Capitulo 9
CAPÍTULO IX
Quando o dia amanheceu, Hermione abriu os olhos e contemplou o perfil do homem que dormia a seu lado. Harry a despertara durante a noite para fazer amor outra vez, e a cada momento admirava-o mais. Jamais conhecera alguém que se preocupasse mais em dar do que obter prazer.
Claro que só houve Michael antes de Harry, e, embora a princípio pensasse que os dois fossem parecidos, não demorou a perceber que eram opostos.
Michael era um playboy, egocêntrico, sem nada na cabeça, que não se importava com nada a não ser com seu próprio desfrute, enquanto Harry era atencioso e sincero, tudo o que uma mulher poderia esperar de um companheiro.
Rolando para a direita, Hermione se levantou, recolheu suas roupas e caminhou em direção ao banheiro, para tomar uma ducha rápida. Levaria algum tempo até se acostumar à idéia de amar de novo, de confiar em outro homem.
Nem bem acabara de colocar os pés sobre o frio piso do boxe quando a porta de vidro se abriu e Harry entrou.
— O que está fazendo aqui? — perguntou, desconcertada.
Sob a luz do luar, na véspera, não se sentira tão constrangida. Mas agora era como se estivesse exposta sob a iluminação artificial do banheiro.
— Senti sua falta — respondeu ele, com um olhar insinuante.
Harry percebeu seu desconforto. Então, tomou-a nos braços e a beijou.
— Você é maravilhosa!
— Você também! — murmurou, reparando que não importava o tipo de luminosidade, natural ou artificial: Harry era perfeito.
Sem mais palavras, ele a soltou para pegar o sabonete. Esfregou-o nas mãos até obter uma espuma consistente. Em seguida, deslizou-o pelas costas de Hermione em movimentos circulares.
Encarando-a, surpreendeu-a com a intensidade do desejo que havia naquele olhar. Colocando o sabonete de volta na saboneteira, Harry envolveu-lhe os seios com as mãos ensaboadas e acariciou-lhe os mamilos com as pontas dos polegares.
Hermione gemeu pelos movimentos precisos e sensuais daquelas mãos. Jamais percebera como o simples ato de tomar uma ducha poderia se tornar tão erótico.
Harry massageou-lhe o corpo, provocando-a, acariciando-a, até alcançar o ponto mais sensível entre suas coxas, fazendo-a suspirar, deleitada.
Ondas de desejo incontrolável percorreram todos seus terminais nervosos, enquanto as mãos fortes e hábeis exploravam com avidez o centro de sua feminilidade. Sôfrega, ela afastou as pernas, facilitando o movimento dos dedos ansiosos.
Suas bocas se uniram num beijo longo e profundo. Hermione também queria senti-lo em toda a plenitude. Sem nenhum traço de timidez, afagou-o, com ousadia, pelas coxas musculosas, e mais além.
Harry não conseguia mais se conter.
— Temos de sair daqui. — Desligando o chuveiro, puxou-a para fora do boxe e fez com que se deitasse sobre o grosso tapete do chão. — Não posso esperar mais. Quero você agora...
— Ame-me, por favor! — implorou Hermione, afastando as pernas, convidando-o para uma carícia mais íntima.
Tomando-a pelos quadris, Harry amoldou-se às formas delicadas até penetrá-la, fazendo-a gritar. O contato eletrizante daquele corpo macio e a paixão expressa naquele rosto fizeram o coração de Harry bater numa cadência primitiva.
Os movimentos, a princípio lentos, se intensificaram num ritmo alucinante. A excitação que crescia como uma chama impelia-os a consumar o ato. Logo atingiram o ponto máximo da paixão num delírio de prazer.
Depois do amor, serenos e tranquilos, permaneceram lado a lado, exaustos.
— Está se sentindo bem, Hermione? Eu a machuquei?
— Lógico que não! Estou ótima. —Aninhando-se a ele, acrescentou: — Você é o homem mais incrível do mundo!
— Você é que é — murmurou, puxando-a para cima dele.
Contemplando os belos olhos castanhos de Hermione, Harry percebeu que poderia fazer amor com aquela mulher pelo resto da vida, e jamais saciaria a volúpia que ameaçava consumi-lo toda vez que estavam juntos. Aquela súbita constatação o assustou.
— Vamos nos levantar deste chão, antes que peguemos um resfriado. — Com um movimento ágil, ficou de pé e ajudou-a a erguer-se.
Em seguida, apanhou duas grossas toalhas no armário, enrolou uma nos quadris e passou a outra sobre os ombros dela. Mesmo tocando-a através do grosso tecido da toalha, seu corpo reagiu de imediato.
