A despedida e King's Cross
AHHH estou muito em falta com vocês, neh? Ç.Ç
Mas sem net é dureza
Bem, desculpe nao responder os comentários, mas só vim aqui para postar...
Espero que gostem...e comentem \o/
Uma garota caminhava lentamente por um corredor mal iluminado cheio de quadros; olhou brevemente para uma janela, a lua estava oculta, e a neve caía grossa sobre o terreno. Lizie, para se distrair, tentava imaginar como seria a detenção com McGonagall, mas seus pensamentos teimavam em voltar numa pessoa: Dave. As frias palavras do garoto na noite anterior tinham lhe abalado profundamente. Não restava mais esperança, o grifinório não gostava dela e nunca gostaria.
Não conseguia nem se importar direito com a partida de Brad. Estava tudo tão confuso... Sentia-se nervosa, ansiosa. Seria uma detenção conjunta com Dave Warty e Brad Tanner, e desejava que eles não brigassem novamente. Estava tão distraída pensando, que quando se deu conta já estava na frente da porta da sala da profa. McGonagall.
Bateu de leve na porta, e entrou. A lareira estava acesa, e uma agradável e confortante onda de calor a atingiu. A professora estava sentada atrás de sua escrivaninha, encarando Dave e Brad severamente, parecia que instantes antes de Lizie bater ela estava passando um sermão nos dois garotos. Cada um olhava para um lado, de braços cruzados, emburrados.
- Estava justamente falando para os dois senhores que eles tiveram uma atitude estúpida, Srta. Lohans. Aliás, está dois minutos atrasada. Sente-se.
Lizie sentou-se numa cadeira em frente á escrivaninha, no meio dos dois garotos. A professora os encarou severa, esperando que eles ousassem falar alguma coisa. Dava até para ouvir o vento rugindo lá fora. Como ninguém se atreveu a dizer nada, McGonagall continuou:
- Acho que já posso dizer o que vocês vão ter que fazer, sem mais delongas. Como vocês sabem, o professor Snape ainda está na Ala Hospitalar se recuperando do seu encontro com o trasgo, e hoje todas as aulas de Poções dos alunos do prof.Snape foram suspensas, pois o prof. Slughorn não podia cobrir suas aulas. E Snape me informou, que ontem á noite, a Srta. Lohans e o Sr. Tanner já tinham uma detenção com ele. – aqui a mulher fez uma pausa, parecendo furiosa, e Lizie baixou o olhar, sentindo-se envergonhada, e lembrando-se do motivo da detenção. Chegara atrasada na aula de Poções porque estava com... Brad.
– Então o professor fez questão de escolher as suas detenções. Sintam-se sortudos, vocês dois vão cumprir as duas detenções hoje, ou talvez não tão sortudos... Bem, a sala do professor Snape ainda está toda suja com uma poção verde cintilante e gosmenta, e ainda não foi arrumada desde a invasão do trasgo, porque o professor Snape fez questão que vocês fizessem isso. Vocês vão limpar toda a sujeira sem magia, e os armários, carteiras e outras coisas quebradas vocês terão de consertar manualmente. O que não der pra recuperar deixem amontoado na porta da sala, que depois prof. Snape cuidará disso. Tudo do que vocês vão precisar já está lá. Agora vamos indo,vou levar vocês até lá, e Filch vai supervisioná-los... Só irão sair daquela masmorra quando terminarem, pois amanhã o professor Snape retomará suas aulas.
Ouviu-se uma batida seca na porta, e Filch entrou com Madame Nora lhe seguindo, parecendo contentíssimo. É claro, quanto mais desgraça para os alunos, mais feliz ele ficava.
- Que bom que chegou Filch. – disse McGonagall se virando para o zelador, e os três alunos pensaram justamente o contrário. - Eles já sabem o que deverão fazer, pode levá-los, então.
- É claro, profa. McGonagall, eles vão ter que se comportar direitinho. – resmungou o zelador maldosamente, enquanto os três se levantavam desanimados. Lizie arriscou olhar para Dave, mas ele fingia não estar nem vendo a garota, e a grifinória abaixou a cabeça.
Não conseguia suportar essa indiferença do grifinório... Era horrível. Brad tentava chamar sua atenção silenciosamente, mas a garota não estava prestando a mínima atenção no ruivo, e o americano não se atrevia a falar com Filch tão perto.
- Chegamos, pirralhos. Agora façam tudo certinho, nada de magia. Só pra garantir, me dêem suas varinhas. – rosnou o zelador, lhes estendendo a mão. Um á um, largaram suas varinhas nas mãos de Filch, relutantes e de cara feia, e entraram um atrás do outro na sala da masmorra.
Estava sendo muito mais difícil do que Lizie imaginara, pois a gosma verde que era a sua poção contra vampiros tinha se transformado numa gosma grudenta e melequenta, que parecia relutante em deixar as paredes, o chão, as carteiras... Ah se tivesse sua varinha! Podia arriscar um feitiçozinho sem que Filch percebesse, mas o zelador os encarava satisfeito, com as três varinhas nas mãos.
- Acho que agora vão aprender a lição. Agora vão pensar duas vezes antes de sujar qualquer coisa, agora que sabem como é limpar tudo sem magia! – resmungava Filch ocasionalmente, a boca contorcida num sorriso satisfeito, acariciando a cabeça peluda de Madame Nora.
Lizie estava esfregando fortemente o quadro para tirar aquela substância grudenta, quando Dave foi limpar uma carteira bem atrás da garota. Sentiu um súbito frio na barriga. Queria tentar falar com ele, para saber se era realmente sério aquilo tudo que o garoto tinha dito na noite anterior, aquilo que não lhe saía da cabeça, mas não estava disposta a falar nada com Filch – e Brad – por perto.
