Batalhas



Enquanto tudo isso acontecia, Sophie corria desabalada pelo túnel que levava a Hogsmeade. Ela se amaldiçoava internamente por não ter ido com os amigos; perdera muito tempo no corujal, pensando no conteúdo das cartas que recebeu. Quando saiu de lá, já não encontrou Hermione e os demais em parte alguma, e, como sentia uma forte aflição, buscou a mente de Harry. Mas a única coisa que havia nela era a imagem de Sirius sendo torturado no Departamento de Mistérios. Ela então começou a entender. Procurou mentalmente por Sirius, tentando descobrir mais sobre o que estava acontecendo e o encontrou rapidamente; Sirius estava em Grimmauld Place, sem saber nada sobre os planos do afilhado. Harry havia sido enganado! Mas ela não conseguia penetrar na mente do garoto, ao menos não o suficiente para alertá-lo de seu erro, pois ele estava muito transtornado. Ela então tentou avisar Sirius dos planos de Harry.
“Sirius? Por favor, não me bloqueie. Sou eu, Sophie. Não, não tente responder, o elo pode ser muito fraco e se romper. Apenas me ouça. Harry foi atraído para uma armadilha, ele está no Ministério, agora, no Departamento de Mistérios, e vai precisar de ajuda.”
Foi só o que ela pôde fazer para ajudar naquele momento. Embora tentasse, não conseguiu mais contatar Sirius ou Harry. Apenas em dado momento, quando já se aproximava do fim do túnel, sentiu um aperto no peito, uma tristeza imensa, e acelerou seus passos.
Harry ouviu a risada triunfante de Bellatrix, sem compreender o que ela comemorava. A qualquer momento, Sirius iria aparecer do outro lado do véu, louco para continuar o duelo... Mas ele não apareceu.
- Sirius! - o garoto gritou, começando a andar em direção ao arco - SIRIUS!
Antes que pudesse alcançar seu objetivo, Lupin agarrou-o pelo peito, impedindo que ele continuasse.
- Não, Harry... pare. - disse o homem, com uma voz que parecia cansada - Você não pode...
- Ele está lá dentro, podemos alcançá-lo. - disse o garoto - Temos que puxá-lo de volta!
- Não, Harry, ele não irá voltar, Ele... ele se foi.
- Não! Sirius! - gritava o garoto, desesperado - SIRIUS!
- Não há... nada que possamos fazer. Sirius está morto.
- NÃO!
Lupin arrastou Harry para longe do arco, cujo véu continuava ondulando suavemente. Os comensais capturados estavam agrupados no centro da sala, presos aparentemente por alguma espécie de cordas invisíveis. Tonks estava com Gina, Hermione, Neville e Rony, verificando se estavam todos bem, se não haviam se ferido mais gravemente, o que, felizmente, parecia não ter acontecido.
Harry estava atordoado, e já nem lutava para se desvencilhar de Lupin, que o mantinha agora seguro apenas por um braço,enquanto se dirigiam ao local onde estavam os demais jovens. Ouviu então um barulho alto e um grito de dor; assim como os demais, virou-se na direção da porta; Bellatrix Lestrange passava por Kingsley, que estava caído o chão, e preparava-se para sair. Moody lançou um feitiço, do qual ela desviou; estava quase alcançando a saída...
- Harry, não! - gritou Lupin, mas já era tarde. Harry havia escapado de suas mãos, e corria na direção da porta, por onde a comensal acabara de sair.
O garoto ouviu pessoas gritando seu nome, mas não deu atenção. Ela havia matado Sirius, e agora ele a mataria. Seguia Bellatrix por um corredor largo, e ela tinha ainda uma boa vantagem sobre ele.
- Estupefaça! - ele gritou, mas, correndo, não conseguiu atingi-la.
Bellatrix riu, e lançou uma maldição por sobre o ombro, errando Harry por pouco.
Ele a viu entrar em um dos elevadores, no fim do corredor, e após fechar a grade, acenar um “tchauzinho” enquanto começava a subir. Harry entrou na cabine ao lado, socou o botão que dizia “Átrio”, e o elevador começou a mover-se, rangendo.