— Vou me vestir e dar um passeio com Baby — disse Harry, necessitando do ar gélido do exterior para ajudar a esfriar o calor que o consumia por dentro.
Hermione sorriu, e os joelhos dele bambearam.
— Acho que vou terminar o banho que alguém tão deliciosamente interrompeu.
— Eu não demoro. — Beijando-a na testa, apressou-se em deixar o banheiro antes que mudasse de idéia e a tomasse nos braços outra vez.
Três horas mais tarde, Hermione acariciava Baby, admirando a paisagem, distraída, enquanto Harry conduzia o carro pela estrada principal.
Odiava ter de deixar aquele paraíso. O lugar a fez lembrar-se de sua terra natal, o sul de Illinois, com seus inúmeros lagos e árvores exuberantes.
Imersa nessas conjecturas, de repente se deu conta de que não visitava a mãe adotiva fazia meses. Sentia falta de Molly, que fora a única pessoa no mundo que a tratara como filha. Se não fosse por Molly Weasley, com certeza não se transformaria na pessoa que era.
Fora abandonada quando tinha apenas dois anos, e passara por vários lares adotivos até chegar aos catorze, quando, enfim, fora morar com Molly.
Sorriu, terna, ao se recordar da mulher, que tinha um dom misterioso para julgar o caráter de uma pessoa, com precisão, nos primeiros cinco minutos de conversa. Ao ver Hermione, Molly percebera de imediato que, por trás daquela expressão fria e arrogante, havia uma adolescente insegura e carente.
Olhando para Harry, Hermione desejou saber o que Molly pensaria dele. Afinal, sua avaliação sobre Michael Delgado fora perfeita. Após vê-lo uma única vez, descreveu-o como um conquistador oportunista camuflado de cavalheiro.
— Posso saber qual é a graça? — Harry também sorria. Sem se dar conta de que rira alto da descrição de Molly sobre seu ex-marido, Hermione sorriu encabulada e deu de ombros.
— Estava pensando em Molly...
— Sua mãe adotiva?
Hermione assentiu.
— É uma pessoa incrível. Gostaria de poder vê-la com mais frequência.
— Ela mora muito longe? — Entrou na rodovia interestadual.
— A uns trezentos e vinte e cinco quilometros de Chicago, em Johnston City.
— Quantas vezes costuma ir vê-la?
— Duas ou três vezes por ano. — Hermione colocou Baby no chão entre os seus pés. — Costumo passar minhas férias com ela.
Recostando-se contra o assento, bocejou.
— Tenho pensado na possibilidade de fazer uma viagem até lá, quando o clima melhorar.
— Você parece cansada, querida. — Ele segurou-lhe a mão.
Hermione sorriu.
— É porque alguém me acordou no meio da noite e me fez perder o sono.
— Digamos que algo subiu e não queria descer, se é que me entende. — Numa demonstração de carinho, levou os dedos dela aos lábios e beijou-os. — Ainda temos mais de uma hora de viagem. Por que não tenta dormir um pouco?
— Acho que vou tirar um cochilo.
Como poderia dormir com Harry beijando-lhe a palma da mão daquele jeito, fazendo-a lembrar-se de como aqueles lábios talentosos agiram em outras partes de sua anatomia?
Decidindo que seria melhor não rememorar o que haviam compartilhado, cerrou as pálpebras e reclinou a cabeça para trás.
Era difícil ficar indiferente a toda aquela virilidade. Porém, embalada pela música suave que tocava no rádio, deixou-se levar pelo sono e dormiu. Os últimos pensamentos foram sobre Harry e o mais glorioso Dia dos Namorados de toda sua vida.
Na segunda-feira de manhã, Harry desligou o motor no estacionamento da Potter Tower, permanecendo segurando o volante, muito apreensivo.
Hermione deveria ter chegado vinte minutos antes. Ligara várias vezes para o apartamento dela e para seu celular, mas não obtivera resposta. Frustrado, não se preocupou em deixar uma mensagem.
Onde poderia estar? E o mais importante; será que estaria bem?
Quando voltaram do lago Genebra, na sexta-feira à tarde, Hermione encontrara uma mensagem do mecânico na secretária eletrônica, informando-a de que seu automóvel estava pronto. Embora não entendesse o porquê, Harry não gostava da idéia de vê-la dirigindo sozinha pelas ruas da cidade. Só de imaginá-la circulando, a trabalho, pelos piores bairros de Chicago, seu estômago contraiu-se.
