O trasgo, o ruivo e D.A.L.



Desculpem por nem responder aos comentários...
Estou sem net em casa e não tenho muito tempo! ¬¬
Mas só quero dizer que AMO os comentários, voces fazem uma escritora feliiiz *-*
Chega da crueldade, aí vai o post!



CAPÍTULO 15 – O ruivo, o trasgo e D.A.L.


Lizie mirava o teto escuro da Ala Hospitalar, pensativa. Olhou para seu relógio na mesa de cabeceira de sua cama, eram três horas da manhã, mas a garota não sentia o menor sono. Os roncos de Bob Taylor ressoavam na enfermaria, á umas cinco camas de distância dali. O loiro estava se recuperando da azaração para rebater bicho-papão que Lizie lhe lançara, e quando Lizie chegou ali mais cedo acompanhada de Brad, a cama de Bob estava oculta pela cortina, e a cama da quartanista morena também. A grifinória ainda não conseguia acreditar que Bob estava se agarrando com aquela morena na festa! Madame Pomfrey tinha insistido que Lizie passasse a noite ali, somente por precaução. Parecia que o comensal tinha lançado uma coisa muito mais forte do que um feitiço para estuporar nela, e a garota se sentia tonta e meio confusa.
Todos os recentes acontecimentos lhe enchiam a cabeça, e Lizie desejou ter uma penseira. O modo como o misterioso colar de D.A.L. agira, a conversa de Malfoy, o comensal infiltrado que ela perseguira, a preocupação com Dora, com o que é que ela poderia fazer... Mas lembranças mais felizes também não paravam de lhe ocorrer, ela dançando com Dave, a proximidade deles, ele tentando tomar coragem para beijá-la! E ela observando a lua no teto do Salão Principal com Brad, seus rostos se aproximando, e eles quase tinham se beijado... Mas então a confusão começou, ela perseguiu o comensal, então ela apagou... E Brad a ajudou a chegar na Ala Hospitalar. Realmente, a noite fora muito cheia.
Finalmente conseguiu adormecer, enquanto a neve começava a cair nos terrenos de Hogwarts. Acordou com alguém fungando do seu lado, com a fraca claridade do sol iluminando a enfermaria, a neve acumulada na janela. Olhou para o lado, e viu Dora sentada numa cadeira ao lado de sua cama.
- Lizie! Você está bem? Eu já ia te acordar, Madame Pomfrey me disse que você já pode ir. Pensei que poderíamos tomar café juntas, ainda é cedo mas... Depois temos aula de História da Magia. – concluiu Dora fungando, parecia estar chorando a pouco tempo atrás. A lufana deu uma rápida olhada para as cortinas onde a cama de Bob estava.
- Claro, vamos indo, já estou melhor. Tenho muita coisa pra te contar... – concordou Lizie, olhando preocupada para a amiga, enquanto atirava as cobertas para longe. Depois de se vestir, as duas foram para o Salão Principal, agora com a aparência de sempre, quem olhasse não poderia dizer que na noite anterior havia acontecido ali uma festa daquelas. As estátuas de sebes, flores e toda a decoração da Grande Festa já tinham desaparecido, e as habituais quatro mesas das casas e a mesa dos professores já estavam postas.
O Salão estava quase vazio, então Lizie e Dora comeram alguma coisa rapidamente e foram conversar num local mais reservado, onde não poderiam ser ouvidas. Lizie lhe contou tudo sobre o que ouviu Malfoy dizer, sobre a perseguição do comensal, que parecia conhecê-la, e o modo estranho como o colar que D.A.L. lhe dera agiu.
- Como assim, alguém pior que Você-sabe-quem? – repetiu Dora horrorizada, esquecendo-se momentaneamente dos seus problemas. – E você perdeu o juízo? Perseguir um comensal da morte!
- Já lhe disse, não perdi o juízo, foi o colar que me induziu a fazer isso! E lembra do que eu te disse daquela velha, Melody? E lembra daquele ataque dos dementadores? Parece que tudo está interligado... – defendeu-se Lizie. – Mas... Sabe, o que você pretende fazer, em relação ao Bob? – arriscou a grifinória cautelosa.
- Já fiz. Está decidido, não vou mais me torturar por causa desse idiota! Ele que se agarre com quantas ele quiser agora! Ontem, eu fiquei com o Robert Payne, do sexto ano, Lufa-Lufa, o resto da festa. A gente se beijou e tudo mais. E antes, bem, agora á pouco, lá na Ala Hospitalar, eu terminei com o Bob, e ele está com umas marcas horríveis no rosto. – informou Dora com a voz dura.
- Mas o Bob não disse nada? – surpreendeu-se Lizie boquiaberta.
-Bem, falou. Eu cheguei e simplesmente disse que estava tudo acabado entre a gente, que acabou no momento em que ele ficou com aquela quartanista, e que eu estou saindo com outro, ele ficou lá de queixo caído, aquele canalha, e depois a gente brigou... – bufou Dora, fazendo uma pausa, tentando controlar a raiva, torcendo inconscientemente a manga das vestes. - Ele disse que eu não prestava mesmo! Que eu já estava com outro, e que eu ficava me oferecendo pro Thomas Brige! Mas e ele que se agarrou com aquela vaca da Sonserina, Marie Reardon ontem quando a gente ainda tava namorando, na festa! Na minha frente! Mas pelo menos aquela Reardon não ficou nada bem com a sua azaração, Lizie!O Bob é o garoto mais cachorro, galinha de Hogwarts inteira! – disparou Dora furiosa, mal conseguindo se controlar.
Lizie ficou em silêncio por um tempo, sem saber o que dizer. – O Bob foi um canalha mesmo! Mas eu nunca imaginaria que você já estivesse com outro! Com aquele Robert Payne, ainda por cima! Aquele lá já ficou com metade das garotas de Hogwarts!
- E o Bob com a outra metade. – ironizou Dora impaciente. – Mas vamos mudar de assunto! Eu vi você e o Dave ontem, dançando... E então? Aconteceu alguma coisa?
