Duelo de Animagos
Duelo de Animagos
Aqueles dias após o Natal eram sempre os mais frios. Todos andavam agasalhados, e qualquer bebida quente era bem vinda. Foi num daqueles dias frios em que a lua cheia ocorreu.
Estavam os quatro sentados no que chamavam de “A sala de Reuniões”. O fogo estava aceso na lareira, e lançava sobre todos uma luminosidade bruxuleante. Lílian estava aninhada a Tiago, e Sirius repousava a cabeça sobre o colo de Caroline. O silêncio dominava a sala.
–PAREM DE FALAR! – Bradou Tiago, de repente, sobressaltando Sirius, que se pôs sentado e abraçou Caroline, protetoramente. – Nunca vi alguém falar tanto! – O moreno de óculos terminou, e novamente o silêncio caiu na sala.
–Quer brincar? – Caroline perguntou, quando Sirius ficou de pé e tomou sua forma animaga, assustando Lílian. Despreocupado, ele subiu no sofá e largou a cabeça sobre uma almofada pequena, soltando um ganido de discordância para Caroline.
–A... A... A... A... – Lílian repetia, abobada. Tiago depositou um beijo delicado sobre os cabelos dela e retrucou baixinho:
–Animagia, querida... Agora fique quieta e observe... – Ele disse quanto Caroline levantou e, com a mesma facilidade de Sirius, tomou sua forma animaga. A onça albina sentou, pomposa, no chão, e soltou um miado longo e provocante, pra depois pôr as patas sobre o sofá, morder a orelha do enorme cão negro e puxar. Sirius soltou um rosnado grosso quando tentou morder o pescoço de Caroline, mas a onça foi mais rápida, saltou para o lado e ficou encarando-i com seus astutos olhos multicores. Sirius desceu preguiçosamente do sofá, ignorando os gritinhos de pavor de Lílian, e se espreguiçou.
Novamente alerta, Caroline saltou sobre ele, derrubou-o para o lado, mordeu seu focinho e se afastou, diante de outro rosnado feroz do cão. Agora, os dois animais se encaravam, a linda onça albina de olhos multicores, e o enorme chão de pelagem negra, em posição de combate. O primeiro a atacar foi Sirius, saltando sobre Caroline como um lobo um cordeiro sobre um cordeiro. A luta de latidos, ganidos, miados, rugidos e rosnados intensificava-se diante dos olhos apavorados de Lílian. Novamente, os dois animais se afastaram, ambos arfando. O cão era enorme, e a onça, pequena demais. Em comparação, ambos tinham o mesmo tamanho, e cores opostas.
Aquele duelo emocionava Tiago, por que era ali que ele via a real luta das Trevas e da Luz, numa alusão às cores dos animais. Pela segunda vez, Sirius e Caroline lançaram-se um sobre o outro. Apenas alguns segundos se passaram até que a onça albina caísse rolando para longe, levantasse e se jogasse novamente contra o “inimigo”, numa série que não durou mais que cinco segundos. “De que adiantava?” Tiago ponderou, em silêncio. “Ela já estava exausta, e ele era bem mais forte”, E, como ele previra, aconteceu. Não tardou para que a onça pequena caísse, o cão negro por cima, lhe mordendo de leve o pescoço. Então, Sirius saiu de cima dela e a empurrou com o focinho, indicando-lhe que levantasse. Quando Caroline o fez, ele se largou no chão, com um “bocejo canino”. Teimosa, a onça passou as patas frontais sobre o cão, e deitou-se sobre ele, mordendo por brincadeira uma das orelhas escuras. E diante daquela cena, acalmando sua desesperada namorada, Tiago desejou que fosse apenas ali, num duelo de mentira, que as Trevas vencessem.
–Você já está atrasada, Caroline! – Lílian avisou, ao encontrar a loirinha no corredor. Caroline mirou a amiga por entre a franja que caía enquanto ela buscava qualquer coisa dentro da mochila.
–Você decorou meu horário, Lil? – Carol perguntou, inocentemente. A ruiva estufou o peito, orgulhosa, ao declarar:
–Eu sei todas as aulas dos professores! – Caroline olhou para Lílian com uma expressão abobalhada, mas a ruiva nem percebeu. – Venha, eu vou acompanhar você até sua próxima aula!
Percorreram juntas um pequeno trecho dos corredores, sem que Caroline levantasse o olhar por nenhum instante. Lílian imaginou se realmente havia tantas coisas dentro daquela mochila para que a amiga não encontrasse o que procurava. Lílian encarou a busca de Caroline, meio distraída, por um instante, e então seu olhar voltou-se novamente pro caminho a percorrer...
... E a ruiva estacou.
Percebendo a hesitação da amiga, Caroline levantou os olhos da mochila para a amiga que havia parado.
–Lily? Você está bem? – Vendo que os olhos de Lílian continuavam vidrados num ponto logo a frente delas, Carol virou-se. Fez um barulho com a garganta, algo que soou como “Hum!”, e não tirou os olhos de Sirius, enquanto ele separava os próprios lábios dos de uma sextanista. A cena poderia parecer cômica: Um enorme garoto de pele bronzeada, olhos azuis quase pretos e a boca vermelha por causa de um batom vermelho sangue borrado. – Beleza, Black.
–Caroline?? – O moreno disse, abismado, escondendo a garota atrás dele. – Não é nada disso que você está pensando!
–Você não tem IDÉIA do que eu estou pensando, Black. – Caroline avisou, seu tom de voz mortalmente frio.
–Não, não! Claro que não... – Ele respondeu completamente desnorteado. – Ah Merlin... Não sei nem o que dizer...
–Não diga nada. – Ela avisou, congelando-o com o olhar. – Apenas faça o favor de avisar pra Tiago que eu não vou ao encontro de hoje. Talvez eu não vá mais. – E, dizendo isso, ela deu-lhes as costas e sumiu no corredor. Com um último olhar de reprovação para Sirius, Lílian seguiu Caroline quase correndo.
–Você acabou de desperdiçar o que de melhor poderia ter na sua. – Remo avisou, saltando de uma passagem atrás de uma coluna, assim que a garota com quem Sirius estivera engalfinhado antes desapareceu. Sirius permaneceu imóvel por mais um instante, antes de voltar-se para o amigo:
–Eu sei. E não faz idéia do que eu estou sentindo agora. – E, dito isso, ele se afastou, caminhando lentamente.
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