Tentara convencê-la de que seria mais sensato utilizar apenas um carro, em vez de cada um dirigir o seu. Hermione retrucara, dizendo que ele teria de sair de seu caminho para pegá-la. Depois disso, seria tolice propor outro argumento plausível para continuar bancando seu chofer.
Por último, achou melhor mencionar o verdadeiro e único motivo: sua preocupação com a segurança dela. Mas já haviam discutido isso inúmeras vezes, e Hermione se recusara a escutar, desviando o rumo da conversa.
Conferiu o relógio mais uma vez. Trinta minutos atrasada. Onde poderia estar? Teria sofrido um acidente? Hermione e Amendoim estariam bem?
Enquanto permanecia sentado, decidindo se deveria ir procurá-la ou chamar a polícia para informar seu desaparecimento, avistou, através do espelho retrovisor, o carro de Hermione entrando na garagem. Aliviado, desceu depressa do Jaguar e caminhou em sua direção.
— Isso são horas?! — O alívio momentâneo transformou-se em raiva. — Onde, afinal, você se meteu? Já deveria estar aqui há trinta minutos.
Para aumentar ainda mais sua irritação, Hermione recolheu a bolsa e a pasta sem a menor pressa, antes de virar-se para encará-lo.
— Ora, não estamos de bom-humor esta manhã — disse, sorridente.
Empurrando-lhe o tórax com as mãos, saiu do veículo, fechou a porta e começou a caminhar para o hall dos elevadores.
— Bem, e aí? — Harry encurtou os passos largos para acompanhá-la.
— E aí o quê?
Enquanto esperavam o elevador, Hermione cantarolava uma melodia com uma expressão tranquila e despreocupada. Aquilo era demais. Harry ficou indignado.
— Eu estava aflito com a possibilidade de você ter se envolvido em um acidente... ou coisa pior.
— Mas que bobagem!
Hermione ignorava o mau humor dele de propósito. Harry tentou manter a fleuma, mas falava mais alto a cada palavra.
— Liguei para você várias vezes, mas ninguém respondeu.
— Ah, então era você? — As portas se abriram e ela entrou. — Deveria ter deixado uma mensagem.
Rangendo os dentes, Harry a seguiu.
— Quer dizer que estava em casa e não atendeu às ligações?
— Estava vestindo minhas meias-calças.
— Suponho que não lhe ocorreu parar e atender ao telefone — retrucou, abaixando o tom de voz, quando o elevador parou no décimo sétimo andar.
— Na verdade, sim. — Hermione saiu no corredor. Com passos firmes, caminhou em direção à sala de reuniões, sem explicar o porquê de não ter respondido.
— E? — exigiu ele.
— Não quis correr o risco de rasgá-las para atender a alguém que estivesse querendo me vender alguma coisa.
Hermione entrou na sala de reuniões e colocou a pasta sobre a mesa.
— Não lhe passou pela cabeça, nem por um instante sequer, que poderia ser eu? — Harry bateu sua pasta com força sobre a superfície de madeira polida.
Sabia que estava errado agindo daquele modo. Por isso, respirou fundo e tentou se acalmar.
— Pensei nessa possibilidade, Harry. Mas imaginei que, se fosse você, deixaria unia mensagem.
Ele não contestou. Apenas se aproximou dela, abraçando-a pela cintura.
— Mas que droga! — resmungou, beijando-a num impulso quase irracional.
Quando os lábios se uniram, Hermione soltou um gemido, e Harry aproveitou a oportunidade para introduzir a língua em sua boca.
Queria castigá-la pela aflição que lhe causara. Mas o gosto da boca morna, o aroma suave que emanava dela, bloqueou-lhe o cérebro, confundindo-lhe os sentidos.
— Deus do céu, você quase me matou de susto! Por favor, não faça mais isso, Hermione.
— Achei que soubesse que meu compromisso com Jennifer Anderson seria um pouco mais tarde.
Harry ficou pensativo por um momento.
— Não sabia. Quando você falou com Jennifer, eu estava no solário com meus pais.
— Sinto muito por deixá-lo preocupado, mas não tinha motivo para isso.
De repente, ouviu-se uma leve batida, e em seguida a porta se abriu.
— Desculpe-me por interromper, sr. Potter, mas a sra. Anderson está aqui e deseja falar com a sra. Delgado. Posso mandá-la entrar?
Antes que ele pudesse responder, Hermione interveio:
— Por favor, me dê mais cinco minutos e faça-a entrar, Fiona. — Voltando-se para Harry, sorriu e endireitou-lhe a gravata. — Apenas para que não sofra outro ataque de ansiedade, este será meu último interrogatório. A menos que haja algum acontecimento significante no caso, não voltarei à Potter Tower.