- Onde está? - ele gritou, assim que saiu do elevador - Apareça!
- Você veio vingar a morte dele, Potter? - ela perguntou, rindo. Harry olhou ao redor, tentando de onde vinha a voz dela. Bellatrix surgiu em um canto da sala, e lançou um feitiço do qual ele desviou, indo esconder-se atrás da fonte.
- Você o amava? Amava o meu priminho, Potter?
Harry sentiu o ódio dentro de si borbulhar, ódio como jamais sentira antes.
- Crucio! - ele gritou, saindo de trás da fonte.
Surpresa, Bellatrix não reagiu a tempo, gritou e caiu ao chão. A varinha escapou de sua mão, e rolou para longe dela. O sorriso desapareceu de seus lábios, e ela pareceu temerosa. Harry andou na direção da mulher, a varinha apontada diretamente para o coração dela, os olhos demonstrando puro ódio.
“Você tem que querer, Harry...” - a voz de Voldemort ecoava dentro da cabeça do garoto - “Ela o matou, ela merece...”
A expressão apreensiva sumiu, e um sorriso maldoso surgiu no rosto de Bellatrix.
“Conhece a maldição, Harry, apenas diga...”
Harry virou-se bruscamente para trás; sua varinha voou longe. Voldemort estava ali, no Ministério da Magia, diante dele, com a varinha apontada para seu peito.
- Sempre tão fraco... - disse o bruxo, fitando Harry com desdém.
- Foi tolice sua vir até aqui hoje, Tom... - a voz de Dumbledore soou, às costas do garoto.
- Dumbledore? - disse Voldemort, surpreso, abaixando levemente a varinha.
- Os aurores estão a caminho - disse o diretor, calmamente.
- Não se preocupe. - disse Voldemort, um leve sorriso dançando nos lábios - Até que eles cheguem, eu já terei partido, e você... estará morto.
Harry sentiu como se uma enorme mão invisível o tivesse agarrado e atirado para o lado, um segundo antes que Voldemort lançasse um feitiço contra Dumbledore, que revidou à altura. O garoto ficou como que preso a uma das colunas de pedra, assistindo ao terrível e espetacular duelo entre os dois bruxos. O duelo estava equilibrado, e então, de repente, entre os fortes jatos de luz emanados dos poderosos feitiços lançados por ambos os bruxos, Voldemort desapareceu.
- Fique onde está, Harry. - disse Dumbledore, e sua voz soou assustada. Harry não entendeu o porquê; o salão estava vazio, exceto por eles e Bellatrix, que, sem varinha, não ousava se mover.
E então sua cicatriz doeu, uma dor além do que podia imaginar existir, uma dor muito além do que era capaz de suportar... Ele não era mais Harry, ou ao menos não era mais apenas Harry. Compartia seu corpo e sua mente com uma criatura cuja maldade emanava de forma dolorosa para ele.
- Mate-me, Dumbledore. - disse Voldemort, usando a boca de Harry - Você não deseja acabar com tudo isto? Mate-me agora, e tudo irá terminar.
Sentindo o coração apertar cada vez mais, e com medo do que poderia ter acontecido, Sophie tentou contatar Harry novamente, mas apenas pôde ver que a mente do garoto estava dividida. Não era apenas Harry, havia uma batalha acontecendo ali. Sophie nada pôde fazer, seu acesso foi totalmente bloqueado. Ela também não conseguia mais encontrar Sirius, era como se ele houvesse simplesmente sumido no ar, e isso redobrou sua apreensão.
Chegou ao alçapão no porão da Dedosdemel ofegante, subiu as escadas, e, com cuidado para não ser pega, procurou por uma lareira. Teve uma sorte dupla: havia uma lareira na primeira sala em que entrou, e, sobre ela, uma vasilha com Pó de Flu.
- Incêndio! - disse ela, e as chamas surgiram na lareira antes apagada.
Pegou um punhado do pó e jogou nas chamas, que se tornaram verdes, e entrou nelas dizendo:
- Ministério da Magia.

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