- Hum... Foi maravilhoso, ele ficou a música toda tentando tomar coragem! Mas não aconteceu nada. Tá certo que quase morri do coração, não to me queixando, mas... Ele poderia ter me beijado, não é? Ele mudou muito, o Dave. Lembro que ano passado ele era como, hum... como o Bob sabe, mais atirado com as garotas. Mal dava oi para a garota e já saia agarrando... Mas quem quase me beijou mesmo foi o Brad! Foi por pouco, mas então começou aquela confusão com o comensal. E depois foi o Brad quem me reanimou e me levou para a Ala Hospitalar, dando em cima de mim! Não posso dizer que não gostei. Acho mesmo que estou gostando dos dois ao mesmo tempo! – contou Lizie com um sorriso meio triste esboçado no rosto.
- O quê? Ah, senhorita Lohans, pode ir me contando essa história direitinho...
E Lizie embarcou numa longa explicação detalhada para uma Dora boquiaberta.



Dezembro já havia começado fazia um tempo, fazendo o clima ficar mais frio do que nunca, trazendo consigo muita neve e a expectativa do Natal, e também a expectativa dos N.O.M.s. Já haviam se passado aproximadamente três semanas desde a Grande Festa.
Lizie não estava mais saindo com Brad Tanner, mas isso não impedia o ruivo de ficar dando em cima da grifinória sempre que podia. O americano não parecia aborrecido com isso, pelo contrário, estava determinado a conquistar Lizie de vez, mas agora estava indo com mais calma.
O dia em que chegou mais perto de beijá-la foi no dia da Grande Festa mesmo; porque agora Lizie não era vista sem a companhia de Dave Warty, que parecia uma espécie de guarda-costas que a acompanhava nos intervalos das aulas, no caminho do treino de quadribol, na biblioteca, determinado a deixar Lizie á uma distância segura de pelo menos dez metros do ruivo enquanto estava com ela, e para tentar tomar coragem... Era óbvio para ele que tinha que agir logo, ou se não ia acabar perdendo para Brad Tanner novamente. Mas Lizie sempre fora sua amiga, á tanto tempo, ele gostava dela como nunca gostara de outra, era realmente mais complicado.
Mas também era difícil ficar a sós com Lizie, pois Dora a acompanhava á todo instante, como sempre fazia. E Bob e a quartanista da Sonserina Marie Reardon saíram da Ala Hospitalar seis dias depois de Lizie ter azarado eles na festa.
Jony Serpen e Bella Monteiro estavam namorando desde a festa, e Bella parecia mais feliz do que nunca; porém não paravam de acontecer coisas estranhas com Jony; ele era frequentemente “atacado” pelos admiradores de Bella. Gabriela Tonkson andava furiosa desde a festa, quando Lizie a trancou no armário de Filch, e toda vez que via Lizie lhe lançava olhares de profundo ódio, só esperando ver Lizie sozinha para se vingar. Pelo que se sabe, só foi encontrada no armário por Filch na manhã seguinte á festa.
Bob Taylor era visto com uma garota diferente á cada semana, se agarrando pelos corredores, principalmente quando Dora estava por perto, e Dora parecia querer competir com ele, e também saía com um garoto por semana, mais ou menos, fazendo questão de se atracar com um garoto nos intervalos das aulas, quando os corredores estavam cheios, somente para provocar Bob. Thomas Brige parecia mais deprimido do que nunca por causa desse comportamento de Dora; essa não era a lufana que ele conhecia. E Caroline Howd não parava de atazanar a vida de Lizie, estava realmente furiosa por Dave ter terminado com ela por causa da grifinória, fazendo provocações e comentários maldosos para o corredor inteiro ouvir quando Lizie passava, e quem ria com mais vontade era Gabriela.
Era a última semana de aulas antes do feriado do Natal, e Lizie até pensou em inscrever seu nome na lista de alunos que ficariam em Hogwarts no Natal, mas parecendo adivinhar suas intenções, sua mãe, Anna Lohans, tinha lhe mandado uma carta dizendo para vir passar o feriado de Natal na sua casa, em Londres. E Lizie tinha uma preocupação: os alunos de intercâmbio da Academia de Magia da Pensilvânia iam ficar só até o Natal. Ela tinha que admitir que gostava do ruivo mais do que deveria, e seria estranho voltar para Hogwarts depois das férias, e não ver mais o americano nas aulas, em lugar nenhum... Ia sentir muita falta.
- Parece que o Brad está decididamente desesperado agora, não? Dentro de uma semana ele vai voltar para a Pensilvânia... – comentou Dora, baixinho durante a primeira aula da segunda-feira, História da Magia, enquanto o professor Binns explicava a matéria, do jeito monótono de sempre. Mesmo que a lufana preferisse que a amiga ficasse com Dave, tinha se mostrado bastante solidária com Lizie, que andara se queixando que sentiria muita falta do ruivo. Então a aula acabou, e as duas ficaram para trás, enquanto o resto da turma saía da sala.
- E você acha que eu não percebi? Teria sido melhor se esses americanos nem tivessem vindo pra cá! Não daria toda essa confusão... Mas agora não quero que eles vão embora! – reclamou Lizie novamente, olhando rapidamente para Brad. Tinha que admitir que gostava do ruivo, se insinuando pra ela e tudo mais. Se ela não gostasse do Dave, teria ficado com o ruivo á muito tempo!
- Ah Lizie... Então vou indo, tenho aula de Adivinhação agora! E eu disse pro John Crossway que me encontraria com ele antes da aula! Até mais! – acrescentou Dora mais alto, pois Bob tinha acabado de se aproximar para se juntar a Dave, e Bob lançou a lufana um olhar furioso, e não tirou os olhos dela até ela desaparecer misteriosamente com John Crossway.
Antes que Lizie pudesse seguir caminho para as masmorras, onde teriam a próxima aula de Poções, foi subitamente puxada pela mochila para trás de uma tapeçaria. Já com frio na barriga, soube mesmo antes de olhar para trás quem a tinha puxado. Se virou e se deparou com Brad Tanner, com uma expressão preocupada.
- Olha Lizie, vou ser direto... Você sabe que este sábado de manhã, eu e a delegação da minha escola da Pensilvânia vamos estar voltando pra lá, enquanto vocês de Hogwarts vão estar na estação para irem para suas casas... – suspirou o ruivo, encarando a grifinória firmemente. – E a questão é que eu não queria mesmo voltar. Quando estávamos saindo da Pensilvânia, não imaginei que quando chegasse aqui não iria querer mais voltar, por causa de uma garota... – o americano fez uma pausa, com o coração acelerando. Lizie, corando, e com o coração já aos saltos, já imaginou o que viria a seguir... Não pode deixar de pensar que Dave não estava por perto, e que devia estar pensando que ela já tinha ido para as masmorras sem ele...
