Capítulo I
00:00 Horas
América do Sul
Fronteira entre Venezuela e Colômbia
Alisando seu rifle de assalto MP3, o sargento de artilharia, Harry Potter, colocou um pé para fora da porta aberta do helicóptero de ataque.
O vento quente soprou forte em seu rosto, enquanto o verde luxuriante do terreno da fronteira venezuelana passava rápido abaixo dele.
O solo era arenoso, poeirento e sujo, porém, cercado de fantástica e exuberante vegetação. Lá dentro, seus companheiros colocavam a aeronave em ordem. Alguns dos homens cochilavam, a despeito do barulho.
– Comandante na linha, fuzileiro – anunciou o co-piloto, entregando a escuta para Harry
.
– Na certa ele vai cancelar a operação de treino – queixou-se Harry, ao pegar a escuta e ajustá-la junto à boca. – Bravo Um para Base.
– Base para Bravo Um. Operação anterior abortada. Novas ordens.
– Câmbio, comandante.
Seu grupo acordou de imediato e se pôs a observá-lo. A expressão nos rostos sonolentos demonstrava preocupação e curiosidade.
– Sinal de chamada “Cavaleiro Branco”. Não é um treino. Repito, não é um treino, e sim um serviço verdadeiro.
- O resgate de uma pessoa...
O oficial deu as coordenadas para a busca:
– Bravo Um, anote. A localização é a cinco quilômetros ao norte de Delta 10. Vocês devem resgatar Hermione Granger, integrante do Corpo Militar da Paz. Têm quatro horas para fazer isso. Atenção para o detalhe: apenas quatro horas, nem um minuto a mais.
Harry não perguntou por que um voluntário do Corpo Militar da Paz fora parar no meio da região amazônica e por que eles tinham de salvar tal pessoa. Afinal de contas, ordens eram ordens, e não cabia a ele contestá-las.
Delta 10 era o nome codificado para um vilarejo, nada mais do que um pedaço de terra que fora desbravado, e continha um punhado de cabanas rústicas.
Harry verificou as coordenadas em seu laptop. O terreno exibia o local onde Hermione Granger estava e a rota que eles deveriam tomar. Como subordinado, pensou duas vezes antes de manifestar sua surpresa:
– Comandante, trata-se de um território extinto, já consumido pelo fogo. Faz parte da Operação Extinção por Fogo.
O governo colombiano sabia que os cartéis de droga escondiam heroína e cocaína sob a terra. Em vez de desentocar cada mercadoria, a Operação Extinção por Fogo devastaria a área como uma praga.
Era um lugar onde bastava alguém respirar, para morrer.
A missão deveria ser cumprida em quatro horas, um período muito curto. E seria tudo às pressas. Teriam de fazer milagre para conseguir. O pior era que o local viraria uma zona de combate.
– Afirmativo Bravo Um. O essencial é que resgate a pessoa em questão antes da varredura. Não se sabe o ponto exato onde ela está. Mas sei que conseguirá achá-la. Você é o sujeito certo para a missão.
– E as regras de batalha, voltaram?
Ninguém queria entrar numa zona de perigo máximo e ser forçado a uma luta politicamente correta.
– Faça o que tem de fazer, fuzileiro. O trabalho é seu... Melhor dizendo, o jogo é seu. Boa sorte.
Devolvendo a escuta ao companheiro ao lado, Harry retransmitiu o plano ao piloto.
O helicóptero de ataque Huey, armado com metralhadoras M-240, voltaria dentro de quatro horas, mas Harry não poderia arriscar-se se expondo ali em volta. Aqueles que enterravam drogas tinham sentinelas alertas que abririam fogo contra qualquer coisa que se movesse. Ainda mais um helicóptero da Marinha americana.
Harry não podia deixar de sentir uma ponta de apreensão. Olhou para o grupo de quatro fuzileiros navais que esperavam uma explicação.
– Prontos para deixar um helicóptero perfeito e seguro e embrenharem-se através da mata?
Todos riram por trás da camuflagem verde e preta de seus uniformes. O helicóptero se inclinou, afastando-se da fronteira e adentrando a selva colombiana. O riso deles era, sem dúvida, nervoso.
Perfilados e carregados, cada soldado se posicionou em torno da soleira da porta do helicóptero, uma corda de náilon amarrada em volta do pulso e presa à perna esquerda.
