08/05/919 - A oferta



A maioria das vezes que se conhece uma pessoa temos uma primeira impressão. A maioria das pessoas têm oportunidade de mudar sua primeira impressão sobre a outra e consequentemente muitas o fazem. As primeiras impressões das pessoas em mim, acredito eu, não mudam. Logo que conheci Helga a achei maravilhosa e em pouco tempo estávamos rindo e conversando como nunca. A primeira impressão minha sobre Godric ser uma figura um pouco escandalosa e bruta que não pensa demais nas coisas estava errada.
Além disso Godric era espaçoso, hostil, barulhento e rude. O fortão bruto, cheio de coragem e histórias que qualquer mulher caíria aos pés e se apaixonaria. Prazer eu não sou qualquer mulher.
Durante esse tempo até hoje escutei milhares de histórias de quimeras e bestas africanas que ele mesmo pode lutar bravamente junto com seus leões. E elas eram realmente muito interessantes. Uma vez quando dormi entre uma e outra, ele me acordou com uma batida de sua espada - infelizmente já pronta - no chão:
- Rowena, você dormiu enquanto eu falava sobre os bugres.
- Me desculpe querido - eu sorridente me levantei - Acho que o chá feito pelos duendes me dá sono. Vamos Helga?
Nos retiramos para nosso quarto.
Os duendes foram exatamente o que se poderia chamar de hospitaleiros conosco. Assim como Godric que esperava sua espada ficar pronta e tinha passe livre por alguma razão para ficar como bem entendia dentro da gruta dos duendes, Thwick, o duende que nos recebeu, nos arranjou um quarto dentro da gruta, muito bem equipado e espaço para Linx e para o texugo de Helga que temo não ter comentado aqui ainda se chama Akon. Tudo isso porque o grande chefe dos duendes é muito ocupado (acredito eu construindo suas espadinhas e aneizinhos felizes) e só poderia nos receber no dia oito, ou seja, no dia de hoje. O único problema do lugar realmente eu tenho que dizer é a comida. Acredito que esses duendes não têm o paladar muito apurado de modo que tudo aqui é azedo, ardido ou sem gosto. Ainda bem que eu tenho Helga.
Hoje depois de uma ameixa tão ruim que eu preferira comer o caroço e jogar fora o resto, nos chamaram para encontrar o grande mestre dos duendes. Sua sala ficava em uma parte isolada da gruta, onde não era possível se chegar sem se arrastar caso você fosse uma pessoa normal. No caso de você ser uma tarântula, um camundongo, um cavalo marinho ou até mesmo um duende a passagem era muito fácil. Eu e Helga tivemos que nos agachar completamente. Eu bem mais que ela por minha altura. Chegamos então a um salão abobodado ainda vermelho.
- Essa vermelhidão está começando a me enjoar -eu disse a Helga baixo
- Digo o mesmo. E olha que eu gosto de cores fortes - Ela retrucou.
- O mestre dos duendes - Anunciou o esguio e feio Thwick.
O mestre era tão idêntico a todos que se ele não tivesse sido anunciado poderia ter passado reto, e simplesmente o ignorado.
- Em que lhes posso ser útil? - perguntou.
- Ah pois bem - Helga começou a falar com seu jeito espalhafatoso - Acontece que sabemos que vocês têm muito dinheiro e possibilidade de ... eu diria algo como uma doação, mas muito bem aplicada, eu garanto. O caso é que eu e minha amiga ( eu acenei ) tínhamos muita vontade de começar a construção de um .. um estabelecimento de ensino sabe ... e... além do mais...
- Sem chance. Dinheiro não é mato que nasce por aí. - Ele disse grossamente.
- Mas senhor ...
- Não... nós não caímos nessa não... mas se as senhoras estiverem precisando de dinheiro, poderiam me vender essa linda jóia - disse ele tentando por a mão em minha tiara.
- Não precisamos, obrigada - disse eu me afastando completamente da feia criatura.
- Bom então é isso - ele virou as costas - podem ir embora.
- Não ainda querido mestre - a voz de Godric que como sempre brotava do nada vibrou as paredes do recinto - Olá damas.
Helga me olhou indicando para sairmos.
- Não vão embora - Godric continuou - eu tenho certeza de que os duendes nos irão dar todo o suporta necessário para formarmos a escola.
- Nos ? - dissemos eu e Helga juntas
- Bem ... eu não lhes disse mas gosto muito da idéia de vocês, se vocês estivessem interessadas em ter mais um companheiro...
- Não estamos interessadas - eu o cortei.
- Rowena - Helga me olhou como quem dizia "Vamos escutar o que esse bunda mole está falando"
- E como você acha que pode nos ajudar? - Eu perguntei de mal gosto.
