Uma grande decepção

O dia do jogo passou sem maiores incidentes, exceto as ocasionais explosões de bombas de bosta, causadas pelos gêmeos, tentando extravasar seu nervosismo.
Um pouco antes da partida, Hermione, Gina e Sophie decidiram ir para o campo de Quadribol, para conseguirem bons lugares. Elas conversavam animadamente sobre a última reunião da “ED”, na qual, tanto Hermione quanto Gina haviam conseguido produzir patronos corpóreos perfeitos.
- Eu nunca tinha visto um patrono em forma de unicórnio! - disse Sophie - É incrível!
- Mas eu não consegui mantê-lo por muito tempo... - reclamou Gina.
- Foi ótimo, Gina! - disse Hermione - Você só precisa de mais prática, né, Soph? Sophie?
Sophie havia parado, alguns passos atrás delas. As duas seguiram o olhar da amiga, até o ponto, mais à frente, onde Fred conversava com Angelina, muito próximos, e logo estava unido a ela por um beijo. Hermione e Gina olharam para Sophie, que parecia incapaz de esboçar qualquer reação.
- Calma, Soph, pode ser o Jorge. - disse Gina, embora soubesse tão bem quanto a amiga, que não era Jorge quem beijava Angelina naquele momento.
Uma única lágrima rolou dos olhos de Sophie, que, dando as costas à cena, começou a correr desesperadamente em direção à Floresta Proibida. Foi com enorme espanto que suas amigas a viram transformar-se em um cão, que continuou correndo, até se embrenhar nas árvores. Quando as duas se voltaram novamente para o campo, viram Fred dizer algo a Angelina, que saiu correndo em direção ao vestiário, deixando-o para trás.
Os grifinórios jogaram contra Corvinal e ganharam por um placar apertado, graças a Harry, que pegou o pomo, antes que a derrota fosse inevitável. Angelina, que costumava ser a melhor artilheira do time, estava distraída, e perdeu diversos gols. Ela não foi vista na festa de comemoração no salão comunal, assim como Sophie.
- Gina! Viu a Soph? - perguntou Fred - Ela sumiu, não a vi no campo, nem depois do jogo.
- Você não faz nem idéia do porquê, Fred? - perguntou a ruivinha, zangada.
- Mas o que...
- Ah, Fred, eu tenho que ir. - disse ela, ao ver Hermione vindo em sua direção, balançando a cabeça em sinal negativo.
- No banheiro da Murta também não. - disse a castanha.
- Mas que droga! Será que ela ainda está lá fora? - perguntou Gina, olhando por uma das enormes janelas.
As duas estavam aflitas, pois começara a chover torrencialmente logo após a partida, e mesmo assim Sophie não havia aparecido. Com a ajuda de Rony e Harry, elas vasculharam o castelo inteiro, mas não a encontraram. Sophie estava encolhida, recostada a uma enorme árvore da Floresta Proibida. Suas lágrimas se misturavam às gotas da chuva incessante que já a encharcara; ela sentia frio, mas não tinha forças para sair dali. Então, ouviu um ruido ao seu lado, alguém estava se aproximando. Um centauro surgiu por detrás de um árvore próxima, e a observava.
- O que faz aqui, menina? Não sabe que a Floresta é proibida aos alunos?
- Tenho autorização de Dumbledore para entrar aqui. - respondeu a garota - Além disso, precisava ficar só.
- Você não está bem... - disse o centauro, mais para si mesmo, e quando aproximou-se, viu a marca na nuca da garota brilhar – Tem a marca dos amigos. É meu dever ajudá-la.
- O que está acontecendo? - perguntou outro centauro, chegando ao local – O que ela faz aqui?
- Ajude-me, Ronan. Tenho que levá-la para um lugar seco.
- É uma humana, Firenze.
- Veja, - disse Firenze, afastando os cabelos da garota, e revelando a marca de meia-lua – ela tem a marca dos amigos. Só um de nós a poderia ter feito, ela deve ser importante em algum bando.
Ronan ajudou uma fraca Sophie a montar em Firenze, que saiu galopando rápido. Ele a levou até uma pequena caverna, onde, usando os poderes de cura inerentes à sua raça, fez cessar a febre que consumia as forças da garota, e ela então dormiu. Quando acordou, Sophie se sentia melhor, porém um pouco perdida.
- Onde eu estou?
- Não se preocupe, está segura aqui. Tinha febre, mas já está melhor.
- Você me curou. Obrigado.
- Cumpri meu dever. Você tem a marca dos amigos.
Sophie tocou, instintivamente a marca em sua nuca.
- Jaspe do bosque D'Argento me deu a marca, para que eu fosse reconhecida, e aceita, aonde quer que fosse.
- Foi sábio da parte dela. Isso salvou sua vida, Niniane.
A garota o encarou, intrigada.
- Já é tarde, você deve voltar à escola. Cuide-se, Niniane, amiga dos centauros.
- Sim. Obrigado, Firenze, amigo dos humanos. Ah, - disse ela, num lampejo de memória - agradeça a Ronan por mim.
Firenze sorriu, e com um aceno de cabeça, Sophie despediu-se, começando a andar para fora da Floresta.
Ainda chovia enquanto a garota caminhava em direção ao castelo, mas ela não tinha forças para se transformar novamente. Estava ensopada quando chegou. Felizmente, todos estavam jantando no Grande Salão, logo, ela não encontrou ninguém em seu caminho até a torre da Grifinória. Subiu para o dormitório, tirou a roupa molhada e imunda, tomou banho, e deitou-se na cama. Fingiu dormir quando Hermione entrou no quarto e, vendo-a na cama, chamou seu nome. Ainda não queria conversar sobre o que havia acontecido.

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