Hogsmeade e a velha misteriosa



Lizie apenas fingia que estava prestando atenção na explicação do professor Lupin sobre lobisomens, olhando fixamente o professor, mas com os pensamentos longe...
Dora lhe dá um beliscão no braço, murmurando freneticamente:
- Então o que aconteceu na Festa do Slugh? Desculpe se a gente nem se viu, mas eu praticamente não sai do dormitório, estava com uma gripe horrível – justificou a lufana - E você está classificada para a segunda fase no Campeonato dos Duelos? Mas que pergunta, é obvio que sim...
Com um longo e triste suspiro, Lizie cochichou para Dora todos os acontecimentos desde sexta, da Festa do Slugh, até segunda, do teste de Astronomia, pois segunda-feira a lufana faltara por causa de uma febre que não cedia.
- E agora ele ainda está saindo com essa sonserina Howd, pois vi os dois hoje no final da aula de Feitiços de mãos dadas, conversando animadamente. - acrescentou Lizie.
- Mas isso é impossível! – protestou Dora, batendo o pé. – Ah Lizie, pelo jeito você passou todos esses dias triste, não foi? Se eu não tivesse no dormitório, encamada por causa de uma febre besta, eu poderia ter te ajudado. Mas não fique assim, tudo vai dar certo. – consolou Dora, com uma expressão mais leve no rosto.
- Ah e esqueci de te contar, Bella Monteiro veio falar para mim que sabia que eu gostava do Dave, e me ofereceu ajuda pra qualquer coisa que eu precisasse, que estava indignada pelo que o Warty fez... Dá pra acreditar? Ela veio assim, toda simpática, mas ela estava sendo sincera. – informou a grifinória calmamente.
- Mas essa Monteiro não presta, lembra o que ela fez depois do jogo Grifinória versus Corvinal? – teimou Dora, ainda espantada com a notícia.
- Ah, ela deve ter se arrependido amargamente, e todas aquelas detenções? E aquelas marcas horríveis que eu deixei no rosto dela? Ficou mais de uma semana, e soube que os pais dela foram chamados aqui no castelo também... – riu Lizie disfarçadamente, deixando um sorriso enviesado no rosto, e a grifinória se surpreendeu, desde a Festa do Slugh ela não sorria assim. Dora estava ao seu lado sufocando risadinhas, com as mãos cobrindo a boca. Em seguida, Lizie olhou disfarçadamente para Dave, que estava absorto na explicação do professor Lupin.
- Ah não, fala sério, aquele Thomas tá olhando pra mim de novo, vai Lizie, senta um pouquinho mais pra lá pra tapar a visão dele... – mandou Dora, soltando um muxoxo de impaciência.
- Ele ainda não parou de te importunar? Mas Brige deve saber que você tem namorado, e que ele é Bob Taylor. Esse Thomas Brige é monitor da Lufa-Lufa né? – indagou Lizie, se esforçando para não rir diante da raiva de Dora, era muito engraçado vê-la irritada por causa do Brige. Dora apenas confirmou, se arrumando na cadeira para ficar mais escondida pela grifinória.
- Então, eu quero um pergaminho de um metro pelo menos sobre lobisomens para a próxima aula turma. Estão dispensados. – anunciou o professor, enquanto guardava suas coisas numa pasta. No meio da confusão de alunos saindo para os corredores, as duas bruxas se despediram, e Lizie rumou para a aula de Trato de Criaturas Mágicas, com a Corvinal.

Enquanto Hagrid explicava alguma coisa sobre Tronquilhos, Lizie olhava distraidamente para a Floresta Proibida, pensando se deveria realmente tentar se explicar para Dave, e se surpreendeu quando viu que o grifinório a observava.
- Muito bem, agora formem duplas, e vocês irão desenhar o tronquilho e descobrir o que ele come... – ordenou Hagrid, enquanto ia distribuindo um tronquilho para cada dupla.
- Posso fazer dupla com você? – pediu Bella educadamente para Lizie.
- Claro, vamos. – aceitou Lizie.
Enquanto isso, Dave Warty e Bob Taylor estavam um pouco mais atrás das garotas conversando entre murmúrios.
