Expia



Capítulo 17
Expia


–Ninguém sabe como eu me sinto. – Sirius sentenciou, enquanto atirava uma pedra na direção do lago. O ar estava monótono, a grama meio úmida por causa da neve que ainda derretia em certos pontos do pátio vasto da escola. Remo suspirou quando Pedro soltou uma exclamação ao ver Tiago soltar um pomo de ouro velho e gasto no ar e então pega-lo com uma destreza digna de apanhador.

–Azar é o seu. – Remo respondeu. – Você quem pagou o pato, e agora vem se lamuriar. – Sirius ergueu-se, encarando furiosamente a Remo, com o punho cerrado. Tiago brandiu a varinha levemente, e uma fina barreira formou-se entre os dois.

–Sem brigas, crianças. Aluado tem razão, Almofadas. A culpa foi única e exclusivamente sua.

–Vai dizer que você está sendo fiel a Lílian, Pontas... – Rabicho guinchou, enchendo os ouvidos de todos. Tiago olhou-o com repulsa, e então seus olhos brilharam.

–Completamente! – Ele sorriu. – Eu sou apenas do meu Lírio, e de mais ninguém! – Sirius soltou um suspiro ao encostar-se novamente no tronco da árvore com os amigos. Tiago pegou uma pedra e jogou-a no lago, fazendo-a quicar quatro vezes antes de afundar.

–Uau! – Pedro exclamou. – Essa foi boa!

–Eu sei. – Tiago respondeu, soltando em seguida um bocejo. Sirius e Remo entreteram-se em uma conversa sobre um assunto mundano, e a atenção de Pedro logo se desviou para a conversa. Tiago cerrou-se em um silêncio pensativo, fechou os olhos e ficou ouvindo os sons das árvores e sentindo os cheiros no ar. A brisa acariciou-lhe o rosto, trazendo um leve odor amadeirado e doce da Floresta Proibida. E então, junto com esse cheiro, misturou-se o odor de rosas. Seus olhos se abriram e então voltaram-se pra cima. Sua boca crispou-se em um meio sorriso quando, sem que os amigos percebessem, ele levantou-se e deu um pulo pr’um galho alto, subindo até quase a copa da árvore.

“Bonito, Íris!” Ele disse, sobressaltando a garota. Por um instante ela se desequilibrou e quase caiu, mas segurou-se em um galho logo à sua frente, subindo nele para sentar-se. Caroline encarou Tiago por um instante, com um rosto inocente.

–Você me assustou. – Avisou ela, mirando-o com distração.

–Eu sei. Era essa a intenção. O que você está fazendo aqui? – Ele rebateu, ainda com o meio sorriso estampado no rosto.

–Sinceramente? Estava espionando. – Ela sorriu devagar. – Algum problema com isso?

–Você sabe como ele se arrependeu? – Tiago rebateu, ignorando a pergunta dela. Mais uma vez, ela sorriu.

–Claro! É bom que ele sofra um pouco pra aprender a ser gente!

–Você é cruel...

–Não! Eu sou apenas vingativa... – Ela encarou-o. – Então, o que você quer?

–Nada... – Tiago retrucou, examinando as próprias unhas. – O que você faria se eu te derrubasse bem no colo de Sirius?

–Você jamais conseguiria! – Ela avisou, em tom de desafio. Pra provar seu equilíbrio, ficou em pé no galho que estivera sentada antes e então soltou as mãos, mantendo-se parada. Tiago sorriu, a boca afinando-se numa linha. Sem esperar que ela pudesse se agarrar novamente, Tiago colocou as mãos no galho onde a garota estava e balançou-o. Tanto o fez até que Caroline tornou-se um borrão difuso no meio das folhas verdes, e então ela sumiu! Abismado, Tiago olhou pra baixo, mas não viu sinal algum de que a garota tivesse caído. Atônito, ele vasculhou o chão todo, mas não encontrou nada. Em baixo, os amigos continuavam em sua conversa, sem nada perceber. Sirius incomodou-se ligeiramente com uma folha que havia caído sobre seus cabelos, mas resolveu isso tirando-a de lá.

–Caroline? – Tiago chamou. Ouviu um movimento acima da sua própria cabeça, e virou-se pra olhar. Era tarde pra que ele pudesse se defender:

–Surpresa! – A loira bradou, antes de empurrá-lo. Tiago logo perdeu o equilíbrio, e então despencou de cima da árvore, caindo ao lado de Pedro, estatelado no chão. Seus amigos e muitos outros alunos que estavam por roda caíram na risada. Raivoso, Tiago ergueu a cabeça apenas pra ver Caroline correr sobre um galho com a leveza de um elfo e saltar, como que se voasse, pra outra árvore, agarrar-se a um galho, dar uma pirueta e então descer na terceira árvore, antes de sair correndo pro castelo novamente. Alguns alunos aplaudiram, dentre eles Remo. Sirius comentou como quem não quer nada:

–Ela é boa, não? – E então colocou uma gramínea na boca.

–Você vai deixar ela fugir assim? – Tiago bradou, verificando a camisa suja de terra. Sirius mirou-o com as sobrancelhas levantadas.

–O que você espera que eu faça? Corra atrás dela e diga-lhe que derrubar os outros das árvores é feio? Oh, sim, seria hilário... Oi, Carol... O Pontas mandou avisar que não gostou de ser derrubado da árvore... Ah, e a propósito, você ME DESCULPA POR TER TRAÍDO VOCÊ COM UMA GAROTA QUALQUER QUE NÃO CHEGA NEM AOS SEUS PÉS??? – Sirius bufou, após berrar a última parte. Tiago fitou-o atônito.

–Na verdade isso jamais funcionaria. Mas um “Desculpe” ajudaria um pouco. – Alguém comentou atrás deles. Tiago levantou-se apenas pra pegar os matérias que a namorada trazia nos braços. Lílian sorriu e murmurou “Obrigada”, dando um beijo rápido em Tiago. – Mas é claro que o Senhor Black Perfeito jamais se rebaixaria tanto ao ponto de pedir perdão a uma garota. – A ruiva encarou a Sirius com altivez. Sirius olhou pra ela, o rosto sem expressão alguma.

–Pois é bem aí que você se engana, Srta Evans. É bem aí que você se engana... – E, dizendo isso, ele levantou-se, seguindo pelo chão os passos que a Marota fizera sobre as árvores.

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–Bella? – Caroline chamou, pulando. – O que você precisa?

Belatriz suspirou, puxando a própria varinha. Apontou-a direto pra Caroline, mas esta apenas olhou-a, com olhos brilhando.

–Aceita uma proposta? – A moça perguntou, sua voz soando estranhamente rouca. No momento seguinte havia uma roda formada, com varinhas levantadas e todas apontadas para Caroline. Mas a Marota apenas sorriu.

–Tudo muito relativo! – Respondeu Carol. – Depende muito da proposta e do que eu posso ganhar com isso, e, é claro, o que tenho de dar em troca.

–É muito simples. – Bela respondeu. – Ouça com atenção...

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