Capítulo II

Bombas e escombros explodiam em meio às árvores. Harry jogou-se contra Hermione, empurrando-a para o solo, protegendo-lhe o corpo com o seu. Após um momento, saiu de cima dela o suficiente para usar seu binóculo.

Fumaça e chamas eram indistintas na distância.

– Que coisa! Alguém começou antes da hora.

Hermione ameaçou levantar-se, mas ele a deteve.

– Por Deus, moça, fique abaixada!

Pedras imensas caíam por todo lado. O que será que tinham usado? Perguntava-se Harry. Um míssil teleguiado?

– Bravo Dois, Três, Quatro e Cinco – chamou pelo aparelho de escuta. – Reportem-se!

Quando teve a confirmação de que todos continuavam vivos, falou:

– Depressa, dobrem o tempo. – E saiu de cima de Mione, guardando o binóculo.

– Você disse duas horas! – ela protestou.

– Não posso fazer nada. Culpe a empresa Intel.

Ele a ergueu quando ficou de pé.

Um de seus homens atrasou-se um pouco para posicionar-se direto na frente dela. Hermione compreendeu de imediato que estava disposto a morrer para protegê-la. Era tenebroso imaginar que não valia o sacrifício.

Caminharam rápido, pulando toras caídas, pedaços enormes de rocha, muitas vezes arrastando-se como répteis. Mione tropeçou e, por trás, Harry a segurou com firmeza, fazendo-a prosseguir.

O suor corria por suas costas, ensopando-lhe as pernas. Os fuzileiros pareciam estar andando fazia horas como se não estivessem carregando toneladas de mochilas e equipamentos. E ali estava Hermione, com a mochila pesando alguns poucos quilos e mal conseguindo agüentar.

O fogo de artilharia irrompeu ao longe. Em seguida, ouviram-se gritos de dor ecoando como chuva pesada. A atmosfera tomou-se rançosa com o odor de carne e árvores queimadas.

– Meu Deus!

– Olhe para frente e caminhe Srta. Granger.

O tom de voz calmo do sargento Potter era um bálsamo para o seu medo.

Mas o barulho se aproximava cada vez mais.

Harry ligou o rádio para contatar o helicóptero. Pelo menos os traficantes não sabiam que os fuzileiros navais se achavam na selva. – Duzentas jardas... Temos de nos apressar.

Pressa? Apressar-se mais ainda? Hermione se indagava em silêncio, desesperada.

Foi quando atentou para o homem que ia à frente; desbravando um caminho na vegetação com um facão. Hermione quase não ouviu o helicóptero sobre o forte estrondo das explosões e as batidas de seu próprio coração fora de controle.

Mas viu a aeronave.

Era uma bela visão. As palavras “Fuzileiros Navais dos Estados Unidos da América” vinham estampadas na lateral. Isso lhe deu vontade de pôr a mão no peito e cantar o hino nacional.

Potter puxou-a para baixo e obrigou-a a encará-lo.

Naquele exato instante, a terra tremeu. Hermione achou que nunca se sentira tão amedrontada em toda sua vida.

– O helicóptero tocará o solo por trinta segundos, Srta. Granger. Eu disse, trinta segundos. Meus homens entrarão nele e darão cobertura de fogo. Assim, correremos para a abertura. Você terá de mergulhar dentro dele. Acha que consegue?

– Para sair desse inferno? Pode apostar que sim!

– O que quer que faça, não saia de meu lado. Entendeu? Fui claro?

– Sim, sargento.

Harry assentiu, apertando-lhe a mão, o que, por mais absurdo que parecesse, foi confortador.

O helicóptero, que mais parecia um enorme exaustor, iniciou sua descida. Os fuzileiros correram em sua direção, dois deles retardando a corrida para observar a selva. Pularam para dentro, as armas prontas para dar cobertura de disparos, enquanto as hélices espalhavam o ar enfumaçado.

Agachado, quase de cócoras, Harry puxou Hermione consigo para a abertura. Estavam a menos de vinte metros da aeronave quando Harry parou de repente. Então Hermione ouviu o estrondo. Um míssil vindo da floresta a toda velocidade.

– Abaixe-se! Abaixe-se!

Hermione obedeceu, e Harry a cobriu uma fração de segundo antes de o míssil atingir o helicóptero.

A explosão tomou conta de tudo. Fumaça por todos os lados encheu a cabine. A aeronave inclinou-se.

– Aeronave atingida! Não vai se sustentar nessa altitude! – afirmava o piloto pelo rádio.