- Sabe, Lizie, nunca me senti assim com outra garota. Não consigo parar de pensar em você. Não queria me separar de você agora, voltar para a Pensilvânia... Porque eu gosto muito de você, Lizie, eu te amo... – sussurrou Brad no ouvido de Lizie, com as bochechas da cor de seus cabelos. A garota corou até a alma, entrou em choque, ficou ali parada, sem saber ao certo o que deveria fazer. Era verdade que gostava do ruivo, mas ela gostava muito mais de Dave, mas quem se importa?...
- Lizie? Me desculpe, eu falei sem pensar... Eu não devia... – mas ele se calou subitamente, encarando os olhos da cor do oceano daquela garota, inebriado com o perfume suave de rosas dela, e chegou mais perto, não podia resistir, Lizie não queria mais resistir... Então, finalmente, seus lábios se encontraram. Eles se entrelaçaram num beijo demorado, apaixonado. Lizie se afastou ainda meio abraçada com o ruivo, e sorriu radiante para ele, que parecia realmente atordoado, como se tivesse levado um balaço direto na cabeça, e sorriu de orelha a orelha.
Mas o que eles não sabiam é que tinha alguém os observando, no corredor, do outro lado da tapeçaria.



- Atrasados. – sibilou Snape friamente, quando Lizie e Brad chegaram de fininho na sala de Poções. Todos os alunos da masmorra desviaram a atenção de seus caldeirões, e olharam, curiosos. – Quinze pontos á menos para a Grifinória, Srta. Lohans. A aula já começou á dez minutos, e só porque o senhor, Sr. Tanner, é aluno do intercâmbio, não significa que pode chegar às aulas a hora que bem entender. Detenção para os dois, hoje, ás oito horas na minha sala. Agora sentem-se logo, abram o livro na página 136 e comecem a preparar a poção. E não lembro de ter dito a ninguém para desviar a atenção do caldeirão, ou vocês querem uma detenção também? – bradou Snape mal-humorado. Estava claro que o professor não estava num dia bom hoje, e Lizie logo o obedeceu, tentando á custo ocultar sua felicidade, que não se abalou nem com uma detenção.
Os alunos da Grifinória e Sonserina voltaram, obrigados, a preparar suas poções, menos um. Dave ficou observando Lizie e Brad sentarem-se um em cada canto da sala da masmorra, que estava impregnada de vapores verdes que cheiravam fortemente á alguma coisa parecida com alho, Lizie indo sentar na mesma mesa que Alicia e duas outras garotas da Grifinória, e Brad sentar-se à mesa em que seus companheiros da Pensilvânia estavam, ambos com um sorriso meio contido no rosto. O estômago do grifinório afundou. Por que os dois chegaram atrasados na aula de Poções, parecendo felizes, sozinhos, juntos? Definitivamente, isso não era bom; era péssimo.
- Lizie, por que você chegou atrasada? Por acaso você estava com o Tanner? – perguntou Alicia em voz baixa, com um sorrisinho, quando não conseguiu mais se conter, inclinando-se para o lado de Lizie enquanto o professor estava de costas.
- Hãm, não estava conseguindo achar o meu livro de poções. E não sei por que o Brad se atrasou, nos encontramos agora na porta da sala por coincidência. – mentiu Lizie prontamente. Alicia apenas lhe lançou um olhar cético, porque Snape tinha acabado de passar por ali, mirando as duas severamente.
Lizie arriscou olhar para Dave, e o garoto desviou o olhar abruptamente. Será que estava tão óbvio assim? A bruxa se sentiu ao mesmo tempo feliz, pois estava gostando muito de Brad, e eles tinham acabado de se beijar, e meio triste, culpada, pois Dave era o garoto por quem ela era apaixonada por muito tempo, mas será que não estava na hora de partir pra outra e tentar esquecê-lo? Fazia tanto tempo que Lizie gostava de Dave, mas até agora isso não tinha dado em nada!
Afinal, Dave sempre tinha seguido sua vida e saído com muitas garotas, nem se importando com Lizie, enquanto ela o amava desde o terceiro ano, e por causa dele quase nunca se envolvia com nenhum outro garoto! E Dave sempre lhe pareceu aquele tipo de garoto que não seria capaz de amar realmente alguém um dia, mas mesmo assim, Lizie tinha se apaixonado por ele, mesmo sabendo que ele já ficara com muitas garotas e parecendo que ele nunca mudaria. Que garantia ela tinha de que Dave gostava dela? Brad a tinha feito esquecer, pelo menos por um momento, de Dave. Agora se perguntava se não seria melhor tentar esquecer logo de uma vez Dave... Parecia que depois daquele beijo tudo mudara...
E Brad tinha dito que a amava! Mas então ela lembrou, e isso a atingiu como uma facada direto no coração: Brad iria voltar para a Pensilvânia, e quem sabe um dia, talvez, eles se veriam novamente! Essa era a última semana do ruivo em Hogwarts. Lizie estava perdida em seus pensamentos, e justamente por isso, não estava prestando muita atenção no que estava fazendo, e ao invés de dar cinco mexidas no sentido horário, deu oito e acrescentou umas 500 gramas a mais de cauda de salamandra pulverizada. Então seu caldeirão, que estava cheio de uma poção verde cintilante, começou a borbulhar perigosamente. Lizie teve apenas alguns segundos de aviso, e então seu caldeirão explodiu, espalhando aquela substância verde por toda a masmorra, e cobrindo todos os alunos e o professor de gosma verde cintilante dos pés á cabeça!
- Não se desesperem! Eu disse pra não se preocuparem! CALEM A BOCA! – gritou Snape, e instantaneamente todos se calaram. – Essa poção não fará efeito nenhum, ela só funciona contra vampiros. Que eu saiba, ninguém nessa turma é um vampiro... A não ser... talvez Lohans seja um, pois o livro diz claramente que a poção só precisava de 50 gramas de cauda de salamandra pulverizada, e Lohans só pode ter parentesco com um vampiro, ou talvez com um trasgo, para ser tão absurdamente burra a ponto de não entender isso...
