Explicações necessárias
- Bem, creio que com isso esclarecemos tudo. - disse Dumbledore, voltando a sentar-se atrás de sua escrivaninha - Suponho que esteja cansado, Harry.
- Sim, bastante. - admitiu o garoto.
- Há algo mais que queira saber?
- Não. - disse Harry, sacudindo a cabeça - Acho que não.
- Então, se tiver certeza de que realmente está bem, sugiro que vá para a torre da Grifinória descansar. - disse o diretor - Terá muito tempo para visitar Madame Pomfrey e seus pacientes amanhã.
Harry deixou o gabinete do diretor ainda atordoado com tudo o que ele lhe dissera durante as horas em que conversaram. Enquanto se dirigia para a torre da Grifinória, pensava em tudo o que lhe fora revelado. O diretor era a pessoa que ouvira a profecia sendo feita, e pôde contar a Harry o que ela dizia.
“O Lord das Trevas o marcará como um igual... E um não poderá viver enquanto o outro sobreviver...”
Seria assim, então. Um deles deveria morrer, no fim. Harry deveria ser assassino ou vítima, matar Voldemort, ou morrer pelas mãos dele. Mas embora essa revelação pesasse em seu íntimo, outra coisa dita pelo diretor enchia o peito do garoto de felicidade. Sophie salvara Sirius. Sophie o trouxera de volta da passagem do véu. Sirius estava vivo!
Ele havia decidido seguir o conselho de Dumbledore e ir pela manhã à Ala Hospitalar, onde seria examinado por Madame Pomfrey - não havia como escapar disto - e veria os colegas que já estavam lá, recebendo os cuidados da enfermeira. Sirius também estava sob os cuidados dela, já que não tinham certeza se era seguro levá-lo para o St. Mungus. E Sirius seria o primeiro a quem Harry iria ver. Mas mesmo a visita ao padrinho teria de esperar até o dia seguinte, pois ele se sentia realmente exausto.
Assim que acordou, Sirius foi ver Sophie, apesar dos protestos de Madame Pomfrey e Lupin. Ele entrou na enfermaria, e, após falar rapidamente com Rony e Hermione, dirigiu-se à cama da filha, sentando-se em uma cadeira ao lado dela.
- Minha menina... - disse ele, baixinho, enquanto acariciava os cabelos da garota adormecida. Sophie abriu os olhos.
- Sirius... - murmurou ela, fracamente.
- Shhh... você precisa descansar...
- Você... eu sou... - ela tentava falar.
- Shhh... - fez Sirius, novamente - Sei que quer algumas explicações, e realmente tem direito a elas. Eu prometo que explico tudo a você, mas depois. Agora descanse.
Sophie concordou com a cabeça e voltou a fechar os olhos, adormecendo imediatamente, de mãos dadas com Sirius, que velou seu sono por um bom tempo, até que Lupin viesse chamá-lo.
- Vamos, Sirius. - disse ele - Você também precisa descansar.
- Eu.. quero ficar com ela. - respondeu Sirius, hesitando em deixar Sophie.
- Ela está dormindo, Sirius, e você deveria fazer o mesmo. - disse Lupin, severo, mas depois abriu um sorriso – Ora, vamos, você vai ter bastante tempo para lamber a sua cria.
Chegando à Ala Hospitalar, pela manhã, Harry ouviu as vozes de Sirius e Lupin, em uma sala mais afastada, discutindo os acontecimentos da noite anterior.
- Não devia tê-la deixado fazer isso. - censurou Sirius - Era arriscado demais.
- Eu sei disso, Sirius. Mas ela estava irredutível. - explicava-se o ex-professor.
- Ainda assim, devia tê-la impedido, Remo. Um feitiço tão poderoso, executado por alguém tão jovem... poderia ter consumido toda a energia dela, ela poderia ter morrido! - retrucou Sirius, exasperado.
- Ela simplesmente não me ouvia, Sirius. E... bem, - Lupin abriu um sorriso - já era de se esperar, sendo ela filha sua e da Isa, que fosse tão teimosa desse jeito.
- Sirius?! - chamou Harry, para anunciar sua presença.
- Harry! - exclamou Sirius, satisfeito.
- Como você está? - perguntou o garoto.
- Pronto para outra.
-Menos, Sirius, menos. - disse Lupin, sorrindo.
Sirius ignorou o comentário.
- E você?
- Bem. - a ponta branca dos tênis parecia para Harry muito interessante naquele momento - Sirius, o que aconteceu, eu... sinto muito e...
- Não, Harry. - interrompeu Lupin - Não se culpe pelo que aconteceu.
- Mas... - tentou o garoto.
- Não, Remo está certo, Harry. Estamos todos aqui, inteiros, e isso é o que importa. Este assunto está encerrado. - disse Sirius, em tom conclusivo.
O garoto assentiu, ainda um tanto relutante.
- Está indo ver os outros? - perguntou Lupin a Harry.
- Sim, vou lá assim que sair daqui.
- Faça-me um favor, sim? - pediu Sirius.
- Claro. - disse Harry.
- Avise-me se a Z... a Sophie estiver acordada.
- Tá. - concordou o garoto.
- Obrigado.
- Até mais tarde.
- Até.
