No Ministério



Os cinco “aterrissaram” de mau jeito no chão do átrio do Ministério, que estava completamente vazio. O único som que podia ser ouvido era o da água, correndo em uma enorme e esplêndida fonte, toda em ouro, adornada no centro por cinco enormes estátuas, de um bruxo, uma bruxa, um duende, um elfo-doméstico e um centauro. Eles olhavam ao redor; não havia ninguém.
- Pra onde agora, Harry? - perguntou Gina.
- Temos que descer. - respondeu o garoto.
Os elevadores são por aqui. - disse Rony, ao que todos começaram a correr na direção apontada por ele, espremendo-se em uma das cabines. Harry apertou o botão em que estava escrito “Departamento de Mistérios”, e o elevador começou a descer, rangendo suavemente.
“Departamento de Mistérios” - disse uma voz feminina, quando o elevador parou. A grade do elevador se abriu, deixando-os diante de um escuro corredor, ao fim do qual estava a porta com que Harry vinha sonhando ao longo do ano.
- Por aqui. - disse o garoto, começando a andar em direção à enorme porta negra, no fim do corredor.
- Tem certeza, Harry? - perguntou Hermione, apreensiva.
- Absoluta. Sonhei com essa porta o ano inteiro.
Eles seguiram a passos rápidos em direção à porta, e pararam diante dela. Harry pôs a mão na enorme maçaneta.
- Talvez seja melhor... vocês ficarem aqui... pro caso de acontecer alguma coisa...
- Não teremos como saber se houve alguma coisa se você for sozinho, Harry. - disse Neville, sabiamente.
- Quando vai entrar nessa sua cabeça, Harry? - perguntou Hermione - Estamos juntos nessa, não vamos deixar você sozinho.
O garoto então abriu a porta, e eles entraram. A escuridão era total.
- Lumus! – disseram todos, em uníssono.
As pontas das varinhas se acenderam e eles puderam então ver, sem muita clareza, o lugar onde estavam. Era uma sala que parecia não ter fim, com inúmeras estantes, tão altas que não era possível divisar seus topos. Nas estantes, pequenas esferas de vidro, que cintilavam levemente. Cada uma tinha uma etiqueta presa a ela, contendo alguma informação.
- Para onde agora, Harry? - perguntou Rony.
- A estante número noventa e sete.
- Essa é a trinta e oito. – disse Gina, olhando a estante mais próxima.
- Essa é a quarenta e cinco. – falou Hermione, mais à frente, no mesmo corredor largo.
Seguiram em frente, varinhas a postos, observando cada canto, e a todo instante, olhando para trás.
À medida em que andavam, o número das estantes aumentava, e e o mesmo parecia acontecer com a escuridão da sala.
- Aqui! Noventa e sete! – sussurrou Hermione.
Entraram no corredor entre as estantes noventa e sete e noventa e oito. As esferas nas estantes brilhavam, refletindo as luzes que vinham das varinhas.
- Ele deve estar bem no fim desse corredor. – disse Harry, em cujo íntimo começava a crescer o medo pelo que poderia ter acontecido ao padrinho – Em algum lugar por aqui...
- Harry? – chamou Hermione, ao que o garoto não respondeu.
“É aqui, ele tinha que estar aqui...”
- Harry? – chamou a garota, novamente.
- O quê? – ele atendeu ao chamado, irritado.
- Acho... acho que ele não está aqui, Harry.
Harry não entendia. Tinha certeza do que havia visto. Agora, seu medo, que já era grande, tornava-se quase paralisante. Ele tinha que estar ali.
- Harry? – agora era Rony quem chamava.
- O quê?
- Tem seu nome em uma delas. – disse o ruivo, apontando uma das estantes.
- O quê? – perguntou Harry, novamente.
- Seu nome, na etiqueta.
Harry se aproximou do local indicado pelo amigo. A etiqueta presa à esfera empoeirada, datada de aproximadamente dezesseis anos atrás, dizia:
“S.T.P. para A.P.W.B.D. – Lord das Trevas e (?) Harry Potter”
- O que o seu nome tá fazendo aí? – perguntou Neville.
- Eu... não sei... – disse Harry, já esticando a mão para a esfera, que pareceu cintilar um pouco mais forte.
- Harry, não! – chorou Hermione – Não mexa nisso, não é uma boa idéia...
- Por quê? Tem a ver comigo, não tem?
- Harry, a Mione tá certa. – disse Gina, ansiosa – Deixa isso.
- Tem meu nome nela. – disse o garoto, fechando os dedos ao redor da pequena orbe, que, ao contrário do que ele esperava, não era fria, mas morna, como se a fraca luz em seu interior a estivesse esquentando de dentro para fora.
