Cap. 7
Merlim não agüentava mais ficar ali parado, queria fazer alguma coisa. Ele tinha que alertar Guinevere da burrada que ela estava cometendo, como um simples ato mudaria todo o mundo bruxo; mas isso implicaria em ele ter que declarar que estava espionando e contar todo o segredo dos druidas, e Merlim não poderia fazer isso.
- Eu fiz de tudo para te ter, eu até fui contra meus princípios.- dizia Lancelot em tom de súplica.
- Princípios? Desde quando um cão tem princípios?- Guinevere ainda continuava indecisa e sabia que aquilo era uma tortura para Lancelot.
- Eu sinto muito por tudo, por tudo o que eu fiz.
- Agora é tarde, Lancelot. Tem mais alguma coisa que você queira dizer?
Na verdade ele tinha sim, mas não sabia como dizer. Como dizer que fora um assassino cruel e frio quando estava cego.
** Lembrança de Lancelot:
Ele tinha que fazer alguma coisa quanto a isso, tinha que deixar aquele menino fora do seu caminho.
- Eu sei o que passa pela sua mente, Lancelot.- disse Merlim depois que saíram de mais um conselho no palácio.
- Você pode saber o que há na minha mente, mas não no meu peito. Acreditar que eu quase fui um rei, que toda essa soberania poderia ser minha.
Lancelot avistou Artur ao lado de Guinevere e com o filho no colo. O bebê não parava de soltar gargalhadas com o pai e Guinevere parecia mais radiante agora do que nunca.
- Uma família feliz, com um povo que o adora. O que mais ele quer?- perguntou Lancelot com frieza.
- Artur ainda não conseguiu tudo o que queria, a Britânia ainda está em guerra contra os saxões e os reinos não param de se confrontar. Para a felicidade dele se tornar completa, ele precisa de paz.- Merlim saiu em direção de Artur e murmurou alguma coisa no ouvido dele. Artur deixou o filho com a mãe e saiu de onde estava junto com Merlim.
Vendo uma oportunidade de falar com Guinevere, ele foi em direção dela.
- Olá, rainha.- disse Lancelot com ironia.
- O que você quer?
- Será que eu nem posso ver como está o príncipe?
Lancelot olhava com ambição para a criança e ele percebeu que isso a deixava inquieta.
- Eu vou avisar somente uma vez, fica longe do meu filho.
Ela saiu apressada para longe de Lancelot, enquanto ele soltava um sorriso, um sorriso muito charmoso, porém cruel.
Estava decidido, seria aquela noite.
Ele conhecia exatamente os horários de Artur, principalmente porque o rei passava a maior parte do tempo com ele do que com qualquer outro cavaleiro. Mas Artur passava principalmente mais tempo com Merlim, que era o seu maior conselheiro.
Lancelot entrava no palácio tranquilamente e conhecia todos os cômodos do palácio. Ele esperou o palácio esvaziar u pouco, quando a maioria dos criados se recolhiam e entrou. Sem muita certeza do que estava fazendo ele se dirigiu até um cômodo que ficava no último corredor, na última porta.
Tomando cuidado ele abriu a porta levemente e quando percebeu que não havia nenhum movimento, ele entrou.
Lá estava a bela Guinevere, deitada na cama em um sono profundo, com as costas quase totalmente nua, a mão ficava perto do rosto e o cabelo ficava jogado na cama, parecendo um mar de fogo no travesseiro.
Era ela o objetivo dele, mas não seria agora que ele a teria. Ele se adiantou mais um pouco para perto da cama e viu que o lado dela estava o precioso bebê de Camelot, ele também dormia, um sono gostoso que só as crianças conseguem ter.
Mas ele não o via como uma criança e sim como uma ameaça. Ele pensou, qual seria a forma mais trágica de alguém morrer?
- O filho vai morrer sob a lâmina do pai.- murmurou ele.
Ele tinha pegado a Excalibur de Artur, conseguiu convencê-lo de guardá-la. Ele havia deixado a espada com Lancelot.