Harry gritou em seu próprio aparelho:

– Erga-se! Alce vôo! Vá! Vá!

O helicóptero balançou e emitiu uma luz trêmula, enquanto o piloto lutava para pôr o gigantesco exaustor no ar. Levantou-se como um imenso dinossauro, e por baixo da proteção do fuzileiro sargento Harry Potter, Hermione viu o resgate deles afastar-se, voando num rolo negro.

Uma segunda explosão atingiu o solo, atirando pedras e estilhaços em volta e acima deles.
Harry rolou com ela pelo solo.

– Vá engatinhando para a margem da estrada e fique lá, sentada.

Hermione não discutiu.

Com os cotovelos, Harry foi deslizando para lá com espantosa velocidade e pôs-se atrás de uma imensa pedra. Então lhe estendeu a mão.

Aquela mão forte e firme fechando-se sobre seu pulso ganhou a eterna gratidão de Mione.

Harry a trouxe para perto. Hermione caiu contra as pedras, tentando arrefecer o ritmo do coração, que teimava em sair pela boca.

– Você está bem? – Ele a fitava.

Com a cabeça abaixada, os braços envolvendo os joelhos, Hermione assentiu.

– Estou. Apenas apavorada. Sinto também um pouco de enjôo, nada mais.
– Respire fundo, isso passará.

Escondido atrás da rocha, Harry passou uma mensagem para o helicóptero pelo rádio. Tudo o que Mione ouviu foram abreviações e números.

– Estão voando baixo... O tiro atravessou o helicóptero e foi direto para a outra porta. O piloto acha que a parte hidráulica foi atingida – dizia ele. – Terão problemas para aterrissar numa zona segura.

Ela o encarou.

– E o que isso significa para nós?

– Nada. Temos de seguir para um PR alternativo.

– Desculpe-me. O que significa mesmo PR? Já esqueci.

Ele esboçou um pequeno sorriso.

– Ponto de Reunião.

– Deus abençoado... Fico feliz que seus homens estejam voando – disse.

Harry continuou sorrindo, ao desenrolar um mapa.

Como o sargento podia ser tão calmo quando o inferno se encontrava ali, tão próximo? Hermione o admirava.

– A que distância fica o PR alternativo?

– Cerca de dez quilômetros, se formos por aquele caminho.

Harry gesticulou para o local de onde vinha o som de explosões, ainda estudando o mapa.

Dez quilômetros. A última vez que Mione caminhara mais que dois foi para fazer compras em Nova York, em lojas e shoppings.

“Não minta para si mesma, Mione. Você tomou um táxi!”

– E quanto demorará para chegarmos? – quis saber.

Harry deu de ombros, consultando a pequena bússola sob a tampa de seu relógio de pulso e checando o local em que estavam.

– A uns quatro ou cinco dias de viagem.

– Oh, não!

Os dois se encararam. Hermione ficou de repente muito pálida.

E respirando muito rápido.

– Está com a respiração ofegante. – Harry soltou seu equipamento e tomou-lhe o rosto com ambas as mãos. – Deixe-me ver. Olhe para mim.

Ele esperou até que ela o olhasse.

– Eu a tirarei daqui viva Srta. Granger. Juro.

Hermione fez que sim, tocando os dedos dele.

– Acredito em você, fuzileiro, mas agora eles sabem que estamos aqui.

Ela parecia tão frágil naquele instante que tudo o que Harry queria fazer era abraçá-la e confortá-la. Em vez disso, porém, soltou-a.

– Eles sabem que o helicóptero esteve aqui, não nós. – Harry guardou o mapa.

– E isso faz alguma diferença?

– Evidente. Pelo menos não seremos caçados.

“Por enquanto...”, pensou ele.

– Não teremos nenhum contato por rádio até que estejamos em zona segura. Os traficantes estarão ouvindo. – Harry deu a Mione uma garrafa de água. – Guarde-a e faça com que dure o máximo possível. Não sei quando encontraremos água potável.

Hermione guardou a garrafa na mochila. Harry se ergueu, trazendo-a consigo.

– Fique perto de mim, Srta. Granger.

– Mione – corrigiu-o. – Não me parecem muito adequadas certas formalidades a esta altura, ainda mais depois de você ter colocado a mão entre minhas pernas.

Ele esboçou um sorriso sexy e maroto, os lindos olhos verdes brilhando contra a camuflagem de tinta preta e verde escuro.

– Tudo bem, Mione. E eu sou Harry.

Ela assentiu.