Snape continuava a insinuar que talvez Lizie tivesse um cérebro de trasgo, quando ás costas do professor, a porta da sala se abriu com um rangido medonho, e um forte fedor invadiu as narinas de todos. E então, de repente, um enorme trasgo entrou na sala, arrastando pesadamente seu bastão. Todos pareceram momentaneamente petrificados, pois um trasgo acabara de invadir a aula de Poções. Acordaram do transe, quando, num movimento rápido, o trasgo levantou seu braço que ia até o chão, e deu uma bastonada em Snape, que foi arremessado pela sala, e colidiu com um armário que desabou instantaneamente sobre o professor inconsciente. Foi aí que todos entraram em pânico.
Desde a Grande Festa, Lizie agora sempre usava seu misterioso colar com o pingente de estrelas de sete pontas, e a garota sentiu o colar esquentando gradualmente, alertando perigo; mas ela não precisava desse aviso. A masmorra ecoava em gritos, mas não era possível sair da sala, pois o trasgo estava bloqueando a porta. Era inacreditável. Um trasgo tinha acabado se entrar na sala no meio da aula de Poções e nocauteara o professor Snape! Todos tinham corrido para a outra extremidade da sala, ficando o mais longe possível do trasgo. Lizie meteu a mão com dificuldade pelo decote das vestes e puxou o colar de D.A.L., que agora emitia um brilho ofuscante. O trasgo examinava atentamente a sala, meio abobalhado, até que se deteu em uma aluna.
Então a criatura se moveu absurdamente rápido para seu tamanho, e avançou contra Lizie. Várias garotas gritaram, mas a grifinória continuou parada, em choque. Mesmo que quisesse correr, suas pernas não obedeciam, pareciam coladas ao chão com um feitiço adesivo. Mas sua estrela de sete pontas brilhou intensamente, um brilho dourado. O trasgo levantou o braço para bater com o seu bastão em Lizie, e, inexplicavelmente, foi obrigado a parar no meio do golpe, como se uma força invisível o tivesse parado. O trasgo começou a grunhir, mas continuava imóvel, como se tivesse petrificado, e deu um urro ensurdecedor, visivelmente agoniado.
Todos os alunos olhavam de Lizie para o trasgo, observando a cena incomum, até que finalmente perceberam que a porta já estava desimpedida e poderiam fugir dali. Os alunos – que ainda estavam parcialmente cobertos da gosma verde que era a poção de Lizie – se precipitaram ao mesmo tempo na direção da porta, enquanto Lizie observava, pasma, a enorme criatura fedida de três metros como se fosse uma estátua parada á sua frente, parada no meio da ação de lhe dar uma bastonada. Olhou para baixo, e viu que sua estrela brilhava muito mais do que o normal, e á medida que o tempo passava, ela esquentava mais e mais. Até que compreendeu; o colar havia feito o trasgo parar.
- Lizie, o que você tá fazendo parada aí? Vamos logo antes que ele recupere os movimentos! – chamou Dave urgentemente, lhe puxando de leve pelo braço, trazendo a garota de volta á realidade. Ela pegou o colar e o guardou dentro do decote das vestes novamente, ele estava muito quente, mas um segundo depois de ter feito isso se arrependeu. Pois quando o colar foi ocultado por suas blusas e seu cachecol, o trasgo recuperou seus movimentos, e parecia mais furioso do que nunca.
O trasgo avançou; Lizie gritou, esperando a pancada atingi-la, mas ela não aconteceu, pois Dave se jogou sobre a garota empurrando-a, e a criatura atingiu o chão com o seu bastão. Os dois caíram no chão á uns dois metros do trasgo. Dave levantou-se rapidamente, e puxou Lizie do chão também, e os dois correram para a porta. Mas o trasgo os perseguiu; sem pensar direito, Lizie puxou a varinha e virou-se para trás:
- Expelliarmus! – bradou apontando a varinha para o trasgo, e seu enorme bastão de madeira voou de suas mãos maciças, e só parou quando colidiu com a escrivaninha do professor, que aliás, continuava inconsciente nos destroços do armário. O trasgo olhou abobalhado para as próprias mãos, procurando seu bastão. Então Lizie e Dave tiveram tempo de atravessar a porta da sala, e com um baque, bateram e trancaram a porta. Todos os quintanistas da Grifinória e Sonserina estavam reunidos ali, ofegantes e cobertos de gosma verde.
- Vocês trancaram o professor lá dentro com o trasgo?! – protestou Alicia com a voz fraquinha, com as mãos tampando a boca, parecendo horrorizada.
- Quem se importa? Talvez o trasgo acabe com ele por nós. – replicou Jony esperançoso. Todos olharam admirados e exasperados para Alicia, que encarava Jony como se o censurasse.
- O que foi? O professor Snape é um ótimo professor! É o meu professor preferido! – justificou Alicia indignada. Lizie a encarou estupefata, como os demais, pensando a mesma coisa que todo mundo; ou ela é louca ou está brincando!
- Pelo menos acho que não vou ter que cumprir minha detenção hoje. Alguém já foi chamar um professor pra avisar que um trasgo desembestado invadiu a sala no meio da aula de Poções e nocauteou o professor Snape, e que agora os dois estão trancados lá dentro? – indagou Lizie, displicente.
A grifinória mal tinha acabado a pergunta, e a figura loira de Gabriela apareceu ofegante, acompanhada da professora McGonagall e do professor Flitwick, e Alicia parou de encarar Jony, parecendo furiosa que alguém desejasse que o trasgo acabasse com Snape.
Os dois professores adentraram corajosamente na sala com as varinhas em punho, enquanto os alunos aguardavam, ouvindo os sons de uma inconfundível luta. Enfim, depois de alguns minutos, McGonagall saiu da sala, amparando Snape que parecia meio atordoado com a pancada do trasgo, com um mau-humor muito pior do que o do começo da aula, e logo todos desviaram os olhos dele, porque o professor parecia capaz de lhes lançar uma maldição imperdoável, e o professor Flitwick continuou lá dentro, para remover o trasgo desacordado.
- Todos para suas salas comunais imediatamente, acho que hoje as aulas terão de ser suspensas. Menos você, Srta. Lohans, você vá indo para minha sala, enquanto eu levo o prof. Snape para a Ala Hospitalar. – mandou McGonagall autoritária. Lizie congelou por dentro, será que aquela linguaruda da Gabriela tinha contado o modo como o trasgo tinha se imobilizado por causa do seu colar? Será que McGonagall iria confiscá-lo? Afinal, se Gabriela tivesse contado, a professora saberia exatamente de qual colar se tratava, pois fora ela que o examinara para verificar se não tinha nenhuma maldição.