Olhava á todo instante no relógio, eram nove e meia da noite... E eles mal tinham limpado metade da sala, sem falar nas cadeiras quebradas! Lizie percebeu um comportamento no mínimo curioso da parte dos garotos: eles pareciam competir um com o outro. Começavam a limpar cada um uma carteira ao mesmo tempo, e quando um aumentava o ritmo, o outro aumentava mais ainda, disposto a limpar mais rápido do que o outro. A garota á custo escondeu um sorriso de divertimento. Pelo menos, nesse ritmo eles terminariam tudo por volta das onze da noite, e eles poderiam, finalmente, sair dessa maldita masmorra!
Quando o relógio em cima do quadro marcou onze horas e quatorze minutos, Filch se deu por satisfeito, enquanto examinava a sala milimetricamente, com a sua gata em seus calcanhares, e lhes devolveu as varinhas.
- Acho que assim já está bom... Já podemos ir. Eu levo vocês até a Torre, e depois acompanho esse americano até o casarão, para não aprontarem mais nenhuma confusão. Ah se eu pudesse...! Vocês não explodiriam um outro caldeirão se soubessem que eu posso pendurá-los pelos tornozelos na minha sala! Mas agora os tempos são outros... – suspirou Filch mal-humorado, perdido em reminiscências de tempos mais felizes em que podia torturar os alunos que tanto odiava.
Os três se arrastaram seguindo o zelador, exaustos e com os braços doloridos de tanto esforço, até que chegaram no retrato da Mulher Gorda. Finalmente, Lizie olhou para o ruivo, que não parecia ter coragem de dar sequer um tchau na frente do homem. A garota acenou discretamente, se despedindo, e pulou pelo buraco do retrato, seguida por Dave.
A Mulher Gorda girou, mas Lizie ainda pôde ouvir os resmungos de Filch levando Brad para o casarão. Olhou ansiosa para Dave, mas este não lhe retribuiu o olhar. A Torre da Grifinória estava praticamente vazia, alguns poucos retardatários ainda estavam fazendo as tarefas e estudando, aconchegados perto da lareira para se aquecer.
- Dave... – chamou Lizie com a voz fraca. E pela primeira vez desde a noite passada, o grifinório se virou para ela e a encarou com seus olhos azuis profundos brilhando. Dave sentiu que se continuasse encarando Lizie não conseguiria manter sua frieza em relação á ela, e por isso abaixou os olhos.
- Boa noite, Lohans. – retrucou Dave com a voz dura, e dizendo isso desapareceu pelas escadas do dormitório masculino, deixando Lizie ali decepcionada, contemplando o nada.
O castelo de Hogwarts estava todo decorado por causa do Natal, mas poucos alunos passariam o Natal ali, a maioria estava se preparando para irem para a estação de Hogsmeade pegar o Expresso de Hogwarts e passar o feriado com suas famílias. O clima natalino era contagiante; porém, ao menos uma pessoa não estava tão feliz assim. Lizie ainda encontrava-se no dormitório, procurando de última hora coisas e as colocando de qualquer jeito no malão.
Encontrou uma foto na gaveta da sua mesa de cabeceira. Tinha sido tirada no dia anterior, sexta. Era uma foto dela e de Brad Tanner meio abraçados, sorrindo em meio ás blusas e cachecóis em frente ao lago congelado. Os dois tinham passado quase todo o tempo livre de ontem juntos; o último dia do ruivo em Hogwarts... O americano tinha sido um consolo para Lizie. Dave a tratava com a maior indiferença e frieza do mundo, e a grifinória decidiu que não desperdiçaria o último dia do ruivo em Hogwarts. Fora um dia bem feliz, em que Lizie conseguiu esquecer por uns felizes momentos de Dave e da sua tristeza.
Guardou a foto em que ela e Brad ainda acenavam para ela no bolso da jaqueta, e por fim fechou o malão, suspirando.
Desceu até o Saguão de Entrada arrastando o malão com dificuldade, e antes de entrar em uma das carruagens sem cavalo que levariam os estudantes até a estação de Hogsmeade, deu uma boa olhada para o castelo. Ela odiava se separar de Hogwarts, mas afinal, talvez fosse bom ir para casa. Dora também estava na carruagem, mas ela e a amiga quase nem conversaram, pois John Crossway estava ao lado de Dora, aproveitando os últimos minutos antes de se separarem.
A estação de Hogsmeade já estava apinhada de alunos, e um trem vermelho reluzente já estava á espera dos estudantes. Mal Lizie desceu da carruagem e já avistou os cabelos negros de Dave, que estava conversando com o apanhador da Grifinória, Paulo Punkin. Ou ele não tinha mesmo visto a garota, ou estava apenas fingindo novamente que ela era invisível. Lizie virou-se para comentar isso com Dora, mas lembrou, irritada, que John Crossway ainda as seguia.
No momento que uma outra carruagem chegou, Dave desviou os olhos da conversa com Paulo, para verificar se era Lizie; seu estômago despencou, e era. Estava mais bonita do que nunca, sem o habitual uniforme negro de Hogwarts. Mas imediatamente desviou os olhos, fingindo não ter notado nada.
Neste exato momento, Bob passou bem ali em frente caminhando abraçado com uma lufana morena do quinto ano, e lançou um olhar de profundo desprezo á Dave, e continuou andando, olhando para os lados furtivamente para ver se Dora estava olhando; mas ela parecia ocupada demais numa despedida totalmente não-verbal com o corvinal John Crossway, e Bob passou rápido por ali, irritado.
- Lizie, eu vou indo procurar uma cabine pra gente, tá? Vai se despedindo aí do pessoal. – disse Dora sorridente, piscando.