Com uma metralhadora M-240 de artilharia pesada, a aeronave baixou e, quando atingiu uma distância razoável, o Grupo de Reconhecimento Bravo desatracou-se, como aranhas que pulavam da teia.
Atingiram o solo correndo, seus rifles MP3 posicionados. Em seguida, encaminharam-se para a floresta fechada, e o helicóptero voou em direção ao horizonte. Em poucos minutos, era apenas um ponto negro contra o céu luminoso.
O grupo de Harry Potter avançou semi-agachado, vasculhando a procura do inimigo. Os enterradores de drogas tinham munição ilegal suficiente para provir um batalhão. E aquele era o território deles. O menor descuido e os fuzileiros estariam perdidos. Havia armadilhas por toda parte, e as emboscadas eram lugar-comum.
Nada como percorrer um território hostil para ter o sangue correndo acelerado nas veias, logo cedo na manhã, pensou Harry. Ele liderava o caminho a seguir, rápido e em silêncio, dirigindo-se para o oeste, sem contato por rádio, usando apenas a escuta e o microfone preso ao pescoço por uma tira de velcro pressionada contra a laringe.
O sol quase não atingia o solo da selva, todavia o calor era opressivo; o estrepitoso guincho dos pássaros e o serpentear dos répteis, o único som.
O ar estava úmido, quase palpável, como cortinas líquidas suspensas e gotejantes. As árvores eram descomunais, e seus troncos, tão largos que seis homens de mãos dadas teriam dificuldade em circundá-los, se tentassem abraçá-los.
Tinham percorrido os cinco quilômetros a passos rápidos antes que Harry erguesse a mão, e o grupo, entendendo o sinal, fizesse uma parada. Ele fez um movimento circular e apontou. Os outros se espalharam, dirigindo-se para uma colina baixa. Atrás dela, Harry sacou seu binóculo e focalizou-o no vilarejo.
– Meu Deus, como é primitivo isto aqui!
Choupanas cobertas de palha, cabras e galinhas errantes foram as primeiras coisas que avistou. Crianças carregavam baldes de água tirada de um poço raso. Mulheres de pele acobreada moviam-se com cestas sobre a cabeça ou permaneciam em frente das cabanas, conversando.
Só o que havia de remotamente moderno era uma caixa de metal do lado de fora da porta de um casebre. Nenhum sinal de Hermione Granger. Pouquíssimos homens à vista. Nenhum indício de armas. Um lugar microscópico perdido no infinito da selva amazônica.
– Donahue e Kane, circulem para o oeste e procurem por armadilhas traiçoeiras – Harry instruiu. – Lembrem-se de que as pessoas, por mais amigáveis que possam parecer, são perigosas. Todo o cuidado é pouco. Parks e Kramer dirijam-se para o leste e norte. Vistoriem as cabanas a oeste primeiro. Este lugarzinho é relatado como não combativo, contudo, não se arrisquem.
Os fuzileiros navais moveram-se devagar. Harry tomou posição, deslizando por sobre a elevação e caindo na estrada arenosa e poeirenta. Tornou a fazer um sinal, agora um semicírculo, à margem da estrada, e seu olhar fixou-se na selva além do vilarejo. Em seguida, deu uma olhada em seus homens antes que eles se fundissem no escuro outra vez.
Ansioso e aflito, ligou a escuta.
– Acharam alguma coisa? – indagou.
– Negativo, nada além de excrementos e pilhas de lixo. Por Deus, isto me faz amar os lixeiros americanos! Creio que o chiqueiro lá de nosso rancho no Arkansas é mais limpo que isto aqui – completou Donahue.
– Continuem vasculhando.
De sua posição, Harry viu seus companheiros emergirem da mata, aproximarem-se das quatro choupanas, espionarem dentro delas, uma por uma.
– Aqui Bravo Três. Tudo limpo.
– Aqui Bravo Dois. Tudo limpo
Os fuzileiros se comunicavam com seu superior através da escuta. Harry esperou pelo relato do último homem, e então caminhou até o vilarejo.
Uma mulher o viu, gritou e deixou cair o pote de argila que carregava. As crianças espalharam-se, e as mulheres correram. Os poucos homens que estavam lá abrigaram os filhos dentro das míseras choupanas.
Então, delineou-se uma figura feminina de short cáqui que realçava sobremaneira um par de pernas esbeltas e bem torneadas. Ela saiu da floresta à direita, parando para não esbarrar em um habitante que corria para as árvores.
