O colar de D.A.L.



Novembro mal havia começado, mas o inverno já estava dando sinais que não iria tardar. Era domingo de manhã, e o tempo estava escuro e nublado, e uma névoa incomum cobria os terrenos de Hogwarts, enquanto o vento balançava as árvores da Floresta Proibida. Lizie estava sentada debaixo de uma árvore, observando o lago, tentando se esquentar. Não havia mais ninguém ali, afinal, á essa hora os estudantes deviam estar chegando ao Salão Comunal para tomar o café da manhã. Era exatamente por causa desse silêncio, dessa solidão que a grifinória gostava de ficar por ali essas horas, mergulhada em seus pensamentos e devaneios.
A garota estava perturbada com a noite anterior... Dave nunca fora assim com ela, o garoto devia ter acreditado quando ela lhe contou a mais pura verdade. Devia confiar nela. Mas outra coisa a perturbava, será que era coisa da sua cabeça ou ontem á noite o grifinório estava com ciúmes mesmo? Mas pensando melhor, ela também demonstrara ciúmes... Será que ele iria entender? Lizie suspirou, como é que os garotos eram tão lentos assim para não perceber coisas desse tipo? Definitivamente, os garotos simplesmente não entendem as garotas, talvez não faça parte da natureza deles...
E ela já havia feito mágicas involuntárias antes, algumas coisas incomuns aconteceram quando ela ainda não sabia nada sobre Hogwarts ou bruxos, no seu primeiro dia em Hogwarts quando fez Gabriela tropeçar, e aquele dia na aula de Astronomia, que desmontou o telescópio de Caroline, e ontem, que Dave largou seu braço como se tivesse se queimado... Mas nunca parara para pensar nisso... Será que nascidos trouxas também faziam mágicas involuntárias? Porque, que ela saiba, não havia nem um pingo de sangue mágico na sua família... E as palavras daquela velha Melody, soavam tão verdadeiras... Mas como?... Provações terríveis, glória, felicidade...
Enquanto Lizie estava mergulhada em suas reflexões, um garoto de olhos amendoados e cabelos castanhos ia se aproximando lentamente. Jony Serpen sabia que iria encontrar a garota por ali, a conhecia o suficiente para saber que ela gostava desses momentos de paz e solidão, para por os pensamentos no lugar. E definitivamente ela tinha no que pensar. O sonserino estava tentando descobrir o que aconteceu depois de Lizie ter entrado naquela loja de penas, em Hogsmeade, e alguém o chamando... E tudo apagou, e ele se lembrara de ter acordado umas três horas depois num beco, extremamente confuso, tentando entender o que havia acontecido.
O sonserino estudou a grifinória por um momento, e decidiu não importuná-la com perguntas, apenas se sentou ao seu lado. A bruxa o fitou rapidamente, e vendo que ele não iria falar nada, voltou a observar a superfície do lago, agradecida pelo silêncio do garoto.
A grifinória ainda não tinha parado para pensar... Será que aquele sonserino sentado ao seu lado realmente gostava dela? Com aquelas palavras da velha, da discussão com Dave, mal se lembrara direito do encontro com Jony em Hogsmeade. Pelo menos, devia gostar um pouco da bruxa... Por que outro motivo iria lhe dar aquela caixa de bombons em forma de coração? Olhou para o lado e viu que o sonserino a observava. E logo quando virou o rosto novamente para o lago, sentiu a mão quente do sonserino tocar a sua, aquecendo-a instantaneamente. Por um momento, Lizie pensou em tirar sua mão dali, mas simplesmente a deixou ali, e ficou olhando o lago com seus dedos entrelaçados nos de Jony, enquanto um leve arrepio lhe percorreu a nuca.

