Cap.8
Guinevere perfurou o peito de Lancelot com a espada, mas a espada não acertou o coração dele, ela perfurou o pulmão fazendo com que Lancelot não morresse de imediato.
Ela conhecia muito bem o corpo humano, sabia que se acertasse a espada no lugar que ela acertou, conseguiria perfurar o pulmão dele e assim ele sofreria antes de morrer. Há muito tempo Guinevere não se importava de ser uma mulher fria, principalmente agora que perdeu tudo o que tinha: o namorado, o filho e o marido, o que restava a ela? Nada, portanto nada mais importava.
- O que você fez?- perguntou Lancelot com as mãos ensangüentadas em cima do peito como se pudesse estancar o sangue.
- Fiz o que era certo. Acabei com um verme.- disse ela com todo o desprezo que conseguiu juntar.
- Eu a amaldiçôo, Guinevere de Camelot, e amaldiçôo essa espada e amaldiçôo o meu amor.
** Lembrança de Lancelot:
Ele sabia que deveria esperar, agora estava muito recente, mas era uma questão de tempo para ele conseguir o que queria. Era só esperar a dor virar uma saudade intensa e insuportável e rezar para que Guinevere não desse outro herdeiro a Artur.
O casamento ficara fraco desde a morte do filho dos dois. As vezes se perguntava se era certo, mas quando olhava para os grandes olhos verdes de Guinevere, agora tomados de um brilho triste causado pela dor de perder aquele que ama.
- Ainda peço que meu filho seja cremado, mas Guinevere não quer. Ela acredita que ele pode voltar a vida, diz que não podemos desistir do nosso filho. Ela não é mais como antes e eu não sei o que fazer para que as coisas voltem a ser como eram.- desabafava Artur com Lancelot.
Todos diziam que Guinevere estava louca, pois quisera que o filho tivesse um enterro cristão, mesmo ela sendo pagã.E talvez ela realmente estivesse, e isso era ideal para aquilo que Lancelot queria.
Lancelot pegou Guinevere pelo braço e a afastou de todos até um dos jardins. Já fazia sete anos desde a morte da criança, e agora já era hora de atacar.
- No estábulo, como aquela noite e não se atrase.- avisou ele firmemente.
- Por que eu iria até lá?- perguntou ela com uma certa ousadia na voz.
- Porque eu acredito que seu filho não possa mais esperar.
A expressão dela mudou completamente, todos os músculos do rosto ficaram tensos enquanto ela o fitava com uma grande dúvida.
Lancelot saiu e a deixou lá, parada, pensando naquilo que ele disse. Aquele jogo estava se tornando perigoso e ele estava perto demais de conseguir o que queria, isso o deixava feliz.
A noite demorou a chegar, Lancelot não sabia se era por causa que estava ansioso ou se o tempo não queria mesmo colaborar.
- Eu estou aqui.- disse ela afastando o capuz da capa do rosto e deixando aparecer seu vestido azul.
- Sabia que viria.- ele abriu um sorriso de prazer.
- Diga o que quer ou então eu vou embora.- disse ela já se afastando para mais perto da porta do estábulo.
- Artur não sabe que está aqui, não é?- de repente um certo medo se apoderou dele.
- Se Artur soubesse eu não estaria aqui. Mas diga, por que estou aqui?
Lancelot tirou uma capa preta de um objeto. Assim que ele tirou os olhos dele se fecharam de tão intensa luz que aquela objeto produzia. Mas então a luz começou a diminuir e o objeto começou a se mostrar.
- O caldeirão de Cerridwen.- murmurou Guinevere.- Mas ele é uma lenda.
- Assim como lobisomens?
- Como conseguiu?
- Isso não interessa agora. Acredito que conheça os poderes desse caldeirão. Sabe para que ele serve?
- Sei.- foi quando uma luz iluminou os pensamentos de Guinevere e seu peito se encheu de esperança.- Meu filho...
- Eu só quero lhe ajudar...