Dave e Brad fizeram menção de segui-la, mas a professora McGonagall olhou ameaçadoramente para eles, e Dave se encaminhou para a Torre da Grifinória e Brad para o casarão da Pensilvânia nos terrenos cobertos de neve da escola.
Lizie chegou na sala da professora minutos depois, ligeiramente trêmula. Não sabia o que fizera de errado! Mas estava preocupada com seu colar que D.A.L. lhe dera... A professora chegou sorrateiramente e sentou-se em sua cadeira atrás da escrivaninha; parecia um pouco tensa.
- Bem, Srta. Lohans. Imagino que deve estar se perguntando por que a chamei aqui. A questão é que a Srta. Tonkson me contou o modo como o trasgo parecia ter um alvo quando entrou na masmorra, e ele era você. Então, ela disse que uma coisa estranha aconteceu, e quando o trasgo ia te acertar, ele parecia que tinha sido imobilizado por forças mágicas, e também me disse que a senhorita usava um colar estranho que parece ter influenciado em tudo. – concluiu McGonagall lhe examinando severamente. – Imagino que este colar seja aquele que a senhorita me pediu para verificar se não continha nenhuma maldição, e que é extremamente raro, feito do material das próprias estrelas. E também deve se lembrar perfeitamente que eu tinha lhe recomendado não sair por aí se mostrando com esse colar! Você não tem idéia, não deve expor esse colar!
-Desculpe professora McGonagall. Mas é que não posso deixá-lo no dormitório! E como foi que um trasgo chegou lá? – ponderou Lizie, se sentindo culpada.
- Suponho que deve ter saído das salas mais profundas das masmorras, daquelas que os alunos não tem permissão para entrar, mas não vejo como ele conseguiu sair de lá sozinho! E também soube, Srta. Lohans, que no dia da Grande Festa, foi você quem perseguiu aquele comensal. E desconfio que ele não veio parar naquela festa por acaso. Ele tinha um objetivo, e pode ter alguma coisa a ver com esse seu colar feito de estrelas, por isso quero que me conte aonde foi exatamente que conseguiu esse colar! – ordenou McGonagall parecendo ameaçadora.
- Eu...- hesitou Lizie. Será que deveria lhe contar sobre D.A.L.? – Já lhe disse, foi uma amiga minha quem me deu! E não é daqui de Hogwarts, ela estuda em... hum, Beauxbatons. Nos conhecemos nas férias, quando eu fui pra França.– adiantou-se a grifinória, seu cérebro trabalhando rapidamente numa história; ela nunca tinha ido á França e não conhecia ninguém de Beauxbatons.
- Hum, você tem certeza disso Lohans? Pois isso é muito importante!
- Tenho professora! E se aquele comensal quisesse o colar, ele poderia ter pegado com a maior facilidade! Então, bem, não faz mal eu ficar com o colar, não é? E a senhora sabe se o comensal conseguiu alguma, hum, informação naquele dia? – perguntou a grifinória esperançosa.
- E por que essa pergunta, Lohans? – exigiu saber McGonagall desconfiada.
- Por nada, professora, agora posso ir? – pediu Lizie, antes que a professora começasse a fazer novas perguntas que poderiam comprometê-la.
- Pode, mas guarde bem esse colar, ou vou ter que confiscá-lo!



Quando Lizie chegou na Torre da Grifinória, descobriu que as aulas realmente foram suspensas pelo resto do dia. Vários colegas perguntaram por que a professora McGonagall queria falar com ela, mas a garota ignorou todos e subiu direto para o dormitório, que felizmente estava vazio. Não estava a fim de ficar aturando as perguntas incômodas de Alicia. Pretendia tomar um banho e se livrar daquela gosma verde que era a sua poção, mas então ouvir uma batida impaciente na janela. Uma coruja com as penas de uma estranha coloração laranja batia impaciente com o bico no vidro da janela, e trazia um pequeno envelope preso ao bico.
Seu coração desembestou. Reconheceu a coruja na hora, era a coruja de D.A.L.! Abriu a porta com as mãos meio trêmulas de tão ansiosa e curiosa que estava. Esqueceu-se de tudo, o que importava era ver a carta de D.A.L. Talvez finalmente descobrisse quem era essa misteriosa pessoa que lhe enviara esse estranho colar que tinha acabado de salvar a sua vida!
Quando finalmente conseguiu abrir a janela, a neve acumulada na janela desabou, e a bela coruja pulou para dentro, e deixou cair em suas mãos um envelope meio dourado, destinado á Lizie. Ela fitou demoradamente o envelope, sentindo uma estranha sensação.
Lembrou-se da primeira carta de D.A.L., da carta que viera com o fascinante colar de estrela de sete pontas, da carta que estava guardada, segura em seu malão... “Está na hora de lhe dar o que é seu por direito. É uma herança de família, ele irá te proteger, por isso, use-o bem. Você irá precisar, tempos difíceis virão. O ataque dos dementadores é apenas o começo. Espero sinceramente que esteja bem. Tome cuidado.”
A coruja piou, aparentemente satisfeita, lhe deu uma bicada carinhosa na mão e levantou vôo, suas penas laranjas se destacando magnificamente na neve que caía sobre os terrenos de Hogwarts, e logo desapareceu de vista.
Não agüentando mais de curiosidade, abriu o envelope dourado, e na mesma hora reconheceu a caligrafia redonda e caprichosa escrita no pergaminho com tinta vermelha.

“Lizie Lohans
Fico feliz de ter lhe mandado o seu colar á tempo; o ataque do trasgo não foi uma mera coincidência. Ele não entrou naquela masmorra por acaso, ele foi mandado até lá. Por quem? Sinto muito, mas não posso lhe dizer. Pelo menos, não agora. Deve estar se sentindo muito curiosa para saber quem eu sou, mas em breve, você saberá.
Tome muito, muito cuidado Lizie. O comensal também não estava naquela festa por acaso, mas ele não obedece ao mesmo senhor do trasgo ou daqueles dementadores. O comensal era um mero servo de Lord Voldemort, já aquele que enviou o trasgo e os dementadores, ele é muito mais perigoso; mais do que pode imaginar. Como já disse, não é seguro lhe dizer quem ele é. Por isso, fique alerta. Não perambule por ai sozinha.
Atenciosamente, D.A.L.”