Dave levantou da cama antes dos outros companheiros de dormitório. Para falar a verdade, mal conseguira dormir a noite inteira. Simplesmente não conseguia parar de pensar em Lizie, na discussão deles... Será que devia mesmo acreditar nas palavras da garota? Afinal, aquele Jony é um canalha mesmo, pode muito bem ter agarrado ela quando viu que a bruxa estava sozinha, pensou Dave. Ele devia procurá-la novamente. Na noite anterior, ficou cego pelo ciúme, e não parava de relembrar aquela cena, de Jony dando uma caixa de bombons em forma de coração para Lizie, e ela aceitou... E lembrava dos dois se beijando no dia da Festa do Slugh... Sua cabeça estava á mil, e o sono não chegava. Decidiu ir para o Salão Comunal logo, apesar de ser cedo ainda. Logo quando passou pelas portas do Salão, automaticamente correu os olhos por todo o lugar procurando Lizie, mas ela não estava ali. Mas Dave localizou Caroline Howd rapidamente, pois o Salão Comunal ainda estava bem vazio. A garota estava sentada com um pequeno grupo na mesa da Sonserina. O grifinório se sentou-se à mesa praticamente vazia da Grifinória, e comeu umas tortinhas de abóbora, mas não estava com fome, e se levantou, e Howd foi atrás. Vendo o semblante preocupado e triste do garoto, Caroline perguntou:
- O que houve Dave? Por acaso não é a Lohans de novo, é? – sugeriu a ruiva, mas já sabia a resposta. Resumidamente, Dave lhe contou os acontecimentos de ontem, mas não mencionou o motivo da briga, e que a sonserina foi uma das principais razões de os dois grifinórios terem brigado.
- Pare de se preocupar com essa Lohans, Dave... Ela não te merece, pare de pensar nela, vamos dar uma volta lá fora, não deve ter ninguém. – convidou a sonserina, e os dois rumaram para o Saguão de Entrada, e foram para os terrenos de Hogwarts. Uma rajada de vento os recepcionou, e uma estranha névoa cobria toda a extensão dos terrenos. Howd se agarrou no seu braço, na tentativa de se esquentar. Depois de uns minutos de caminhada, a primeira coisa que Dave notou era que perto do lago Jony – e suas entranhas se reviraram – e Lizie estavam de mãos dadas, observando a lula-gigante que nadava ali perto. Quando ele viu que a grifinória olhou para trás e viu ele e Howd, ele simplesmente desviou o olhar e fingiu que não tinha visto ela.
- Então, Lizie ainda está saindo com o Serpen, esse canalha... – comentou Dave irritado, baixinho para eles não escutarem.
- Não chame o Jony de canalha! Essa vaca da Lohans que não presta... – sibilou a sonserina, lançando um olhar maligno para os dois sentados á beira do lago.
- E não chame a Lizie de vaca! Quem merece ser chamada de vaca é essa Gabriela Tonkson, ali debaixo daquele carvalho... – retrucou Dave irritado. E Dave e Caroline sentaram num banquinho, que fornecia uma visão razoável do lago, de modo que Dave podia ficar observando Lizie.
Lizie viu que, para sua profunda irritação, Dave vinha acompanhado daquela sonserinazinha Howd, e continuou olhando para o lago em silêncio, de mãos dadas com Jony.


Bella Monteiro acordou atrasada, queria falar com Lizie cedinho, mas acabou dormindo demais. Correu para o Salão Comunal, mas Lizie não estava lá. A corvinal comeu alguma coisa depressa, e correu para fora do castelo, com os cabelos negros esvoaçando enquanto corria. Sabia que, provavelmente, Lizie estaria por ali.


Gabriela Tonkson estava sentada em baixo de um carvalho, fingindo estar lendo seu livro de Transfiguração, mas observava os outros alunos que estavam por ali por cima do livro. Ficou satisfeita ao saber que Lizie e Jony estavam saindo, e que a grifinória não estava falando com Dave. Finalmente, Lizie estava fora de seu caminho, mas ela não esperava que Warty fosse sair com outra tão rápido, com essa Howd, e agora ela imaginava como poderia afastar essa Caroline Howd de Dave... Para que o caminho ficasse finalmente livre para ela.