As lágrimas começaram a escorrer dos olhos dela, enquanto o sorriso que ela lançava a Lancelot estava sendo molhado pelas lágrimas salgadas. Lancelot nunca a vira sorrir daquele jeito, era como se tudo tivesse se iluminado, parecia que ele brilhava mais que o caldeirão.
- Eu não tenho palavras...- disse ela muito emocionada.
- Nem eu.
- Eu sabia, todos diziam que era loucura, mas eu sabia que meu filho poderia voltar. Que queima-lo era um erro. Eu sempre soube.- dizia ela em meio a soluços.
Lancelot sentiu uma pontada de remorso, sentiu que não poderia fazer aquilo, que era muito errado. Mas agora já era tarde. Agora que conseguira o caldeirão. Ele conseguiu de uma forma errada, mas conseguiu.
- Eu preciso pegar os restos do meu filho. Preciso fazer isso agora, já esperei tempo demais.
- Espere...- começou a dizer ele com uma voz embargada.
- O que? Algum problema?
- Eu posso te ajudar, mas também preciso que me ajude. Preciso que me ajude a viver. Guinevere, eu não posso mais...
- Como assim? Do que você está falando?
O medo estava estampado no rosto dela. A cada passo que Lancelot dava para frente era um que ela dava para trás. Até que finalmente foi encurralada pela parede.
- Também preciso de ajuda, preciso que me ajude a viver.
Lancelot estendeu o braço e delicadamente acariciou o rosto dela. Ele conseguiu sentir a pele lisa de Guinevere, olhava para aquele rosto belo e amedrontado e seu coração começava a pulsar de uma forma diferente.
- Eu não vou fazer isso. Eu amo o meu marido e você é... É um verme.- disse ela o empurrando e tentando se afastar.
- Que pena. Vou sentir falta do garoto. Ele era uma criança adorável, teria sido um grande rei, o substituto ideal para Artur. Mas Camelot não precisa de um príncipe, Artur não precisa de um herdeiro e você não precisa de um filho, não é mesmo?
Guinevere o encarou com um olhar assassino, se ali tivesse alguma arma ela com certeza o mataria sem pensar duas vezes. Mas o seu coração de mãe falou mais alto e então o rosto cansado dela se mostrou e parecia que ela havia envelhecido uns dez anos, o que não fazia dela uma mulher feia, muito pelo contrário.
Lancelot se aproximou dela e dessa vez ela ficou parada e muito delicadamente ele beijou os lábios dela, mas ela por sua vez não correspondeu.
- Espero que você tenha uma morte lenta e dolorosa e quando esse dia chegar eu vou estar lá para cuspir em você.- praguejou ela e depois cuspiu no rosto de Lancelot.
- Seja uma boa menina e tenha a certeza de que terá seu amado filho de volta.
E mais uma vez ele a beijou sem ser correspondido novamente.
Aquele era um começa de um tempo em que Camelot estaria perdida e que Artur cairia.
Godric esperava a data do casamento de Salazar. Aqueles dias perto do velho amigo fez eles resgatarem a velha amizade que há muito havia se perdido, pelo menos era isso que Godric achava.
- Você irá ama-la. Ela é muito inteligente, bonita... Enfim é tudo o que eu sempre quis e ainda tem sangue puro.- falava Salazar em uma voz sonhadora. Ele passava mais horas falando sobre sua noiva do que se preparando para o casamento.
Se a noiva de Salazar fosse tudo aquilo mesmo, então ela era a mulher que mais chega perto da perfeição. Assim como Lineth era para ele, mas isso ele só saberia no dia do casamento.
Até que depois de muito cansar os ouvidos de Godric a data do casamento chegou. O casamento seria um jardim ali perto da casa de Salazar. Um lugar simples, porém bonito, que para Godric não tinha nada de Salazar. Salazar era um tipo que gostava de mostra o que tem, mesmo quando essa não era a intenção; extremamente vaidoso e com uma mente muito fechada. Por isso a nova esposa de Salazar tinha que ser perfeita, pois um passo errado e ela arrumaria problemas.
