Capítulo 3



Depois do que havia acontecido, Hermione não tinha certeza se Harry queria vê-la de novo. Mas Selma estava ali, a seu lado, insistente, cobrando uma atitude.
__ Vamos, não vai falar com ele?
Não tinha outro jeito. Foi forçada a se expor ao ridículo de ver sua mentira descoberta. Engoliu em seco e deu um passo. Harry a viu e ficou surpreso ao reconhecê-la.
__ Olá, querido. Veio buscar-me para almoçar? É muito cedo ainda. – O rosto de Hermione estava vermelho, de vergonha e humilhação, e seus olhos imploravam a Harry que compreendesse sua atitude.
Ele notou a presença de Selma e desconfiou de alguma coisa, não se mostrando surpreso. Conseguiu esconder o espanto, mas seus olhos transmitiam algo semelhante à indignação.
Por um instante, Hermione pensou que ele ia deletar sua mentira. Porém a resposta veio seca e controlada.
__ Não me importo de aguardar. Afinal, vale a pena esperar por você. – Dava a impressão que o homem ainda se divertia às suas custas.
Hermione ficou ainda mais vermelha e, num esforço para afastá-lo dali, disse:
__ Não pode esperar aqui. Vou encontrá-lo na lanchonete na praça, daqui a meia hora. – E segurou a respiração, à espera da resposta.
__ Está bem, nos encontramos em meia hora.
Só conseguiu respirar novamente quando o viu sair, com seus passos largos e decididos. Harry não tinha motivos para demonstrar cumplicidade, mas tinha ajudado. Só que ela duvidava que ele fosse realmente à lanchonete. De qualquer maneira, Hermione sentiu-se grata por isso e estava disposta a ir até a casa de Harry para agradecer e explicar tudo. Sabia que isso não seria fácil, mas estava decidida.
__ Ele é ma-ra-vi-lho-so! – disse Selma, com os olhos sonhadores. Harry estava mesmo atraente, naquele dia. Vestia uma calça justa e escura e uma jaqueta branca aberta no peito. Seus cabelos estavam ainda compridos, mas não chegava a comprometer a aparência. Pela primeira vez, ele havia deixado de lado as roupas velhas e amassadas que costumava usar. Selma tinha razão: ele era maravilhoso.
__ Como gostaria de conhece um homem assim... Será que ele não tem um irmão?
Não era fácil encerrar um assunto com Selma.
__ Não tem... Quer dizer, não sei. Talvez tenha.
__ Não sabe?
__ Não. Ainda não tivemos tempo suficiente para falarmos de sua família.
__ Ah! Claro. Com um homem assim, eu também teria coisas muito melhores para fazer do que falar de família.
Selma sorria com ironia, e Hermione, assim que entendeu o sentido das palavras da colega, ficou corada e sem graça.
__ Não... Nós não... É que eu ainda não o conheço muito bem.
__ Com um homem assim, é desnecessário muito conhecimento.
Certamente ela se referia ao fato de Harry ser um homem maduro. É claro que, com a experiência dele, não se contentaria em namorar muito tempo de mãozinhas dadas. Selma tinha razão em pensar assim. Ele já provara estar acostumado a relacionamentos menos insípidos do que namoricos de crianças.
__ Preciso voltar ao trabalho e acho bom você fazer o mesmo. – Hermione já havia percebido que o Sr. Leaven dirigia às duas.
__ Acho que o chefinho nunca foi jovem. Que implicância! – cochichou Selma, antes de voltar aos livros.
Hermione não conseguia mais se concentrar no trabalho, Sua mente estava absorvida pela figura de Harry. Que estaria fazendo na Biblioteca? A resposta mais provável é que tivesse vindo apanhar um livro. Mas, então, por que havia saído sem nenhum? Era evidente que também não viera para ver Hermione. Apesar de seus esforços para se controlar, ela pôde perceber nele a surpresa de encontrá-la ali. Estava decidida: de noite iria à Casa do Pomar para perguntar sobre isso e agradecer sua ajuda.