- Eu ainda não consigo acreditar, ela deu a entender que estava gostando de você na festa, e depois beija aquele sonserino? E ela vai a Hogsmeade com esse Serpen? Cara, tá difícil de acreditar, vocês pareciam ser feitos um pro outro, é sério, nunca pensei que diria isso... Mas ela já veio falar com você? Pelo menos tentar se explicar?
- Hum, não, digamos que eu nem dei chance. Depois da Festa do Slugh, ela ficou batendo na porta do dormitório uma meia hora, mas eu não queria falar com ela, eu estava arrasado. Na Sala Comunal, a gente meio que se evita, dá pra perceber que ela quer vir falar comigo, mas agora que eu quero que ela venha me dizer alguma coisa, qualquer coisa, até dizer que eu sou pior que um trasgo e que ela gosta do Serpen, ela parece que desistiu, e eu não sei como “iniciar” uma conversa... – explicou Dave amargurado.
- Ah, cara, eu não acredito! Se fosse qualquer outra garota você teria deixado se explicar, aposto que já não estaria nem mais ligando pra essa historia... Mas, tem uma coisa me intrigando. Por que você está saindo com essa sonserinazinha Howd hein? Pra fazer ciúmes na Lohans, pra dar o troco, ou só pra... Passar o tempo? Agora a pergunta que mais me intriga... Você realmente AMA a Lizie? Você ainda gosta dela... De verdade?
Dave hesitou. Olhou rapidamente para Lizie, que conversava entusiasmadamente com Bella, e sentiu seu coração acelerar, e ficou com um frio na barriga... Pensou bem antes de responder, escolhendo cuidadosamente as palavras enquanto oferecia alguma coisa que ele nem sabia o que era para um tronquilho furioso.
- Eu estou saindo com a Howd porque ela é legal, ela me entende sabe, não tanto quanto a Lizie mas... Digamos que a Howd é só mais uma companhia, eu consolo ela, porque ela gosta do Serpen, e ela me consola, por que... Bem, você sabe porquê.A Howd sabe que o lance entre a gente não é pra valer. Sabe, apesar de tudo isso, eu ainda gosto da Lizie sim... De verdade, como nunca gostei de outra garota na minha vida. Foi por isso que fiquei tão abalado com tudo isso. Eu amo Lizie Lohans. – declarou Dave, com a voz firme, mas baixinho pra ninguém mais escutar. Sentindo-se aliviado por expressar aquilo, de admitir aquilo. Á medida que Dave ia falando, Bob assumia uma expressão assustada, e ao final ficou boquiaberto, refletindo sobre tudo isso.
- Cara, é sério. Nunca te vi falar desse jeito e confesso que fiquei assustado. Você virou um romântico incurável, meus pêsames... – brincou Bob, exibindo um sorriso maroto no rosto. – Se o que você fala é sério, você devia tomar coragem e ir falar de uma vez com ela, antes que seja tarde demais... Mas tenha cuidado para não se machucar, talvez você ouça o que não esteja preparado para ouvir... - avisou Bob, agora sério novamente, mirando Lizie. – Á propósito, cara, na festa do Slugh, quando a gente se encontrou enquanto vocês dois estavam indo pro escritório do professor Slughorn, não fique bravo por eu estar dizendo isso, mas a Lizie estava maravilhosa, tipo, é sério, até me perguntei se ela a mãe dela não seria uma veela, ou se ela tinha usado poções de beleza, chegava de ser estonteante!
- Oh! Tira o olho! Mas ela estava realmente linda mesmo, maravilhosa, e duvido que tenha usado poções de beleza, ela é sempre linda, mas aquela noite... Fiz até papel de bobo quando vi ela... – admitiu Dave corando um pouco. – Você não acha estranho Lizie e Bella tão amigas assim? Ultimamente vi as duas juntas muitas vezes... Parecem se dar muito bem. – comentou Dave mudando de assunto rapidamente, antes que ficasse mais vermelho, e isso que o grifinório não corava por qualquer coisa.
- Eu também achei estranho. Garotas... Alguém devia escrever um manual sobre elas, e bem grosso. – sugeriu Bob sorrindo, e Dave forçou-se a sorrir também, enquanto olhava Lizie.
- Seria tudo mais fácil...

Era uma manhã fria e nebulosa de sábado, e muitos dos estudantes de Hogwarts se preparavam para ir para Hogsmeade, se distrair um pouco, principalmente os alunos do quinto e sétimo ano, que tinham mais deveres e responsabilidades que o normal por causa dos exames que ambos iriam fazer, os N.O.M.s e N.I.E.M.s.