Lizie começou a se incomodar, quando viu que Dave e aquelazinha Howd estavam sentados ali perto, muito juntos para o seu desgosto. Já que ele não ligava para ela, resolveu que não iria decepcionar Jony só por causa desse garoto. Mas a grifinória estava muito chateada com Dave... Ele ainda estava com a Howd, infelizmente. Se ela não o esquecesse logo, ia acabar ficando maluca. Mas esse era o problema, como esquecê-lo? Deviam inventar uma poção ou feitiço pra isso, pensou Lizie tristemente.
A grifinória sentiu uma súbita mudança de temperatura... O ar ficou mais gelado, e a névoa aumentou, e um medo terrível invadiu a garota de olhos verdes, o ar gelado congelava seus pulmões, ficando difícil respirar... Ela olhou para o lado e viu que Jony devia estar sentindo a mesma coisa, e olhou para ela aterrorizado. Um grito cortante atravessou a névoa, e Lizie apenas viu de relance uma garota loira correndo apavorada para o castelo. Ela queria correr, mas não conseguia, o medo ia aumentando, um medo que aterrorizava os pensamentos da bruxa e a paralisava, um medo que ela nunca havia sentido antes. Instintivamente sacou a varinha, pronta para um ataque.
Mas de repente ela viu. Três vultos enormes de capa vinham deslizando da Floresta Proibida.
- Dementadores. – sussurrou Jony aterrorizado, com a voz fraca e os olhos vidrados nos dementadores. E na mesma hora, Lizie compreendeu. Eram dementadores mesmo. Mas em Hogwarts?
Agora o frio congelava suas entranhas, teve forças o suficiente para levantar e encarar os dementadores de frente. Ela sabia como fazer, mas nunca havia enfrentado dementadores reais. Dave e Caroline olhavam aterrorizados para os dementadores, imóveis, petrificados. Agora os dementadores estavam á uns cinco metros de distancia da grifinória. A névoa escurecia sua visão. Um medo ia crescendo dentro de Lizie, porque os outros não correm? Deu para ver uma mão viscosa e brilhante saindo da capa farfalhante de um dos dementadores. O pânico a invadiu. O ar era maligno, eles inspiraram ruidosamente, e sugaram mais do que ar... A bruxa foi se sentindo mais fraca, toda a sua felicidade sendo sugada, e sem perceber, caiu de joelhos.
Dave até o momento estivera paralisado. Dementadores. Mas pareceu ter despertado quando a grifinória que ele tanto gostava caiu de joelhos. Ele deixou Howd de lado, que soluçava aterrorizada, e se postou ao lado de Lizie, mal conseguia ver por causa da névoa, e nem respirar, o ar ia congelando suas entranhas cada vez que ele respirava. Estava apavorado, mas alguma coisa clareou seus pensamentos. Lizie. Não podia deixá-la ali. Havia lido o feitiço em algum lugar, mas nunca experimentara. Mas agora ele tinha que conseguir. Ele tentou se concentrar no pensamento mais feliz que conseguiu agora. Ele e Lizie juntos.
- Expecto Patronum! – e um fiapinho de luz prateada saiu de sua varinha, bloqueando momentaneamente os dementadores. Mas sua tentativa mal sucedida de patrono desapareceu. Agora entrara em pânico, que o impedia de pensar, de agir.
Lizie se sentia fraca, desesperada, aquele frio havia chegado em seu coração... Mas ela se sentiu mais forte quando ouviu a voz de Dave. A garota levantou a cabeça, e viu o fraco patrono de Dave desaparecer. O grifinório estava ali, ajudando-a, e o medo foi deixando-a rapidamente. Não foi difícil pensar em algum pensamento feliz, pois o garoto que ela amava estava ao seu lado. E foi exatamente nele que ela pensou...
- EXPECTO PATRONUM! – gritou Lizie, mas não conseguiu produzir um patrono corpóreo, na verdade, nunca havia conseguido, tudo o que conseguiu foi que um escudo de luz prateado pairasse entre ela e Dave e os dementadores. Mas ela tinha que conseguir... Por Dave.