- E então? Como eu estou?- perguntou Salazar já com os trajes da cerimônia.
- Como um perfeito idiota que vai se casar daqui a alguns minutos.
- Não precisava ser tão direto, Godric.
Os dois amigos estavam em uma pequena casa, tão pequena que não era nada comparada ao jardim. Em um quarto estava o noivo e no outro a noiva que ainda estava se arrumando.
- Vou me juntar aos convidados.- disse Godric quando já estava na porta do quarto.
O corredor era estreito e era pouco iluminado. Mas havia uma porta aberta que deixava a luz iluminar o corredor. A porta branca parecia que brilhava, enquanto ele ao longe escutava suspiros, não suspiros de alegria, mas sim de tristeza.
A curiosidade de Godric fez ele andar pelo corredor e quando deu por si lá estava ele parado na porta do quarto. O quarto certamente era da noiva e esta por sua vez se encontrava em um canto do quarto olhando os presentes. Godric se sentiu meio encabulado ao ver aquela cena, era como se ela estivesse socorro, pois não queria se casar.
O cabelo escuro surgia como uma cascata de cachos que se estendia até as costas enquanto o vestido era de um branco que fazia os olhos doer e que combinava com a pele pálida da noiva.
A noiva se levantou até em frente ao espelho e quando aqueles olhos azuis se levantaram, ela conseguiu ver um homem já de meia idade parado a porta, com a barba mal feita e uma roupa que denunciava que ele era convidado. Lágrimas se projetaram daquele rosto delicado enquanto o homem ficou boquiaberto ao ver aquela moça.
- Como você pode?- perguntou Godric, mas agora sua expressão era de desgosto enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas.- Ainda mais com ele.
- O que você queria que eu fizesse? Eu não tive escolha.- disse Lineth se controlando para não chorar.
- Você teve escolha de fugir comigo e não fez. Agora não me venha com essa história, Lineth. Quem diria você e o Salazar se casando.
- Esse casamento é arranjado. Eu sabia que seria assim, desde o ínicio. Mas então você apareceu e eu percebi que eu era capaz de escolher o homem com quem eu queria me casar.
- Queria?- essa pergunta doeu mais nele do que nela.
- Eu já não sei mais, Godric. Depois de tudo o que aconteceu. Olha só pra mim.- ela baixou a cabeça e se virou para Godric.- Eu vou me casar.
- Ainda há tempo, Lineth. Há tempo de sairmos daqui. Ir embora.
- Não, não há. Você pensa em fugir o tempo todo, mas na verdade você quer fugir do seu passado. E isso é impossível.- Agora ela havia levantado a cabeça e Godric conseguiu ver o rosto borrado de carvão por causa das lágrimas.
- Então faça o que você quiser, mas saiba que você está levando o meu coração.- foi quando a primeira lágrima caiu do olho direito de Godric.
Lineth não agüentou, correu para os braços dele e o beijou. Mas aquele não era um beijo comum, era um beijo de despedida. Certamente era um adeus.
Godric a empurrou levemente e começou a observa-la, como se quisesse levar consigo a lembrança de Lineth.
Godric disfarçadamente foi embora, atordoado com a imagem de Lineth vestida de noiva e chorando feito uma criança enquanto ele declarava seu amor.
Com Lineth era completamente diferente do que com Blanchefleur. Blanchefleur foi seu amor de juventude, enquanto o amor que ele sentia por Lineth era um amor mais adulto. Mas a separação das duas doía do mesmo jeito.
O mistério da profecia ainda não havia sido desvendado e agora Vivien já se encontrava mais vezes fora do quarto. Vic estava tendo o mesmo sonho ultimamente e isso a atormentava, ela ainda não havia contado nada para Teddy, com medo de parecer muito ridícula em acreditar que um sonho poderia ter ligação com um retrato que eles encontraram em Hogwarts.
- Vic, você está muito estranha. Tem certeza que não tem nada para me dizer?