Lizie continuou em pé, no mesmo lugar,olhando fixamente a carta em suas mãos. D.A.L. tinha se manifestado novamente. Estava dizendo que alguém queria acabar com ela, era isso? Ele era muito mais perigoso que Lord Voldemort....Lembrou-se das palavras de Malfoy... Aquele que o próprio Lord Voldemort teme... Supôs que a pessoa de quem Malfoy falara era essa mesma que D.A.L. mencionara.
Mas por que ele estava perseguindo Lizie? Por que alguém iria querer acabar com ela?
Ela nem era uma bruxa puro-sangue, pra começar! Sua família inteira era trouxa. Ela não tinha nada de especial; nada que pudesse ameaçá-lo... Por quê?
Sua cabeça zumbia, era informação demais para absorver. O colar era herança de família...Como? Por mais que tentasse achar uma resposta, não conseguia; mais confusa ficava.
A porta do dormitório se abriu bruscamente, e Alicia entrou no dormitório parecendo irada. Lizie se assustou, e escondeu a carta dentro do bolso de sua capa, mas Alicia parecia tão furiosa que nem notou que a bruxa estava ali. Lizie mal sentiu curiosidade de saber o motivo, e seguiu o exemplo da colega e continuou em silêncio.
Tinha muito mais coisa com o que se preocupar agora. Tempos difíceis virão...



Finalmente, Bob Taylor chegou na biblioteca, ofegante, rezando para encontrar Dave ali.
Conteve um suspiro de alívio quando vira os cabelos negros de Dave, sentado nas mesas mais distantes da biblioteca, lendo um livro de Transfiguração;ou melhor, tentando. O grifinório parecia muito distante, preocupado.
- Dave, eu preciso falar com você... – começou o loiro, sentando-se ao lado do amigo.
- Bob, você viu a Lizie por aí? Não vejo ela desde que a profa. McGonagall a chamou na sua sala! Será que ela está bem? Aquele trasgo quase acabou com ela! Gostaria de saber como ele foi parar lá; alguém poderia ter se machucado! Bem, na verdade eu não me importaria se ele tivesse avançado no Tanner... Mas não vi um sinal dele quando o trasgo invadiu a sala. – sussurrou Dave preocupado, baixando o tom de voz para não atrair a atenção de Madame Pince, que já olhava desconfiada para eles.
- O Tanner devia estar escondido, tremendo e choramingando, chamando pela mamãezinha, aquele otário! Mas Dave, é exatamente sobre ele que eu quero falar... – engrolou o corvinal, tentando achar o melhor jeito de contar ao grifinório.
- O que você quer falar sobre esse... esse americano? Fale logo cara! Assim você tá me deixando nervoso! – replicou Dave nervoso.
- Bem, hoje depois da aula de História da Magia, bem, eu estava... hum, procurando a... a Dora pra saber, hum, onde ela... ela andava com aquele panaca do John Crossway, pra ver... o que eles andavam fazendo. Bem, eu não achei eles, mas acho que vi uma coisa muito pior cara. - enrolou Bob, receoso.
- Pelas barbas de Merlim Bob! Fale logo o que você viu, antes que eu te transfigure em um...
- Calma cara! Tá bem! Olha, quando eu fui ver atrás daquela tapeçaria, sabe, a das bruxas vestidas de preto... Eu vi que tinha alguém ali, então eu meio que me escondi e... – o loiro respirou fundo. – E eu vi a Lizie e o Brad. Se beijando. No maior amasso.
Dave ficou paralisado, sentiu-se como se seu cérebro tivesse sido estuporado. O amigo o encarava, parecendo esperar que ele explodisse a qualquer momento. Não conseguia acreditar no que estava ouvindo, mas sabia que uma hora ou outra isso ia acontecer. Tentou falar, mas a voz não saiu. Abriu a boca novamente, mas não conseguia falar. Finalmente, recuperou a voz, sentindo os olhos arderem.
- Droga! Por que eu não cheguei nela antes? Por que eu não falei com ela antes? Eu sabia que se não fizesse alguma coisa logo alguém ia chegar primeiro! Mas eu simplesmente não consigo!– explodiu Dave, parecendo furioso e triste ao mesmo tempo.
- É cara, eu sempre te achei meio diferente com a Lizie. Isso nunca teria acontecido antes, com outra garota. Até o ano passado, no quarto ano, você nem hesitava em chegar na garota. Já pegava, e logo depois quase nem se lembrava da garota. Mas esse ano... Eu te disse, você virou...hum, romântico. – concordou Bob em tom de consolo, fazendo uma careta na palavra “romântico”, visivelmente tentando não ofender Dave.
– Lembro que logo no começo me perguntei porquê você tinha mudado tanto, da noite pro dia. Mas logo depois compreendi. Você estava apaixonado, uma doença grave e contagiosa, sem cura comprovada. E então pensei: coitado, está perdido!– brincou o corvinal sorrindo, e o grifinório até conseguiu dar um sorriso. Se lembrava muito bem do dia que descobriu que estava apaixonado por Lizie.
- Eu vou acabar com aquele Tanner! Ele vai se arrepender de ter saído da Pensilvânia,ah se vai! Vou transformar ele numa lesma gigante e gosmenta, e olha que vou estar fazendo um grande favor para ele ainda! – bradou Dave, deixando o livro de Transfiguração que estivera lendo na mesa, se levantou abruptamente, ignorando o olhar de censura de Madame Pince e saindo da biblioteca, com Bob no seu encalço.
- Eu sei que você deve estar louco, eu também iria querer acabar com aquele idiota com as minhas próprias mãos, mas pense direito no que você está fazendo! Será que vale a pena fazer tudo isso só por causa de uma garota...? – interpôs o loiro, e Dave parou tão abruptamente de andar que Bob esbarrou nele.
- Uma garota Bob? Não é apenas uma garota! Não é qualquer garota! É a Lizie. – suspirou o grifinório.
- Cara, cai na real! Desiste dela, a Lizie deve estar feliz com o Tanner e nem vai te dar bola! Esquece dela! Ela nem deve gostar de você! Isso nunca vai dar certo! Você mudou demais. – vociferou o corvinal, fechando os punhos.