Dora embarcou o malão dela no Expresso com a ajuda de John, e logo achou uma cabine vazia. John já tinha ido para a cabine com seus amigos da Corvinal, e Dora sentou-se no banco, resolvendo esperar por Lizie ali mesmo.
A lufana olhava pela janela, vendo os alunos se despedirem, quando percebeu um movimento. Virou-se, pensando que era Lizie; mas deu de cara com Thomas Brige.
- Ah, o... oi Dora. – gaguejou o lufano, com seus olhos negros fixos na garota á sua frente.
- Oi Thomas. – cumprimentou Dora, sem jeito. Os dois ficaram por um tempo em silêncio, até que a garota resolveu puxar assunto.
- Então, você mora aonde mesmo? – perguntou a lufana, olhando o garoto nos olhos, o que o fez corar.
- Eu moro em Oxfordshire, na mesma cidade que você, á seis quarteirões da sua casa. – respondeu ele sorrindo sem jeito.
- Ahh nossa... que fora. Desculpe, mas é que eu nunca te vejo nas férias. – desculpou-se Dora, corando.
- Sem problemas. Mas quem sabe nessas férias a gente se encontre por aí...
- É, quem sabe. – diz a lufana, só agora reparando como aqueles olhos negros – e brilhantes – de Thomas eram profundos, encantadores.
- Dora, eu... eu posso te escrever nas férias? – pediu Thomas, olhando para o chão, corando até a raiz dos cabelos castanhos e encaracolados.
- Hum, mas a gente mora tão perto... – contrapôs a garota, sorrindo por dentro.
- Eu sei mas... eu posso? – insisti o monitor esperançoso.
- Tá bem! Vai ser bom ter alguém de Hogwarts pra se corresponder... – aceitou Dora, torcendo inconscientemente a franja do cachecol.
- Então eu vou indo... Até outro dia Dora! – se despediu o monitor, já se virando para sair da cabine.
- Thomas! Espera. – chamou a lufana, e o garoto se virou imediatamente, a encarando com um ar indagador.
- Ah... Então, um bom Natal pra você, Thomas... – e em seguida a lufana ficou na ponta dos pés e lhe deu um beijo na bochecha. O garoto olhou abobalhado para Dora, e saiu da cabine, com a mão na bochecha. Dora sorriu; afinal, Thomas era muito legal mesmo, ela que não tinha se dado ao trabalho de perceber isso antes.
Lizie ia na direção contrária dos outros hogwartianos, atentando os olhos para ver uma certa pessoa ruiva. Finalmente, avistou os cabelos ruivos de Brad sentado em um banco mais afastado do trem. Caminhou até ele eufórica; achou que talvez não conseguisse achá-lo antes de o trem partir. Ao ouvir seus passos, o garoto olhou para ela e levantou-se imediatamente.
Havia tristeza em seu olhar quando ele segurou suas mãos entre as dele. Lizie fitou seus olhos azuis profundamente, sentindo uma pontada de tristeza no coração. O garoto tinha significado muito para ela, seu consolo por causa de Dave, por quem ela tinha sofrido tanto; e ainda sofria. A indiferença e frieza do grifinório lhe feriam mortalmente.
Brad a puxou mais para perto, e roçou seus lábios nos de Lizie. A garota correspondeu ao beijo com toda a intensidade que conseguiu, sabendo que seria o último. Só uma coisa a incomodava; se alguém visse os dois ali, ou melhor, se Dave a visse de novo beijando Brad. Mas ela não se importou muito, não queria se importar com nada agora.
Finalmente, os dois se separaram, e uma lágrima escorreu pelo belo rosto de Lizie. Brad a encarou com intensidade, enquanto lágrimas rolavam livremente pelo seu rosto.
- Lizie... Eu quero que saiba... Eu nunca, nunca vou conseguir te esquecer... – balbuciava o garoto, com ar de desamparo. Lizie segurou-lhe a mão, mas não sabia o que dizer, então o abraçou, se aquecendo do frio, acariciando os cabelos ruivos do garoto.
- É sério, eu nunca vou te esquecer, Lizie... Porque eu... porque eu te amo... – sussurrava Brad em seu ouvido, e Lizie apenas o abraçou com mais força. Ouviu-se um apito longo e estridente vindo do casarão da Pensilvânia, longe dali, e Brad olhou na direção da estrada, suspirando.
- Eu tenho que ir Lizie, o casarão vai partir daqui a pouco... esse é o último aviso. – avisou ele amargurado, se afastando um pouco do terno abraço da garota para encará-la nos olhos.
- Espere, leve isso. – e Lizie colocou a mão no bolso da jaqueta e tirou a foto dos dois tirada no dia anterior que guardara ali mais cedo. Com um movimento da varinha, duplicou a foto e entregou a cópia na mão quente do ruivo. Ele observou a foto por uns segundos e á custo conseguiu sorrir, mesmo com a separação eminente.
- Espero que a gente se encontre um dia novamente, Lizie... Adeus.– esganiçou-se Brad, e a garota o puxou para mais perto num último abraço, tentando transmitir tudo o que sentia nele. Relutante, Lizie se afastou do americano e soltou a sua mão.
E ficou observando por um tempo Brad se afastar pela estradinha sinuosa coberta de neve em direção á Hogwarts, com um aperto no coração, enquanto uma única lágrima solitária escorria pelo seu rosto, imaginando o que faria de agora em diante sem o ruivo. Finalmente, quando não conseguiu mais ver os cabelos cor de fogo do americano, virou-se, secando os olhos na manga das vestes, e se encaminhou para o Expresso de Hogwarts.
