Capítulo 9



Ao entrar em casa, Hermione respirava com dificuldade. Estava descontrolada e seu olhar era de desespero. Seu pai ouviu o barulho da porta batendo e perguntou alarmando:
__ O que houve, minha filha?
__ Nada!
__ Por que essa cara tão zangada, então?
__ Papai . . .
__ Está bem, está bem. Se não quer falar, não pergunto mais nada. Mas sabe, querida, prefiro ver você assim do que triste como tem andado ultimamente.
__ Oh, papai, desculpe. É que está tudo tão confuso e difícil . . .
A campainha tocou e a porta, se abriu, sem esperar que ninguém atendesse.
__ Com licença?
Era Harry, que entrava no hall, surpreendendo a todos. Como se atrevia a segui-la? Até dentro de sua própria casa! Será que não havia deixado bem claro que na queria vê-lo mais? Ela não queria falar com ele e, por isso, foi para a cozinha. A mãe, que preparava o jantar, repetiu a mesma pergunta que o pai fizera. Parecia que todos percebiam quanto ela estava descontrolada . . .
__ Algum problema, Hermione? Você parece tão tensa . . .
__ Não é nada, mamãe. Vou subir para o meu quarto e me arrumar para o jantar.
Demorou o quanto pôde, para dar tempo suficiente a Harry de ir embora. Não estava interessada no que ele tinha a dizer e nem queria saber como é que ele ia explicar a seus pais aquela entrada repentina na casa deles. Quanto atrevimento e quanta insistência! Pelo visto, Harry não tinha mesmo limites. Quando finalmente desceu para a sala, percebeu surpresa que Harry ainda estava lá. Sentado calmamente numa poltrona, bebia uma xícara de chá.
__ Ah, Hermione, já ia lhe chamar. Harry está aqui, querida. Diz que veio visitar você. – falou a mãe, em tom cordial, voltando para a cozinha. O pai também não estava por perto. Certamente tinha ido fechar a loja.
__ Que diabos está fazendo aqui? – Hermione falou, fuzilando de raiva, assim que percebeu que estavam a sós.
__ Tomando chá, ora!
__ Não é possível! Vá embora já! Pare de me perseguir!
__ Ir embora? De jeito nenhum. Seria uma falta de cortesia. Seus pais tiveram a gentileza de me convidarem para o jantar e eu aceitei.
__ O quê? Vai jantar aqui?
__ Vou sim. Por dois motivos: primeiro, por que o convite foi muito gentil; e, segundo, porque estou com fome. Não almocei hoje, sabe?
Harry não dava qualquer importância ao ar ameaçador de Hermione, falava com calma e um sorriso gozador no rosto. Desesperada, ela o segurou pelo braço, sacudindo-o e dizendo:
__ Harry, chega! Saia desta casa.
__ Como é bom ter você assim, segurando meu braço e me chamando de Harry, em vez daquele odioso Sr. Potter . . . – Ele continuava a sorrir com ironia e, sem que Rose esperasse, abraçou-a com força puxando-a para que ela se sentasse em seu colo. __ Ótimo, somos amigos de novo, não somos?
__ Claro que não. Chamei você de Harry porque . . .
__ Porque é meu nome e você me ama. Certo? – Harry beijava sua face carinhosamente, como se estivesse acalmando uma criança birrenta.
__ Nada disso. . . Eu. . . – Hermione não conseguia prosseguir. Os lábios de Harry selaram sua boca com um prolongado e ardente beijo.
__ Manhê! Já cheguei. Eu. . . Ahn? Desculpem. – Era Billy que entrava na casa, barulhento como sempre. Corado, olhou a cena e conseguiu apenas dizer: __ Ahn. . . Boa-noite.
Harry se levantou imediatamente, quase derrubando Hermione. De pé, olhou para o menino.
__ Boa noite, Billy. Sabe, ainda não tive tempo de lhe agradecer. Quero que saiba como estou grato por tudo que fez na noite do acidente.
__ Não foi nada. Até que foi mais fácil cuidar do senhor do que de Hermione, naquela noite.
__ Como assim?
__ O senhor precisava ver o jeito que ela ficou. . . Tremia, chorava. Até desmaiou e. . .
__ Chega Billy! Harry não está interessado nesses detalhes.
__ Quem foi que disse? Estou sim, mais do que interessado. E daí Billy? Continue.
__ O assunto fica para outra hora. Agora suba Billy, e vá lavar as mãos para o jantar – Hermione insistiu.
__ Mandona! – O menino correu escada acima, antes que a irmã pudesse reagir. O braço de Harry, que ainda segurava a cintura de Hermione, puxou-a delicadamente até o sofá, onde os dois se sentaram.
