Reconciliação



No dia seguinte, Sophie não quis falar sobre os acontecimentos da véspera. Hermione e Gina, respeitando sua decisão, não insistiram no assunto, porém não conseguiram convencê-la a ir ao Salão Principal para o café da manhã. Sophie tentou não encontrar-se com Fred ao longo do dia, escondendo-se a cada vez que o via nos corredores, evitando o salão comunal e indo buscar diretamente na cozinha o que desejava comer. O garoto procurava insistentemente, mas não a encontrava em parte alguma do castelo. Gina contou a ele que Sophie havia visto o beijo, e, a pedido da garota, devolveu a aliança de prata dada por ele. À noite houve uma reunião da “ED”, mas nem mesmo então Sophie apareceu.
Harry andava pela Sala Precisa, ajudando os colegas que tinham mais dificuldade, como Neville, que lutava para produzir um patrono. Ele evitava passar perto de Cho; ultimamente eles haviam se afastado muito, e mal se falavam.
Sophie decidiu aproveitar a ausência dos colegas para caminhar um pouco. Por estar se escondendo de Fred, passava quase todo o seu tempo livre no dormitório. Suas pernas a levaram, inconscientemente à Casa dos Gritos, onde ela esperava ficar só, para pensar um pouco. Mas a casa não estava vazia; Sirius e Lupin estavam lá, e pensavam em uma maneira de encontrar a própria Sophie. Quando a garota chegou ao cômodo em que se encontravam, Lupin não pôde evitar olhar para Sirius, a identidade da garota era inegável.
- Sirius? – disse ela – O que faz aqui?
- Olá, ahn... Sophie. – disse Sirius, visivelmente nervoso – Remo, essa é Sophie D'Argento. Sophie, este é Remo Lupin.
- Muito prazer, Professor.
- É um prazer para mim também. - disse Remo - Mas eu não sou seu professor, Sophie.
- Desculpe, mas é que ouço os outros o chamando assim. Espero que não se importe que eu o faça também.
- Claro que não.
- Mas, o que faz aqui a esta hora, Sophie? - perguntou Sirius.
- Ah, eu não tava muito legal, então resolvi andar um pouco.
- Problemas? - perguntou Remo.
- Nada demais. E vocês, o que fazem aqui?
- Precis... amos falar com Dumbledore. - disse Sirius - Íamos usar a passagem para chegar à escola, já que eu não posso ser visto.
- Hmm... Bem, acho que perderam a viagem. O diretor não está na escola.
- Droga! - resmungou Black.
- Era importante? - perguntou a garota.
- Sim, muito.
Eles continuaram conversando durante um certo tempo, o que acabou distraindo Sophie do motivo que a levara ali. Os dois homens contavam histórias de quando ainda estavam em Hogwarts, divertindo-a com os relatos de suas travessuras. Durante esse tempo passado com Sirius, Sophie finalmente percebeu o que havia nele que a inquietava: os olhos, muito negros e brilhantes, eram iguais aos dela. Ela lembrou-se, então de algo.
- Ahn... eu... posso perguntar uma coisa? - Sophie ainda olhava para Sirius.
- C-Claro.
- Minha mãe, e a mãe do Harry... elas eram amigas?
- Sua... mãe? - perguntou Sirius.
- Lilian e Annelise, Sirius. - esclareceu Lupin, frisando o nome de Annelise.
- Sim, elas... eram amigas? - repetiu a garota.
- Ahn... não exatamente. - disse Sirius - Se conheciam, mas não eram próximas.
- Por que, Sophie? - perguntou Remo.
- Nada, só... curiosidade.
Começou a ficar tarde, e Lupin disse à menina que ela deveria voltar à escola. Ela despediu-se dos dois homens, sentindo seu coração apertar ao deixar Sirius para trás, e voltou para Hogwarts. Estava tão distraída, pensando no que acontecera na Casa dos Gritos, que esqueceu de se esconder de Fred, e só foi lembrar-se disto quando os dedos dele fecharam-se em seu braço.
- Até quando vai fugir de mim? - perguntou o ruivo - A gente precisa conversar.
- Solta o meu braço! - sibilou ela, furiosa - Não quero falar com você.
- Se não quer falar, pelo menos me ouve.
- Não tem o que ser dito. Eu vi você!
A discussão começava a chamar a atenção dos alunos que passavam por ali.
- Você viu o que aconteceu, mas não sabe de toda a história. - disse Fred.
- E nem quero saber. O que eu vi é o suficiente. - respondeu Sophie, tentando se desvencilhar.
- Ah, não. Você vai me ouvir. - ele respondeu, puxando-a até um canto, mais afastado - Eu tinha ido falar com ela sobre o jogo, mas daí ela começou a mudar o assunto, falar sobre eu e você, que não ia durar, que logo você ia embora. Eu disse pra ela que aquilo não era da conta dela, mas aí ela começou a chegar mais perto, e... bom, o resto você já sabe. Mas eu não tomei a iniciativa, ela me beijou!
- Ah, claro, e você, tão frágil e indefeso, não conseguiu impedir, né?! - disse ela, irônica - Me poupe, Fred.
- Por favor, acredita em mim! Eu sei que você pode descobrir isso num minuto.
- Eu não vou fazer isso. - disse ela, encarando-o, surpresa.
- Eu deixo você fazer. Vai lá, não vou tentar impedir.
- Eu não quero!
- Então acredita em mim! - a expressão dele era quase de desespero - Você sabe que é de você que eu gosto. Eu jamais trairia você!
Sophie não sabia o que fazer. Mesmo sem entender como, ou porquê, acreditava nele, e, além disso, ela sentia sua falta.
- Por favor, Soph... - suplicou ele.
- O que mais me machucou não foi o beijo em si, Fred, porque eu tinha certeza que a iniciativa tinha partido dela, mas sim você ter se deixado levar por ela até aquela situação. Você já sabia quais eram as intenções dela, eu disse, mas você não quis me ouvir.
- Eu fui um idiota. - disse ele, para os próprios pés.
- Um idiota que eu não consigo odiar. - disse Sophie, fazendo com que o garoto finalmente a encarasse.
- Quer dizer que me desculpa?
Ela abraçou Fred, que, tirando a aliança do bolso, disse:
- Acho que isso é seu...
E a recolocou no dedo dela.

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