– Obrigada, Harry.

Ele arqueou as sobrancelhas.

– Por quê?

– Para o caso de eu me esquecer de agradecer mais tarde, quando os vermes estiverem passeando sobre mim e eu ficar toda imunda.

– Isso quer dizer que estava me mostrando seu melhor lado na aldeia?

Mione fez uma careta, contendo o sorriso.

Harry começou a andar rápido, e ela o acompanhou muito consciente de que não estariam naquela situação se não fosse por causa de seu pai. Mas, isso seria a última coisa que revelaria ao sargento Potter. Aliás, jamais pretendia revelar-lhe.

Harry não precisava saber que estava resgatando a filha de um general com as respectivas estrelas na manga da farda. Ele poderia usá-la para tiro ao alvo.

Deus sabia que Hermione não contaria.

Harry ficou satisfeito por não terem entrado no helicóptero no instante em que trouxe Hermione para a margem da estrada. Se tivessem entrado, estariam mortos, sem sombra de dúvida. O míssil atingiu os assentos, no exato banco em que Hermione estaria sentada.

Ele continuou olhando para trás, a fim de certificar-se de que ela estava bem.

Hermione o seguia bem de perto, logo atrás dele, deixando as pegadas no solo empoeirado. O rosto bonito e delicado ficara vermelho, e o suor encharcava suas roupas. Ela não se queixou uma única vez, no entanto.

Caminhavam fazia horas, e o sol estava se pondo rápido. A queda de temperatura era um ligeiro alívio na profundeza daquela floresta, mas Harry tinha de encontrar algum tipo de abrigo ou construí-lo.

Sua maior preocupação era colocar Hermione longe o suficiente dos traficantes e das explosões. Eles podiam ainda ouvir o ribombo ecoando através do vale. Sem contar o tamanho da varredura.

As fábricas de drogas ficavam no platô, perto dos Andes. Quando os plantadores de café não puderam obter um bom preço por suas colheitas, voltaram-se para ativos ilegais e mais lucrativos. Aí, espalharam-se por toda parte.

Era preciso margeá-los. Isso significava prosseguir pelo vale e depois até o lado oposto da montanha, antes de descer para atravessar o rio. Estavam em território não mapeado e, quando a chuva chegasse, seria difícil.

Existia uma boa razão para que a chamassem floresta de chuva. Os rios transbordavam, a terra se encharcava e a chance de escorregar na lama não era algo que Harry quisesse arriscar.

Ele parou. Mione piscou, olhando em volta.

– Descanse.

– Graças a Deus! – Mione sentou-se onde estava e bebeu um pouco de água. – Como consegue não se cansar, com essa mochila enorme e pesada?

– Usei-a muitas vezes durante o treino.

O que o fez lembrar-se de que ela estava desacostumada àquilo. Seu olhar deslizou sobre a linda morena. As roupas ficaram muito sujas, mas eram os cortes nas pernas dela que o afligiam. Atrairiam toda espécie de insetos e doença.

– Tem alguma calça comprida na mochila?

– Sim. Por quê?

– Vista-a para proteger-se de picadas. Mas vamos limpar esses arranhões antes.

Hermione olhou para si mesma.

– Nem ao menos os senti. – Tirou seu kit de primeiros socorros e, depois de vasculhá-lo, suspirou. – Bem, se você levar um tiro, serei sua enfermeira, mas sem anti-séptico. Tenho aqui nada mais que um pouco de algodão.

– Tudo bem. Darei um jeito.


Harry abriu seu estojo e limpou as feridas dela. Passou um pedaço de pano sobre as pernas delgadas e longas até as coxas.

– Pode deixar que eu mesma faço isso, Harry.

Ele a fitou, sorrindo de modo perverso.

– Mas estou tentando sentir alguma coisa... – provocou-a, em seguida lhe entregando o pano.

Hermione acabou a limpeza e encontrou uma calça de modelagem cargo. Descalçou as botas, levantou-se e abriu o short. Harry continuou a observá-la.

– Pode me dar licença, por favor?

– Ora... Guarde a modéstia, Hermione. Não a deixarei longe de minha vista.

– Fique de costas, pelo menos.

Ele mudou o rifle de braço, desviando o olhar para a selva além dela.

Hermione conformou-se, uma vez que ele estava pronto para atirar em qualquer coisa que se aproximasse. Ainda bem que vestira calcinha por sob o short, naquela manhã...

Harry não pôde resistir a dar uma olhada para o trás. Mione tinha pernas esbeltas, bem delineadas, e quadris arredondados e firmes.

