Capítulo 7



Aos poucos as coisas foram se aclarando na mente de Hermione. Tudo começava a se encaixar, como peças de um enorme quebra-cabeças. Agora compreendia por que Harry a rejeitara, por que dissera tantas vezes que não poderia ficar com ela. Numa atitude infame, ele a havia namorado, enquanto estivera afastado de Sheila, sua verdadeira esposa. E que homem poderia se interessar realmente por uma garotinha do interior, como ela, tendo uma esposa fascinante como Sheila?
E o nome James Potter, que tinha parecido familiar para Hermione, na hora que o ouvira. Agora lembrava por quê! É claro que esse nome era conhecido. Pois não era justamente ele o autor do enorme livro que tinha caído em seu pé, naquele dia, na biblioteca?
Mas ainda restavam muitas coisas por explicar. Por que James havia ido parar num vilarejo como Sandford? Por que mantinha lá uma aparência tão descuidada e se fazia conhecer como Harry? Fossem quais fossem as respostas, Hermione tinha certeza que ele mentia o tempo todo. Mentiu quando disse que não era casado e nem mesmo noivo, mentiu sobre sua identidade. Mentiu sempre, em tudo o que disse. O homem que tanto amara não existia mais agora.
__ Você quer conhecê-lo? – perguntou Brian, percebendo que ela não tirava os olhos dele.
__ Não! – ela respondeu, quase num grito. Controlando-se rapidamente continuou: __ É que bem, ele parece muito ocupado, dando atenção aos outros convidados.
__ Imagine, está só conversando com Sheila! Venha, eu apresento você. Faço questão que ele conheça minha namorada, afinal de contas... – Brian sorriu bem humorado.
Hermione achou que Brian estava certo. Ela era mesmo sua namorada e não tinha por que temer o encontro com Harry. Além do mais, seria impossível evitar que ele a visse, mais cedo ou mais tarde. Aproximaram-se de Harry, que conversava acaloradamente com a irmã June e com Sheila.
__ Você não toma mesmo jeito, não é James? Isto é hora de chegar? Se fosse minha festa, não deixaria você entrar.
__ Calma, menininha. Se fosse sua festa, você sabe que eu nem estaria aqui. Detesto estas reuniões! Só vim por que é o aniversário de casamento de Alice e John e eu não quis decepcioná-los.
__ Seu malcriado... Você ganha sempre – respondeu June.
__ Posso interromper? – perguntou Brian.
Harry estava de lado e ainda não havia visto Hermione. Respondeu em tom de brincadeira:
__ Não só pode interromper, como também pode tirar minha irmã daqui. Ela vive me dando broncas.
__ James queria lhe apresentar minha namorada, Hermione.
__ Hermione Granger. É um prazer conhecê-lo, senhor. – Hermione mantinha um tom firme e cerimonioso, demonstrando que ela era dona da situação.
Ao ouvir o nome, Harry virou-se, sobressaltado. Seus olhos se arregalaram e ela a encarou espantado. Estava desconcertado e branco como o papel. Mas Hermione conhecia bem sua capacidade de autocontrole e, em questão de segundos, ele conseguiu se recompro e responder sem nenhuma emoção na voz:
__ Ah, sim. Muito prazer, mas não me chame de senhor, meu nome é James.
Brian não parecia ter percebido nada. Conversou mais um pouco com Harry, sobre coisas que Hermione não conseguia ouvir direito, até que ele pediu:
__ Escute, Brian: você que é dono da casa, não quer arrumar outro drinque para mim e para Hermione? Parece que nossos copos secaram.
Assim que ele saiu, Harry puxou Hermione pelo braço para um canto da sala e perguntou, em voz baixa, mas decidida:
__ Hermione, quer fazer o favor de me explicar que diabos está fazendo aqui?
__ O Sr. Ouvir, Sr Potter. Sou a namorada de Brian.
__ Com mil demônios... Você quase me mata de susto! Que surpresa! Não conseguia acreditar nos meus olhos quando me virei e vi que era você.
__ Perdoe se o assustei.
__ Ora, pare com isso! Pare de me chamar de senhor. Há semanas que não consigo pensar em outra coisa a não ser em você; e agora... Você está aqui, bem na minha frente.
__ Uma coincidência interessante, não é mesmo?
__ Afinal, como conheceu Brian?
__ Numa discoteca... Um lugar para dançar, sabe? No seu tempo havia discotecas, Sr Potter?
__ Pare, Hermione! Por Deus... Como senti sua falta... Que saudades! – ele murmurava, como olhos sedutores transmitindo uma enorme necessidade de carinho.