- EXPECTO PATRONUM! – berrou a grifinória, e agora seus olhos verdes que lembravam o oceano estavam focados em seu patrono. Um enorme dragão envolto em uma luz prateada de uns três metros atacava os dementadores com suas garras. – Vai! Acaba com eles! – incentivou Lizie, agora o frio abandonando seu corpo, estava admirada com seu patrono. Os dementadores recuavam diante do enorme dragão, e um rugido grave e assustador ecoou por toda a extensão da Floresta, emitido pelo patrono de Lizie. Lembrava muito um Rabo-Córneo húngaro. Quando Lizie estava pensando que eles estavam fugindo, mais dois dementadores surgiram deslizando da Floresta, aterrorizando Lizie, e seu patrono em forma de dragão recuou. Um frio começou invadi-la novamente. Foi quando ouviu uma voz gritando ás suas costas:
- EXPECTO PATRONUM! – e uma enorme onça-pintada, que irradiava uma luz prateada, se juntou ao dragão de Lizie na luta contra os dementadores. O patrono em forma de onça atacava ferozmente os dementadores, enquanto o dragão atacava com sua poderosa calda. E os dementadores finalmente começaram a deslizar rapidamente para os portões de Hogwarts, e em questão de segundos não era possível vê-los. O patrono de Lizie voou até ela, e a cutucou delicadamente no seu ombro com o focinho e desapareceu, deixando a grifinória pasma consigo mesma. Agora se sentia um pouco fraca, mas aquele frio congelante abandonara todos os presentes. De quem era aquele patrono em forma de onça-pintada? Sua pergunta foi imediatamente respondida quando olhou para trás. Bella Monteiro estava muito pálida, e acariciava a onça que brilhava prateada, como se fosse um gatinho, e o seu patrono desapareceu também.
- Belo patrono Lizie. Você está bem? – elogiou a corvinal, parecendo muito preocupada e abatida.
- Estou, um pouco... Aquele patrono era seu? Como é que dementadores estão aqui em Hogwarts! – ofegou a garota, enquanto observava Dave, que olhava hora para a grifinória, hora para a corvinal, ainda abismado com o que acabara de ver, também parecia muito abatido.
- Era sim. Mas não faço a mínima idéia de como esses dementadores entraram aqui. – sussurrou Bella. Ainda estava espantada. Dementadores?
Dave estava profundamente admirado com o patrono de Lizie, nunca vira um assim, um dragão. Voltou á realidade quando ouviu um baque surdo, e viu que Caroline Howd tinha acabado de desmaiar, extremamente pálida. E Jony cambaleou, com a mão na testa, parecendo extremamente abalado e pálido. Lizie se adiantou para ajudá-lo.
- Vamos todos para a Ala Hospitalar! Madame Pomfrey vai ficar doida da vida quando souber dos ataques! – ordenou Bella, com um ar muito superior, visivelmente orgulhosa de seu patrono. Dave ainda estava tentando se decidir de como levaria Howd para a Ala Hospitalar quando a professora McGonagall veio correndo até eles aflita.
- Vocês estão bem? Eu vi os dementadores da janela da minha sala, não deu tempo de chegar antes! Aquele Patrono em forma de dragão era seu Senhorita Lohans? – perguntou a professora, que ficou visivelmente impressionada quando a garota confirmou. E a professora fez um gesto com a varinha e Howd veio flutuando atrás dela, enquanto todos rumavam para a Ala Hospitalar. – E suponho que o outro era seu, senhorita Monteiro? Realmente impressionante... Pelas barbas de Merlim! Dementadores em Hogwarts! Imagine se as senhoritas não soubessem executar o feitiço do Patrono! Não quero nem pensar no que ia acontecer! Dumbledore vai ficar furioso! Dementadores fugindo do controle do Ministério... Isso é realmente sério! – a professora McGonagall silenciou, parecendo muito preocupada. Durante o trajeto, Lizie foi ajudando Jony a caminhar, enquanto olhava de esguelha para Dave. Nunca ia esquecer aquilo, de Dave ignorando seu medo e indo ajudá-la a combater os dementadores, de fato, se não fosse por ele, Lizie não teria motivação para realizar seu Patrono.