Dora Dilys encontrava-se sozinha numa cabine do grande trem vermelho de Hogwarts, espiando pela janela para ver se sua melhor amiga já estava vindo. Cansada de esperar, decidiu desembarcar do trem para procurar por Lizie, ainda meio aérea pensando em seu breve encontro com Thomas.
Então a lufana abriu a porta da cabine, distraída e... PAM! Caiu sentada no chão da cabine. Confusa, abriu os olhos para ver o que provocou a sua queda, e o que viu não lhe agradou nada: Bob Taylor também estava caído, no chão do corredor, com a mão na cabeça, parecendo meio atordoado.
Os olhos azuis do loiro se abriram, e ele teve uma agradável surpresa. Afinal, ele tinha acabado de bater de frente com Dora. Levantou-se prontamente, e estendeu a mão para a lufana para ajudá-la a se levantar, sorrindo, mas a garota simplesmente ignorou-a e levantou-se, ainda com a mão na cabeça doída.
- Se eu ficar com um galo na cabeça a culpa vai ser sua,Taylor. – rosnou Dora mal-humorada, fazendo menção de sair da cabine. - Bem, mas ninguém vai notar a diferença mesmo, talvez combine com o par de chifres que você me deu.
Bob empalideceu e engoliu em seco, mas bloqueou a saída com o braço. Sentiu uma pontada de arrependimento pelo que fez, mais forte que das outras vezes, agora que Dora estava ali. Tentou não demonstrar fraqueza.
- Me deixa passar, Sr. Taylor. – pediu Dora com a voz falsamente calma e cortez.
- Não deixo não, Srta. Dilys. Só se pagar pedágio. – avisou Bob calmamente, sorrindo marotamente. Sim, era uma idéia maluca, mas não conseguia resistir ao impulso. Dora tentou forçar a passagem, mas Bob não deixou.
- Eu não vou pagar nada! Me deixa sair, eu estou mandando! – ofegou Dora, tentando empurrar o corvinal, sem sucesso. Bem, ele está me obrigando a fazer isso... A lufana tirou a varinha de dentro do bolso da jaqueta, e apontou-a perigosamente para Bob.
- Você vai pagar sim, Dilys. Você não tem escolha, e nós dois sabemos que você não terá coragem para usar a varinha. – replicou o corvinal, aumentando seu sorriso.
- Não tenho coragem, Taylor? Depois de tudo o que você me fez, você acha que eu não tenho coragem? – vociferou Dora, chegando mais perto do loiro, com a varinha apontada diretamente para seu rosto. Ela o viu estremecer, mas quando ele falou, porém, sua voz continuava firme.
- Ah, se não pagar, não passa.
- Por Merlim! O que é que eu tenho que fazer pra você largar do meu pé? Me deixa passar!
- Eu já disse, só se pagar pedágio!
- Mas afinal, o que é que eu tenho que pagar? – perguntou Dora impaciente. Essa era, com certeza, mais uma daquelas brincadeirinhas idiotas do Bob. O corvinal não respondeu, apenas se aproximou mais da lufana, deixando a porta desbloqueada. Dora, involuntariamente, baixou a varinha, com o coração acelerado. Encarou os olhos azuis brilhantes de Bob, mas antes que tivesse tempo para pensar se deveria ou não fazer aquilo, o loiro a segurou com força pela cintura, beijando-a intensamente.
Dora correspondeu ao beijo, se deixando levar. Lembrou com mais intensidade do que nunca que ainda amava Bob, mesmo ele tendo feito tudo aquilo para ela. Mas então lembrou-se do que ele fez. Com toda a força que conseguiu reunir, empurrou Bob para longe e lhe deu um soco na cara; ele recuou.
- Seu...seu safado! Você... se aproveitou...! Nunca.... nunca mais chegue perto de mim! – arquejou Dora, e saiu enfurecida da cabine.
O corvinal se deixou cair no banco da cabine, sorrindo radiante, com a mão na bochecha dolorida onde Dora tinha lhe dado o soco, como se ela tivesse beijado o lugar. Onde é que eu estava com a cabeça quando fiz aquilo á ela? Era o que ele se perguntava, atordoado.
Lizie mal tinha embarcado no trem e deu de cara com uma ofegante Dora, que parecia simplesmente furiosa.
- Lizie! Por onde você andou? Vamos logo para a cabine! – impacientou-se a lufana, puxando Lizie pela mão através do corredor apinhado de alunos. – Vai, entra primeiro! Entra na frente Lizie, por favor! Veja se não tem ninguém aí dentro.
- Por quê...? Dora, você ficou maluca de vez? Não tem ninguém aí dentro e...
- Ótimo, ainda bem que aquele canalha já foi... – disse Dora aliviada, empurrando a amiga de leve para dentro da cabine, e fechando a porta com violência.
- O que houve pra você estar tão brava assim Dora? – perguntou Lizie confusa, se acomodando no banco defronte á amiga, do lado da janela.
- O que houve? Bob! Quem mais poderia me deixar desse jeito? Foi aquele idiota de novo! – bradou a lufana irritada. Com um solavanco, o Expresso de Hogwarts começou a andar.
- Hum, o que ele fez desta vez? – quis saber a grifinória cautelosa.
Imediatamente, Dora embarcou numa narrativa detalhada de tudo o que tinha acontecido desde que tinham se separado na plataforma, desde a conversa com Thomas até o beijo com Bob. Lizie a observou por um tempo, em silêncio.
- Você ainda gosta dele, não é?
- O quê? Do Bob? Imagina! Depois de tudo o que ele me fez!
- Tem certeza disso? Pra mim, você gosta do Bob sim, mesmo não querendo, mas gosta. Tá escrito na tua testa, Dora. – argumentou Lizie, quase bondosamente.