- Hoje não ia começar a segunda etapa do Campeonato dos Duelos? – perguntou Dora distraidamente, enquanto tentava sem sucesso esquentar suas mãos nos bolsos da jaqueta.
- Vai começar a segunda etapa semana que vem, e como eu já estou classificada... Não preciso ir hoje. – respondeu Lizie, que estava na ponta dos pés procurando Jony. E sem querer viu que Dave e Caroline Howd estavam ali perto esperando para serem confiscados por Filch, muito próximos um do outro, para o profundo desgosto da grifinória.
- Hum, então até mais Lizie! O Bob tá vindo ali... – de despediu a lufana alegremente. – E não fique pensando o tempo todo no Warty! – acrescentou baixinho, sorrindo, e em seguida sai ao encontro de Bob, então a lufana de olhos brilhantes se atirou nos braços do loiro e o beijou demoradamente.
Lizie os observou com tristeza, mas Jony apareceu tão depressa ao seu lado que ela poderia ter jurado que ele tinha aparatado, mas se lembrou que uma vez ouviu Granger dizendo que não se podia aparatar nem desaparatar nos terrenos de Hogwarts.
- Oi Lizie. – cumprimentou o sonserino sem jeito, percebendo que a grifinória estava um tanto melancólica, e a surpreendeu olhando tristemente para Warty e Howd.
- Ah, oi Jony, nem te vi chegando... – desculpou-se ela.
- Então vamos indo? Eu quero dar uma passada na Dedosdemel antes de tudo, depois a gente vai aonde você quiser tá legal? – avisou Jony sorrindo, tentando animar a grifinória.
- OK. - confirmou ela, que já ia se dirigindo á Filch, que estava com um mau humor terrível, se é que é possível, mais que o normal.

Depois que os dois passaram por Filch, seguiram o caminho inteiro até Hogsmeade conversando um pouco de vez em quando, tentando se proteger do vento. Jony concluiu com tristeza que Lizie ainda devia estar magoada com ele, e estava mais arrependido do que nunca pelo que havia feito na Festa do Slugh, ainda mais que mesmo com um simples “Petrificus Totalus” que Lizie lhe lançou naquela noite, ele teve que ir para a Ala Hospitalar... Talvez toda a raiva que ela sentia tenha de algum modo se transferido para o feitiço, aumentado o seu poder... Não pode deixar de admirar a garota por isso.
- Olha só! Esses chocolates são deliciosos! Experimenta Lizie, vai! – insistiu o sonserino, mas Lizie parecia estar com a cabeça na Lua.
- Ah, são mesmo, mas eu não quero agora não,obrigada. – recusou ela educadamente.
- Então vai indo pro Três Vassouras que eu já te encontro lá, tenho que fazer uma coisa... – disse Jony que parecia muito decepcionado.
A grifinória apenas meneou a cabeça. – Eu te espero.
- Está bem... Eu queria te fazer uma surpresa mas...
- Então te espero aqui fora. – tranqüilizou-o a grifinória fixando seus olhos cor de oceano nos do sonserino.
Cinco minutos depois, Jony saiu da Dedosdemel com algumas caixas de doce, e os dois foram para o Três Vassouras, enquanto conversavam tranquilamente. Jony ficou aliviado por a grifinória estar conversando um pouco mais, era muito agradável estar na companhia dela.
No momento em que Lizie pos os pés dentro do Três Vassouras, sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha, e uma agradável sensação de frio na barriga. Dave Warty estava ali. Mas estava acompanhado de Caroline Howd. Os olhares dos dois se encontraram por um momento, mas Lizie desviou rapidamente o olhar sentindo um calor pela face. Jony teve o cuidado de escolher a mesa o mais longe possível da que Dave estava.
Lizie agora conversava mais descontraidamente com Jony, embora desejasse ardentemente estar conversando assim com Dave. De fato, sempre que conseguia afastar seus pensamentos de Dave, seus olhos corriam automaticamente para o grifinório. Ela se repreendeu por isso, mas não conseguia evitar. A bruxa queria desesperadamente ter uma conversa bem franca com o garoto, lhe explicar tudo. Mas a simples presença daquela sonserina ruiva a irritava profundamente, sentia raiva do grifinório por ele estar saindo com aquela ruiva. Mas mesmo assim, não conseguia deixar de gostar de Dave.
