pessoa. Encontrou o loiro sentado em sua cama (ou melhor, na cama da Parkinson), como se estivesse muito à vontade com o ambiente. E deveria estar mesmo, já que a dona verdadeira do quarto era a namorada do Malfoy.
-Em lugar algum – respondeu Gina, ignorando seus impulsos Weasley de matar Malfoy’s quando se encontra um em seu quarto.
-Saiu cedo – comentou ele, se levantando – onde foi?
-Em lugar algum, já disse – disse Gina, recuando ao perceber que o rapaz avançara para o lado dela.
-Certeza? – perguntou ele, já bem perto, em uma voz irresistivelmente sedutora.
-Sim. Certeza absoluta – respondeu a garota, afastando-o e saindo dali para o outro canto do aposento.
-Você está estranha.
-Por quê?
-Sei lá, você está diferente hoje.
-Não, eu estou da mesma maneira em que estou todas as manhãs.
-Então prove – disse Draco, sorrindo maliciosamente para ela, e se aproximando de forma perigosa.
Metade do cérebro de Gina gritava para que ela se afastasse dele, mas a outra metade dizia-lhe que, se o fizesse, despertaria suspeitas.
“O que a Parkinson faria? Ela dormiria com ele... Não, isso nunca!”
-Eu estou bem, Mal... Draco.
-Você ia me chamar de Malfoy – declarou ele, a afastando.
Gina estremeceu ao ouvir isso. Praticamente entregara-se e levara junto a Parkinson. Mas ainda havia uma maneira de se livrar daquilo, mesmo que fosse a coisa mais nojenta do mundo para um Weasley fazer. Vagarosamente, Gina se aproximou do loiro, que olhava para ela como se não houvesse trocado de corpo com a Parkinson, mas sim com um alienígena. Colocou uma de suas mãos na nuca do rapaz, que agora sorria aquele típico sorrisinho Malfoy, e aproximou o rosto do dele, se amaldiçoando interna e eternamente. Mas, antes que seus lábios tocassem os do loiro, Draco a puxou, de uma maneira que somente ele poderia se mexer ali, prensando-a contra a parede do quarto. Gina havia tomado um susto com o movimento e soltado um gritinho, o que fez o sorriso do outro aumentar consideravelmente.
-Adoro fazer isso com você, Pansy.
Ela não respondeu, apenas esperou os lábios dele se aproximarem mais, de modo que não houvesse distância alguma em relação aos dela. Gina, de olhos abertos, sentia a língua de Draco tentar passar por seus dentes, e acabou deixando-o completar o movimento. Afinal, ela estava no corpo de Pansy Parkinson, a namorada do rapaz, e não podia rejeitá-lo por duas semanas inteiras sem levantar nenhuma desconfiança. E, além do mais, Draco Malfoy ainda era Draco Malfoy, como seus cabelos loiríssimos e seu corpo escultural, sem contar que Gina sempre tivera curiosidade de saber o que ele tinha que deixava tantas das estudantes de Hogwarts sem ar.
E, realmente, ela descobriu. A língua de Draco passeava avidamente pela sua boca, limitando os movimentos da dela. Suas mãos eram fortes e a seguravam com firmeza, o que mostrava que ele tinha pegada. Seus lábios eram macios e quentes, o que desmentia a frieza de seu olhar. Gina, que ficou os olhos abertos o beijo todo, só conseguia apreciar o quão bonito era o Malfoy, e se perguntava como alguém de aparência tão encantadora poderia ser uma serpente por dentro. A mão de Gina que não se prendeu à nuca de Draco para não cair, bagunçava seus cabelos platinados, deixando o beijo quente.
De um impulso, o loiro a levantou e, ainda a beijando, jogou-a na cama, caindo por cima dela. Gina não teve tempo de reagir, e quando viu já estava deitada embaixo de tal corpo, sentindo as perfeitas curvas do sonserino. Bem, acho que aconteceria muito mais se ela não tivesse se lembrado da aposta que Draco havia feito com Zabine, de que dormiria com Pansy. Ela poderia até dormir com ele, afina, a reputação estragada seria a da morena (agora ruiva) e uma hora ou outra ela acabaria se entregando a ele. Mas, lembrando-se do restante do conteúdo da carta, o prazo que Malfoy tinha para dormir com a Parkinson era de apenas duas semanas, exatamente o tempo em que ela estaria no corpo da outra.
“Ah droga! Vou ter que passar esse tempo todo agüentando as investidas do Malfoy!”
***
Caminhando devagar e de modo extremamente silencioso, Pansy chegou até o dormitório feminino do sexto ano grifinório, abrindo a porta delicadamente. O restante das garotas estavam se aprontando para as aulas, sendo que Pansy tentava identificar todas.
-Onde foi tão cedo Gina? – perguntou uma morena de olhos castanhos, que deveria ser a Any.
-Precisava resolver uns assuntos com o diretor.
-Levou bronca?
-Não se preocupem, está tudo bem.