Na hora do almoço, normalmente, Hermione comia seu lanche na sala dos funcionários, lendo alguma coisa. Hoje, porém, precisava sair para não atrair as suspeitas de Selma. Sua curiosidade levou-a até a lanchonete da praça, depois de atravessar várias ruas repletas de consumidores que se acotovelavam. Como era de se esperar, Harry não estava por perto e, mesmo sabendo que era isso o que iria acontecer, Hermione ficou desapontada.
__ Vamos sair daqui. – disse Harry, surgindo pro trás dela, em meio à multidão apressada.
__ Harry?
__ Você não me mandou vir? Pois aqui estou.
__ Mas foi uma confusão. Eu não estava falando sério.
__ Muito bem querida, então vamos sair daqui e você poderá explicar tudo direitinho. E não me venha com a desculpa de que está com fome. Eu já providenciei tudo. – E Harry mostrou dois saquinhos e papel da lanchonete, onde havia sanduíches, guardanapos e duas latas de refrigerantes.
Segurou o braço de Hermione e encaminharam-se por uma rua transversal para o Jaguar de Harry. Ela se acomodou no confortável assento de couro macio. Era bem diferente da caminhonete de seu pai. Aliás, nem se comparava.
__ Tem um parque aqui perto. – disse Hermione.
O poderoso veículo saiu suavemente sob o comando de Harry, que parecia sempre dominar a situação com a mesma segurança. Foram em direção ao parque.
__ Não me olhe como se eu fosse devorá-la. Estou de regime, viu? Não precisa ter medo.
__ Eu não estou com medo.
__ Está sim e eu lhe dei motivos para isso, depois de ter agido daquele jeito, ontem à noite.
__ Preferia não falar nisso.
__ Mas nós temos que falar nisso. – A mão dele pousou delicadamente sobre o joelho de Hermione, queimando-lhe a pele sob o fino tecido da saia.
__ Por quê? Não aconteceu nada demais.
__ Como não? Eu agarrei você, lembra-se?
__ E daí? Não vejo nada demais.
__ Ora, pare de bancar a experiente.
__ Talvez não tenha mesmo a sua experiência...
__ Não tem mesmo.
__ Ora, pare de contar vantagem! Isso não é motivo de orgulho.
__ Não é por orgulho, estou apenas sendo objetivo.
__ Objetivo?
__ Sim, senhorita. – Harry havia parado numa das alamedas do parque, olhando-a de frente.
__Afinal, o que é que você quer com um velho como eu?
__ Velho... Ora, não seja ridículo. – Riu Hermione.
Contagiado com o riso da moça, Harry também riu gostosamente. Caminhavam devagar por uma das veredas do gramado do parque em direção ao lago. Ao chegar à beira da água, sentaram-se para comer.
__ Que estava fazendo na Biblioteca, hoje de manhã?
__ Procurando um livro, que, afinal, não tinham.
Um casal de idade, que caminhava ao sol, passou por eles, olhando-os com insistência.
__ Devem pensar que sou seu pai.
__ Então demonstre que não é.
__ Ora, sua diabinha... Lembre-se de que a idéia foi sua.
Desta vez, Hermione estava preparada e seus lábios se abriram para receber toda a paixão de Harry. Passou as mãos pelo pescoço dele, enfiando os dedos entre seus cabelos. Harry a apertava com braços fortes, beijando-a repetidas vezes, com ardor cada vez maior. Seu olhar cinzento acariciava o rosto da moça.
__ Está satisfeita agora?
__ Bem... Poderia ter sido melhor. – Hermione brincou.
__ Certo, mas não em público.
__ É, talvez tenha razão. Eu só queria mostrar aos dois velhinhos que você não é meu pai, meu irmão mais velho ou coisa parecida.