- Olha Lizie, eu comprei pra você lá na Dedosdemel... – murmurou Jony, enquanto lhe entregava uma caixa em forma de coração com chocolates, Lizie mal reparou que Jony corava furiosamente, e quando voltou á realidade percebeu que a caixa era em formato de coração, e sentiu um súbito calor, sabia que devia estar muito vermelha agora...
- Jony, Jony, você não devia estar fazendo isso... – replicou a garota. – Mas mesmo assim obrigada. São os meus preferidos. – acrescentou ela educadamente, sorrindo. Lançou um rápido olhar para Dave, e viu que o grifinório observava a cena, então ela rapidamente guardou a caixa na bolsa. Jony suspirou aliviado.
- Ainda bem que você gostou... Não vai me azarar novamente tá? Madame Pomfrey não agüenta mais me ver na Ala Hospitalar... – avisou Jony sorrindo. Lizie teve que sorrir também, já perdera as contas de quantas vezes mandara Jony Serpen para a Ala Hospitalar.

Algumas mesas longe dali, Dave conversava com Caroline Howd, enquanto bebericava sua cerveja amanteigada. Olhava furtivamente á todo o instante para a mesa onde uma garota de cabelos castanhos e olhos verdes, que Dave achava lembrar muito o oceano, e um irresistível perfume de rosas, conversava com um garoto de cabelos castanhos e olhos igualmente castanhos.
- Hum, Dave, você ainda está aqui? – chamou Caroline sorrindo docemente.
- O que? Hãm, estou. – afirmou Dave debilmente.
- Então, o que você acha de darmos uma passada na Casa dos Gritos? Me dá arrepios mas é fascinante! – repetiu Caroline pacientemente.
- Só vamos esperar um pouco mais. – confirmou Dave, querendo ficar ali o máximo de tempo possível, observando Lizie.
Então Dave congelou quando viu que Jony discretamente deu uma caixa de bombons em forma de coração para Lizie, que ficou vermelha instantaneamente. O que esse sonserino estava pensando? Era muita ousadia da parte dele, isso era. Ele ferveu de raiva por dentro. Disfarçou como pode, e se virou de costas e começou a iniciar uma conversa sobre suas férias com a sonserina, para não ver aquela cena. E por que Lizie não o estuporou, enfeitiçou, deu um soco, imobilizou o sonserino? Qualquer coisa... Lizie não podia ter aceitado. A tristeza e a raiva se misturaram dentro de Dave, que sai dali com Howd em seus calcanhares.

Vendo que Dave saiu transtornado dali, Lizie não precisou pensar muito para saber o motivo: Ele devia ter visto Serpen lhe entregar a caixa de bombons.
- Vamos dar uma volta? – sugeriu Lizie, enquanto terminava de beber sua cerveja amanteigada.
- Ótimo, aqui está muito cheio... – concordou Jony esperançoso.

Bella Monteiro estava numa mesa num canto do Três Vassouras, e notou que Dave e Caroline saíram dali, mas devia esperar... Foi quando viu instantes depois, Lizie e Jony levantarem para sair também. Ficou furiosa quando viu que Jony deu uma caixa de bombons para a grifinória... Mas a corvinal tinha que se controlar, e saiu logo atrás deles, para por seus planos em ação, e tentar ajudar Lizie e Dave a fazerem as pazes logo de uma vez.

Decidiu seguir Lizie e Jony primeiro, e felizmente nenhum dos dois notou a corvinal os seguindo. Depois de andarem um pouco, Lizie entrou numa das lojas de Hogsmeade, que continha uma imensa variedade de penas, e Jony ficou do lado de fora. Bella respirou fundo, aquela era a oportunidade perfeita... Ela se dirigiu para um beco, muito próximo da loja, com o coração aos saltos, e chamou, disfarçando a voz com um feitiço muito útil:
- Ei Serpen! – E Jony ficou muito curioso, e exatamente na hora em que o sonserino pôs os pés no beco, Bella apontou sua varinha para o garoto, e antes mesmo que ele visse quem era, caiu estuporado.
Com um gesto da varinha, Bella levitou o garoto e o escondeu atrás de uma lata de lixo.