A expectativa era grande quando ele a retirou da estante. Por um instante, todos prenderam a respiração, porém nada aconteceu. Eles observavam o objeto com curiosidade, quando, atrás deles, uma conhecida voz, fria e arrastada, falou:
- Muito bem, Potter. Agora vire-se devagar e entregue isso para mim.
Figuras vestidas de negro, e usando máscaras bloqueavam todas as saídas, as varinhas de pontas brilhantes, apontadas diretamente para os corações dos cinco jovens. O Comensal à sua frente tinha a mão estendida, com a palma virada para cima.
- Para mim, Potter. Agora.
Os cinco olharam ao redor; estavam encurralados, e em desvantagem de dois para um, no mínimo.
- Não me faça repetir, Potter.
- Onde está Sirius? – perguntou Harry, com mais coragem do que realmente sentia.
- Deveria aprender a diferenciar sonhos de realidade. Você viu apenas o que o Lord das Trevas queria que visse. Agora me dê a profecia. – a voz de Lúcio Malfoy soou ameaçadora.
Harry ergueu a varinha à altura do peito, e pelo canto do olho, viu os amigos fazerem o mesmo movimento.
- Se tentar algo contra nós eu a quebro.
- Você não se atreveria...
- Tente. – provocou Harry, tentando disfarçar seu medo. Se Sirius realmente não estivesse ali, ele teria arrastado seus amigos para a morte, em vão.
Mal o garoto havia dito isso, e uma voz feminina se fez ouvir.
- Muito bem. Accio prof...
- Protego! - gritou Harry, impedindo que a pequena esfera fosse parar nas mãos da Comensal.
- Hmm... ele sabe brincar... - disse ela, debochadamente.
- EU FALEI PARA NÃO ATACAR, BELLATRIX! - gritou Malfoy, furioso – O Lord quer aquela profecia, e ela precisa estar inteira.
- Bellatrix? - repetiu Neville - Bellatrix Lestrange?
- Ah... Longbotton, não é? Como estão papai e mamãe? - perguntou a Comensal, irônica.
- Maldita! - gritou o garoto – Você sabe o que fez com eles, não sabe?
- Calma, Neville... - disse Hermione, aflita.
- Oh, pobrezinho... eles sequer o reconhecem, não é? - perguntou ela, debochada.
Harry viu o queixo de Neville tremer, e uma veia saltar em sua têmpora, enquanto o garoto apertava a varinha com mais força.
- Apenas ignore-a, Neville. - disse ele - É o que ela quer, irritar você.
- Hmm... esperto, Potter. - disse Lúcio - Mas... voltando ao nosso assunto... a profecia... ainda está na sua mão.
- Por quê essa... profecia é tão importante? - perguntou o garoto, tentando ganhar tempo - E por quê Voldemort precisava que eu a retirasse?
- Como se atreve a falar o nome dele? - perguntou Bellatrix, os olhos cintilando de ódio por detrás da máscara - SEU MESTIÇO IMUNDO!
- Cale-se, Bellatrix! - disse Lúcio, ríspidamente, antes de voltar-se novamente para Harry - Profecias só podem ser retiradas por aqueles de quem elas falam, Potter.
Harry ouviu, próximo a ele, a respiração de Hermione se alterar. Olhou ao redor; os comensais começavam a se aproximar. Fez um movimento quase imperceptível em direção às prateleiras, torcendo para que ela notasse. Ela notou, assim como os outros, que também se puseram em alerta.
- E por quê o seu mestre quer uma profecia que fala sobre mim?
- Sobre os dois, Potter, sobre os dois. Você nunca se perguntou sobre o motivo que o levou a tentar matá-lo quando ainda era um bebê? Nunca quis conhecer os segredos da cicatriz em sua testa? As respostas estão aí dentro - disse Malfoy, apontando a esfera na mão do garoto - e você as terá, se entregar a profecia para mim.
- Eu esperei por quinze anos... - começou Harry.
- Eu sei... - disse Lúcio, com voz sedosa.
- ... posso esperar um pouco mais. AGORA!
Cinco vozes diferentes gritaram “REDUCTO!”. Cinco feitiços voaram em direções diferentes, fazendo com que as prateleiras ao redor explodissem, e milhares de esferas começassem a cair e se quebrar, liberando uma espécie de fumaça branco-perolada, que tomava a forma de pessoas, e milhares de murmúrios misturados, ininteligíveis em meio àquela confusão.
- CORRAM! - gritou Harry, agarrando Hermione pelo braço e arrastando-a consigo, no que foi imitado por Rony, que corria, levando Gina. Neville corria também, logo atrás dos demais.
Os cinco correram em direção a porta, aproveitando que os comensais estavam ainda ocupados, tentando sair do pandemônio de fumaça, cacos de vidro e pedaços de madeira das estantes que haviam explodido. Passaram rapidamente pela porta, batendo-a com estrondo, quando o último deles passou por ela.
- Colloportus! - disse Hermione, apontando a varinha para a porta, que brilhou, fracamente.

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