__ Pois eu acho que conseguiu. Veja como nos olham espantados. Bem Hermione agora me diga: que história foi aquela na Biblioteca, hoje?
__Precisamos mesmo falar nisso?
__Claro! Afinal é por isso que estamos aqui agora.
__ Só por isso?
__ Ora, se não fosse isso, você jamais me convidaria para almoçar. Não é? Então conte.
Hermione contou tudo rapidamente, corando. Esperava uma reação violenta de Harry, que teria razão de ficar zangado. Tinha sido usado sem saber de nada.
__ Por que escolhera justamente a mim?
__ Foi o primeiro nome que me ocorreu.
__ Diga a verdade, Hermione. Você planejou tudo direitinho. Eu lhe convinha melhor por morar em Stanford e ser suficientemente inacessível para que Selma viesse me perguntar se namorava você mesmo.
__ É... – Rose estava envergonhada.
__ Mas por quê?
__ Você já falou...
__ Estou preocupado: por que não tem namorado?
__ Sei lá... Não tenho. Só isso.
__ Nunca namorou ninguém?
__ Já, claro que... Não. Nunca namorei para valer. – admitiu, afinal, sem graça.
__ Isso é muito estranho. O que há, tem medo de pertencer a algum homem?
Os olhos de Hermione se arregalaram de espanto, com a intimidade da pergunta. Estava mais próxima de Harry, depois daquele lanche, mas não havia lugar para uma pergunta tão pessoal assim, sem mais nem menos. Ela, pelo menos, jamais sonharia em perguntar algo dessa natureza àquele homem.
__ Responda: tem medo de homens?
Era demais. Ele não tinha o direito de abordar o assunto assim, sem nenhum tato, fria e objetivamente, com se estivesse fazendo uma pesquisa científica.
__ Não! Se quer saber mesmo, considero esse assunto muito chato.
__ Como sabe, se nunca experimentou?
__ É o que você pensa.
Pegou sua bolsa, levantou-se, e começou a caminhar em direção ao carro. Decepcionada, percebeu que Harry não procurava alcançá-la para pedir desculpas. Limitou-se a segui-la, alguns passos atrás, andando calma e distraidamente. Teve que esperar até que ele chegasse e se dignasse a destravar as portas.
__ Preciso voltar ao trabalho.
__ Ainda faltam dez minutos. Há tempo de sobra.
Olhava-a com ressentimento, enquanto o carro seguia em direção à biblioteca. Por que ele não dizia nada? Por que não perguntava o que ela quis dizer com sua última afirmação? Provavelmente por que não lhe interessava. Que tola havia sido, fazendo Harry se aborrecer assim. Por que não aprendia a ficar de boca fechada?
__ Uma mão lava a outra. – Ele disse finalmente __ Que tal se você viesse preparar meu jantar, hoje à noite?
Estava tão aliviada por ele querer encontrá-la novamente que nem sequer pensou em recusar. Abriu um sorriso e respondeu de imediato:
__ Claro que sim, eu vou adorar. – E, para que não parecesse oferecida demais, procurou completar. ___ Só que não sei cozinhar direito.
__ Quer dizer que não herdou os talentos de sua mãe?
__ Infelizmente, não.
__ Então, que tal se eu levasse um pouco de comida do restaurante chinês, aqui de Ampthull? Você gosta de comida chinesa?
__ Gosto, é ótima. – Ela exagerou o entusiasmo para esconder o fato de que só experimentara uma única vez e, assim mesmo, um único prato que o pai havia feito questão de comer, num restaurante caro como aquele, para comemorar ele não lembrava o quê.
__ Quer que eu vá buscá-la em sua casa ou você vem sozinha?
__ Pode deixar que eu vou – ela respondeu. Das poucas vezes que um rapaz tinha ido buscá-la para sair, seu pai tinha sido indiscreto demais, com perguntas de toda ordem. Esse era outro dos motivos pelos quais os rapazes se afastavam dela. Afinal, vinham só sair para um lanche ou um cinema e não para pedir sua mão em casamento.