Logo após deixar Sirius, Harry foi ver os amigos, que, à exceção de Sophie, já estavam acordados discutindo os acontecimentos da véspera. Porém, antes que pudesse falar com eles, teve, como já era de se esperar, de passar por um exame feito por Madame Pomfrey.
- Quer dizer então que ele voltou a ser “O menino que sobreviveu”, não é mais o doido mentiroso? - disse Rony, que lia um exemplar do Profeta, enquanto Harry sentava aos pés da cama de Hermione.
- É, eles estão sendo muito lisonjeiros com você agora, Harry - comentou a garota, voltando ao artigo que lia em seu jornal - “A voz solitária da verdade, que resistiu às calúnias e difamações...”. - disse ela, em voz de falsete - Eles só esqueceram de mencionar que eles mesmos fizeram as calúnias.
- Quando vão sair daqui, Mione? - perguntou Harry, ajeitando a gravata do uniforme..
- Hoje à tarde, eu acho. - respondeu a garota - Não vejo a hora de sair dessa cama!
- E Sophie?
- Continua dormindo. - respondeu Gina, séria - Madame Pomfrey falou que ela está muito fraca, e que é um absurdo terem permitido que ela realizasse um feitiço desse tipo.
- É, parece que ela poderia ter morrido, se não tivesse força suficiente pra executar o feitiço até o fim. - comentou Rony.
De fato, no meio da tarde, Madame Pomfrey liberou Hermione, Gina, Neville e Rony para voltarem para a torre da Grifinória, bem a tempo deles assistirem a partida triunfal de Umbridge, que teve a infelicidade de, no caminho, encontrar Pirraça, que a perseguiu alegremente, batendo em sua cabeça com uma meia cheia de giz. Sophie, teimosa, deixou a Ala Hospitalar no fim do dia. Mas antes que isso acontecesse, ela finalmente pôde conversar com Sirius, que foi vê-la assim que soube que estava acordada.
- Oi. - disse ele, aproximando-se da cama.
- Oi. - respondeu Sophie, largando o jornal que estava lendo.
- Como se sente?
- Como se tivesse sido atropelada pelo expresso. - brincou ela - E você, como está?
- Ótimo. Graças a você. Não devia ter feito aquilo. - disse Sirius, severo - Um feitiço tão poderoso, poderia tê-la matado.
- Mas não matou, certo? - retrucou a garota.
- Mesmo assim, era muito arriscado. - disse ele, ainda muito sério.
- Eu simplesmente não podia deixá-lo partir de novo. - disse ela, encarando-o - Não agora que sei quem você é.
- Então você já sabe de tudo? - perguntou Sirius. - Como descobriu?
- Pensei muito, e juntando tudo o que eu sabia, entendi. - respondeu a garota - Depois vovó me contou parte da história, na verdade, - ela abriu um sorriso tímido - eu a forcei a contar.
- E agora? - perguntou Sirius, levemente apreensivo.
- Agora quero saber a história toda. - respondeu Sophie, simplesmente - Me conte a história de vocês, Sirius.
- Tem certeza de que está bem? - perguntou o homem - Não está cansada? A história é longa.
- Eu estou ótima.
Sirius sorriu.
- Você se parece com ela até no temperamento – comentou ele, ao que Sophie baixou o olhar, envergonhada – Não, isto não é uma crítica. - disse, erguendo o rosto dela - Sempre foi algo que gostei nela, e fico feliz que você seja assim também.
Foi a vez de Sophie sorrir.
- Está bem, vamos à história, então. - disse Sirius - Vou contar desde o início.
Mas antes que começasse a falar novamente, Sirius ficou como que paralisado. A visão da gargantilha de Sophie sobre a mesinha trouxe a Sirius uma forte lembrança de Isabelle.
“- Você gosta dela? – perguntou Isabelle, sorrindo, ao ver a pequena Zoe esticar a mãozinha em direção à gargantilha em seu pescoço – Quando você for maior, ela será sua.”
- A gargantilha... - murmurou ele, visivelmente comovido.
- Vovó disse que era... da minha mãe. - disse Sophie, apanhando a gargantilha, e olhando dela para Sirius - Ela se referia a Isabelle, então?
- Você... você sabe o nome dela? - perguntou ele, surpreso.
- Sim, - disse Sophie, voltando novamente o olhar para a gargantilha - eu ouvi o professorDumbledore dizendo, quando explicou para o professor Lupin por quê eu podia trazê-lo de volta da passagem do véu.
- Isabelle prometeu dá-la a você quando fosse mais velha, - contou Sirius – então eu pedi a Annelise que fizesse isso quando você completasse idade para ir para a escola.
Sophie observava o pequeno diamante do pingente, assimilando a nova descoberta.
- Você se parece tanto com ela... - disse Sirius, fitando a garota - veja, Remo trouxe esta fotografia, para que eu mostrasse a você. Esta é Isabelle. - ele apontou uma mulher morena, de olhos claros, que sorria levemente na fotografia levemente amassada, ao lado do próprio Sirius.
- Ela era linda... - disse Sophie, pegando a fotografia.
- Sim, e não apenas por fora. Ela era uma pessoa maravilhosa. Não, - disse ele, quando Sophie fez menção de devolver a fotografia – esta é para você. Bem, agora sim, vamos à história.
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