No entanto, ela era seu dever, sua missão, sua responsabilidade. E contava com ele para sobreviver. “Esses cinco dias serão tão longos... Sem falar das noites.”

– Você está sentindo alguma coisa? – Hermione notou a leve expressão de dor no semblante dele.

Harry a fitou.

– Sim, moça, estou. – E suas pupilas faiscaram.

Ela guardou o short na mochila.

– Aproveite e saboreie fuzileiro. Talvez seja sua última oportunidade.

Ele tomou a encará-la.

– O que posso dizer? Afinal de contas, você vai dormir do meu lado pelos próximos dias...

Hermione murmurou algo desordenado e confuso, enquanto ele, sorridente, apanhou sua pequena foice e recomeçou a andar e a desbravar a mata densa.

Mione, que apreciava as costas largas, teve de correr para alcançá-lo.

Com a exceção de suas amigas íntimas, ninguém jamais ousara falar com ela com tanta franqueza. Na maioria das vezes, os homens com quem namorara se esforçavam por impressioná-la para ganhar pontos com seu pai. Essa era a razão pela qual se afastava dos fuzileiros navais. Se não se afastasse, sabia que iria provocar problemas.

“E aqui está você, garota, enfiada no meio da selva, nos confins do mundo, com o bonitão da corporação.”

A vida era muito engraçada. Ou melhor, muito estranha, decidiu.

Mione prosseguiu avante. Harry se mantinha calado. Não precisava falar. A expressão prepotente dele deixava muito claro para quem quisesse ver.

“Este sou eu. Grande, forte, habilidoso e bonito”.

O que mais uma garota poderia pedir de um salvador? Qual mulher não adoraria entregar-se a um homem daquele?

Harry removera o aparelho de escuta havia pouco e pendurara o capacete na mochila. De vez em quando, ao acaso, passava a mão pelos cabelos escuros, curtos pelo regulamento

O que estava acontecendo com ela? Sempre gostara de homens quase carecas, e agora se perguntava como ele ficaria com os seus um pouco mais compridos. Oh, sim... O sargento Harry Potter ficaria muito lindo e perigoso.

– Ei, garota, está neste planeta? Ou encontra-se fora de órbita, no momento?

Hermione quase colidiu com Harry, tão distraída estava.

– Ahn?

Ainda bem que pelo menos um deles se mantinha atento.

– Vamos parar, pois está quase anoitecendo – ele a informou. Hermione olhou em torno, vendo nada mais do que uma imensa área verde.

– Querido! Você fez reservas no Hotel Sheraton? Ou foi no Ritz?

Harry achou graça.

– Dormiremos bem aqui.

Ele empurrou samambaias gigantes e folhas de palmeira, para mostrar o local onde galhos caídos e plantas haviam formado um pequeno nicho contra a base de uma árvore com grandes raízes entrelaçadas.

– Uma suíte? Muito encantadora...

O sorriso dele foi tão sedutor...

– Entre e descanse. A temperatura sempre cai à noite.

Hermione começou a entrar no nicho, agachada, e percebeu o jeito dele.

– Isto aqui parece um ninho. Vou acabar pondo alguns ovos.

– Sim, um ninho de amor.

– Não tive a intenção de dizer “ninho” no sentido que você está querendo dar.

– Perdão pela inconveniência, milady. – Harry piscou travesso, e afastou-se.

– Onde está indo? – Hermione teve medo de ficar sozinha.

– Tenho de procurar algo para comermos. Tarzan vai, Jane fica. – Harry apanhou sua mochila e tirou sua baioneta retrátil, oferecendo-a a ela. – Só não atire em mim, está bem?

– Claro que não. Você tem o mapa.

Ele gargalhou, deu um tapinha na cabeça dela de leve por sob as folhas de palmeira e partiu.

Mione encontrou um lugar perto da árvore. Era pequeno. A mochila tomava metade do espaço, o resto seria ocupado pelos quase dois metros do sargento Potter, com toda a certeza.

Ela olhou para a baioneta. Não pretendia usá-la, todavia, sentiu-se segura mantendo-a ali.

Verificou a carga. Cheia. Não era preciso que Harry tomasse conhecimento de que ela sabia atirar. O general pusera uma arma como aquela em suas mãos quando Hermione tinha doze anos e a fizera aprender.

Harry não demorou em voltar, e, chamando pelo nome dela, entrou rastejando no ninho arranjado. Depositou frutas no solo.

