N.O.M.'s
Agora já não haviam mais deveres de casa. As lições se destinavam apenas a revisar os tópicos que achavam que cairiam nos exames. Até mesmo as aulas de Oclumencia de Harry e Sophie haviam sido suspensas. As datas e horários dos testes foram passados aos quintanistas pela professora McGonagall, junto com os procedimentos. Os exames teóricos seriam realizados pela manhã, e os práticos à tarde, exceto, é claro, o de Astronomia, a ser realizado à noite. Com a chegada dos testes, veio a Sophie a lembrança de algo não muito agradável de pensar.
- Soph? - chamou Hermione, sem que a outra garota desse sinal de que havia escutado – Sophie!
- Ah, oi, Mione. - respondeu Sophie, sem emoção.
- Tá pensativa... - comentou Hermione.
- É. - Sophie suspirou - Eu tava pensando, os N.O.M.'s estão aí, e o fim do ano tá chegando.
- O que tem o fim do ano? - perguntou a outra, sem entender.
- Tem que eu tenho que voltar pra casa, Mione. - explicou Sophie.
- Pra casa? - perguntou Hermione, confusa.
- Pro Brasil, Mione, pra A.M.B.A.
- Nossa, é mesmo! Me acostumei tanto com você, que até esqueci que você era só intercambista. Mas você tem mesmo que voltar, Soph?
- O acordo entre as escolas era de um ano, Mione. Eu tenho que voltar.
- E... você quer ir pra casa, Sophie?
- Bem, essa é a pergunta de um milhão de galeões, não é? - perguntou a garota, com um sorriso triste - Eu não sei! Lá tem a escola, as meninas, meu pai. Mas aqui tem você, os meninos, Gina...
- Fred... - acrescentou Hermione.
- Fred. Ah, Mione! Não sei o que fazer! - disse Sophie, tristonha - Eu... não consigo me imaginar longe dele.
Aquelas duas semanas foram de pura tensão. Os dias dos exames pareceram arrastar-se, mas finalmente foram passando, e os testes feitos, um a um, até o último. E se não bastasse o nervosismo com as provas em si, Sophie, Harry e Rony ainda tinham Hermione, que revisava incansavelmente cada tópico, de cada exame, deixando-os ainda mais apavorados. Mas agora só restava esperar. Todos haviam dado o seu melhor, e os resultados, que deveriam chegar durante as férias, ainda demorariam um pouco, portanto o melhor era deixar a preocupação para mais tarde.
Durante a realização de seu último exame, Sophie viu Misty em uma das janelas do Grande Salão. Após concluir a prova, saiu correndo em direção ao corujal, para ver o que ela havia trazido. Dois pequenos envelopes estavam presos à pata da coruja; um deles vinha do Brasil. Sophie pegou primeiro a carta da avó.
“Querida!
Sei que está zangada, e tem lá seus motivos para estar, mas, por favor, me ouça. Realmente, mentimos para você, mas foi para o seu próprio bem, e com o consentimento de Sirius. Ele foi preso por assassinato, Sophie, depois se tornou um fugitivo, o que esperava que fizéssemos?
Sua mãe biológica morreu pouco depois que você completou um ano de idade, deixando Sirius com uma filha pequena para cuidar, em meio a uma guerra. Ele a deixou sob os cuidados de sua mãe, Annelise, e meus também, até que fosse seguro para você estar com ele e ele pudesse vir buscá-la, mas ele jamais pôde voltar. Annelise prometeu a ele que cuidaria de você, como se fosse sua filha legítima, e ele pediu que você não soubesse sobre ele, não queria que você sofresse por ele. E foi o que Annelise fez, cumpriu o que havia prometido a ele, enquanto pôde. Depois, eu e Charles assumimos a responsabilidade pela promessa dela.
Foi difícil para todos, mas sabíamos que era o melhor a ser feito.
Por favor, perdoe-me, e a seus pais, e a Sirius também. Por favor, Sophie.
Com amor, Vovó.”
Depois, foi a vez da carta do sr. Fitzwillian.
“Sophie!
Sua avó me contou o que aconteceu, e que você já sabe de tudo. Eu sabia que um dia isto aconteceria, mas confesso que não estava preparado para este momento.
