Capitulo 8



CAPITULO VIII


Harry fitou-a sob a luz tênue da vela e desejou saber como conseguiria reprimir o desejo quase incontrolável de tomá-Ia nos braços. Hermione estava deslumbrante, e era a mulher mais atraente que já conhecera.
Ela nem podia imaginar que o brilho suave da chama da vela o fez querer seu adorável corpo nu, deitado entre os lençóis. Nem tampouco perceber como a visão da boca perfeita, degustando um gole de champanhe, despertava-lhe uma vontade louca de provar os lábios carnudos... e beijá-los sem parar...
Hermione lambeu, com a ponta da língua, o licor do bombom de cereja que lhe escorreu pelos dedos. Harry suspirou fundo, contendo um gemido. Onde estava com a cabeça quando chamara Sam, o caseiro, e lhe perguntara se a sua esposa, Rosie, podia preparar um jantar de Dia dos Namorados para dois? O que o fez acreditar que poderia permanecer imune àquela situação? E como sobreviveria quando executasse a segunda fase de seu plano?
Harry não tinha nenhuma dúvida de que Hermione adoraria. Mas seu coração ainda estava acelerado devido ao beijo que trocaram horas antes. Se ela o beijasse daquele modo de novo, não estava certo se controlaria o ímpeto de carregá-la para o quarto e deliciar-se com cada curva, cada detalhe daquelas formas sensuais, pelo resto da noite.
Olhando a paisagem que se descortinava a sua frente, notou que o temporal havia cessado e as densas nuvens se dissiparam, permitindo que a lua e as estrelas projetassem um brilho azulado sobre a neve recém-caída.
Nesse instante, a campainha soou.
— Está esperando alguém, Harry?
Ele não pôde deixar de se divertir com a expressão cautelosa no rosto dela.
— A investigadora desconfiada de sempre, não é? — Ergueu-se e ofereceu-lhe a mão. — Venha comigo.
— O que está tramando desta vez?
Pegando o casaco no armário ao lado da porta, Harry ajudou-a a vesti-lo.
— Feche os olhos.
— O que está...
— Psiu! Confie em mim. Vai gostar dessa última surpresa.
Quando Hermione o fitou, ele respirou fundo. Tinha certeza de que ela confiava nele. Mas, se soubesse do delicioso cenário que imaginara momentos antes quando a contemplou sob a luz tremula da vela, decerto lhe daria um tiro.
Colocou depressa a palma sobre os olhos dela antes que Hermione lesse seus pensamentos. Passando-lhe o braço ao redor do ombro, conduziu-a para fora.
Quando passaram por Sam e Rosie, o homem de meia-idade acenou com a cabeça e deu um sorriso para Harry.
— Que noite agradável, não é mesmo?
— Quem é? — Hermione quis saber, virando a cabeça na direção da voz.
— Hermione, gostaria que você conhecesse Sam e Rosie. — Harry destapou-lhe os olhos. — Sam é nosso caseiro, e Rosie é a melhor cozinheira do sul de Wisconsin.
— Muito prazer, Sam. — Virando-se para Rosie, indagou: — Então, é a responsável por aquele jantar delicioso?
— Sim, senhora. — Rosie ficou radiante de satisfação. — Estava a seu gosto?
Hermione sorriu, colocando a mão sobre a barriga.
— Magnífico! — Desejou saber por que Harry fizera tanto segredo sobre aquele encontro, até que Sam perguntou:
— Prontos para o passeio?
Hermione seguiu o gesto do caseiro, que apontava para a carruagem atrás dele.
— Oh, meu Deus!
— Gostou? — sussurrou Harry, contra a curva de seu pescoço.
Cingindo-lhe o pescoço, Hermione beijou-o no rosto.
— Adorei! É... tão incrível!
— Não chore. Com essa temperatura, suas lágrimas vão virar pequenos cubos de gelo. — Beijando-lhe a testa, ajudou-a a subir na carruagem. Sentando-se ao lado dela, puxou várias mantas pesadas para se agasalharem e pegou as rédeas. — Não iremos muito longe, Sam.
O homem fez um aceno e deu um tapinha na anca do cavalo, que seguiu num trote lento.
— Divirtam-se!
Hermione observou o casal se afastar.
— Eles são tão agradáveis!
— Sim, eu os adoro. Trabalham para minha família desde muito antes de eu e Drew nascermos.
Enquanto Harry guiava o cavalo para a trilha, a atenção de Hermione voltou-se para as cenas e os ruídos da fria noite de inverno. A lua esgueirava-se por entre as fileiras de árvores desfolhadas lançando um brilho etéreo sobre a paisagem.