__ Explique direito essa história, Hermione. Se não me ama, por que ficou tão abalada com o acidente? Não venha me dizer que Billy inventou tudo isso...
__ Ora tudo que ele falou é bobagem de criança. Eles sempre fantasiam quando são obrigados a agir acima das suas forças. Billy se comportou muito bem, socorrendo você numa hora em que muitos adultos ficariam perdidos e sem saber o que fazer. É lógico que aumente os fatos com muita fantasia e. . .
__ Não, Hermione, nenhuma criança inventaria, mesmo com toda a fantasia solta, as coisas que seu irmão estava falando. Ele teria aumentado os detalhes do salvamento ou o estado do carro, mas nunca o seu estado de nervos ou o desmaio.
__ É que eu. . .
Desta vez, a conversa foi interrompida pelo pai de Hermione que, muito decidido, entrava na sala e se dirigia à televisão.
__ Pronto – ele chegou dizendo – mais um dia de serviço acabou. Agora será que vocês me dão licença de sentar aí, nesse sofá, para assistir ao jornal na televisão?
O pai de Hermione não parecia surpreso de ver sua filha assim nos braços de um homem quase desconhecido. É claro que, depois do acidente, ele já esperava essa cena mais dia, menos dia. Hermione no entanto, ficou sem graça e tentou se afastar de Harry. Levantou-se e foi se sentar na outra poltrona.
__ Fique à vontade, Sr. Granger – disse Harry, levantando-se também e dirigindo-se a mesma poltrona onde Hermione estava sentada. Empurrou-a um pouco, com delicadeza, e sentou-se também – Agora, continuemos nosso assunto.
__ Não tenho mais nada a dizer. E saia daqui, vá sentar-se em outro lugar.
Harry, ao invés de obedecer, segurou-a pela cintura, para evitar que ela se levantasse, já que ele não saía.
__ Como você é teimosa, Hermione! – Harry falava num tom que o pai dela pudesse ouvir.
O Sr. Granger estava com os olhos pregados na televisão, fingindo não prestar atenção na conversa. Mas diante da dica que Harry lhe dava, resolveu intervir:
__ É mais do que teimosa essa minha filha. Mas não ligue, Harry, parece que ela hoje não está com muita vontade de conversar. O que é que o Sr. quer saber? Talvez eu possa ajudar.
Harry continuava confortavelmente sentado na poltrona. Tinha se ajeitado de tal forma que deixava Hermione num canto, apertada. Sua mão passara pro trás da cintura dela e, agora, segurava seu braço, para que ela não pudesse levantar. Ele parecia na importar que o pai dela visse, e seu sorriso mostrava satisfação com a cumplicidade que estava recebendo.
__ Hermione costuma ser assim tão calada, sem vontade de conversar, Sr. Granger?
__ Que nada! Em geral é uma matraca. O difícil é fazê-la ficar quieta. – O pai soltou uma sonora gargalhada com a própria piada.
__ Mas diga, filho, o que é que quer saber?
__ Eu estava perguntando a Hermione, porque tinha ficado tão abalada, no dia do meu acidente. Afinal, nada indica que ela me preze tanto assim.
__ Ah! É isso? Então deixe-me contar. Ela. . .
__ Papai!
__ Não quer que ele saiba, querida?
__ Não, por favor. Não tem nada que ele precise saber . . .
__ Sinto muito, Harry. Se Hermione não quer que saiba, eu é que não vou contrariá-la. Afinal, nós temos que aturá-la quando fica zangada e o senhor não imagina como é duro.
Harry e o Sr. Granger riram muito e os dois olhavam para Hermione. Ela estava envergonhada, reconhecendo que estava sendo infantil e que merecia ser gozada pelos dois. Deu um suspiro de alívio quando a mãe veio avisar que o jantar estava na mesa.
A refeição estava deliciosa. Parecia que sua mãe tinha se esmerado mais ainda, em homenagem ao convidado. Toda a família se mostrava encantada com Harry e conversavam animadamente.