- Pronto. Agora até ele acordar a Lizie já deve estar com o Warty... – sussurrou Bella, falando sozinha.
Lizie saiu da loja com duas penas novas, e finalmente notou ausência do sonserino:
- Jony? – chamou ela confusa. – Deve ter ido pra algum lugar e me deixado! Ele devia ter me avisado... Que coisa estranha... – pensou Lizie, ainda confusa. Por que ele ia deixá-la sozinha? Sendo que ele queria muito ir com ela a Hogsmeade? Isso era decididamente estranho, mas ela não se preocupou muito... Ela estava precisando mesmo ficar um tempo sozinha.

Bella não precisou procurar muito, e avistou Warty e Howd, seguindo para o Madame Puddifoot. Aquilo era um mau sinal, pois ali era um pub em que normalmente só casais freqüentavam. Mas a sorte parecia estar ao lado da corvinal, pois logo quando entrou no pub, Caroline foi até o banheiro deixando Dave sozinho numa mesa. Ela seguiu imediatamente para o banheiro, e antes que a sonserina visse alguma coisa, caiu estuporada.
Bella saiu dali o mais rápido possível, não era bom ela ser vista... Mas com uma súbita inspiração, se dirigiu até Dave.
- Olá Warty. Achei melhor te avisar que a Howd acabou de ir embora, disse que não estava se sentindo bem. – informou ela bruscamente. Como daquela mesa não tinha como ver nem a porta do banheiro, nem a porta da saída...
- Ela devia ter me avisado. Mas mesmo assim obrigado Monteiro. – agradeceu ele educadamente, franzindo a testa, aparentemente tentando compreender o que estava acontecendo.
- E tem mais uma coisa que devia saber. Lizie Lohans anda muito triste, esses dias, você deve saber o porquê... Até mais Warty. – se despediu ela alegremente. Cumprira sua missão, agora era só esperar.

Lizie nunca explorara muito a vila de Hogsmeade, e para por os pensamentos no lugar, ela resolveu explorar um pouco a vila. Ela nem via para onde estava indo... Será que Dave ainda gostava dela? Isso, pensou com tristeza, se ele gostou um dia.
Até que Dave foi varrido dos seus pensamentos, quando um casebre de aspecto muito velho lhe chamou a atenção. Era uma lojinha realmente estranha, onde cartas de baralho, todo o tipo de ervas, bolas de cristal, e outros artigos de Adivinhação eram vendidos. Um letreiro caindo aos pedaços balançava perigosamente, onde podia se ler apenas “Sra. Melody” com uma letra cheia de floreios.
Lizie se sentiu estranhamente atraída pela pequena loja, que ela nunca havia visto ou ouvido falar. Um calafrio lhe percorreu todo o corpo, e a grifinória olhou automaticamente para trás, e quando se virou novamente, concluindo que estava imaginando coisas, viu que uma senhora com um aspecto muito mais velho do que a própria loja saia do casebre e vinha em sua direção.
Seus cabelos prateados estavam presos num nó, um chapéu negro estava equilibrado no topo de sua cabeça, seu vestido carmesim cheirava fortemente á mofo, e sua capa escura era muito velha e surrada. Mas ela tinha um inexplicável ar de alegria, euforia, enquanto mancava vindo na direção de Lizie. Ela tinha uma aura de inegável sabedoria e birutice. Seus olhos negros e profundos estavam fixos em Lizie.
- Muito bom dia senhorita. Tenho esperado por muito tempo para nos encontrarmos... Com certeza mais tempo do que imagina. – sua voz era doce e melodiosa, e Lizie ergueu as sobrancelhas, aparentemente sem entender o que estava acontecendo.
- Bom dia... Desculpe-me, mas por que a senhora esperava por mim? Eu não conheço a senhora, que eu me lembre... – falou Lizie educadamente. A velha lhe deu um sorriso misterioso, e acenou:
- Vamos, entre um pouco! – convidou ela, Lizie até queria lhe agradecer, dar as costas e ir embora, mas não era possível. Aquele convite parecia irrecusável. Antes mesmo de se dar conta do que estava fazendo, a garota já acompanhava a velha para o casebre.