-Papoula... Cuide deles sim? Foram atacados por dementadores dentro dos terrenos, daqui de Hogwarts! Felizmente Lohans e Monteiro afugentaram os dementadores, mas todos estão muito abalados... Preciso ir falar com Dumbledore! – disse McGonagall apressada, já desaparecendo pela porta da Ala Hospitalar.
- Dementadores? Mas isso é inacreditável! – sussurrava Madame Pomfrey horrorizada.
Ela deitou Howd em uma cama, Jony em outra, e forçou Dave, Lizie e Bella a descansarem também. Lizie ainda estava muito agitada, e ficou sentada na sua cama, comendo uma enorme barra de chocolate, enquanto observava discretamente Dave comer seu chocolate. E Bella, como ela realizou o Patrono com tanta perfeição? Com certeza essa garota tinha muitos segredos. Jony comia devagarzinho uma barra de chocolate maior que a dos outros três. E Caroline Howd finalmente acordara, e estava muito agitada, e não parava de olhar para os lados como se receasse que os dementadores aparecessem a qualquer momento.
Mais ou menos uma hora depois do ataque, Lizie insistia para Madame Pomfrey deixá-la ir embora, quando Dora Dilys e Bob Taylor apareceram na Ala Hospitalar, parecendo muito preocupados. Dora se dirigiu á cama onde Lizie estava, e Bob na cama do lado oposto, onde Dave estava.
- A escola toda já está sabendo do ataque dos dementadores! Muita gente viu pelas janelas... Mas eu soube agora, enquanto tomava café da manhã, pelo Thomas, que jurava que ter visto um patrono em forma de dragão de uns três metros! Eu acho que ele estava mentindo, nunca ouvi falar de patronos em forma de dragões! E o outro uma onça-pintada! Acho que ele estava só querendo me impressionar, mas quando ouvi que você estava no meio, vim correndo pra cá! Soube que Dumbledore está muito preocupado, e foi visto saindo do castelo agora á pouco, provavelmente foi ao Ministério tirar satisfações... – contou Dora baixinho para Lizie, e observava atentamente á amiga, como se tivesse medo de que a qualquer momento a grifinória fosse desmaiar.
- O meu patrono é um dragão de uns três metros que lembra um Rabo-Córneo húngaro. Thomas não podia estar mentindo. E o de Bella Monteiro realmente é uma onça-pintada. Fomos nós duas que afugentamos os cinco dementadores. – rebateu Lizie bruscamente.
- Me desculpe, eu não sabia... Uau! Você nunca me disse que sabia fazer o feitiço do Patrono e que seu patrono era um dragão! – retrucou a lufana, com as mãos na boca.
Lizie não pode resistir, e desviou o olhar para Dave rapidamente, e viu que ele cochichava agitado com Bob.
- Então é verdade mesmo? O patrono da Lizie é um dragão? Nossa... E eu não sabia que a Bella era capaz de produzir um Patrono, ela nunca demonstrou saber muita coisa, não é? Mas eu entendi direito... Lizie e aquele Serpen estavam de mãos dadas, juntinhos, no maior clima antes dos dementadores chegarem? Então sorte sua os dementadores terem chegado Dave... Não ia demorar muito e logo, logo ia rolar alguma coisa ali... To brincando cara! Relaxa! Também não gosto dos dementadores! Quem é que gosta? Mas você devia deixar seu orgulho de lado e ir falar com ela de novo... Você não devia ter discutido com ela ontem! Mas essa Lizie vai ser uma bruxa poderosa hein? Na idade dela, realizar um patrono desses... E ela não é nascida trouxa? É claro que é! Parece que essa Lohans esconde muitos mistérios...
- Chega de visitas! Eles não podem ficar agitados. Se acalme senhorita Lohans! Mais umas duas horas e vocês três já estão liberados! Já o Sr. Serpen e a Srta. Howd vão ter que ficar mais um tempo... E srta. Tonkson, já pode ir embora, foi só o choque de ver os dementadores, você não tem nada! – anunciou Madame Pomfrey. Agora que Lizie percebera que em uma cama no canto na Enfermaria, estava Gabriela Tonkson, que estava lá fora quando os dementadores vieram, mas saiu correndo. Parecia muito assustada, e foi embora rapidamente, evitando encarar os outros. Madame Pomfrey expulsou Dora e Bob bruscamente.