Quando não está discutindo comigo, ele consegue mesmo ser agradável, Hermione pensou.
De certa forma, estava contente de vê-lo ali, junto com sua família, participando tão à vontade da vida da casa. E num ambiente tão diferente do dele, em Londres! Harry sabia agradar à mãe de Hermione, elogiando a comida; conversava animadamente com o pai e brincava com Billy. Hermione não podia negar que se sentia orgulhosa com os olhares carinhosos que ele lhe dirigia. Se não fosse um homem casado, estaria tudo perfeito.
Quando terminou o jantar e Harry se levantou para ir embora, o sr. Castle disse:
__ Foi um prazer tê-lo conhecido direito, Harry. Volte sempre que tiver tempo livre em Londres.
__ Isso, venha visitar-nos quando quiser – completou a mãe - Pena que agora tenha que enfrentar aquela estrada. Já é tão tarde. Por que não passa a noite aqui em casa e volta amanhã de manhã para Londres? Se não se importar, pode dividir o quarto como o Billy.
__ Obrigado, mas não será preciso, Sra. Granger. Sabe? Eu não vou para Londres, vou só até o fim da rua.
__ Como assim?
__ Até a Casa do Pomar.
__ Está morando lá de novo? – Hermione perguntou espantada, saindo finalmente do seu mutismo.
__ Sim. E agora é definitivo. Eu comprei a propriedade.
__ O quê? Comprou?
__ Pois é.
__ Mas lá não tinha mobília. . . Não há nada, está tudo abandonado. Como ai dormir ali?
__ Agora não está mais. Você precisa passar lá para ver as reformas que fiz. Acho que vai gostar da nova decoração, está bem aconchegante.
__ Que bom! Então somos vizinhos novamente – disse a Sra. Granger. __ Qualquer dia eu vou lá como Hermione. Eu também quero ver como ficou a Casa do Pomar. Ela estava abandonada há algum tempo. . . E o senhor não vai contratar uma governanta para tomar conta da casa?
__ Ainda não. Mas já tenho uma pessoa em vista. . . Para cuidar da casa e, principalmente, de mim. . .
Seu sorriso não deixava margem a dúvidas sobre quem ele estava se referindo. Encabulada, Hermione percebeu o olhar significativo que seus pais trocavam. Para na deixar a conversar se esticar ainda mais, ela interrompeu:
__ Até logo, Harry. Eu o acompanho até a porta.
__ Ah! Harry, se não tiver compromisso no domingo, venha almoçar conosco – convidou a Sra. Granger.
__ Ótimo! Venho sim. Obrigado.
Finalmente, Hermione conseguiu conduzir Harry até o portão. Estava séria e irritada. As coisas tinham ido longe demais.
__ Há algo errado, Hermione?
__ Claro que há. Não deve vir aqui no domingo, nem nunca mais.
__ Sinto muito, mas não vou fazer essa desfeita a seus pais. Eles foram muito simpáticos comigo e eu pretendo continuar amigo deles, quer você queira, quer não. Sua teimosia não me afeta, mesmo que faça essa carinha de raiva...
__ Você não tinha o direito de invadir minha casa desse jeito.
__ Mas eu não invadi. Vim apenas lhe devolver isto. . . E seu pai me convidou a entrar e a ficar.
Harry segurava a bolsa de Hermione, na pressa de sair do carro, havia esquecido no banco. Sem graça, ela observou:
__ Poxa. . . Desculpe,...
__ Está vendo, garotinha ingrata? Tchau! Até domingo!


Selma estava radiante, no dia seguinte, na biblioteca. Pelo visto, o passeio com Alan tinha ficado à altura das suas expectativas. Seu rosto estava como que iluminado e o sorriso não a abandonava.
__ Sabe, Hermione, ele é tão . . . Tão gentil. Um verdadeiro cavalheiro. Depois do cinema fomos tomar alguma coisa e conversamos bastante.
__ Que bom! Deu tudo certo então, Selma?
__ Puxa vida! Deu mais do que certo. Alan é tão diferente dos outros rapazes! Imagine que até conversou comigo sobre seus problemas e se interessou pelos meus.
__ Por quê? Os outros rapazes não conversam?
__ Não como ele. Ele mostra um interesse real, tratou-me como igual. Os outros fazem questão de fazer com que eu me sinta uma burra. E eu não me dou ao trabalho de convencê-los do contrário. Finjo que sou burra mesmo e pronto.