- Eu não esperava que você entendesse isso Bob. Afinal, você nunca gostou de ninguém pra valer. Se um dia isso acontecer, vai saber como é e talvez também mude. Você não entende mesmo. Eu amo a Lizie, e não pretendo desistir dela assim tão fácil. Nem quando você estava com a Dora... Ficou com outra enquanto ela ainda era a sua namorada. Eu não tinha falado nada antes pra você não ficar bravo comigo, mas agora posso dizer o que acho. A Dora tinha todos os motivos do mundo pra terminar com você, você foi o maior idiota. – bradou Dave ameaçadoramente, já com a mão na varinha.
- Isso com a Dora não tem nada a ver! É, você tem razão, eu nunca vou entender mesmo! E prefiro continuar não entendendo! E eu não pretendo gostar de nenhuma garota “pra valer”, muito obrigado. As pessoas não tem noção do que fazem quando estão apaixonadas! Veja só você! Estou bem assim, graças a Deus. Prefiro continuar como estou. – rebateu o corvinal, agora seguindo Dave que recomeçara a andar, tentando se acalmar.
- Pois então não sabe o que está perdendo. – replicou o grifinório, dizendo a senha para a Mulher Gorda e entrando na Torre da Grifinória, deixando o corvinal parado diante do quadro, furioso.



Já estava anoitecendo, e uma tempestade de neve caía, mas Lizie continuava em seu dormitório, deitada em sua cama, alheia ao resto do mundo, ainda com a carta de D.A.L. na mão, com a cabeça á mil. Era nessas horas que a garota faria bom uso de uma penseira.
Não tinha realmente parado para pensar no seu breve “encontro” com Brad, depois da aula de História da Magia e antes da aula de poções que o trasgo tinha invadido; Snape continuava na Ala Hospitalar. Desconfiava que o motivo de não ter visto Alicia praticamente o dia inteiro era porque devia estar rondando perto da Ala Hospitalar tentando invadi-la á força pra ver o seu amado professor Snape.
A bruxa estava confusa; agora que estava mais decidida do que nunca á esquecer Dave, por causa de Brad, o ruivo iria voltar para a Pensilvânia!
Levou um susto quando olhou para o relógio; á essa hora o jantar já devia ter começado! Sua barriga roncou de fome; ela não tinha comparecido ao almoço, ficara o dia inteiro no dormitório, apenas pensando. Levantou-se da cama á duras penas,com a carta de D.A.L. toda amarrotada no bolso, e se encaminhou para o Salão Comunal.
Mal colocou os pés para fora do dormitório, e Alicia Timpson a surpreendeu.
- Lizie! Você acredita que a Madame Pomfrey disse que eu não posso ver o prof. Snape? Ela disse que ele não quer visitas! Fiquei na porta da Ala Hospitalar quase o dia inteiro, mas Madame Pomfrey não quis nem entregar meu cartão de melhoras pra ele! – esganiçou-se Alicia irritada.
- Ah... Amanhã você tenta de novo. – disse Lizie vagamente, e desceu as escadas do dormitório, deixando a companheira de dormitório parada, bufando de raiva. Mas a adoradora de Snape não se abalou e correu novamente para a Ala Hospitalar.
Lizie chegou no Salão Comunal quando o jantar já havia começado. Todos olharam para ela, mas a garota não se importou, e continuou caminhando até a mesa da Grifinória. Sentou meio afastada dos outros companheiros de casa, absorta em seus próprios pensamentos, sentindo-se isolada do resto do mundo.
Muita gente ainda continuava nas mesas, rindo e conversando, comentando sobre o trasgo desembestado animados, dizendo que iriam dar os parabéns e mandar flores ao trasgo por ele ter acertado o Snape, mas nenhum deles sabia o que tinha por trás de tudo isso, nenhum deles sabia o que estava por vir, a não ser Lizie, mas mesmo ela não sabia exatamente o que o futuro reservava.
A grifinória levantou-se da mesa, pretendendo voltar para o dormitório, ansiosa para ficar no escuro e simplesmente pensar. Tentar entender por que tudo isso estava acontecendo, tentar digerir as notícias, os fatos...
Mas alguém a parou em um corredor no caminho para a Torre da Grifinória. A bruxa tirou seus olhos do chão, e viu que esse alguém era Brad Tanner.
- Lizie! Por onde você andou o dia todo? Estou te procurando o dia inteiro! Você está bem? – indagou o ruivo preocupado, pousando sua mão no ombro da garota.
- Ah, eu estive no dormitório... E não estou bem. Como você acha que eu estaria? Não sei por que tudo isso está acontecendo comigo! Queria somente entender o por quê de tudo isso! – exclamou Lizie agoniada, atirando seus braços em torno do pescoço do americano. Ele pareceu surpreso, mas continuou abraçando Lizie em silêncio, sem entender exatamente a quê ela estava se referindo. É claro, Brad não sabia de D.A.L., não sabia que aquele comensal parecia conhecer Lizie, não sabia desse que é maior e mais perigoso que Lord Voldemort, e parecia estar querendo liquidar Lizie...
- Tá tudo bem Lizie... – consolou o garoto meio sem jeito. A grifinória se soltou dele e o encarou intensamente por uns breves segundos. Sem pensar direito, o americano se aproximou mais dela e depositou um beijo em seus lábios. Lizie não resistiu. Acariciou a nuca de Brad, enquanto o beijava.
Mas a garota se soltou dele imediatamente quando ouviu alguém pigarreando.
- Hum, estou atrapalhando alguma coisa? – disse Dave sarcasticamente, os encarando.
Dave sentia como se tivesse levado uma pancada direto na cabeça dada pelo Salgueiro Lutador. Uma coisa era Bob falar que vira Lizie e Brad se beijando, outra coisa totalmente diferente era ver isso com os próprios olhos. A sua raiva cresceu de maneira assustadora.
Queria atacar Brad e deixá-lo de modo que ele só conseguisse voltar para o maldito lugar de onde veio carregado e inconsciente.
- Vem cá cara, se liga! É claro que está atrapalhando! – vociferou Brad, abraçando Lizie pelos ombros.
- Ainda bem que você vai voltar pro lugar de onde veio logo. Ah! Parece que coloquei o dedo na ferida! Você não quer voltar é? Que pena cara, não tem mais jeito agora. – debochou Dave com um sorrisinho maldoso.
Brad sacou a varinha, mas Dave foi mais rápido; e logo um raio vermelho atingiu o ruivo. Os dois começaram a duelar, feitiços sem rumo voavam por todo o lado. Lizie estava parada assistindo, sem saber ao certo o que fazer.