- Você não tem idéia, senhorita, o seu destino, com certeza é muito interessante... Não preciso de bolas de cristal ou qualquer outra coisa para saber disso. Você terá que passar por provações terríveis... Mas vejo no final uma grande glória... E felicidade. – disse ela repentinamente, Lizie achou incomodo aqueles olhos profundos fixos nela, desejava que a velha parasse de olhar para ela... Mas o que ela estava dizendo? Que ela tinha um destino terrível, e que teria grande glória... Para não encarar a velha, fingiu estar interessada em um manual de Adivinhação, de aspecto muito velho, como tudo na loja.
- O quê? Hãm, me desculpe, mas o que isso significa? Não consigo entender como a senhora sabe dessas coisas assim. – contrapôs Lizie, o mais educadamente possível.
- Não posso lhe revelar, mas se eu te contasse você acreditaria? Ora, as coisas são muito mais complicadas do que parecem, senhorita Lohans. Já sei disso á muito tempo, e quando pus os olhos na senhorita, soube que era sobre você, esses sonhos que me atormentam á anos... Sei do seu destino muito antes de você nascer, ou saber que era sobre você... – disse a velha enigtimaticamente, com um sorriso misterioso nos seus lábios finos. Isso cada vez ficava mais confuso, talvez aquele aroma de ervas na loja ajudassem a confundir também.
- Olha, desculpe, senhora... Melody não é? – a velha confirmou. – Eu lhe agradeço a atenção, mas... Como a senhora sabia o meu nome? – parou Lizie de repente, encarando a velha. Ela lhe deu mais um sorriso misterioso e sussurrou:
- Sei mais sobre você do que imagina. Mais do que você própria sabe sobre você.
- Eu preciso ir. Adeus. – se despediu Lizie, agora decididamente assustada com tudo isso, e sai o mais rápido que pode dali, esperava que a velha fosse impedi-la. Já com a varinha na mão, mas ela não fez qualquer sinal de que iria impedi-la, e a deixou sair dali.

A grifinória são sentia a menor vontade de continuar ali em Hogsmeade, aquela velha era muito estranha, toda essa conversa sobre seu destino a deixou muito assustada. Será que era mesmo verdade? Tudo o que ela disse? Deve ser só mais uma velha charlatã como a Trelawney, ela parecia mesmo maluca, pensou a garota, tentando se acalmar, mas sabia que bem lá no fundo, acreditava que aquilo era verdade. Alguma coisa adormecida dentro da garota, lhe dizia que aquilo era verdade. Mas como poderia?
Agora a garota estava em frente ao retrato da Mulher Gorda. Ela estava cochilando. Lizie pigarreou para acordá-la.
- Sangue de Dragão. – disse Lizie firmemente, mas a Mulher Gorda respondeu com um sorrisinho:
- A senha mudou.
- Mas como pode ter mudado? Hoje quando eu sai a senha era Sangue de Dragão!
- Mas mudou. Só entra se souber a senha. A senha estava fixada no quadro de avisos.
Lizie resmungou alguma coisa inteligível. Ela não olhara o quadro de avisos na Sala Comunal. Mas nesse exato momento, a garota sentiu um frio na barriga, que parecia congelar suas entranhas, quando Dave se aproximou.
- Hum... Oi. – sussurrou Lizie timidamente.
- Oi, olha Lizie, eu queria falar com você. – disse ele decidido.
- Dá pra dizer a senha? Eu não sei a nova. – interrompeu Lizie, tomando cuidado para não olhar para o garoto.
- Ah, Focinho de Porco.
- Certamente. – e a Mulher Gorda girou o retrato.
- Até mais. – se despediu ela rapidamente. Não sentia a menor vontade – muito menos coragem – de conversar com Dave agora, sobre tudo aquilo... Se isso fosse á umas horas atrás, ela teria ficado aliviada por ele ter vindo falar com ela. Mas agora não, aquela velha lhe dera muito no que pensar. E Dave, em Hogsmeade com aquela sonserina... Mas seu ânimo afundou, quando Dave lhe seguiu, atravessando o retrato também.
- Desculpe. Lizie, eu queria falar com você agora. – disse o grifinório sem jeito, com a voz vacilante. Respirou fundo, olhando discretamente para ver a mão de Lizie, para ver se ela segurava a varinha. A garota deu um longo suspiro, mas silenciou, aparentemente pensando no que ia falar.