– O quê? Que comida leve... Preferiria carne de caça. Assada. E com batatas coradas – falou zombeteira.

– Vamos economizar o assado para quando não pudermos encontrar mais nada.

Hermione olhou para a seleção de frutas como se estivesse jantando no Four Seasons de Nova York, ou no Ritz de Paris.

– Ótimo. Você teve de subir em árvores para pegar isto. – Mione apanhou uma banana e pôs-se a descascá-la.

– A bananeira era baixa, e não foi necessário subir nela. – Harry deu risada. – Desculpe-me, mas foi o que consegui achar.

– Está deliciosa. Com a fome que sinto, acho que a comeria mesmo que não estivesse madura.

– Aproveitei para checar os arredores, também.

– E descobriu algo? – Os olhos dela brilharam de expectativa.

– Creio que temos uma boa caminhada até o PR.

– Ainda quatro dias? – Hermione quis saber.

– Sim.

Se não chovesse e se eles não encontrassem os traficantes ou alguém mais, tais como guerrilhas rebeldes. A bela mulher americana seria uma excelente refém. Harry não ia permitir que isso acontecesse, e de maneira alguma iria deixá-la saber disso. Porque guerrilhas rebeldes não o conservariam refém. Eles o matariam e exibiriam seu corpo no noticiário das onze horas.

Harry afiou um canivete e cortou uma goiaba, oferecendo a Hermione uma fatia. Ela engoliu a fruta com uma expressão de puro prazer.

Harry não conseguia tirar os olhos dela. Boca grande, lábios carnudos. Queria prová-los. Não se importaria de ter de provar resto dela, também.

Como seria o beijo dela? Como se sentiria com aquelas pernas longas entrelaçando sua cintura? Harry não tinha problemas para conquistar mulheres, todas adoravam um homem uniformizado, porém, encontrar uma que ficava satisfeita de continuar por perto depois do sexo era outra história.

Vasculhou sua mochila, e Mione ouviu um estalo antes que a área brilhasse com uma tonalidade verde.

– Luz química. – Harry a pendurou num galho. Em seguida desenrolou uma espécie de esteira. – É à prova d'água. Sente-se aí. – Oferecendo-lhe seu poncho. – Cubra-se com isto. É mais quente do que parece.

– Só falta você tirar de sua mochila mágica um colchão ortopédico – Hermione tomou a brincar. – Agora entendo por que a mochila dos fuzileiros é gigantesca.

Havia um daqueles ponchos em sua caixa de brinquedos quando garotinha lembrou-se Hermione, descalçando as botas e despindo a camisa. Sob ela, usava um top de lycra que não deixava quase nada para a imaginação.

– Jesus! – exclamou Harry, sem poder conter-se.

Hermione parou, e quando pensara que estava quase escuro demais para ver o rosto dele, o brilho quente de suas pupilas a atravessou como uma chama ardente, quase palpável. Isso fez com que seus mamilos enrijecessem.

– Sou capaz de jurar que você já viu seios antes, Harry.

– Claro. Mas não os seus.

Sorridente, ela dobrou a camisa para usar como travesseiro, ignorando o formigamento que percorria sua pele.

Harry a fitava como se quisesse devorá-la. E tudo o que ela queria fazer era continuar desnudando-se e dar-lhe a chance.

Muito bem, isso era sórdido e imoral. Estava sozinha na selva com um estranho, e achava que Harry não a seduziria. Não queria ficar tão íntima de um fuzileiro naval. Eles vinham povoando sua vida desde que nascera, e tivera de ir para a Amazônia, a fim de se afastar deles. Ao que tudo indicava a Amazônia não era longe o suficiente.

– Pode ser que eu seja a única mulher dentro de cem milhas, Harry?

– Sim, é provável.

Harry tentou ser cavalheiro, mas quando Hermione ajustou as alcinhas do top e afrouxou-o um pouco, os mamilos ficaram bem delineados e ela se sentiu a Companheira do Ano, sentada junto dele e notando sua excitação.

“Hermione é meu dever”, Harry continuava repetindo, em silêncio, quando tirou seu colete à prova de balas e removeu também a camisa de uniforme de tecido camuflado.

Ela esperou que ele não tirasse mais nada, porque a camiseta com decote em V esticada sobre a pele revelava um trabalho de arte em músculos e ombros. Desejou tanto tocá-lo, acariciá-lo...

Mas então piscou algumas vezes, procurando por algo mais para prestar atenção. “Contenha-se, garota. Contenha-se!”, ordenou a si mesma.