Chegaram à Biblioteca. Harry saiu do carro e, dando a volta por trás, abriu a porta de Hermione. Assim que ela saiu, ele lhe deu um suave beijo na boca.
__ É para satisfazer Selma, caso ela esteja olhando – disse, rindo enquanto ela corava.
__ Vou à sua casa lá pelas sete. Está bem?
__ Espero você. Até lá. – E arrancou, com seu possante carro.
Hermione ficou ali na calçada, por alguns instantes, vendo-o partir. Por algum motivo, ela se sentiu mais atraída por Harry do que jamais estivera por qualquer outro homem. Ele era muito diferente dos rapazes que conhecera.
__Ei! Hermione, está na hora de trabalhar... – disse Selma em seu ouvido.
__ Eu estava distraída...
__ Distraída? Eu diria que estava paralisada. Que pena eu não ter conhecido esse sujeito antes de você.
Harry, certamente, também teria gostado de conhecer Selma antes. Ela não vacilaria em aceitar, de imediato, a relação mais íntima que ele desejava. Além do mais, Selma era quatro anos mais velha que ela e Harry não a trataria como a uma criança.
__ Sinto muito, queridinha, mas você não conheceu. E não se esqueça de que ele agora é meu namorado, está bem?
Assim que deu essa resposta, Hermione percebeu como estava sendo injusta. Sentiu-se envergonhada com suas palavras.
__ Desculpe, Selma. Eu não quis ser malcriada.
__ Tudo bem, não tem importância. Se ele fosse meu namorado, também, não gostaria que os outros o cobiçassem.
__ Srta. Granger, por favor. Gostaria de dar uma palavrinha com você.
- Era a voz do Sr. Leaven. Como sempre, autoritária. Lá vinha outra reprimenda. Assim que ela se aproximou, ele continuou em tom formal e distante: __ Devo lembrá-la de que é contra o regulamento funcionários receberem visitas de... Amigos aqui. E, pior ainda, fazerem demonstrações de afeto, como a que acaba de ocorrer na porta da biblioteca. Estou sendo claro?
__ Eu... – Suas faces estavam coradas e ela não sabia por onde começar.
__ Por favor – continuou ele – espero que isso não se repita, srta. Granger.
__ Eu não lhe disse? – comentou Selma, rindo, logo que as duas ficaram a sós.
O Sr. Leaven não tirou os olhos de Rose, naquela tarde, vigiando seu trabalho. Por isso, ela ficou aliviada quando deu a hora da saída e, finalmente, pôde ir para casa. Aí lembrou-se de que outro problema a esperava. Teria de explicar a seus pais: por que ia jantar com Harry?
__ Vocês estão se vendo com uma certa freqüência, não é, querida?
- comentou a mãe.
__ A senhora não gosta dele?
__ Não é isso, mas...
__ O que sua mãe estava querendo dizer, Hermione, é que nós percebemos sua mudança. Até alguns dias, você era uma garota sapeca e brincalhona. De repente, transformou-se numa mulher e parece apaixonada por um homem mais velho. Isso nos preocupa – falou o pai.
__ Também não precisa ralhar com ela assim – observou a mãe.
__ Como posso falar diferente? Não gosto do jeito daquele homem, Bárbara.
__ Mas você nem o conhece direito. A mim, sempre pareceu muito educado, no armazém.
__ Não se pode avaliar as pessoas só de observá-las de um balcão. A minha opinião é que você não devia ir, Hermione. Estão se vendo demais.
__ Mas esta seria a terceira vez, papai. Não foram tantas vezes assim.
__ Ora, menina. Daqui a pouco você é capaz de aparecer aqui para dizer-nos que... Está com problemas.
__Peter!
__ Papai!
__ Está bem, talvez esteja me excedendo um pouco. Mas pense bem, nada sabe sobre este homem. Apenas que há três semanas ele apareceu para alugar a Casa do Pomar e...