Á porta da Ala Hospitalar, Bob e Dora conversavam baixinho.
- Nós temos que ajudar esses dois! É sério! Os dois se amam, mas parece que tudo conspira contra eles! Tudo o que temos que fazer é dar um empurrãozinho nas circunstâncias... – explicou Bob sorrindo marotamente.
- Eu acho que eu não devia estar contando isso, mas... Lizie me contou que nunca tinha conseguido realizar um patrono corpóreo, é a primeira vez! E sabe no que ela pensou? Em Dave! Tá na cara! E eu já sei o que nós vamos fazer pra ajudar esses dois... – conspirou Dora, sorrindo também. - É o seguinte, amanhã a Grifinória tem treino de Quadribol...


- Vamos logo Dora! Vou me atrasar pro treino! – apressou Lizie, enquanto ela e a lufana iam para o estádio de quadribol. Estava ventando muito, e o tempo ainda estava nublado, e as duas amigas seguiram rapidamente para o treino de quadribol da Grifinória.
- Olha, o Bob também veio, e o Serpen, e aquela... Bem aquela Howd. Olha, Bella Monteiro está acenando pra você! Viraram amiguinhas é? – perguntou Dora fingindo ciúmes.
- Ela é legal sim, não implica. Agora eu tenho que ir! Até mais! E me espere no final do treino! – se despediu Lizie, e quando a grifinória se virou, Dora conseguiu pegar a varinha de Lizie, que continha uma pena de Grifo, 23 cm, azevinho com carvalho. Dora se dirigiu para as arquibancadas e se sentou ao lado de Bob.
- E então? Pegou a varinha dela? – perguntou Bob ansioso, e sorriu quando viu a lufana lhe mostrar discretamente a varinha da grifinória. – Eu também consegui pegar a do Dave, quando ele estava distraído reclamando que a Howd não largava do seu pé. Vamos ter que cuidar para que essa sonserina não estrague tudo! E o Serpen também! Ela e o Serpen provavelmente vão ir até o vestiário no final do treino, então vamos ter que cuidar deles...
O treino transcorreu tranquilamente, os jogadores estavam jogando otimamente, empenhados em dar o máximo de si, pois o próximo jogo era contra a Sonserina, e todos sabem que Grifinória e Sonserina são inimigas. Bella resolveu agir. Tinha escutado Bob e Dora armarem um plano, e a corvinal decidiu ajudar... Caroline Howd estava sentada junto com Jony Serpen, num canto afastado de Bob, Dora e Bella, nas arquibancadas. Eles eram os únicos que estavam assistindo ao treino.
A corvinal estava nervosa, ia ser difícil azarar os dois ao mesmo tempo antes que um deles percebesse. Aproximou-se dos dois, o vento batendo no seu rosto e balançando seus longos cabelos negros, foi quando apontou sua varinha para Caroline, aproveitando que os jogadores da Grifinória estavam de costas:
- Estupore! – o feitiço atingiu em cheio a sonserina,que escorregou pelo banco e caiu no chão. Mas olhou surpresa para Jony, que caiu estuporado também. A corvinal olhou para o lado confusa, e viu Bob Taylor com a varinha ainda apontada para Jony.
- Parece que tivemos a mesma idéia, não é? – sussurrou Bob sorrindo. – Então, você também faz parte do clube “Lizie e Dave Fiquem Juntos Logo”? – brincou o corvinal.
- Parece que sim. Não sabia que tinha mais gente! – riu a garota. Estava arrependida de ter ficado com Bob só pra tentar fazer ciúmes em Jony, nunca mais iria usar as pessoas assim.