- Ah... Não dá pra esconder nada de você, não é?
- Não. Por isso não adianta nem tentar. Eu te conheço desde o primeiro ano Dora! – disse Lizie sorrindo.
- Está bem. Eu ainda gosto daquele cachorro, sim. Infelizmente, gosto. Mas eu não vou mais nem chegar perto dele! Um dia eu vou conseguir esquecê-lo. Vai ser mais fácil agora, que já sei exatamente quem ele é. Agora mesmo deve estar se amassando com outra em algum lugar do trem. Mas deixe ele pra lá... Então, conseguiu se despedir do Brad? – perguntou Dora, mudando de assunto. Lizie suspirou, e contou o que aconteceu em sua triste despedida com o ruivo.
- Ah, coitado do Brad... No fundo, bem lá no fundo, no fundo mesmo, acho que ele era um cara legal, além de bonito, se não estivesse atrapalhando tudo entre você e o Dave...
- Atrapalhando? Bem, talvez. Mas a questão é que eu estava começando a gostar mesmo do Brad... Ele estava me ajudando a esquecer esse amor impossível pelo Dave. Sabe, o Dave nunca ligou pra mim, a gente sempre foi muito amigo, mas nada mais que isso. Ele sempre saiu com muitas garotas, e já machucou muitas delas. Lembra da Paola, da nossa turma? Ela já saiu com o Dave, e ficou arrasada depois que ele nunca mais nem olhou na cara dela? – teimou Lizie, agora olhando para a janela para não precisar encarar a amiga; tinha certeza que se denunciaria se encarasse a lufana. Ao fazer isso, viu o enorme casarão da Pensilvânia voando em meio á neve que estava caindo, desaparecendo no horizonte.
- Fala sério Lizie, você gosta dele desde o terceiro ano! E até pouco tempo atrás, me disse que ainda gostava dele, não vejo como teria esquecido dele assim tão fácil, tão rápido, só por causa do Brad! – replicou Dora.
- É, também não posso esconder nada de você, não é? Tá, eu estava com o Brad porque gostava um pouco dele, um pouquinho mais do que deveria, só pra tentar esquecer o Dave... Acabei gostando um pouco mais dele, mas sabe Dora... Nunca esqueci o Dave, pelo menos não completamente. Apesar de tudo, é do Dave que eu realmente gosto. Mas não sei o que vou fazer! Não sei o que irá acontecer agora que o Brad voltou para os Estados Unidos! O Dave está me tratando de uma maneira horrível, não consigo suportar essa frieza dele! Isso tudo, parece tão impossível... – confessou a grifinória, triste. Mas quando a lufana ia começar a falar, a porta da cabine se abriu e Alicia Timpson se esgueirou para dentro e sentou-se ao lado de Lizie.
- Com licença meninas, posso ficar aqui com vocês? – pediu Alicia, como se elas tivessem outra alternativa senão aceitá-la ali. Lizie apenas concordou com a cabeça, desanimada. – Obrigada meninas! A viagem ia ser péssima, a Luiza Grender e a Keira Conoley, sabe, nossas companheiras de turma que jogam no time da Grifinória, estavam na minha cabine, e não paravam de me zoar só porque meu professor favorito é o prof. Snape!
Lizie e Dora não puderam mencionar mais nada sobre Dave ou Bob ou quem quer que fosse, ou qualquer assunto particular o resto da viagem, pois Alicia não era uma pessoa muito confiável, tinha fama de ser a maior fofoqueira de Hogwarts.
Passaram o resto da viagem conversando sobre os deveres, a pressão dos N.O.M.s que aumentava cada vez mais, pouquíssimo sobre quadribol, pois nesse assunto Dora e Alicia eram lamentavelmente ignorantes, e seus planos para o Natal. Estavam chegando na King Cross, o trem diminuindo a velocidade gradativamente.
- Se você puder, você pode passar quantos dias quiser lá em casa, Dora, minha mãe adora que você vá lá em casa nas férias. Se seus pais deixarem, está mais do que convidada. – anunciou Lizie, já se levantando para pegar seu malão. Dora não gostava muito de férias, pois não se dava muito bem com seus pais.
- Obrigada Lizie, vai ser ótimo. Mas mesmo se eu não puder ir, a gente vai se ver, a minha família sempre faz as compras de Natal no Beco Diagonal, e aí a gente dá um jeito de se encontrar!
- Ah, minha família também vai ao Beco Diagonal para as compras de Natal! – intrometeu-se Alicia, e Dora revirou os olhos para o teto, impaciente. A viagem não fora exatamente agradável com a presença de Alicia.
Lizie, Dora e Alicia passavam pelo imenso corredor do trem para desembarcar arrastando seus malões, quando Lizie repara que elas tinham ficado paradas por causa do “congestionamento” de alunos bem na frente da cabine de uma certa pessoa: Dave. Ele estava ali sentado com um grupo de garotos, entre eles Paulo Punkin, Fábio Zuco e Henrique Kage; a garota reparou que Bob não estava ali, parecia que os dois tinham brigado feio. Sentiu logo seu rosto queimar, e olhou na direção contrária, rezando para que conseguissem sair dali logo.
Dave foi distraído da conversa com os outros garotos integrantes do time de quadribol da Grifinória quando viu quem tinha parado em frente a sua cabine. Sentiu um frio na barriga, e não pôde deixar de pensar que agora Brad estava á quilômetros de distância, talvez até já tivesse chegado no maldito lugar de onde veio. Notou ela corando e olhando em outra direção imediatamente. Mas então os alunos que estavam obstruindo a passagem mais ali em frente conseguiram desembarcar, e Lizie e as outras continuaram pelo corredor. Dave esticou o pescoço para continuar vendo Lizie se afastar.