Tudo que peço é que me perdoe, filha, tudo o que fiz, o que nós fizemos, foi o que pensamos ser o melhor para você. Por favor, não me odeie por tê-la enganado. Você é, e sempre será minha filha, a minha menina. Amei você desde o primeiro instante em que a tive em meus braços.
Amo você, filha, e sempre a amarei.
Papai.”
A garota estava emocionada. Ambas as cartas eram muito fortes, e as palavras do sr. Fitzwillian mexeram muito com ela. Sophie ficou durante um longo tempo no corujal, pensando em tudo o que estava acontecendo. Já não sabia o que fazer ou pensar, suas certezas haviam caído por terra. Ela estava completamente perdida.
Rony fora um dos últimos a ser examinados. Harry e Hermione o esperavam à porta do Salão Principal, sentados a um canto. Harry estava cansado e apoiara a cabeça nos braços sobre o colo. Ele sentia sono, e, pouco a pouco, foi fechando os olhos.
Ele estava novamente no corredor escuro, que agora sabia pertencer ao Ministério da Magia, mais exatamente, ao Departamento de Mistérios. Desta vez, ele também já sabia exatamente aonde ir. Passou pelas portas laterais, sem olhá-las, e foi diretamente em direção à porta negra ao fim do corredor. Passando por ela, chegou a uma sala enorme, com estantes muito altas, repletas de pequenas esferas de vidro. Ele corria agora, procurava o lugar certo... noventa e cinco, noventa e seis, noventa e sete! Ele entrou no corredor entre as estantes noventa e sete e noventa e oito. Bem no fim do corredor, havia uma forma estranha caída no chão. Sentiu sair de sua boca uma voz que não era a sua, era fria, quase inumana.
- Eu quero a profecia. Pegue-a para mim. Eu não posso, mas você vai dá-la para mim.
A forma caída no chão pareceu se mover. Então Harry se ouviu falando novamente.
- Eu estou esperando, Black. Será que ainda não foi dor o suficiente? Crucio!
O som estrangulado de alguém contendo um grito de dor pôde ser ouvido.
- O Ministério está vazio, não há ninguém para salvá-lo. Vamos... aja como um Black, ao menos uma vez na vida.
- Você terá que me matar... – disse o homem, num sussurro.
- Ah, eu farei isto. Mas primeiro, você vai pegar a profecia para mim.
Harry emergiu do sonho, gritando, e com a cicatriz ardendo como se estivesse em chamas, no mesmo instante em que Rony deixava a sala de exames.
- Harry! O que houve? – perguntou Rony, preocupado.
- Sirius! Ele o pegou! Estão no Ministério, no Departamento de Mistérios. – disse o garoto, levantando rapidamente.
- Harry, espera! O que vai fazer? – perguntou Hermione, ao vê-lo começar a andar em direção à saída.
- Eu vou atrás deles. Tenho que fazer alguma coisa, ele vai matá-lo!
- Harry, me ouve! E se for uma armadilha?
- Ele á minha única família, Mione. Eu não posso arriscar.
Os três saíram em disparada para fora do castelo. No caminho encontraram Neville e Gina, que, percebendo que havia algo errado, os seguiram.
- O que está acontecendo? – perguntou a ruivinha.
- Harry viu Você-Sabe-Quem torturando Sirius. – respondeu Rony.
- Como nós vamos? – perguntou Hermione
- Olha... eu sei que vocês querem ajudar, mas precisam ficar.
- Aprendemos muitas coisas com a “ED”. - disse Neville - Podemos ajudar, Harry.
- É muito perigoso...
- Não vamos deixar você ir sozinho, Harry. – disse Hermione, decidida.
- Nós vamos com você, cara. – concordou Rony.
Harry suspirou, resignado.
- Então... como iremos? Não há vassouras rápidas o bastante para todos.
- Eu... sei criar uma chave de portal. – disse Hermione.
- Você o quê? – perguntou Harry, surpreso.
- Eu aprendi, depois da Copa de Quadribol. Pensei que pudesse ser útil. Só preciso de um objeto.
- Aqui, Mione, esse livro serve? - perguntou Gina.
- Vai servir. – disse a garota, apontando a varinha para o livro – Portus!
Uma estranha luz azul iluminou o livro, que estremeceu nas mãos da ruiva.
- Agora, todos peguem o livro, quando eu disser já. Um, dois, três... já!
E com o já conhecido solavanco no umbigo, eles deram início à viagem até o Ministério da Magia.
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