- Então bem-vinda! Me ajude a esconder eles... Talvez seja melhor deixar eles dentro do castelo, ou vão ficar aqui fora a noite inteira! – pediu Bob, e os dois corvinais foram até o Saguão de Entrada, levitando os dois sonserinos, e esconderam os dois atrás de uma armadura. Bella se sentia muito mal fazendo isso com Jony, mas era necessário... Quando chegaram ao estádio de quadribol novamente, Dave já estava guardando os balaços, enquanto o céu escurecia e a lua brilhava.
- Vamos logo Bob! Os outros jogadores já estão indo, agora quem está no vestiário é só o Dave e a Lizie! – alertou Dora agitada, e ela e o namorado foram até a porta do vestiário. Dora apontou sua varinha para a porta e a trancou magicamente. – Agora vamos ficar aqui um pouco e esperar! Vai demorar um pouco até eles conseguirem sair daí sem varinhas!


Ao final do treino, Lizie se encaminhou para o vestiário, e se demorou, esperando Dave chegar. Agora todos os outros jogadores já estavam indo para o castelo, quando finalmente Dave chegou. O garoto tentou esconder sua surpresa, aparentemente demorou só para não encontrar Lizie.
- Ótimo treino, Lizie, aquele gol que você marcou agora no final foi espetacular! – elogiou Dave, tentando desviar do assunto que a grifinória provavelmente queria falar.
- Obrigada. Olha, Dave eu só queria agradecer por ontem, não tinha tido chance ainda, mas ontem, quando os dementadores apareceram, foi realmente muito corajoso de a sua parte ter ido me ajudar. – agradeceu Lizie quase num murmúrio, sentindo sua face esquentar.
- Ah, aquilo, não foi nada... Eu nem ajudei realmente, nem consegui realizar o Patrono, eu que devia agradecer, você salvou á todos nós, a mim e a Caroline... – disse o garoto, mas logo se arrependeu de ter mencionado a sonserina, e Lizie pareceu furiosa a simples menção desse nome.
- Tinha esquecido, é claro, eu ajudei também a sua querida Caroline, você nem se importou com o fato de que eu fui atacada por dementadores! Claro que não! O que importa é que essa sonserina ficou á salvo! Você é mais insensível que um trasgo Warty! – explodiu a garota furiosa, fixando seus olhos verdes marejados de lágrimas em Dave. Automaticamente, sua mão procurou a varinha no bolso, mas descobriu que ela não estava ali. Foi até a porta mas teve uma desagradável surpresa: a porta estava trancada.
- O que você tem contra a Caroline hein? Não pode ser porque ela é da Sonserina, porque o seu namoradinho Serpen também é da Sonserina! – vociferou Dave.
- Ah! Você não sabe é? Então não sou eu que vou te contar! Não se faça de bobo! E pare de falar que o Jony é meu namorado, porque ele NÃO É! – soluçou Lizie, agora com o rosto todo vermelho de raiva, e lágrimas saltando de seus olhos verdes.
- Ah não, imagina! Você e o Serpen são só amigos! – ironizou Dave, vermelho feito um pimentão também.
- Com licença... Desculpe interromper essa agradável conversa, mas é que nós temos que ir Dave. – interrompeu Bob Taylor, que veio seguido de Dora Dilys, que tinham acabado de abrir a porta do vestiário.
- Vamos Lizie... – sugeriu Dora timidamente. E a lufana lhe entregou sua varinha murmurando alguma coisa como “você deixou ela cair”.
Lizie seguiu decidida a lufana para fora do vestiário, sem nem sequer olhar para Dave e muito menos se despedir. E Dave e Bob esperaram uns minutos antes de irem também, para não ter perigo de encontrarem as garotas.


Dora acompanhou Lizie até o retrato da Mulher Gorda, e se despediu apressada. Lizie sabia que ela ia falar com Bob. A Torre da Grifinória estava lotada, e logo a garota de cabelos castanhos foi bombardeada de perguntas pelos colegas da Grifinória, sobre o ataque dos dementadores, muitos vieram para dizer que estavam impressionados com o seu patrono e dizer que foi incrível o modo como ela afugentou os dementadores, outros perguntarem se era verdade que seu patrono era uma dragão... Mas Lizie seguiu direto para o dormitório para não precisar responder ás perguntas e, principalmente, para não encontrar Dave.