__ Alugar? – interrompeu Hermione, surpresa. __ Quer dizer que ele não é o proprietário?
__ Assim nos disse a Sra. Rede e ela sabe de tudo. Alem do mais, ele retira suas correspondências na loja do correio, porque diz que a Casa do Pomar é apenas um endereço provisório. Está vendo? Você não sabia disso. Nós não sabemos nada sobre ele.
__ O que sei é que gosto dele, papai. E não é só um entusiasmo infantil. Seria bom se vocês não procurassem controlar tanto minha vida. – Hermione saiu correndo da sala, com lágrimas correndo pelo rosto. Seu pai nunca havia falado tão sério com ela. Mas não era justo e ela não desistiria do jantar. Enxugou as lágrimas com a palma da mão e continuou a andar, decidida, em direção ao portão.
Nem esperou que Harry abrisse a porta, quando chegou à Casa do Pomar. Precipitou-se para dentro da cozinha, que estava vazia. De um dos quartos, vinha um ruído de máquina de escrever. Lembrou-se de que ele tinha uma em seu quarto e correu para lá.
__ Harry. . . Harry – chamou, abrindo a porta. __ Oh! Harry. – E atirou-se em seus braços, soluçando e sem conseguir dizer mais nada.
__ O que houve meu Deus? O que aconteceu? – E apertou-a em seus braços.
__ Agora nada... Não diga nada, só me abrace forte. – Colou o rosto contra o peito de Harry. A camisa dele estava entreaberta e sua face aconchegou-se à pele quente e bronzeada daquele peito.
__ O que houve? Diga, para que eu possa ajudar.
__ Não quero ajuda. Quero que me beije, por favor. – Seus enormes olhos castanhos imploravam carinho, os lábios entreabertos e tentadores convidavam, enquanto as mãos se agarravam ao pescoço dele.
__ Não vou fazer isso enquanto voe não me explicar o que está acontecendo.
__ Ora, estão todos contra mim. Primeiro o Sr. Leaven, meu chefe, proibiu que eu visse você na biblioteca de novo. Depois, papai disse que... Bem, fez insinuações a nosso respeito.
__ Insinuações? Ele por acaso insinuou que eu vou acabar engravidando você, é isso?
__ É...
__ Pois saiba que isso está completamente fora de cogitação. Não tenho a menor intenção de ir para a cama com você.
__ Harry, você faz tudo parecer tão frio, tão calculado...
__ Se você está pensando que posso me deixar levar por um desejo incontrolável, está totalmente enganada, Hermione. Há muito que aprendi a controlar essas coisas. Entregar-se sem pensar é coisa de garotos imaturos ou idiotas. E eu não sou nem uma coisa, nem outra.
__ Quer dizer que você analisa tudo assim, friamente? Resolve quando pretende fazer amor e, simplesmente, faz? Não há um envolvimento maior, uma entrega?
__ No meu caso, não. Claro que gosto de sexo, como todo homem, talvez até mais do que muitos. Mas não dirijo minha vida por ele.
__ Credo! Isso faz tudo parecer tão programado. Você nunca amou ninguém?
__ Por que pergunta? Você, por acaso, é perita no assunto?
__ Eu não – respondeu Hermione, um pouco sem graça.
__ Pois eu já amei, e muito. Agora vamos sair do meu quarto. Não me parece um lugar apropriado para continuamos a conversar.
__ Não vejo nada de mal. – Hermione sorriu.
__ Acho melhor sairmos. De repente, posso querer demonstrar que é possível ter prazer no sexo, mesmo sem amor, e as coisas se complicam.
Hermione corou. Se por um lado provocava a situação, por outro sentia pouco à vontade. Nunca falara de assuntos tão íntimos e de forma tão aberta com um homem. Decidiu mudar de assunto.