Harry apontou-lhe o rifle. A moça não pareceu nem um pouco intimidada e caminhou com confiança até ele. Era alta e esguia, de cabelos castanhos e expressivos olhos igualmente castanhos.
Com a arma apontada, Harry caminhou em frente, seus homens vindo de todos os lados, metade das armas apontadas para a figura que andava com firmeza e determinação.
– Que beleza! – murmurou Kramer.
– Muito linda. E não vejo um corpo como esse desde Caracas – acrescentou Donahue.
– Parem de falar! – ordenou Harry, sem tirar os olhos da mulher que se aproximava. – Fuzileiros navais americanos, senhorita.
– Isso é evidente. Mas o que vocês fazem aqui? Estão assustando este povo.
De repente, ela gritou algo em espanhol para um aldeão. Harry parou, permanecendo onde estava.
– Viemos atrás de Hermione Granger.
Os aldeões que haviam fugido, embrenhando-se na floresta, foram retomando aos poucos para a aldeia.
Por sob um boné de beisebol verde-oliva, os olhos castanhos da bela morena se estreitaram.
– Por quê? Com que finalidade?
– Isso não lhe diz respeito, senhorita.
– Mas diz respeito a esta aldeia. E baixem essas armas! – exigiu, com autoridade.
Os fuzileiros não se moveram, os rifles em posição sobre seus ombros.
– Quem os mandou?
Potter a ignorou e inclinou a cabeça para os quatro homens. Eles se afastaram para vasculhar as cabanas remanescentes. Ela tentou impedi-los, correndo atrás de Donahue, mas Harry segurou-lhe o braço.
– Eu a aconselharia a ficar aqui, moça.
Os belos olhos castanhos tomaram-se letais, chispando de raiva.
– Largue-me. Como ousa me segurar?!
– Então não me irrite – replicou ele. – Contenha-se.
A jovem olhou em torno para os amedrontados aldeões e concordou:
– Tudo bem.
Harry a soltou. Um segundo depois, ela quis contra-atacar.
Potter não lhe deu chance de dizer nada. Em sua perspicácia de homem inteligente, soube, naquele instante, quem era ela.
– Você é Hermione Granger.
– Sim, sou eu.
– Eu sabia! – Harry franziu o cenho.
Ele gritou para o grupo que se aproximava e informou sobre a identidade dela. Os soldados não pronunciaram uma palavra sequer, mas Harry ouviu os gemidos de lamúria.
Lidar com um homem era uma coisa, mas com uma mulher, ainda mais uma que não era adestrada e parecia semi-selvagem, era outra bem diferente. Seria como vigiar uma bomba relógio que explodiria a qualquer momento.
– Deixe-me ver seu passaporte – pediu Harry, educado. Não tinha nenhuma descrição para verificar a identidade dela.
Hermione o fitou como se ele fosse um inseto que quisesse esmagar com os próprios pés, e então se dirigiu à cabana que tinha a caixa de metal.
Potter seguiu-a de perto. Ela deu uma olhada rápida para trás, depois puxou uma cortina para o lado e entrou na escuridão da casa. Foi até uma pilha de roupas organizada, puxou do meio dela o conhecido livrinho azul-marinho e o entregou a Harry.
Ele ficou parado no que servia como porta de entrada e inspecionou o documento.
Em seguida, sem dizer uma única palavra, embolsou-o.
– Ei! O que está fazendo? Devolva-me isso!
– Srta. Hermione Granger, sou sargento de artilharia Harry Potter, da Força de Reconhecimento Naval. Tenho ordens de levá-la para casa.
Harry manteve a atenção sobre o solo no outro lado da porta, movendo-se só o bastante para agarrar uma mochila de lona e atirá-la sobre ela.
– Apresse-se. Partimos às cinco horas.
– Não posso abandonar estas pessoas agora!
Ele permaneceu imóvel, apenas seu semblante mudou, quando tornou a franzir o cenho.
– O que você é? Uma missionária, uma médica?
– Sou enfermeira. Vim vacinar todos nesta região.
– Você vacinou o povo deste vilarejo?
– Sim, é claro.
– Nesse caso, já cumpriu sua obrigação. – Harry ligou seu aparelho. – Bravo Dois, reconheça nosso caminho de saída e faça um relato imediato. – Olhou para ela. – Mexa-se ou eu a levarei como está.