Como de costume, Lizie vestiu seu pijama e sentou no parapeito da janela do dormitório, observando a chuva começar a molhar os terrenos de Hogwarts. Mais uma vez a garota se descontrolara, enquanto tudo o que queria era ter uma conversa descontraída e animada, como costumava fazer com Dave á algum tempo atrás. Mas seus devaneios que envolviam Dave foram interrompidos quando uma coruja com as penas meio alaranjadas , toda encharcada bateu na janela. Lizie se apressou e abriu a janela e a coruja voou rapidamente para dentro, se sacudindo.
- Porque você não veio com as outras corujas de manhã? – perguntou Lizie, para ela mesma, porque a coruja não iria responder. Amarrado na coruja, tinha um pequeno embrulho roxo e um envelope dourado, destinado á Lizie. A garota o retirou da coruja, e em seguida ela saiu voando, enfrentando a chuva. Ao tocar o embrulho, as pontas dos dedos de Lizie formigaram, e um calafrio lhe arrepiou os cabelos da nuca. Abriu-o curiosa, com as mãos trêmulas, mal sabendo por que tremia. Dentro de uma caixinha púrpura, estava um colar, com o cordão de prata. Mas o que mais chamava a atenção era o pingente. Era uma estrela de sete pontas, que brilhava intensamente, um brilho que se assemelhava com o próprio brilho das estrelas... A estrela brilhou mais intensamente quando Lizie a tocou, e depois o brilho diminuiu um pouco. Dava para sentir uma magia muito poderosa e antiga emanar daquela estrela de sete pontas... O que seria aquilo? Quem lhe mandara? Sem dúvida, tinha uma beleza fascinante e misteriosa. Sem pensar se seria perigoso ou arriscado, Lizie colocou o colar no pescoço. Pulou do parapeito da janela, e foi se examinar no espelho. A garota viu sua imagem refletir, sem dúvida, aquele colar parecia ter sido feito especialmente para ela, parecia ao mesmo tempo poderoso e belo.
Uma garota entrou no dormitório e Lizie enfiou o colar por dentro da blusa e escondeu o envelope debaixo do travesseiro. Ela murmurou boa noite e caiu na cama. Lizie foi até a sua cama e puxou as cortinas, verificando se estava bem escondida. Foi então que voltou suas atenções para o envelope dourado. Dentro, havia um pedaço de pergaminho. A letra era redonda e caprichosa, mas pareceu ter sido escrito ás presas:

“Lizie Lohans
Está na hora de lhe dar o que é seu por direito. É uma herança de família, ele irá te proteger, por isso, use-o bem. Você irá precisar, tempos difíceis virão. O ataque dos dementadores é apenas o começo. Espero sinceramente que esteja bem. Tome cuidado.
D.A.L.”


Lizie leu e releu essa breve mensagem pelo que lhe pareceu centenas de vezes... Quem seria D.A.L.? E como poderia ser uma herança de família? Pois aquele artefato com certeza possui propriedades mágicas, e sua família inteira é trouxa. Ela examinou o colar atentamente. Não parecia ser alguma coisa maligna ou que iria lhe fazer mal, mas achou melhor não usá-lo por enquanto. Ele emitia um brilho prateado magnífico, e a grifinória achou difícil abandoná-lo e guardá-lo em segurança no seu malão, juntamente com a carta de D.A.L. Iria mostrar somente para Dora. Alguma coisa lhe dizia que não deveria sair espalhando isso por ai. Finalmente conseguiu adormecer, pensando de onde viera esse colar, quem seria D.A.L., na briga que tivera com Dave e nas palavras daquela velha, alguma coisa lhe dizia que o que a velha tinha lhe dito tinha alguma ligação com esses misterioso colar e com D.A.L.














Está aí outro capítulo, esperam que tenham gostado ^^
E comentem, é a maior motivação para o escritor \o/

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.