__ Você estava batendo à máquina quando cheguei, é seu trabalho?
__ Quem lhe disse que eu trabalho?
__ bem, você deve fazer alguma coisa.
__ No momento, tento consolar uma jovem atrapalhada e bastante curiosa. Venha, vamos descer.
__ Ora... Eu...
__ Vamos. Você pergunta demais e eu não pretendo responder. Sabe, acho que seu pai tem razão em se preocupar. Está confiando demais num homem que nem conhece direito. Além do mais, seus gestos e sua atitude parecem um convite.
__ Mas não são. – Hermione reagiu indignada, mas consciente de que estava se atirando, de forma desavergonhada, nos braços desse homem. E ele acabava de rejeitá-la.
__ Ali, no meu quarto, só nós dois... Bem que parecia um convite. Ainda bem que garotas adolescentes de olhos castanhos não são meu tipo.
__ E nem galãs envelhecidos são o meu.
Harry passou-lhe a mão pela cabeça, despenteando os cabelos.
__ Acalme-se, garotinha. Está muito agitada.
__ Pare de me tratar como criança.
__ Então pare de agir como tal. E leve bem em conta o que seu pai disse. É melhor prevenir do que lamentar. Comigo não há problema, mas você deve lembrar-se bem disso, quando estiver com outros homens.
Saíram para jantar. Enquanto Harry dirigia para Ampthull, mantiveram silêncio. Hermione pensava nas palavras dele, tentando compreende-lo até que perguntou:
__ Por que se preocupa tanto comigo, se não quer...?
__ Veja bem, menina. Você não consegue nem dizer a palavra, quanto mais praticar o ato.
__ Então, o que você quer de mim?
__ Companhia. Estive muito só, nesses últimos meses. E, depois de conhecer você, percebi que, como qualquer um, preciso conversar de vez em quando. E, depois, não se esqueça de que foi você mesma que propôs nosso primeiro encontro hoje de tarde.
__ Ora, desculpe, Harry. Estou sendo tão tola!
__ Você está nervosa com a reprimenda de seu pai. Mas não se preocupe: amanhã eu passo no armazém e converso com ele. Assim verá que na tenho más intenções para com sua querida filhinha. Gosto de você como uma amiga, como uma jovem amiga.
__ Para ser assim, preferia nem tê-lo conhecido.
__ Menina procure entender. Afinal o que há com você? Não há rapazes de sua idade por aqui? Por que você se oferece dessa forma a um estranho?
__ Oferecer-me? Se é isso o que pensa de mim, é melhor eu descer do carro aqui mesmo. Pare!
__ Sou capaz de fazer isso mesmo, se continuar agindo assim.
__ Pare, já disse. Você tem razão. Não sei por que dou atenção a um sujeito mais velho.
__ Está bem, você é a garota mais irracional que já conheci.
__ E você, o homem mais mal criado da face da terra.
__ Muito bem, já parei. Pode descer, mas antes... – Harry segurou-a com força pelos ombros e beijou-a com avidez, fazendo seus lábios se abrirem para permitir que sua língua ardente penetrasse em sua boca com ansiedade. Hermione entregou-se totalmente ao ardor do homem até que, assustada com a fúria de sua posse, parou e o olhou espantada. A expressão dele era tensa, e percebia-se pelas veias de seu pescoço que respirava com dificuldade. Devolvendo o olhar de Hermione com frieza, Harry falou:
__ É isso o que você queria? Pois prepare-se... Tem muito mais.
__ Não. – Ela abriu a porta do automóvel, com um tranco, e saiu rapidamente. ___ Nunca devia ter me aproximado de você.
__ Nem eu. – O automóvel saiu com velocidade. Os pneus chiaram numa curva fechada. Ele tomou o rumo oposto ao que haviam seguido até então e desapareceu.


********************H&H*********************

N/A: Desculpem a demora, mas realmente estava sem tempo pra pensar em fic.

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