Hermione estava com o coração endurecido pelas descobertas e não se deixava comover pela voz suave. Esse homem a enganado de forma cruel tinha mentido para ela e para sua família, sem qualquer escrúpulo. Não ia cair novamente em suas armadilhas. Ele que ficasse com sua mulher ou com qualquer outra que não se importasse em dividi-lo com a esposa.
__ Hermione, naquela noite . . . Você disse que . . .
__ Não devia ter levado a sério o que eu disse Sr. Potter. As pessoas são capazes de dizer qualquer coisa, àquela hora da madrugada.
Harry não pôde continuar a falar abertamente, pois Brian já se aproximava com duas taças na mão, procurando-os pelo salão.
__ Qual é a sua especialidade, Sr. Potter?
__Obstetrícia.
Era a última coisa que ela imaginava ouvir. Harry se encarregava de trazer vidas ao mundo . . . Nunca lhe havia ocorrido que ele pudesse gostar de crianças. Ou será que seu interesse era mais pelas futuras mamães com que tinha que lidar? Imediatamente sentiu ciúmes de todas as mulheres que Harry tinha diariamente em suas mãos.
__ Muito interessante. E o senhor não tem filhos?
__ Não.
__ Aqui estão as bebidas – disse Brian, que os achou enfim.
__ Viemos para este canto para sair da aglomeração. Veio bastante gente, não é Brian?
__ Quase que só parentes. Pobre Hermione. Acabei jogando-a na fogueira. Queria que conhecesse minha família, mas não toda assim de uma vez. – Brian riu, abraçando Hermione.
__ Vocês casam em breve?
__ Que é isso, James? Ainda estou tentando convencê-la. Ela é muito cautelosa, não é meu bem?
__ É. Acho que se deve conhecer bem uma pessoa, antes de entregar-se totalmente a ela.
__ Acredita mesmo nisso? – disse Harry, olhando-a fixamente.
Claro que não acreditava. Estava cansada de saber que o amor podia ocorrer de repente, por um simples olhar, num primeiro contato. Era o que havia acontecido com ela, em relação a Harry. Sem saber nada sobre ele, havia se apaixonado em apenas alguns dias. Mas não seria agora que confessaria isso.
__ Ela quer ter mais certeza – disse Brian. __ Oh! Meu Deus. Já estão me chamando outra vez. Com licença, volto num instantinho.
Brian foi ao encontro da mãe, que acenava da outra sala, indicando um grupo de pessoas que desejava vê-lo. Assim que ele saiu, Harry puxou Hermione pelo braço, tirando-a do salão. Seguiram por um corredor, até que ele a empurrou para dentro da outra sala, fechando a porta.
__ Agora, mocinha, quero que me explique direito essa história toda. Afinal, naquela noite, você disse que me amava.
__ Ora! Por favor! Deixe-me sair. O que vão pensar se souberem que estamos aqui. Aquilo foi uma coisa passageira...
__ Pouco me importa o que vão pensar. E não acredito que fosse coisa passageira. – Ele apertava fortemente o braço de Hermione.
__ Solte-me, Harry . . . Deixe-me ir.
__ Assim está melhor. Sou Harry novamente, nada de James Potter.
__ Mas seu verdadeiro nome é James.
__ É. Só que Harry também é meu nome.
__ Que loucura é essa?
__ Para seu governo, menina, meu nome de batismo é Harry James Potter. Entendeu?
Hermione estava cada vez mais confusa.
__ E por que diabos se apresentou só como Harry, lá em Sanford?
__ Por que o resto do nome é muito conhecido e eu... _ os braços dele a envolveram carinhosamente. __ Eu precisava ficar um pouco sozinho, naquela época. Para poder pensar. Sabe eu estava noivo, com data marcada para o casamento e...
__ Não precisa contar, Harry, já sei de tudo.
__ Quem lhe contou? Aposto que foi Dulcie, aquela fofoqueira. Hermione, não imagina quanto me custou deixá-la daquela forma, em Sanford.
__ Custou? Deve ter custado apenas o preço do táxi até a estação do trem. . .
Ele a olhou desafiadoramente. Sua proximidade a deixava abalada e por isso queria se afastar dele o mais rápido possível. Mas foi exatamente o contrário que aconteceu. Abraçando-a com mais força, Harry aproximou sua boca da dela e deu-lhe um prolongado beijo, saboreando seus lábios e colando seu corpo ao dela, como se quisesse sentir-lhe todas as formas. Quando ele levantou a cabeça. Hermione estava inerte, totalmente entregue ao prazer que o contato com Harry lhe provocava.
__ Hermione, fui um tolo. Não devia ter saído como saí. Não tem tanta importância assim eu ser alguns anos mais velho. Depois destas oito semanas longe de você, ainda a desejo com tanto desespero quanto antes, e não vou mais lutar contra meus sentimentos. Hermione, por favor, quero que você volte para mim.