Até que Lizie escutou passos, e logo viu a profa. McGonagall aparecendo na ponta do corredor. A grifinória olhou para os garotos aflita, mas eles não tinham percebido a chegada da professora. Foi só quando um feitiço de Dave passou raspando por cima da cabeça de Brad e acertou o chapéu da professora McGonagall derrubando-o no chão é que os dois perceberam e pararam de brigar imediatamente.
- Mas o que significa isso Sr. Warty! Logo você, Sr. Warty! Duelando com um aluno do intercâmbio! Que imagem você acha que a Academia de Magia da Pensilvânia vai levar de Hogwarts se vocês não se dão bem, brigando pelos corredores! – ralhou Minerva severamente, examinando o feio hematoma no rosto de Brad causado por um feitiço do grifinório.
- Mas professora...
- Eu não quero saber os motivos da briga, Sr. Warty. Isso não me interessa. E por que você não fez nada Srta. Lohans? Simplesmente ficou assistindo! Mas que coisa vergonhosa para Hogwarts!
- Mas a culpa não é minha, foi o Tanner que começou...
- Não quero saber quem foi que começou, Warty! Também não estou dizendo que o Sr. Tanner não tem culpa. Vou tirar 50 pontos da Grifinória...
- Não é justo professora, eu nem fiz nada! – reclamou Lizie.
- Não cabe a você, Srta. Lohans, definir o que é justo ou não. Como eu ia dizendo, 50 pontos á menos para a Grifinória e detenção amanhã á noite, depois do jantar. Os três. Me encontrem na minha sala então, amanhã depois do jantar. Agora Lohans, Warty, para a Torre da Grifinória. Tanner, vá indo para o casarão. – mandou McGonagall autoritária, observando Brad se encaminhar para o Saguão de Entrada, e acompanhando Lizie e Dave até o retrato da Mulher Gorda.
- Pronto. E não arranjem mais confusão, muito menos com os americanos, vocês envergonharam a Grifinória e Hogwarts hoje! Agora entrem logo! Cabeça de dragão! – dirigiu-se á Mulher Gorda, que girou o retrato admitindo Dave e Lizie.
A Sala Comunal ainda estava meio vazia, pois a essa hora a maioria dos alunos ainda estava no Salão Principal jantando. Os passos de McGonagall ecoaram por um tempo do outro lado do retrato, e logo desapareceram. Lizie se largou numa poltrona em frente á lareira, sem ousar olhar para Dave. Por que ele tinha que estar no corredor justo naquela hora? Percebeu que o garoto tinha se aproximado de sua poltrona e sentiu um arrepio.
- Ah, você vai passar o Natal em casa, Lizie? Em Londres mesmo? – perguntou Dave num tom que ele pretendia que fosse desinteressado.
- Sim, esse ano não vai ter jeito, vou ter que ir pra casa... – confirmou a grifinória, fingindo estar extremamente interessada em continuar a contemplar as chamas da lareira, mas ansiosa por manter uma conversa com Dave. - E você também vai passar em casa, suponho.
- Também vou. – afirmou ele displicente. Dave morava com os pais em Berkshire, uma cidade próxima á Londres. Sem poder agüentar mais, o garoto respirou fundo.
- Então... Felicidades para você e para aquele Tanner. – desejou Dave friamente num tom monótono e sem emoção. Finalmente, Lizie ergueu os olhos e o encarou com seus olhos verdes que pareciam refletir o oceano.
- O que você quer dizer com isso? – replicou ela incrédula, sentindo o rosto arder.
- Você entendeu muito bem. Não preciso explicar melhor. – murmurou Dave amargurado, se levantando da poltrona e indo para as escadas que levavam ao dormitório masculino. Mas Lizie se levantou também. Sentiu vontade de lhe dizer que o Brad não significava nada para ela, que ela o amava desde o terceiro ano, que sempre amou ele em silêncio, suportando a dor de ver ele sair com inúmeras garotas sem ao menos olhar para ela durante todos esses anos, e que quando Brad apareceu ela estava magoada de mais com ele por causa da Howd. Mas não tinha coragem o suficiente para fazer isso, para desabafar e contar-lhe tudo o que estava sentindo.
- Dave... – chamou a bruxa angustiada.
- Tudo bem, não precisa se explicar.Eu vi com os meus próprios olhos. Você pode ficar com quantos garotos quiser, eu não ligo, você não deve explicações á mim. – replicou ele, frio. Mas Dave estava se controlando ao máximo para manter essa frieza diante dos olhos suplicantes daquela garota, para manter-se firme. Não pode deixar de pensar, esperançoso, que o americano iria embora... Mas de que adiantava se Lizie o via apenas como um amigo querido?
- Eu nunca vou ser feliz com o Brad! E ele vai embora! – retrucou Lizie, á custo deixando de dizer que só seria realmente feliz se estivesse com ele, com esse garoto de cabelos negros e olhos azuis profundos, por quem ela suspirara durante tanto tempo. Dave já estava na metade da escada do dormitório, e a grifinória estava no pé da escada, mirando as costas do garoto, que havia parado na subida.
- Com certeza você vai ser feliz. Se não for com o Tanner... Tem um monte de garoto correndo atrás de você, saia com um deles e seja feliz.– insistiu Dave sem emoção, e continuou a subir as escadas, sentindo-se péssimo por recomendar que Lizie saísse com outro garoto que não fosse ele, de ocultar seus sentimentos pela bruxa.
- Dave... – sussurrou Lizie, subindo as escadas também, mas ouviu a porta bater e Dave já estava trancado no dormitório. Encostado do outro lado da porta, suspirou, pensando que Lizie ainda devia estar ali do outro lado, talvez chocada, triste ou abalada com o que ele acabara de dizer. Mas isso estava doendo tanto no grifinório quanto estava na garota.
Lizie sentiu seus olhos arderem, e recostou as costas na porta do dormitório, sentindo uma tristeza imensa invadi-la. Deixou uma lágrima escorrer, e deslizou até o chão, ficando sentada encostada na porta pensando em tudo que ele tinha dito, mal sabendo que do outro lado daquela porta de carvalho, estava Dave também sentado no chão, encostado, amargamente arrependido de ter agido daquela maneira.
E assim os dois permaneceram por uns minutos, talvez horas ou dias, pensando...






Bem, eu sei que os caps sao grandes...Mas eu prefiro assim!
Espero que tenham gostado!

Próximo capítulo:
"A despedida e King’s Cross"

E comentem!
=**

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