- O que você tanto olha aí Dave? – perguntou Fábio Zuco, o goleiro da Grifinória, chamando a atenção de Dave para a realidade.
- Hãm? Eu... Nada não. Eu vou indo... Um bom Natal para vocês. – despediu-se Dave, pegando seu malão rapidamente.
- Espera um pouco cara, o corredor ainda tá apinhado de gente... O que deu nele? – perguntou Henrique Kage confuso, mas Dave já tinha batido a porta da cabine e ido, e Paulo Punkin deu de ombros, indiferente.
- Então... até outro dia Lizie, um bom Natal, vamos dar um jeito de nos ver nessas férias! – despediu-se Dora apressada; ela já tinha avistado seus pais que esperavam impacientes.
- Me escreva viu? Vou sentir sua falta! – disse Lizie chorosa.
- Eu também! Mas de qualquer maneira, te aviso se eu puder ir pra sua casa. Juro que te escrevo, Lizie! – prometeu a lufana, abraçando a amiga brevemente, pois ouviu o muxoxo de impaciência de seu pai. Logo se juntou aos seus pais, ainda acenando para a grifinória, e em seguida passou pela barreira mágica.
Correu os olhos pela plataforma cheia de alunos e pais, quando avistou os cabelos preto-azulados de Dave, e involuntariamente, sentiu um frio na barriga. O grifinório estava acompanhado de uma garota de cabelos negros muito bonita, que aparentava ter uns dezessete anos, que parecia ser sua irmã. Dave já tinha mencionado ela uma vez á não muito tempo atrás. Dave olhava para os lados, tentando achar alguém, mas logo atravessou a barreira com a garota que devia ser sua irmã.
Lizie suspirou, ainda observando a barreira; seriam longas duas semanas de férias.
- Por que você está suspirando pelos cantos? – caçoou uma voz conhecida ás suas costas. – É por causa de algum garoto é?
Lizie virou-se imediatamente, conhecia essa voz á anos, infelizmente. Deu de cara com um garoto bonito e sorridente de cabelos castanhos mais escuros que os dela, e olhos meio acinzentados.
- Não é da sua conta, Peter. – resmungou a garota para o irmão mais velho.
- Mas que falta de educação é essa, irmãzinha? Até parece que não te dei educação! – ralhou Peter, fingindo estar zangado, mas o sorriso não desapareceu do seu rosto. – Que foi? Não sentiu minha falta? Vai para essa escola de bruxos e esquece do seu querido irmão?
- Não é isso Peter. – disse Lizie, o tom de voz mais ameno, mas o irmão pareceu não tê-la escutado. Um grupinho de garotas do sexto ano passa por ali rindo bobamente e olhando para Peter, que também fica olhando para elas, sorrindo.
- Peter! Dá pra parar de paquerar todas as meninas que passam por você? Vamos logo!
- Não tenho culpa se sou irresistível maninha. Elas me adoram. – justificou seu irmão, com aquele seu sorriso maroto típico, piscando. – Anda, deixe que eu levo o seu malão! Cara, o que você leva aí dentro? Chumbo?
Lizie apenas lhe lançou um olhar mal-humorado, e continuou seguindo para a barreira com o irmão a seguindo cambaleante por causa do peso do malão.
- Que recepção calorosa, não é? Tudo bem, não precisa me dizer, eu sei que você me ama. – continuou Peter, ainda sorrindo. A irmã apenas lhe lançou outro olhar congelante. – Ah, mas que irmã simpática, querida e adorável que eu tenho! Eu agradeço todos os dias por isso, sabia?
- Deixe de gracinhas Peter. Como é que você pretende me levar para casa? Nas costas?
- Eu tenho dezessete anos, maninha, ou você não sabe nem a minha idade? Papai me deu um carro, não sabia? Um Ford Anglia vermelho, você sabe que o papai tem uma fascinação por Ford Anglia, desde aquela vez que ele diz ter visto um azul voando no céu... – contou ele feliz, sacudindo as chaves do carro para a irmã ver. A garota sorriu para o irmão.
- Que bom. Mas eu já te expliquei, se papai diz ter visto um Ford Anglia azul voando, então ele viu. Já disse que isso não é incomum no mundo da magia. – replicou Lizie paciente. Os dois rumaram em direção da barreira aparentemente sólida e a atravessaram.
- Ah, então se a Srta. Lizie sabe-tudo disse, então tá dito! – brincou Peter, alcançando a irmã.
- E como é que papai e mamãe estão?
- Ah, o papai está feliz da vida, finalmente saiu daquele jornaleco de quinta; o orgulhoso Sr. Robert Lohans conseguiu um emprego num dos jornais mais importantes de Londres, o “The Times”! – anunciou Peter pomposamente. Lizie conteu um gritinho de felicidade, era o que seu pai sempre quis. Ele trabalhava como colunista. Os dois Lohans estavam atravessando a multidão de gente apressada da estação de King’s Cross.
- Sério? Nossa, que fantástico! E a mamãe, continua trabalhando no ateliê de pintura ou abandonou tudo por causa daquela teoria louca de que existe vida em Plutão? – quis saber Lizie, meio preocupada. Seus pais sempre foram meio excêntricos, mas sua mãe, Anna, sempre foi um tantinho mais.
- Ah, não, mamãe continua no ateliê, daqui a pouco não vamos mais poder ver as paredes lá em casa, tem quadro pra todo lado. Mas duvido que abandonou completamente a teoria; ela acredita que é realmente boa. Só não está tão obcecada ultimamente, parou de comentar isso no café da manhã, no almoço, no lanche da tarde, na janta, nos piqueniques em família, nos almoços e jantas em família, etc. Ela estava começando a assustar a vovó, então acho que ela está guardando tudo só pra ela agora. – informou Peter calmamente, e Lizie sorriu.