__ Selma, isso é horrível!
__ Por quê? Todos eles fazem isso e eu não tenho outro remédio.
__ Pois a mim, nenhum homem vai fazer de burra.
__ Nem Harry?
__ Ele não se atreve a me tratar dessa maneira. Apesar de tudo, ele me respeita.
__ Ele parece ser maravilhoso com você. Só a forma como a olha! Parece que a devora com os olhos.
__ Selma!
__ É isso mesmo, Hermione. Eu morro de inveja!
__ Pois pode ficar com ele, se é que você gosta de homens casados.
__ Casado? Ele é casado?
__ Você ouviu, Selma.
__ Meu Deus! Que pena Rose. Você estava muito interessada, não é verdade?
__ É, estava, enquanto não sabia. Mas agora já passou. E Alan? Conte sobre ontem. Estou torcendo por vocês e quero saber mais. Quando vão sair de novo?
__ Amanhã. Ele disse que quer me levar a uma competição de atletismo. Já viu coisa mais maluca? Não vejo nada de romântico numa coisa dessas,mas, já que ele quer, eu vou.
Era evidente que Alan estava tentando testar Selma. Com certeza queria saber se ela o admirava pelo que realmente era ou pelo fato de ter sido campeão um dia.
Hermione percebeu a artimanha de Alan e, mais tarde, quando se viu a sós com ele, na sala dos funcionários falou:
__ Será que você não está se preocupando demais com isso, Alan? Selma está tão encantada com você, com a forma com que você a trata, que nem se lembra mais de que você já foi atleta.
__ Pois é eu pretendo ter certeza disso amanhã. Quero ver como ela reage quando eu estiver a seu lado, na platéia, e não nas pistas, ganhando algum título.
__ Mas veja bem Alan: me parece que isso é uma coisa que afeta muito mais a você do que a ela. É uma preocupação que não precisa ter. Ela está mesmo ficando fascinada pro você tratá-la como gente e não como boneca, como estava acostumada.


Era hora do almoço. Hermione tinha que ir até a lanchonete, pois não trouxera almoço naquele dia. Por acharem que a conversa ainda se estenderia por algum tempo, resolveram ir juntos.
__ Alan, tenho certeza que ainda o convenço de que Selma não está nem um pouco interessada em seus títulos.
__ Então vamos lá, minha mestra do amor.
Assim, foram andando alegres, rindo animados, sob o gostoso sol da manhã. Iam lado a lado, trocando idéias e opiniões, como dois bons camaradas. Alan respeitava muito as idéias de Hermione e gostava de sua companhia. Ela, por sua vez, apreciava também o rapaz. Achava-o maduro, bem-humorado e um ótimo colega.
__ Hermione! – Uma voz grave, que ela conhecia muito bem, chamava por trás deles.
Não era possível! Harry outra vez? Ela se virou e deu com ele. Estava om o semblante fechado, com jeito de zangado, sem esconder seu desagrado por vê-la tão à vontade com Alan. Será que ela não tinha mais direito de ir à lanchonete com seus amigos?
Dane-se, pensou. Não tenho que lhe dar explicações dos meus atos.
Olhou-o com superioridade, não se deixava intimidar diante de seu ar de posse.
__ O que está fazendo aqui, Harry?
__ Vim pegá-la para almoçar comigo.
__ Desculpe, mas já tenho companhia para o almoço.
Alan, num gesto protetor, segurou-a pelo braço. Ainda bem que ele tinha entendido que era esse o homem que ela tentava evitar e dispunha-se a ajudá-la. O semblante fechado de Harry escureceu ainda mais.
__ Quer fazer o favor de tirar as mãos de minha noiva?
__ Eu não sou sua noiva coisa nenhuma.
__ Deixe-nos a sós, Sr. . . . Como pôde perceber minha noiva está um pouco nervosa e vou levá-la comigo para ver se a acalmo. – Harry falava pausadamente, procurando parecer educado, mas sem conseguir esconder sua raiva.
__ Hermione é adulta o suficiente, para decidir sozinha qual a companhia que prefere. – Alan falava de igual para igual, enfrentando a rigidez de Harry com firmeza. __ Então, Hermione, o que você decide?