Teria sido tão fácil aceitar, entregar-se a Harry, que se mostrava tão arrependido e tão certo de querê-la em sua vida. Afinal, não era essa a situação com que ela sonhara todo esse tempo? Mas não era possível esquecer Sheila. Ela existia, era a esposa legítima de Harry, e Hermione jamais aceitaria ser a outra em sua vida.
Afastou-se dele desolada, forçada a rejeitá-lo.
__ Por favor, Sr. Potter . . . Não sei como se costuma dizer diante de uma proposta como a sua, mas a minha resposta é não.
__ Mas Hermione, eu quero. . .
__ Sei exatamente o que você quer, e minha resposta continua sendo não.
__ Hermione, você não me ama?
__ Não. E acho que nunca o amei. Foi mais uma. . .uma curiosidade. Como viu, Sanford é um lugar muito pequeno. Nunca acontece nada de novo. O senhor era um recém-chegado, tinha um ar misterioso e eu. . .
__ Já sei, pretendia ir para a cama comigo e desvendar o mistério.
__ Pois é. Só que agora, já sei de tudo, sem ter precisado fazer isso.
__ Está querendo dizer que não teria gostado de ir para a cama comigo?
__ Bem, não nego que senti certa atração...
__ Seria mentirosa, se o negasse.
__ Em matéria de mentiras, a especialidade é sua. Afinal, diga o que você estava fazendo em Sanford?
__ Escrevendo. Ia tentar escrever meu primeiro romance, depois de vários livros de Medicina.
__ E precisava vestir-se como um mendigo?
__ Isso ajudava. Queria viver como o personagem principal de minha história, um homem que tem apenas seis meses de vida, se não fizer certa operação. Afasta-se de todos, para pensar, e resolve não se operar. Quer morrer sozinho. Só que no exílio conhece uma moça, acaba se apaixonado por ela e, então, muda de idéia.
__ Maldito! Então você estava me usando para escrever seu romance?
__ Não. Eu não usei ninguém. Não pedi que se intrometessem em minha vida, como o fez. Estava querendo trabalhar e foi você que ficou indo à minha casa.
__ E você aproveitou para tentar me seduzir, não é? Você não tem moral.
__ Moral. . . Quem é você para saber se tenho ou não tenho moral?
__ Escute aqui. . Pode ser que uma mulher não seja suficiente para você, mais saiba que um homem é suficiente para mim. E esse homem é Brian, entendeu?
__ Hermione . . .
__ Deixe-me em paz.
Arrancou seu braço das mãos de Harry, que ainda o segurava, e saiu correndo pelo corredor, até o salão principal, onde estavam os convidados. Tremia muito e procurava Brian desesperadamente, com o olhar. Precisava de sua proteção, agora mais do que nunca.
__ Por onde andou? – Era Brian, que também tinha estado à sua procura e agora chegava perto dela.
__ Fui até. . . Até meu quarto, procurar um lenço.
__ Agora fique comigo. Não vou me arriscar a perdê-la outra vez.
Brian segurava sua mão, sorrindo carinhoso. Caminharam juntos pelo salão conversando com diversos grupos de convidados, alguns dos quais começavam a se despedir, pois a festa ia chegando ao fim.
Harry que a seguiu pelo corredor, agora também estava no salão. Sheila chegou perto dele, indicando que era hora de ir embora. O casal foi despedir-se dos donos da casa e depois se aproximou de Brian e Hermione.
__ Foi um prazer conhecê-la, Hermione. Acho que agora vamos nos ver com mais freqüência, segundo nos disse Brian. – Sheila sorria, com ar cordial.
__ Ah. . . Creio que sim, Sra. Potter. Obrigada.
__ É o que esperamos, não é, James?
__ Claro! Tenho certeza que nós vamos ver a Srta. Granger com freqüência, daqui para frente. Cuide bem dela Brian. Hermione me disse que é mulher de um homem só e que você é esse homem no momento.
Brian sorriu para Hermione, os olhos cheios de orgulho e ternura. Mas ela não tinha direito de incentivar esses sentimentos. Pelo menos enquanto continuasse apaixonada por Harry, como ainda estava. Depois deste fim de semana, não voltaria mais a casa de Brian. Não ia brincar com o amor que ele lhe dedicava. Tentaria explicar isso da melhor forma possível.
Sentiu um grande alívio, quando Harry e Sheila finalmente se foram. Uma mulher bonita e gentil como Sheila não merecia um marido tão canalha. E, pelo visto, ela nem desconfiava do que ele fazia quando estava longe dela. A própria Hermione não conseguia compreender como seu coração podia continuar preso a um homem desse tipo quando tinha alguém tão generoso e amável como Brian a seu lado.