-Mesmo? – perguntou outra morena, com olhos azuis, que deveria ser Mary.
-Mesmo.
Assim sendo, as outras voltaram a se arrumar, já que teriam a primeira aula com Corvinais, tendo alguns lindos de morrer. Pansy simplesmente colocou direito seu uniforme e passou um baton bem básico, que combinava com a pele branca e cheia de sardas que tinha agora. Sem esperar pelas colegas, Pansy desceu as escadas, rumando para a Sala Comunal da nova casa. Quando estava se preparando para dizer a senha à mulher gorda, sentiu uma mão segurar-lhe o braço.
-Gina, precisamos conversar.
“Ah não! O Potter não!”
***
-Draco, pára.
Draco olhou para a morena, que estava embaixo de si, surpreso. Pansy Parkinson nunca negaria nada para ele, e quando eu digo nunca, é nunca mesmo! Por isso selara aquela aposta com Zabine, pois tinha total certeza de que iria ganhar. E eu não duvido que, se realmente aquela que estava deitada em baixo de Draco Malfoy fosse a verdadeira Parkinson, ele ganharia.
-Por quê? – perguntou ele, afastando o rosto, mas não tirando um centímetro de seu magnífico corpo de cima dela.
-Porque sim. Eu não quero, Draco.
-Mas Pansy! Nós já tínhamos conversado sobre isso,e você disse que...
-Não importa o que disse, o que importa é o que eu estou dizendo agora. E eu realmente não estou a fim.
-Como?!
-Não estou a fim. Talvez um outro dia, quem sabe.
-Mas eu quero hoje... – disse ele, voltando a beijar o pescoço de Gina.
-Quando um não quer, dois não ficam – decretou ela, num tom que deixou até mesmo Draco quieto, sem resposta, enquanto o empurrava.
-Mas Pansy...
-Mais nada, Draco. É melhor você sair agora.
-Pansy, eu não vou sair.
-Quer o quê? Que eu chame o Snape e conte que você entrou no meu quarto sem minha autorização querendo algo que eu não quero dar?!
-Você não faria isso – disse Draco, mas seu tom de voz denunciava que a verdadeira Pansy o faria sem pestanejar.
-Você e eu sabemos que sim, se você não sair do meu quarto AGORA!
Draco, um pouco espantado com a reação da garota, deixou o quarto, confuso. Aquela Pansy tinha algo errado, não era a mesma Pansy que sempre corria atrás dele e que faria o que ele pedisse sem nem ao menos pensar antes, e nem se arrepender depois. E, ainda por cima, ela nem o chamou de Draquinho! Não, definitivamente, havia algo de muito errado naquela garota, totalmente incomum. Só lhe restava descobrir o quê, se quisesse cumprir a tal aposta que fez com Blaise. E, Merlin sabia como ele queria isso!
***
-Diga, Pot... Harry.
-Eu preciso te perguntar uma coisa.
-Seja rápido, ou vou me atrasar para a aula.
-Preciso de um conselho.
-Que tipo de conselho? – perguntou Pansy, curiosa, imaginando pela primeira vez o menino que sobreviveu pedindo um conselho a alguém.
-Um conselho amoroso.
-Pois então diga logo, Harry! – disse ela, o puxando para sentar perto do fogo e se sentando ao seu lado em seguida.
-Eu acho que estou apaixonado. Muito apaixonado.
-Por quem? Posso saber?
-Pela menina mais linda de Hogwarts toda – Pansy se endireitou no chão, esperando ouvir um “Pansy Parkinson” sair da boca do moreno.
-E quem é a garota mais linda dessa escola, Harry?
-Uma garota que eu nunca sequer imaginei estar apaixonado – as suspeitas de Pansy cresceram, e ela se mexeu novamente – mas que eu não tenho certeza se serei aceito de volta.
“De volta?! De volta?! E quem disse que um dia eu o aceitei pra tê-lo de volta?!”
-E quem seria essa garota?
-Não sei se você conhece...
-Eu conheço todo mundo aqui, Harry. Agora me diz quem...
Mas Pansy não pôde continuar com a frase, pois foi calada pelos lábios de Harry. Ela tentou recuar, mas o garoto a segurava firme, e ele próprio afastou o rosto do dela.
-Não me aceita.
-Não, Harry.
Ele a olhou, surpreso. E Pansy também estava surpresa: por que diabos havia dito aquilo?!
-Então me aceita?
“Pense como a Weasley, pense como a Weasley... Ela com certeza aceitaria... Mas eu vou ter que beijar o Potter! Bem, eu tenho certeza de que ela não perdeu tempo e deve estar beijando o meu Draquinho...”
-Sim, Harry. Aceito.
O moreno sorriu, aproximando seu rosto do da ruiva (que deveria ser morena) e roçando seus lábios nos dela, de forma carinhosa. Ela ainda estava com os olhos abertos, enquanto ele movia sua língua com os olhos fechados, mostrando-se romântico.
“Merlin! Eu estou beijando o Potter!”
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