Fora o ruído das elegantes rodas deslizando sobre a neve e o tropear do animal, o silêncio era completo.
— Isto parece um conto de fadas, Harry! É mágico!
— Você merece magia.
Havia tanta sinceridade na expressão daquele semblante atraente que Hermione sentiu que perdeu um pouco mais de seu coração para o homem que lhe proporcionava o Dia dos Namorados mais feliz que já tivera.
Seguiram em silêncio durante mais algum tempo, até Harry conduzir o cavalo por um caminho estreito que desembocou num bosque. As sombras escuras das grossas árvores encobriram o luar, emprestando uma intimidade à noite que a fez imaginar que o mundo fora feito só para os dois.
— Onde vai dar este caminho? — Hermione se aconchegou mais perto dele.
— Em uma pequena enseada.
Quando emergiram num caminho sinuoso, emaranhado de galhos secos, Harry puxou as rédeas fazendo o cavalo estacar.
— Achei que você gostaria de ver isso.
Hermione sentiu dificuldade de respirar, perante aquela visão fascinante.
Milhares de estrelas luziam no céu, e a lua banhava a superfície congelada do lago com sua luz prateada. Os flocos brancos e frescos que recobriam as margens da costa brilhavam ao luar, como se pó de diamante tivesse sido lançado sobre a terra.
— Meu Deus, Harry... é lindo!
— Imaginei que gostaria. — Ele envolveu a num abraço, trazendo-a para bem junto de si.
Ficaram parados e abraçados, observando o cenário perfeito durante vários minutos, antes que ela o beijasse no rosto.
— Jamais vi algo tão excitante! Obrigada por compartilhar este lugar comigo.
— Mas eu vi — murmurou, com a voz baixa e sedutora. — Você.
Mantendo as rédeas com uma mão, com a outra segurou-lhe o queixo e encostou os lábios nos dela. Hermione tremeu de excitação ao sentir a língua de Harry tocar a sua.
Deixando as rédeas de couro, Harry estreitou-a mais, colocando-a em seu colo. Suas mãos se moviam com sensualidade, mas de repente pararam.
— Precisamos voltar. Não quero que pegue um resfriado.
Hermione fez um gesto afirmativo, tentando fazer sua respiração voltar ao normal.
— Sim, seria melhor. Mas não precisa se preocupar com isso. No momento, estou me sentindo bastante aquecida.
Ele riu e beijou-a na ponta do nariz.
— Eu também.
Harry fez o cavalo retornar à trilha principal, permanecendo calado por instantes, antes de falar:
— Entende que teremos de pernoitar aqui?
— Eu já imaginava. Evidente que demorará até desatolarem seu carro.
Harry deu de ombros.
— Sam pode trazer o trator e fazer isso logo cedo. Eu lhe pediria que fizesse hoje à noite, mas está ficando um pouco tarde. Além disso, amanhã de manhã as estradas já estarão em melhores condições. Porém, gostaria que soubesse que não a trouxe até aqui com segundas intenções.
— Jamais pensaria isso de você.
Harry nunca escondera a atração que sentia por ela, mas jamais tentara algo mais íntimo do que alguns beijos e algumas carícias.
— Como já lhe disse, Hermione, não vai acontecer nada que você não queira. Não tem com que se preocupar. Mas saiba que vou passar uma noite horrível tentando reprimir o desejo que sinto por você. Eu te quero muito.
Quando pararam, próximos aos degraus da varanda, Hermione deu uma olhada ao redor. Estivera tão imersa em pensamentos que nem percebera que haviam chegado à cabana.
— Harry lhe mostrou a enseada? — perguntou Rosie, à soleira.
— Sim. — Hermione apoiou-se nos ombros de Harry que a ajudou a descer. — É deslumbrante!
— Adoro ir até lá depois que neva.
Rindo, Sam apertou a mão de Harry.
— Parece que teremos de fazer o mesmo percurso.
Harry deu um sorriso malicioso.
— Vocês dois, divirtam-se.
Sam, sorridente, ajudou Rosie a subir no veículo.
— Harry, pus as sobras na geladeira, e Sam deu um passeio com Baby.
— Obrigado pela ajuda.
Acomodando-se no assento ao lado da esposa, Sam acenou.
— Estarei aqui pela manhã para retirar seu carro com o trator.
Uma quentura inesperada tomou conta de Hermione, quando Harry encarou-a por vários segundos. A questão nos olhos dele era óbvia, e com um aceno leve, ela lhe deu a resposta.
— Venha por volta do meio dia, Sam.
— Está bem, patrão. Boa noite.