Depois de tanto tempo juntos, Teddy conhecia Vic muito bem, sabia quando a esposa estava aflita e o pior, sabia que ela não contaria nada para. Ele teria que descobrir.
Vic estava indo chamar a prima para tomar café. Foi quando ela começou a escutar vozes, mas não consegui distinguir o que as pessoas diziam. Quando ela chegou na porta do quarto de Vivien, ela escutou um grito. Era um grito de mulher que parecia que estava em sua cabeça. Vic começou a sentir uma forte dor de cabeça, parecia que sua cabeça iria explodir. Ela escancarou a porta do quarto de Vivien.
- Você está bem?- perguntou Vic.
Vivien estava com os olhos arregalados e agora fechava a porta do seu guarda-roupa.
- Puxa, Vic. Da próxima vez vê se bate na porta.
- Então não foi você quem gritou?
- Não e nem escutei nada. Você está bem? Está pálida.
- Eu estou ótima, só com fome.
Vic que já estava preocupada começou a se preocupar mais ainda. Ela não poderia estar ficando louca.
- Nós não temos muito tempo. Eu tenho pouco tempo de férias. A Vic também. Precisamos agir rápido.- disse Teddy.
- Certo. Mas como saber quem pegou a profecia e a espada?- perguntou Vivien.
A visão de Vivien ainda o incomodava e cada dia que passava era pior, mas se tem uma coisa que Teddy sabe fazer muito bem, é se manter frio nas horas apropriadas.
- Teddy, você está com o pergaminho aí?- pergunrou Vic.
Teddy tirou do bolso o pergaminho com o retrato da moça em um verso e com a mensagem em outro. A cabeça de Vic começou a doer mais ainda.
- Espere... eu acho que eu sei quem está com a profecia. Eu conheço esta letra. Como eu pude me esquecer? Aquele idiota já fez muitos deveres para mim...
- Vic, do que você está falando?
- Eu estou falando do Gareth.- Vic se levantou da cadeira e no mesmo instante caiu desmaiada.
A luz do sol passava pela janela e aquecia o rosto de Vic. Ela abriu os olhos e lá estava Teddy a encarando. Sua cabeça parara de doer e agora ela se lembrava do que havia acontecido.
- Você está bem?- perguntou ele.
- É.Eu estou.
- Eu estava falando com a recepcionista e ela disse que o Gareth já foi embora. Tanto que o quarto dele foi ocupado pela Vivien.
- Ah, sim. Aquele desgraçado. Eu juro que quando eu botar as mãos nele.
- Você não vai fazer nada, porque já está mais do que na hora de voltarmos para casa.
- Como assim?- Vic levantou seu tronco e agora estava sentada na cama.
- Já chega de tudo isso, Vic. Olha só para você, está uma pilha de nervos.
- Eu sei que parece esquisito, mas eu sinto que é meu dever acabar com tudo isso. Teddy, quantas pessoas mais vão morrer? Você leu o que estava escrito no pergaminho... “ sangue inocente deve ser derramado”...Eu não vou para agora que chegamos tão longe.
- Esta não é a nossa vida. Nós temos uma casa, temos um emprego e temos uma família. Faça isso pela Seren, por favor.
Vic tentou lutar contra Teddy, mas Seren era o argumento suficiente para que Vic voltasse para casa. Vic estava morrendo de saudades da filha. Nunca havia passado tanto tempo longe da pequena. Estava decidido, em breve Vic e Teddy voltariam para casa e principalmente para a filha.
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CAP. DEDICADO PARA A NANDINHAH: o aniverário dela foi ontem, dia 28/03 e como eu moro do outro lado país o meu presente vai ser esse. Principalmente poruqe ela é a principal leitora das minhas fics, a única que conversa comigo sobre rei Arthur, que sempre comenta e vota ( eu sei que eu tenho outras amigas que comentam e votam, não tiro o mérito de ninguém. Feliz niver, flor. Muitos anos de vida para você!!!!!
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