__ Não Brian, por favor, não faça isso – disse mais tarde quando, ao despedir-se na porta do quarto, Brian tentava beijá-la com maior intimidade.
__ Por quê?
Ele a abraçava com ansiedade, prendendo-a com seu corpo forte, como se não quisesse perdê-la.
__ Os outros podem pensar mal de nós. . . Afinal estamos aqui,na porta do meu quarto.
__ Por favor, Hermione, não seja pudica. Eu podia até passar a noite com você que ninguém ia ficar sabendo. Afinal, quem é que se importa com isso?
__ Eu me importo.
__ Hermione, não seja ridícula. Ninguém espera mais o dia do casamento para dormir com a pessoa que gosta.
__ Se eu pretendesse casar com você, talvez também não esperasse.
Agora, Brian, parecia contrariando, seu desagrado era evidente.
__ Está bem, Hermione. Não vou forçar a situação. Mas tenho certeza que, se fosse com James, você não teria tantos escrúpulos.
__ Como? Do que está falando?
__ Não tente disfarçar. Percebi muito bem os olhares que vocês trocavam. E também sei que James não é de perder tempo. Você pode não ser o tipo da garota que ele geralmente procura, mas percebi que gostou de você, assim mesmo.
__ Então ele escolhe as mulheres pelo tipo?
__ Claro, Melinda e Sheila são bons exemplos. Mas não mude de assunto. Você se apaixonou por James, não é?
__ Não.
__ Sua mentirosa! Meu Deus, trago minha namorada para casa, para apresentar minha família, e ela se apaixona por um amigo nosso, que tem idade suficiente para ser seu pai.
__ Não é verdade, ele não é tão velho. Tem só trinta e seis anos.
__ Como é que sabe? Ah. . . Não diga mais nada, já entendi. Vocês já se conheciam, não é Hermione? Agora eu me lembro. James esteve uns tempos fora de Londres e disse que pensava em ficar em Sanford . . . Claro, então foi isso! Foi lá que vocês se conheceram, não foi? Não precisa mais fingir, eu saberei aceitar os fatos.
__ Está bem, Brian. Admito que conheci James em Sanford, mas não chegou a haver nada entre nós.
__ Mas era dele que você falava, quando contou seu amor frustrado, não é?
__ Sim, mas eu não sabia quem ele era. Eu o conheci com outro nome.
__ Hermione, sei reconhecer quando estou derrotado. Mas quero que saiba que a amo sinceramente. Muito mais do que você possa imaginar.
__ Sinto muito, Brian, eu . . .
__ O que houve entre vocês?
__ Nada. Ele foi embora, sem explicações. Mas agora eu entendo tudo. Sei que é um homem importante e que, além do mais, existe Sheila.
__ Ela representa uma responsabilidade da qual James não pode fugir. Teve até que voltar para Londres, por que ela precisava dele. Costuma ficar muito deprimida, sabe?
Hermione não se surpreendia com a afirmação. Qualquer mulher ficaria deprimida se não pudesse confiar no homem que ama. E, pelo visto, Sheila sabia mais sobre as aventuras de Harry do que ela imaginava a princípio. Então era por isso que ele ficara tão abalado com a carta que recebera. Era por isso que tinha ido embora de repente. . . Para acudir a esposa.
__ E ele conseguiu acalmá-la?
__ Não deu nem tempo. Teve que ser internado às pressas, quando chegou, por causa do acidente. Passou umas boas semanas no hospital.
__ Como? Não é possível! Eu sabia do acidente, mas disseram que tinha só fraturado algumas costelas. Ele nem quis ficar no hospital...
__ Pois aqui ficou... Uma das costelas perfurou o pulmão e ele ficou muito mal. Pensamos que até ia morrer.
__ Meu Deus. . .
__ Mas não se preocupe tanto Hermione. Agora está tudo bem. Você pode tê-lo inteirinho, com antes.
A ironia estava clara, como era evidente também que Brian havia percebido e aceitado o fato de que Harry era o único homem importante para ela Relutante, Hermione também se dava conta disso. Só que agora Harry era inacessível. Era um homem casado.
Não foi preciso dizer mais nada. Tudo era óbvio que Brian e Hermione apenas se deram as mãos, num gesto de compreensão. Depois, Hermione virou-se e entrou, desolada, em seu quarto, enquanto Brian afastava-se cabisbaixo, para seus aposentos. O namoro tinha chegado ao fim.

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N/A: Tah ai gente... Dessa vez naum demorou e vai ser assim d agora em diante, espero postar pelo menos uma vez por semana!

Enfim... Eh isso!

Espero q curtam e comentem!! =D

BjO!

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