— Vamos entrar e nos aquecer. — Harry tomou Hermione pela mão. Assim que entraram, ajudou-a a tirar o agasalho e conduziu-a à sala de estar.
— Por que não vai para junto do fogo, enquanto preparo um pouco de chocolate quente?
— Não quer que o ajude?
— Não. Esta noite é toda sua, querida. Eu cuidarei de tudo, sozinho.
Hermione o observou pendurar os casacos no armário e caminhar até a cozinha. Harry estava lhe dando tempo para avaliar aquela decisão... para mudar de idéia. Porém, isso não iria acontecer.
— Harry?
— Sim?
— Não quero chocolate.
Ao ver o brilho de volúpia nas íris verdes, um tremor percorreu-a da cabeça aos pés.
— O que quer, então?
— Você.
Caminhando em sua direção, ele a enlaçou.
— Se subirmos aquelas escadas, não haverá volta, Hermione. Eu a quero mais que tudo. Quando cruzarmos a porta daquele quarto, tirarei nossas roupas e farei amor com você até ficarmos exaustos.
— Não desejo outra coisa...
Ao ouvir isso, Harry a conduziu à suíte no andar superior. Guiou-a até um par de portas francesas, no lado oposto. Roçando os lábios nos dela, abriu as cortinas para permitir que a luz da lua inundasse o ambiente.
Olhando-a fixo, alcançou-lhe a barra do suéter de lã.
— Erga os braços para mim, querida — disse afetuoso. Retirando a peça com cuidado, lançou-a sobre uma cadeira.
Em seguida, desabotoou-lhe a blusa. Quando Hermione colocou as mãos sobre a camisa dele, Harry meneou a cabeça.
— Lembre-se, não precisa fazer nada. Apenas deixe que eu a ame. — E se livrou rápido da camisa.
Hermione quase perdeu o fôlego ante a visão do tórax largo, tão viril, iluminado pelo luar. Sentindo uma enorme necessidade de tocá-lo, deslizou os dedos, explorando os detalhes dos músculos rijos.
— Você é lindo!
— Eu, não... — Terminou de despir-lhe a blusa. — Você é que é!
Em segundos, ambos estavam nus. Hermione, cheia de lascívia, deitou-se no leito e afastou as pernas.
Atendendo a seu convite irrecusável, Harry, sem esquecer que ela estava grávida, com todo o cuidado a penetrou.
Beijando-a sem parar, intensificou o ritmo dos movimentos cada vez mais, até uma sensação de êxtase indescritível tomar conta de seus corpos. Jamais haviam experimentado prazer igual.
A realidade se abateu sobre Harry minutos antes de conseguir forças e virar-se para o lado de Hermione. Abraçando-a, constatou que jamais vivenciara algo tão intenso. E, embora aquilo o assustasse, também o fazia sentir-se satisfeito.
— Você está bem? — ele quis saber, acariciando-lhe o ventre com delicadeza.
— Sim. Foi sensacional!
Rindo, ele assentiu.
— Concordo, querida.
Hermione bocejou, e Harry imaginou que deveria estar exausta. Na revista que lera no consultório médico o artigo dizia que, segundo os especialistas, as mulheres grávidas sentem mais sono nos primeiros e nos últimos meses da gestação.
Aconchegando-lhe a cabeça junto ao pescoço, puxou o cobertor por sobre eles.
— Descanse agora, doçura.
Mal acabou de falar, percebeu que Hermione havia adormecido.
Fitando o teto, Harry afagou-lhe os cabelos e refletiu sobre seus sentimentos.
Jamais se sentira tão feliz depois de fazer amor com uma mulher. Com extrema ternura, acariciou-lhe a pele macia do ventre arredondado. Por que permitira que aquele afeto por Hermione e por Amendoim crescesse tanto? Lembrou a si mesmo que os relacionamentos eram perigosos e, a menos que não quisesse se arriscar a passar pelo mesmo sofrimento por que seu irmão gêmeo passara, seria melhor afastar-se dela o mais rápido possível.
Todavia, a simples idéia de não voltar a vê-la ou pedir a seu pai que nomeasse um de seus irmãos para a tarefa de ajudá-la com os interrogatórios o fez sentir um aperto no coração. Era inconcebível.
Aquela sensação completamente nova não lhe era nem um pouco confortável. Por outro lado, queria estar com ela... envolver-se... fazer parte da vida de Hermione e de Amendoim.
Mas como continuar a fazer isso sem arriscar-se em um relacionamento tão intenso? Tinha um sério pressentimento de que, se Hermione o deixasse, ele morreria.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.