Harry sentiu um frio no peito, como se o chão desaparecesse sob seus pés. Não queria nem pensar que os interrogatórios tinham chegado ao fim. Sabia que isso aconteceria, mais cedo ou mais tarde. Porém, recusava-se a encarar o fato de não ter Hermione junto a si durante o expediente.
Julgando aquela situação inaceitável, apanhou a pasta.
— Falarei com você mais tarde. — Precisava de tempo para pensar. — Tem algum programa para o jantar?
— Não.
— Ótimo. — Com um gesto terno, beijou-lhe a ponta do nariz. — Que tal vir até meu apartamento? Vou preparar uma de minhas famosas lasanhas de legumes.
— Quer dizer que vai passar no restaurante de Mário e comprar uma.
Harry piscou.
— Eu digo que você lhe mandou um abraço.
Hermione observou-o cumprimentar Jennifer Anderson, enquanto segurava a porta para que ela entrasse. Em seguida, tornou a piscar para Hermione, numa expressão de cumplicidade, e afastou-se.
Sorridente, Hermione voltou a atenção para a jovem que caminhava em sua direção.
— Fico feliz por colaborar conosco. — Estendeu a mão para a bonita loira. — Espero que não se importe de interrogá-la aqui na Potter Tower em vez de fazê-lo no Solar da Costa do Lago.
— Claro que não. Isso me deu oportunidade de passar um pouco mais de tempo com minha filha, antes de deixá-la na creche, esta manhã.
— Qual a idade dela? — Hermione perguntou, conduzindo-a à mesa.
— Dezoito meses — afirmou a jovem, orgulhosa. Sorrindo, indagou: — E o seu? Quando é que vai nascer?
— Em agosto. Como soube?
Hermione foi pega de surpresa. Não tinha contado para ninguém a não ser para Harry. Antes que pudesse imaginar um método de execução para liquidá-lo, Jennifer falou:
— Voce tem aquele brilho no olhar que só as grávidas possuem.
— Oh, sim... — Hermione sentiu-se corar. — É por isso?
Jennifer fez que sim.
— O que prefere? Menino ou menina?
Hermione colocou a mão sobre o ventre.
— Uma menina.
— Era o que eu queria quando descobri que estava grávida de Sarah. Lógico que meu marido preferia um menino.
Hermione conhecia a história do oficial de polícia, marido de Jennifer, que morrera durante uma batida policial de repressão a drogas. Embora não o tivesse conhecido, compareceu ao funeral, como a maioria dos policiais de Chicago, para demonstrar apoio a um colega morto no cumprimento do dever.
— Como tem passado, sra. Anderson?
A jovem suspirou e fitou-a com uma expressão preocupada.
— Não é fácil criar um filho sozinha, sem ninguém para compartilhar as preocupações, os medos ou ajudar com os mil cuidados que um bebê requer.
Hermione não sabia o que dizer. Aquilo soava como uma advertência sobre a fase difícil que teria de enfrentar em breve.
— Tenho certeza de que não deve ser nada fácil.
Uma expressão sombria surgiu no semblante de Jennifer.
— Mas a pior parte é ter de ficar longe de Sarah enquanto trabalho. — Apressou-se a explicar: — Por favor, não me entenda mal. Adoro trabalhar para a sra. Potter. Ela é muito boa para mim. Mas odeio perder a infância de meu nenê.
— Você quer dizer os primeiros passos? — Hermione solidarizou-se com a dor dela.
Jennifer assentiu com um gesto.
— A primeira vez que Sarah tentou se erguer... os primeiros passos... as primeiras palavras.
Hermione não imaginava como se sentiria quando tivesse de deixar seu bebê com alguém, para ir trabalhar. Havia considerado a possibilidade de um serviço mais burocrático dentro da polícia, com uma carga horária menor. Contudo, mesmo assim ficaria afastada de sua criança por um longo período.
— Sinto muito por estar aborrecendo você. É muito duro tomar conta de um bebê sozinha, mas não tenho dúvida de que você conseguirá.
Assentindo, Hermione admitiu:
— Desejo muito ser mãe, mas ainda tenho muitas coisas para aprender.
Decidiu que precisava ponderar melhor sobre isso, quando chegasse em casa e pudesse dedicar-se àquele assunto.
— Bem agora o que pode me contar sobre o dia em que tentaram matar o rei Daniel? E abriu o bloco de anotações.
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