E como se fosse uma brisa suave, Lancelot delicadamente cortou a garganta da criança com a ponta da espada. O bebê não fez nenhum barulho. Lanceto começou a limpar a lâmina apressadamente, colocou no lugar que Artur sempre a deixava e saiu o mais rápido que conseguiu dos aposentos.
Quando já estava fora do palácio e ele viu Artur chegar perto.
- Fez o que lhe pedi?- perguntou Artur.
- Claro, sua espada já está segura.
- Ótimo, eu não confiaria esse trabalho a mais ninguém. Sabe que é de minha inteira confiança, não é?
- Claro.
Quando menos se esperava um grito doloroso se apoderou daquele espaço. Artur arregalou os olhos e saiu correndo em direção ao palácio e Lancelot foi atrás.
Quando os dois chegaram no quarto de Artur viram que Guinevere estava caída no chão, segurando o filho no colo, mas suas vestes de dormir branca estava toda ensangüentava. Ela olhava com horror para o filho enquanto deixava várias lágrimas de uma só vez.
Lancelot olhou para o lado e viu que Artur estava branco, não conseguia se mexer enquanto seus olhos ficavam parados naquela cena. Lancelot nunca tinha visto o primo daquele jeito.
Definitivamente Godric se sentia acabado, sempre fora denominado como um “idiota romântico” em Godric´s Hollow, talvez ele realmente fosse o maior idiota e o maior romântico, mas isso só lhe rendeu dor e sofrimento, como ele queria ser como Salazar, sem nenhuma paixão para ter que sofrer, totalmente independente de qualquer sentimento, desprovido de qualquer amor.
- Me deixe em paz, Helga!- essa era a frase que ele mais falava ultimamente, a amiga ainda insistia que ele tinha que esquecer o passado e retomar a sua vida.- Já estou velho e cansado demais para retomar a minha vida.
Parecia que ele havia envelhecido dez anos, a barba por fazer estava grisalha junto com o cabelo.
- Salazar escreveu, disse que vai se casar em breve. Anime-se, ele nos convidou para o casamento, nós vamos a Londres.- foi uma tentativa inútil de Helga em tentar fazer Godric se animar.- Ora, vamos Godric, nós o conhecemos há muito tempo, ele foi o seu primeiro amigo aqui.
- Tudo bem.- ele fez isso para faze-la calar a boca.
Helga fingiu que estava contente com o que acabara de escutar, mas sabia que não era o casamento de Salazar que faria mudar o ânimo de Godric.
A boa aparência dele havia sumido desde que discutira com Lineth e ela se fora. Ele agora parecia acabado, parecia que havia envelhecido uns dez anos e mal se alimentava direito, só passava horas dentro do quarto olhando a sua velha espada.
Ele arrumou uma pequena mala para poder partir para Londres. Os professores tomariam conta da escola enquanto os diretores iriam se ausentar.
- Ah, mamãe, eu não quero ir.- Helena Ravenclaw que era só uma criança na época chorava enquanto a mãe lhe colocava uma capa bem quente.
- Mas você irá Helena, e não discuta comigo.- Rowena já perdia a paciência.
- Helga, não me apresse. Posso muito bem andar sozinho, obrigado.- Godric também já estava perdendo a paciência com Helga que não o deixava em paz um só minuto.
- Então vamos logo, Salazar já está nos esperando, andem, peguem suas vassouras.
Os quatro voariam no meio da noite até Londres, pois em Hogwarts não se pode aparatar.
- Um... dois... três... agora!- Helga foi a primeira que levantou vôo e os outros a seguiram.
Depois de muito tempo de viagem chata e incômoda eles chegaram ao seu destino. Perto de uma enorme loja no Beco Diagonal estava Salazar a espera deles.
- Como foram de viagem?- Salazar perguntava enquanto esbanjava um enorme sorriso.
Godric nunca o vira tão radiante antes, mostrava uma alegria sem igual.
- Venham, acredito que estejam cansados.