– Não estou partindo, fuzileiro – disse, com firmeza. – Apenas diga-lhes que você não me encontrou.
Harry a encarou, furioso. “Deus, eu não mereço isso.”
– Você não me pode forçar.
– Sim, senhorita, posso. – Checou seu relógio de pulso. – Tenho cerca de duas horas para levá-la para o PR.
– PR?
– Ponto de Reunião. Se você não entrar no helicóptero, seremos pegos por uma junta de varredura governamental da floresta.
– Por fabricação e armazenamento de drogas? – Ela arqueou as sobrancelhas delicadas. – Estou aqui há meses... sei muito bem o que acontece a minha volta.
– Então deveria saber que estaremos perdidos e em péssima situação se não nos mexermos rápido. Portanto, mexa-se. Agora!
Resmungando, Hermione agarrou a mochila, encheu-a com roupas, uma pequena caixa de primeiros socorros e alguns itens pessoais.
– É o suficiente, você não precisará disso. – Harry falava quase aos gritos, e pegou-lhe o braço com firmeza, puxando-a para fora.
Hermione se contorceu. Sua vontade era dar-lhe um soco.
– Sabe, fuzileiro, eu entendo inglês desde que nasci. Tente falar de maneira civilizada.
Ele a encarou, com raiva.
– Daqui a duas horas haverá uma varredura de fogo e aqui será uma zona de combate. Só queremos protegê-la. Fui claro, afinal?
– Foi. E quanto aos aldeões? Não quero abandoná-los.
– Eles irão para as colinas, e você não tem escolha.
O grupo de fuzileiros já estava na floresta.
Os aldeões se aproximavam de Hermione. Até crianças, na maioria semi-nuas, acercavam-se para ver o que estava ocorrendo. Ouviam-se murmúrios em espanhol por todo lado.
Aquela gente estava preocupada com ela... Harry entendeu isso, mas recebera ordens e não havia tempo de sobra para mais nada. Assim, com toda a clareza, instruiu as pessoas para dirigirem-se ao leste e permanecerem por lá até que fosse seguro sair. Alguns apenas olhavam sem reação, outros agarravam cestas, frangos, crianças assustadas e fugiam.
Harry escutou no aparelho:
– Bravo Um, temos atividade.
Ele fez uma carranca e, afastando-se alguns passos, ordenou: – Repita.
– Há movimentação a quinhentos quilômetros ao leste. Parecem ser soldados colombianos.
“Céus, o tempo acabou!”
– Câmbio, fuzileiro. – Olhou para Hermione e gesticulou para que ela se aproximasse.
Hermione empinou o queixo. Em outras circunstâncias, ela poderia ser intrigante, mas naquele momento irritava-o cada vez mais. Harry avançou entre Hermione e os aldeões, que se afastaram alarmados com sua impulsividade.
– Eu não vou pôr meus homens em perigo porque você está tendo um acesso de ira! Encontramo-nos numa selva, e não numa estação de águas, e meu prazo está se esgotado! Não dá mais para você tomar seu chá das cinco à beira da piscina!
E sem dar-lhe chance de responder, Harry passou um braço pelas pernas delgadas e ergueu-a do solo, jogando-a sobre o ombro esquerdo.
Hermione esperneou e socou-lhe as costas, gritando:
– Bárbaro! Grosseiro!
– Quase. Fuzileiro naval dos Estados Unidos da América – afirmou, com cinismo.
Hermione gritou e xingou, sem sucesso. Quando Harry enfiou a mão entre suas coxas, ela agarrou a camisa do uniforme masculino de camuflagem para se sentir mais segura.
Harry continuou impassível e, com a metralhadora sob o braço direito, dirigiu-se a passos largos e firmes para a floresta. Não parou até que Hermione pedisse misericórdia.
– Tudo bem, fuzileiro, desisto. Você venceu. Ponha-me no chão. Não posso mais respirar!
– Com prazer. – E Harry a soltou.
Hermione caiu no solo. Fitou-o com intensidade antes de levantar-se, recolocando, dentro do boné, as mexas de cabelos castanhos.
– Você é sempre assim tão estúpido e mal-educado? Ou a atmosfera tropical está embrutecendo as maneiras de um fuzileiro naval americano?
– Depende da ocasião. – Harry estendeu as mãos para ajudá-la a ficar de pé.