- Está bem, Dave. Não posso fingir que eu não queria isso. – começou a garota com seus olhos que refletiam o oceano fixos em Dave. Se essa era á hora, ela teria que ter coragem. Ela se largou na poltrona mais próxima da lareira, e Dave em outra. Lizie agradeceu silenciosamente que a Torre estivesse vazia, o que raramente acontecia.
- Lizie, hum, sabe, eu queria ouvir de você, não de outras pessoas, sobre o que aconteceu lá no dia da Festa do Slugh. Espero que seja sincera. – suspirou Dave. Aquele era o momento que ele estivera esperando. Não sabia ao certo se estava pronto para ouvir o que não queria.
A garota hesitou. Não sabia como começar, mesmo que á todo instante, desde o dia da Festa, ansiasse por aquele momento, mas ela simplesmente não sabia o que dizer. Corou diante do olhar fixo do grifinório, mas continuou olhando nos seus olhos.
- Aquilo que você viu, não é o que você provavelmente esteve pensando. Foi o seguinte, momentos antes de você sair do banheiro, o Jony apareceu de repente, e quando eu vi, ele veio pra cima de mim, e foi nesse exato momento que você chegou. Não deu tempo de puxar a varinha... Se não o teria feito em pedacinhos. Eu juro, juro que eu não queria fazer aquilo. – se explicou a grifinória, decidida a continuar olhando para Dave. Ela não conseguia definir o que ele estava pensando agora, seu rosto estava impassível. Mas antes que pudesse se conter, ela se lembrou, lá no Clube dos Duelos, de Dave de mãos dadas com aquela sonserinazinha, já no dia seguinte á Festa do Slugh. – Mas você não parece ter se importado, afinal, já não estava saindo com a Howd no dia seguinte?
- E você, gostou do presente que o seu querido Serpen lhe deu? Afinal, não parece estar zangada com ele, com o seu namorado, não é? – desdenhou Dave, o seu sangue parecia ferver, ela não pode ter lamentado tanto assim, afinal, estava saindo com o Serpen.
- Olha aqui, com quem eu saio ou deixo de sair é da minha conta, e não da sua, agora é melhor você correr pra consolar a Howd, ela deve estar sentindo a sua falta. – vociferou a grifinória, apertando a varinha com mais força, aquilo estava indo longe demais. Com muito esforço resistiu á vontade de lhe lançar uma boa azaração. Ele não tinha o direito de falar assim com ela. Se ele ao menos tivesse acreditado na garota... E Lizie se levantou bufando, se encaminhando para a escada que ia para o dormitório, enquanto guardava a varinha no bolso da jaqueta, se não iria acabar fazendo besteira. Mas tal foi a sua surpresa, quando Dave a segurou pelo braço, a impedindo de subir as escadas. Definitivamente, o garoto fora longe demais.
- Me solta, eu estou te avisando... – ameaçou ela, estava doida para que ele a desafiasse, aí sim teria mais um motivo pra lhe lançar um bom feitiço.
- Vai fazer o quê? Me lançar um feitiço? Eu ainda não terminei. – insistiu o garoto, aparentando ter mais coragem do que realmente sentia. Estava morrendo de medo de Lizie lhe azarar. Iria ficar uma semana na Ala Hospitalar, pela expressão de raiva da garota.
- Mas eu acho que já terminamos sim, Warty. Vá consolar a Howd. – retrucou Lizie, mas antes que pudesse puxar a varinha, Dave a soltou imediatamente, pulando para trás, como se tivesse se queimado no braço da garota. Até Lizie se surpreendeu. Ela não pegara a varinha, ela continuava ali, no seu bolso, longe das suas mãos. E subiu as escadas, fuzilando Dave com os olhos, que parecia confuso, assustado e bravo, tudo ao mesmo tempo.
Lizie largou a bolsa em cima da cama, e sentou no parapeito da mesmíssima janela, olhando a paisagem fria lá fora, agora as lágrimas escorrendo livremente pelo seu rosto.
Dave, ainda assustado, e muito deprimido, se sentou no chão em frente á lareira. Estraguei tudo, pensou o grifinório com desgosto. Agora ele também chorava, olhando fixamente para as chamas da lareira, pensando na discussão que acabara de ter com Lizie... Como aquele grifinório gostaria que tudo tivesse sido diferente...




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