E eles realmente estavam. Salazar entrou em uma casa pequena mas que parecia ser confortável.
- Estou instalado aqui por enquanto, até o grande dia.
Godric não sabia o que havia de grande nos últimos dias.
- É um lugar bastante confortável.- afirmou Helga e ela não estava mentindo.
- É verdade.- concordou Rowena.
As duas junto com a pequena Helena foram se instalar em seus dormitórios.
- Pensei que não viria.- afirmou Salazar.- Mas fico contente de te ver aqui.
- Helga conseguiu me convencer com aquele jeito doce dela.
- Você terá que dormir comigo, como nos dias que estávamos construindo Hogwarts. Ainda me lembro, foram momentos bem difíceis, mas digamos que consegui deixar a minha marca lá dentro.
- Como assim?- Godric realmente não havia entendido o que Salazar havia dito.
-Digamos que uma bela surpresa para um verdadeiro sonserino.
Godric ainda continuou sem entender, mas deixou essa história para lá, não queria discutir com Godric. A única coisa que ele queria era uma boa cama para dormir e despertar somente no outro dia e bem tarde.
Vivien passava horas dentro do próprio quarto, dizia que queria desvendar o mistério da profecia. Enquanto isso Vic reclamava de saudades da filha e Teddy tentava acalma-la.
- Mas será que ela está se alimentando direito, bem, quero dizer, o Gwydre é um homem solteiro, não sei se vai conseguir cuidar de uma criança.
- Ele é padrinho dela, Vic, fica calma. Ele está cuidando muito bem dela, tenho certeza.
Ela abriu a boca para argumentar, mas viu que Teddy não agüentava mais aquela discussão.
- Será que Vivien conseguiu alguma coisa?- perguntou Vic.
- Não sei, talvez.- a simples menção do nome de Vivien já fazia Teddy ficar irritado.
- Eu vou ver o que ela está vendo.
Vic desceu uma escada e se dirigiu a uma porta que ficava ao lado da recepção. Toc Toc, ela bateu, mas somente depois de um tempo Vivien atendeu.
- Ah, oi, algum problema?- a prima parecia que queria se esconder atrás da porta.
- Não, eu só queria saber se você conseguiu alguma coisa.- disse Vic tentando disfarçadamente olhar para o que havia dentro do quarto. Ela não conseguiu ver muita coisa, apenas um caldeirão e um livro ao lado dele.
- Então, está bem.
Era um pouco intrigante ver um caldeirão no quarto da prima, quando Vic não sabia se ela estava preparando algo ou não.
Uma mulher corria, deixando a capa negra voar enquanto se deslocava em meio a várias árvores. Ela carregava algo que Vic não conseguia ver, mas que deveria ser de enorme valor. Mas o que mais impressionava eram os enormes olhos dela, cheios de medo e sempre assustados. Foi quando a mulher caiu e deixou que uma pequena parte do objeto se mostrasse, era algo com um brilho enorme e que cegou os olhos de Vic.
A mulher jogou o pano preto que o cobria e não muito longe dali ela o colocou dentro de um buraco.
- Que as deusas me perdoem, mas isso era preciso.
- Está tudo bem?- perguntou Teddy.
Vic acordou ofegante, não sabia se tivesse participado de um pesadelo ou de algo real.
- É, foi só um sonho ruim.- murmurou ela sem nem mesmo ter certeza.
Foi quando ela abriu a gaveta e pegou o pergaminho com o retrato da garota chorando. Era a mesma menina, mas ao invés de lágrimas, no seu sonho, havia um olhar aterrorizado no rosto.
Ele nunca tinha visto o primo mais feliz. Como uma criança conseguia mudar tudo, o pequeno ainda tinha somente oito meses de vida e era a criança mais adorada do reino. Todos acreditavam que o filho de Artur era a esperança de que o ótimo reinado de Artur não se perderia quando ele se fosse. Mas para Lancelot, ele era apenas um fedelho babão que destruiu com todos os seus planos.
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