- É, mamãe sempre foi um pouco... hum, diferente. Nunca foi muito convencional. – afirmou Lizie escolhendo cuidadosamente as palavras.
- Ela sim. Ela é o centro das atenções das reuniões em família com suas teorias malucas; me dá orgulho. – suspirou Peter, sorrindo ainda mais, e piscando para a irmã. – Ah finalmente!
Os dois chegaram em frente ao Ford Anglia vermelho de Peter. Ele abriu o porta-malas e depositou o malão pesadamente ali e fechou o porta-malas.
- Espere! Deixa que eu abro a porta pra você maninha. – replicou Peter, abrindo a porta para Lizie com uma reverência cômica. - Não precisa me fuzilar com os olhos não. Que falta de educação! Estava fazendo uma gentileza!
- Você não tem jeito, Peter. – suspirou Lizie sorrindo, e o irmão apenas intensificou seu sorriso maroto.
- Obrigada, é o que todo mundo diz. – agradeceu Peter, ligando o carro.
A casa de Lizie ficava um pouco longe da King’s Cross, num bairro mais calmo de Londres. Finalmente, Peter estacionou o Ford Anglia em frente á uma casa de dois andares de estilo meio rústico. O telhado estava coberto de neve, e uma pequena torre se projetava do telhado. Lizie pode ver a luz do sótão ligada, embora fosse dia; sua mãe sempre esquecia de apagá-la, ás vezes passava noites no sótão, ora pintando quadros, ora trabalhando em suas teorias malucas.
- Bem-vinda ao lar, maninha. Vamos entrar logo, estou congelando.
- Papai e mamãe estão em casa? – perguntou Lizie esperançosa.
- Não, estão trabalhando, mas vão sair mais cedo só porque você chegou. Bem, ainda bem que o almoço já passou... Iríamos morrer de fome se eu tivesse que prepará-lo. Lizie... Hum, você vai fazer as suas compras de Natal no Beco Diagonal? – perguntou Peter displicente, enquanto destrancava a porta da frente e entrava na casa, arrastando o malão. Lizie adentrou na sala grande e confortável também, e se largou num sofá.
- Por quê? – quis saber Lizie desconfiada, franzindo o cenho.
- A minha querida irmã poderia por obséquio me levar junto? Ah vai Lizie... Você sabe que eu sou fascinado pelo mundo da magia, por favor... – implorava ele, fazendo uma grande cena, se ajoelhando diante dos pés da garota fingindo chorar. A grifinória riu do teatro do irmão e ajudou-o a se levantar.
- É claro que eu te levo... Estava pensando em ir amanhã; afinal, faltam quatro dias para o Natal...
Mas o resto da sua frase foi sufocada quando o irmão lhe deu um abraço de quebrar as costelas. Afastou-se dele, massageando as costas, sorrindo. Sempre sentira um sentimento que misturava culpa e pena, afinal, os olhos do seu irmão mais velho brilhavam mais do que o normal quando Lizie lhe contava coisas sobre Hogwarts, Hogsmeade, o mundo da magia, mas de alguma forma, seu irmão não recebera a carta de Hogwarts tampouco demonstrou algum vestígio de poder mágico. Ás vezes pensava que seu irmão talvez sentisse inveja ou lhe odiasse por causa disso, mas se ele sentia inveja ou não, nunca demonstrou isso. Sempre demonstrou se orgulhar e gostar muito da irmã bruxa.
- Ah obrigado Lizie, você é minha irmã preferida! A minha irmã mais linda, mais legal...
- E por acaso você tem outra? – riu Lizie. – Anda, me ajuda a levar o malão pro meu quarto, tenho que desfazer ele ainda.
- Então, já começou o Campeonato de Quadribol? Você já jogou? – pediu Peter entusiasmado. Lizie tinha lhe explicado como funcionava o quadribol, e mostrado seu livro “Os times de Quadribol da Grã-Bretanha”, com fotos animadas do jogo. O irmão já era fã do esporte, mesmo nunca tendo assistido a sequer uma partida.
- Ah, já, já jogamos dois jogos, contra a Corvinal e a Sonserina. Pena que não tenho uma coruja, se não poderia te mandar cartas sempre que quisesse... Ganhamos os dois, mas o contra a Sonserina foi o melhor...
- Odeio ser estraga surpresas maninha, mas papai e mamãe vão te dar uma coruja de presente de Natal. – confidenciou Peter baixinho.
- Ah, sério? Que ótimo! Realmente...
- É claro, sabia que você ia gostar. Eu que dei a dica para eles. Agora você vai poder mandar cartas para o garoto que você estava suspirando lá na King’s Cross... – concluiu Peter, com um sorriso maroto, encenando um grande suspiro.
- Pára de ser débil Peter, não estava suspirando por ninguém, muito menos por um garoto! – mentiu Lizie prontamente, embora suas bochechas tivessem ficado vermelhas.
- Ah, é o seu namorado é? – teimou o irmão, ampliando seu sorriso ao ver a irmã corando.
- Deixa de ser idiota, Peter. Eu não tenho namorado... – replicou a garota, sentindo o rosto queimar. O irmão começou a rir, e Lizie deu um tranco na cabeça do garoto, que deixou cair o malão no pé. Peter abafou um grito de dor, e começou a pular no mesmo lugar segurando o pé atingido, enquanto Lizie exibia um sorriso maligno.
- É o amor entre irmãos, não é? Assim vão pensar que você não gosta de mim, não queremos isso, queremos?– gemeu Peter, sentado no chão, ainda segurando o pé.