- Bem ... acredito que os duendes tenham determinada dívida comigo - ele olhou para o mestre que desviou o olhar rápido - E sei que se eu pedisse, pela grande moral que minha família têm com eles, eles sem dúvida nos ajudariam a formar esse castelo.
- Sei ...eu não acho que ... - eu ia dizendo mas Helga me interrompeu
- Rowena, um minuto. Por favor, mestre, existe aqui algum lugar em que nós duas possamos conversar em particular? Só para discutirmos esse assunto em alguns momentos.
- Sim - Respondeu Thwick no lugar do duende chefe.- Me acompanhem
Assim que ele nos deixou em uma salinha pequena, Helga desembestou a falar:
- Rowena, Godric não é tão ruim assim, vamos. Pense que se ele nos fizesse o favor de entrar com o dinheiro, poderíamos formar a escola do jeito que queremos, sem contar que Godric é homem, precisamos de um...
- Não ouse falar que precisamos de um homem conosco porque isso é idiota de se falar. De onde eu vim se pensava que as mulheres não poderiam escrever ou ler e não usando da minha falta modéstia mais uma vez, mas eu tenho certeza que eu sou dez mil vezes mais inteligente do que esse brutamontes. Qual é a intenção dele em tentar se juntar conosco eu não sei. É provável que queira também fazer algo de útil na vida e ensinar aos outros, mas nada do que eu ou você não possamos fazer igual ou melhor. Os homens se acham superiores e se esse aí com nome de soluço acha que pode ser superior a nos... eu vou mostrar a ele quem é melhor em três tempos.
- Rowena, eu concordo com tudo que você disse e pelo que eu bem te conheço você não deixaria ninguém nos passar para trás. Vamos deixar isso bem claro para ele, que somos iguais em todos os pontos e eu sei que Godric pode aceitar. Você parece não ir com a cara dele simplesmente minha querida, mas isso pode mudar. Faça isso por mim, vamos ...vamos aceitar o dinheiro dele. Além do mais quem vai ensinar aos garotos as coisas de garotos?
Pensei comigo mesma que Helga não sabia minha definição de conhecer uma pessoa por sua primeira impressão. Talvez ela esteja certa, eu sou muito mandona e cabeça firme. Mas eu tenho inteligência e isso é verdade e homem nenhum vai fazer o que eu não quero. Se o Gryffindor nos quer dar dinheiro para construir a escola, tudo bem, eu não vou sair perdendo com isso em nada mesmo. Por fim, aceitei.
- Muito bem. Alguém tem que ensinar os meninos
Helga sorriu e me abraçou.
- Mas eu tenho muita pena dos meninos que tenham um pouco de sensibilidade mais apurada.
- Ora Rowena, você é jovem, tem que se abrir mais ao mundo. - Ela me dizia enquanto íamos voltando para a sala onde estavam todos
- Helga, pode parar, me diga francamente, você está fazendo isso pelo dinheiro e não por ele não é?
- Ah mas não tenha dúvida. - ela disse de prontidão - Embora eu ache que todos mereçam uma chance.
Ao chegarmos na sala, Godric estava com os pés encima da mesa sentado em uma cadeira quase caindo comendo um pedaço de um frango.
- E então donzelas? - Ele sorriu com um pedaço de pele no dente.
Olhei bem para Helga
- Muito bem - eu disse - Mas saiba que todos nós teremos a mesma porcentagem de ordem na escola e todas as escolhas serão votadas entre nós três.
- Ótimo - ele sorriu - Quero criar um lugar onde os alunos possam me seguir na honra e corage...
- Tá tá tá - eu o cortei - Vamos logo com isso então.
-Rowena, as vezes penso que minha presença não te agrada - Ele me olhou fundo nos olhos.
Olhei para Helga mais uma vez.
- Imagine querido. Espero que de agora em diante estejamos a cada dia mais unidos. Quero que nos apressemos para podermos procurar algum lugar onde ficar por essa noite e começar propriamente os planos.
- Ah que bom - ele abriu o velho sorriso. - Acertarei tudo com os duendes para que sempre mandem dinheiro.
- Não seria melhor que partíssemos amanhã? - Helga interveio
- Ótima idéia - Godric assentiu.
- Vamos Rowena - Ela me puxou - Há muito o que conversar.
Depois de discutirmos muitas idéias sobre a escola, eu e Helga fomos dormir. Antes é claro, vim escrever aqui. Ainda me parece que falta algo nessa escola hipotética que imaginamos, um toque de sensibilidade que nenhum de nós três temos. Aonde estou me metendo querido diário? Aonde?

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