Ficaram frente a frente, as faces quase se tocando. Por uns poucos segundos, Harry teve a noção do quanto ela era bonita, mesmo sem usar um pingo de maquiagem.
– Vai ficar quietinha? Sem me perturbar e sem me aborrecer? Promete que irá cooperar comigo?
– Sim – foi tudo que ela conseguiu dizer.
– Excelente!
Harry a fez virar-se de costas e empurrou-a. Hermione tropeçou, voltou o rosto para encará-lo e se pôs a correr, mas não antes de gritar:
– Bárbaro!
Ele a observava com displicência. Ótimo, pensou. Então focalizou a atenção no terreno a seus pés e colocou o dedo sobre o gatilho do rifle MP3.
O sol do meio-dia que se infiltrava por entre as árvores gigantescas era escaldante, mas eles tinham de seguir avante. O período fornecido de maneira tão taxativa pelo comandante estava esgotado, e Harry sabia que a qualquer momento o pior iria acontecer.
Hermione ofegava quando todos pararam para um intervalo, a fim de beber água. Mais por causa dela, lógico. Após dois quilômetros de dura corrida, os fuzileiros não pareciam nem um pouco sem fôlego, apesar do calor tremendo naquela selva fechada.
As árvores frondosas entrelaçavam seus galhos por sobre o caminho, mal permitindo que os raios solares atingissem o solo. Os grunhidos dos animais silvestres, pelo visto macacos, na maioria, e o zunido incessante dos insetos, contribuíam para ela sentir-se enjaulada numa floresta tropical. Havia umidade no ar, mas a quentura era intensa e sufocante.
Poucos minutos antes, na caminhada através da vegetação, Mione avistara jacarés sonolentos boiando na água se um trecho do rio.
Ela sentia vontade de fundir-se com o solo e transformar-se em adubo.
O sargento Potter entregou-lhe uma garrafa de água e, quando Mione sentou-se num cepo de madeira de árvore tombada, ele puxou-a para o chão.
– Fique aqui e vigie com atenção as serpentes – disse ele, afastando-se alguns metros e desenrolando um mapa.
Hermione fitou o solo. Potter a cutucou e apontou para os galhos que pendiam acima de sua cabeça. Mione aproximou-se dele. Afinal de contas, era Harry quem tinha as armas.
Ele estava armado até os dentes e, por baixo da face pintada de preto e verde, não havia dúvida de que era um homem muito atraente. Não apenas bonito como grande, também.
Grande não, imenso. Podia-se aterrissar uma aeronave naqueles ombros largos. Mione detestou-se por sentir uma atração visceral por aquele brutamonte.
Fitou os outros quatro rapazes, alguns deles fumando, tranqüilos. Belos fuzileiros, garbosos e vigorosos. Estavam apoiados sobre um dos joelhos, atentos à densa selva, e ela imaginou o que pensariam sobre tudo aquilo. Mas no fundo sabia.
Quem ordenara seu resgate? Quem era ela, que fizera a Corporação Naval arriscar as vidas de cinco fuzileiros apenas para retirar da selva amazônica uma voluntária do Corpo Militar da paz? E o pior de tudo: era bem ali, na selva amazônica, que Hermione queria estar.
E soube daquilo no exato momento em que viu os fuzileiros, Mione imaginava que o grupo não fazia idéia de quem ela era, ou do porquê de receber tratamento diferenciado, sobretudo por estar usando o nome de solteira de sua mãe. “Ele me cai bem”, decidiu. Todos a tratavam de modo diferente, de qualquer maneira, exceto ali naquela aldeia.
Potter deveria ter um relógio biológico fabuloso, decidiu Mione, porque em exatos dois minutos depois, fez sinal para que seus homens continuassem andando, e então a auxiliou a levantar-se do local onde Mione se achava agachada naquele instante.
Ela lhe devolveu a garrafa de água. Harry a guardou e, com a expressão neutra, sinalizou para que seguisse o grupo.
Haviam partido fazia mais ou menos quinze minutos quando a primeira explosão fez a mata tremer em suas bases.
O barulho foi ensurdecedor e misturou-se no ar com os guinchos dos macacos em alvoroço.
Ao longe, dava para ver os rolos de fumaça e poeira que subiam em espiral para o céu claro do meio-dia.
Hermione rezou em silêncio, fazendo o sinal-da-cruz.
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Mais uma adaptação pra vcs..
Espero que gostem..
Bjinhusssssssss
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