- Não, não queremos. – riu Lizie, ajudando o irmão a se levantar.
- Tem certeza que você não pode usar magia pra levar isso lá para cima? Vou acabar ficando aleijado se levar isso escada á cima.
- Não posso... A maioridade dos bruxos é dezessete anos, e eu tenho quase dezesseis...
- Você tem quinze. – corrigiu Peter.
- Faltam praticamente dois meses para eu completar dezesseis. – murmurou a grifinória mal-educada.
Por volta das seis horas da tarde, a neve começou a cair mais grossa, enquanto Lizie e Peter conversavam assistindo televisão, quando a porta da sala se abriu e um homem e uma mulher adentraram na sala. A mulher tinha os cabelos castanhos e olhos incrivelmente verdes que pareciam refletir o oceano, suas mãos estavam sujas de tinta, era viva e bonita, e parecia emanar uma aura de birutice aparente. O homem tinha os cabelos castanhos também, embora estivessem começando a ficar grisalhos, um ar sério e olhos acinzentados exatamente iguais aos de Peter.
- Lizie! Que saudade! A viajem correu tudo bem? – perguntou Anna carinhosamente, enquanto abraçava a filha. – Nenhum ser de outro mundo tentou fazer contato com você?
- Não mãe, nenhum. - disse Lizie, tentando conter o riso.
- Que pena... Mas continue alerta minha filha, é mais provável que eles façam contato com alguém do seu mundo, da magia...
- Como está indo as aulas, Lizie? – perguntou Robert, abraçando a filha também, tentando mudar o rumo da conversa para alguma coisa mais próxima da Terra.
- Ótimas. Eu queria escrever para vocês, mas não tenho coruja... – exclamou Lizie inocentemente.
Os pais se entreolharam rapidamente, e Robert recuou até a soleira da porta, e apareceu com uma gaiola que continha uma grande coruja parda.
- Era presente de Natal, mas resolvemos dar agora... Assim você pode mandar cartas para seus colegas... – disse Robert, estendendo a gaiola para Lizie, sorrindo.
- Ah, obrigada! É linda. Vai se chamar, hum... Pandora!
- E também não íamos poder te dar isso na frente dos seus primos. Eles vão passar o Natal aqui. E, naturalmente, vão achar estranho você ganhar uma coruja... – avisou Robert, mais sério.
- Eu continuo não concordando com isso, Robert. Não devíamos esconder do resto de nossa família que nossa filha caçula tem poderes mágicos! – replicou Anna calmamente.
- Ah, claro, ia ser ótimo! Consigo até imaginar a cena... Vovó Mary enfartaria se soubesse... Vovô George iria, provavelmente, querer queimar Lizie na fogueira... Tio Ben acharia que Lizie é uma aberração... Tio Joe iria querer caçar Lizie... E ela seria retirada do testamento da vovó Rachel... As reuniões em família seriam ótimas, não seriam? – ironizou Peter, e a garota segurou uma risada. Quando ela recebeu a carta de Hogwarts, aos onze anos, todos acharam melhor ocultar do resto da família que Lizie era bruxa.
- Isso não é motivo para brincadeiras, Peter. – ralhou Robert sério.
- Não vamos falar sobre isso agora, tudo bem? – apaziguou Anna. – A questão é que nossa casa vai estar cheia para o Natal... O tio Joe vai vir com seus filhos, Evan, Vanessa e Marcella. E meu irmão Ben e sua mulher Kate tiveram que viajar à negócios de última hora, e os gêmeos Mike e Henry também vão passar o Natal aqui. Vejamos... Hoje é dia 21... Eles vão chegar depois de amanhã. E imagino que sua amiga Dora também vai vir para cá, Lizie?
- Provavelmente vai. Ainda vai me mandar uma carta confirmando.
- Ótimo, sempre gostei daquela menina, tem um profundo conhecimento sobre os planetas... Agora vou preparar o jantar...
- Maravilha! Pensei que ninguém ia se lembrar... – exclamou Peter animado.
Lizie abriu a porta de seu quarto escuro, e acendeu a lâmpada. Olhou para o relógio de parede; era meia-noite, e jogou-se na cama com a colcha vermelho carmim salpicada de estrelas douradas, olhando para o teto da torre cheio de estrelas de néon, lembrando do jantar. A grifinória adorava Hogwarts, mas era bom também vir para casa... Seu quarto era circular e confortável, pois se localizava na torrezinha encarrapitada no telhado da casa. Havia algumas janelas com a borda larga o suficiente para alguém se sentar, encobertas por cortinas vermelhas e douradas, e algumas estantes de livros adaptadas a parede, cheias de livros, porta-retratos – com fotos animadas e inanimadas , inclusive a mais recente com Brad –, enfeites, etc. Havia também uma escrivaninha de madeira lustrosa, com uma poltrona vermelha e confortável à frente, e um brasão da Grifinória pendurado na parede, ao lado de alguns dos quadros que sua mãe pintou.
Levantou-se da cama e sentou no parapeito de uma das janelas, afastando as cortinas, e ficou olhando para a lua, enquanto brincava com o colar de D.A.L. com uma das mãos, e com a outra acariciava as penas macias da dócil Pandora, pensando em todas as coisas estranhas que aconteceram, os dementadores, o trasgo, a velha Melody, aquele pior que Você-sabe-quem, D.A.L.... Pensando que á essa hora Brad já devia estar em sua casa na Pensilvânia, e que Dave também já devia estar em sua casa com sua família. Não sabia o que iria fazer, com essa indiferença do bruxo.
Tentou afastar esses pensamentos de sua cabeça, tentando apenas imaginar como seria o seu Natal.
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