__ Vou almoçar com você, Alan. E, quanto ao Harry, meus pais o esperam lá em casa neste domingo. Até logo!
__ Muito bem, Hermione, a escolha é sua. Vejo você no domingo e então falaremos a sério.
Aliviados, Alan e Hermione viram Harry entrar no carro e sair a toda velocidade.
__ Poxa! Achei que ele ia começar uma briga e que eu iria acabar apanhando sério desse seu noivinho.
__ Claro que você não ia apanhar. Você é muito mais forte que ele, seu tonto.
__ Não tenha tanta certeza disso. Mas, afinal, quem é esse sujeito?
__ Já lhe falei dele, Alan. É a pessoa com a qual não quero ter nada a ver.
__ Mesmo com esse Jaguar?
__ Ora, não brinque! Se soubesse o mau-caráter que há dentro desse carro . . . Eu o odeio! Detesto mesmo, com todas as minhas forças.
__ O que é isso, Hermione? Se não quer mais nada com ele, por que está tão brava assim?
__ Sei lá. . . É que . . .
__ Nem precisa explicar. Já percebi tudo. Você ainda está apaixonada, mas não quer dar o braço a torcer, não é?
__ É mais ou menos isso.
__ Pois bem, agora a pouco você me falava com muita franqueza o que acha de meu caso com Selma. Agora, parece que é minha vez de falar. Se você ainda gosta dele e ele de você, por que não continuar lutando? Aceita-lo não faria vocês dois muito mais felizes?
__ Mas, Alan, já lhe disse que ele é casado.
__ Sinto desfazer seus sonhos de Cinderela. Mas sabe Hermione, nem todos os casamentos são perfeitos e, pelo visto, o dele faz parte desse rol.
__ Pois saiba que eu não vou contribuir para que o casamento dele acabe de uma vez, entendeu?
__ Mas já contribuiu, Hermione, mesmo sem querer. O fato de vocês se conhecerem, que não é culpa de nenhum dos dois, já mostrou a ele que está casado com a pessoa errada. Ele demonstra gostar muito de você.
__ Isso eu não pude evitar, realmente. Mas agora não quero mais nada. Agora sei, e me sentiria mal se continuasse a sair com ele.
__ Tudo bem, madame. Faça como quiser e não se fala mais nisso. Certo?
Harry não apareceu mais nos dias que se seguiram. Se, por um lado, Hermione ficou tranqüila com isso, por outro, sentia certo desapontamento, Era ridículo ficar assim, mas não havia como negar.
Finalmente, no domingo, ele apareceu na casa dela, pontual e com um maço de flores para a Sra. Granger.
__ Bom dia, Hermione – cumprimentou-a formalmente.
__ Como está, Harry?
__ Muito bem. Por que não foram à Casa do Pomar, para ver as reformas, como tinham prometido?
__ É que, bem, esta semana não deu tempo.
__ Por que não vamos hoje à tarde, depois do almoço, querida?
- sugeriu a mãe, ouvindo a conversa.
O almoço transcorreu em paz. Sua mãe tinha preparado um delicioso feijão e umas costelas de porco douradinhas e muito bem temperadas. A sobremesa era uma linda torta de maçã, enfeitada com chantilly e cereja, que arrancou um suspiro guloso de todos, quando a Sra. Granger a colocou sobre a mesa. Harry continuava sabendo agradar a todos e tinha muito assunto. Quando terminaram, Hermione recolheu os pratos e se dispôs a lavar a louça, para poder sair da sala. Percebendo isso, Harry se levantou também.
__ Vou ajudar um pouco a mocinha aqui. Afinal, hoje é domingo e não seria justo que ela fizesse o trabalho sozinha, bem no seu dia de folga.
__Obrigada, mas não será necessário, Harry. Pode ficar aí conversando.
Mas, mal ela começou a lavar o primeiro prato, sentiu a presença de Harry na cozinha, parado atrás dela, bem pertinho. Fingindo que não tinha se dado conta, continuou nervosamente a ensaboar a louça. Os lábios de Harry aproximaram-se de seu pescoço e suas mãos circundaram sua cintura.
__ Amo você, mocinha. Não quer se conformar com a idéia e me aceitar? – ele disse beijando repetidas vezes sua nuca e impedindo-a de continuar a tarefa.