– Esta pintura em seu rosto não coça?

A linha da tinta de camuflagem terminava na altura da clavícula.

– Não. Coma mais. – Ele apontou para as frutas.

Hermione assentiu, colocando o resto da banana na boca, bem ciente de que Harry não perdia um único movimento seu. Por conseqüência, Mione movia-se com sensualidade, adorando provocá-lo.

“Seis meses na selva e me transformei numa leviana faminta de sexo...”.

– Eu já volto. – E Harry deixou o nicho.

Hermione meneou a cabeça, envergonhada. “O que você está pensando?”

Esfregou as faces e tirou as fivelas que lhe prendiam os cabelos, esperando dar uma parada naquela inexplicável e repentina luxúria antes que ele voltasse.

Mas logo Harry retomava, para preencher por completo o espaço exíguo. E Hermione sentiu as batidas do coração acelerarem.

Harry colocou o rifle e a pistola a seu alcance e se encostou contra a mochila. Mione instalou-se, trocando de posição para sentir-se confortável.

Os olhos dele brilhavam.

– Vai ficar se mexendo a noite inteira?

– Eu dormi no chão com um colchão de acampamento durante seis meses, Harry. Isso não deveria ser difícil para mim, mas espaço aqui é muito apertado.

– Venha cá.

Por sobre o ombro, Hermione lhe enviou um olhar cético quando ele deitou-se de lado em posição fetal. Em seguida, acomodou-se dentro da curva de seu corpo.

– Durma. Estaremos seguros durante a noite.

Hermione se aconchegou nos braços dele, a cabeça no bíceps forte.

– Deus! Você é duro como uma pedra – comentou ela, e pôs a camisa embaixo da cabeça para apoiá-la.

Harry sussurrou.

– Se você continuar a se mexer contra mim, não me responsabilizarei por meus atos.

Hermione ficou quieta, e então começou a gargalhar.

– Relaxe, Mione. Não vou tentar invadir seu território.

– O que quer dizer com isso?

– Quando eu a quiser... – murmurou a seu ouvido, a mão deslizando em volta da cintura e sob seus seios. –... Você saberá disso.

A respiração dela parou em algum lugar entre a boca e os pulmões, os dedos másculos e quentes causando um calor intenso e localizado bem no centro dela. As coxas tremiam.

Ela não poderia perguntar. Não deveria. Mas perguntou:

– Só por curiosidade... Como saberei quando será isso? – O hálito dele era junto a sua orelha a arrepiava.

– Eu não deixarei a menor dúvida.

Hermione emitiu um leve som, algo entre um gemido e um suspiro de protesto.

Harry sorriu no escuro e apertou os braços em torno daquelas curvas sensacionais.

Mesmo se eles não estivessem numa selva com suas vidas em perigo, ele iria querê-la, em quaisquer circunstâncias, de qualquer modo que pudesse.

Com dever ou sem dever.

Do lado de fora, a noite caíra e a temperatura diminuíra. O firmamento não apresentava luar, nem estrelas, embora, para surpresa dos dois, a chuva não tivesse ainda caído. Ouviam-se tão só o som dos insetos e o grunhido de pássaros silvestres acomodados nos altos galhos das árvores, a fim de enfrentar a noite dormindo.

De vez em quando, o som indefinido de algum animal selvagem fazia com que Hermione estremecesse, apesar de aninhada nos braços vigorosos de Harry e do fato de ele estar armado até os dentes. O som exterior misturava-se com a respiração forte e opressa de ambos.

Quem os visse ali, daquele jeito, julgaria tratar-se de dois amantes abraçados no repouso após um ato de amor, e jamais poderiam imaginar a realidade bizarra daquela situação e daquele momento.

Aos poucos, o som do leve respirar de Hermione transformou-se em ressonância, e ela por fim adormeceu, sentindo-se muito bem protegida junto do fuzileiro naval que o destino pusera bem no meio de seu caminho.
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Oieeee.

Lá vai eu com mais uma das minhas adaptações...
Eu realmente tinha que comentar uma frase que o Harry falou "Tarzan vai, Jane fica", que fofura, morri de rir quando eu li...
Humm, o que será que vai acontecer nesses 4 dias na selva hem???
Josy só em 2008 agora....nusss ta MTOOO longe neh, rsrsrs
Jessi é claro que eu que eu quero q vc faça a capa...eu tenho vc add...
Em 2008 vai ter muita fic nova pra vcs...e eu quero comentários viuuu...
Bjinhusss

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