__ Pare com isso! Vou ter que chamar meu pai e ficará muito mal para você.
__ Não acho. Acho que é até uma ótima idéia. Assim poderei contar tudo à sua família. Tudo sobre nossos planos. . .
__ Nossos planos? Você ficou louco. . .
__ Ora, menina! Desta vez você vai ter que obedecer. Não quero mais discutir isso.
Puxando-a pela mão, Harry a levou até a porta da sala, onde seus pais já estavam sentados. Ia com passos decididos e Hermione não conseguia imaginar o que iria fazer. Harry encarou o Sr. Granger e, sem mais delongas, foi ao assunto.
__ Sr. Granger, quero dizer-lhe uma coisa: vem aqui não só por causa do seu convite, tão gentil, mas também para pedir sua permissão para casar com Hermione. Eu a amo e acredito que ela também me ame, apresar de não querer admitir.
Hermione engoliu em seco, chocada com a objetividade com que Harry falava, sem sequer tê-la consultado antes. Seus pais também pareciam surpresos com a súbita declaração.
__ Agora chega, Harry. É demais. Vou explicar a eles quem você é realmente.
__ Concordo. É claro que eles têm direito de saber. Sr. Granger, meu nome não é só Harry – disse tranqüilamente __ Sou Harry James Potter, mais conhecido como James Potter, e espero que agora Hermione fique mais tranqüila, já que para ela isso parece tão importante.
__ Não é só isso que é importante. O que faz mesmo diferença é o fato de que ele é casado, ouviram bem? Casado!
O pai de Hermione arregalou os olhos de espanto e seus lábios apenas se entreabriram para falar.
__ Como? Casado? Não estou entendendo mais nada. Por que é que está aqui com um nome menos conhecido? Para disfarçar?
__ Não é para disfarçar. É meu nome mesmo, mas uma parte dele que não é conhecido. E quanto ao resto, não sei do que Hermione está falando.
__ Cínico. Não finja mais, Harry. Eu conheci Sheila, lembra-se?
__ Claro, e daí?
__ Daí que ela é sua mulher, sua legítima esposa.
O rosto de Harry ficou desfigurado. Pela primeira vez, havia perdido totalmente o controle da situação. Respondeu quase gritando:
__ Que loucura! Quem foi que lhe disse isso? Sheila era esposa de meu irmão.
Agora era a vez de Hermione não conseguir acreditar no que ouvia.
__ Do seu irmão? Quer dizer que ela é sua cunhada? Mas na festa ela estava com você, não havia outro homem. Onde estava seu irmão?
__ Ele não poderia estar na festa, Hermione, porque está morto. Morto, entendeu? Ele e Melinda morreram juntos, num acidente de carro, quando fugiam, abandonando a mim e a Sheila.
__ Quer dizer que então. . . O médico com quem Melinda fugiu era seu irmão?
__ Sim.
__ Meu Deus. . . Oh, Harry, o que foi que eu fiz. Tratei você desse jeito, todo esse tempo porque pensava que você e Sheila. . . Vocês estavam sempre juntos, lá na festa. . .
__ Sheila teve uma crise de nervos, na época do acidente, e desde então eu trato dela. Tenho sido seu médico, tentando controlar seu estado que, de vez em quando, apresenta recaídas.
__Oh! Harry perdoe-me, pelo amor de Deus, eu. . .
__ Quer dizer que você achou que eu era capaz de pedir você em casamento estando casado com outra? É isso que você pensa de mim, Hermione? Que sou um farsante, um embusteiro, que estava mentindo para você e sua família?
Rick deu alguns passos para frente, soltando Hermione. Balançava a cabeça, desarvorado, e andava com passos vacilantes. Quando conseguiu continuar a falar sua voz estava rouca:
__ E eu que pensei que você fosse diferente! Como me enganei. . . Agora vejo que não a conheço e não tenho mais interesse em conhecê-la. Nunca mais olhe para mim, Hermione. Nunca mais.
Segurou o trinco, abrindo lentamente a porta. Olhou uma última vez para todos, virou-se e foi embora.

*****************

N/A: Pois eh... 1 ano de fic!

Postei rapidinho mesmo sem muitos comentários mas o próximo como eh o ultimo soh depois de muuuuuitos comentários viu?! ^^

BjO e ateh o último *-*

Ps: Jah toh sentindo saudades da fic u.u

Ps²: Naum se preocupem, jah estou começando uma nova adaptação... Assim q essa acabar eu começo a postar ela! =D

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.