Temores
No dia seguinte, durante o café da manhã, Gina e Hermione exigiram saber de todos os detalhes da surpresa na Casa dos Gritos, e ficaram impressionadas com tudo o que Sophie lhes contou. Na saída do Grande Salão, passaram por Jorge e Fred, que deu apenas um beijo rápido na namorada, pois já estava atrasado.
- Bom dia, linda.
- Bom dia, Fred. Atrasado, hein?
- Aham, dormi demais, sonhando com você. - disse ele, fazendo a garota corar - Agora deixa eu ir.
- Tá. Boa aula.
- Você também.
Saindo do Salão, as meninas se separaram; Gina tinha aula com Snape, nas masmorras, e Hermione e Sophie tinham Herbologia. Enquanto se dirigia, com a amiga, até as estufas, Sophie lia a pequena carta do pai, que recebera mais cedo.
“Filha!
Como você está? Está gostando da escola? Quero saber de tudo.
Há muito tempo não nos falamos, Sophie, e creio que tenha sido melhor assim, pois se tivéssemos conversado logo após sua partida, teríamos uma briga feia. Sabe que não foi correto o que fez, Sophie, deixar o país sozinha, sem minha autorização, sabe-se lá como. Além disso, também sabe que continuo a desaprovar o que está fazendo, é muito perigoso, Sophie, e eu tenho medo por você. Já perdi sua mãe, não suportaria perdê-la também.
Bem, sua avó disse-me para não escrever muito nas cartas, então acho que já disse o bastante. Escreva-me logo e, por favor, cuide-se.
Com amor, Papai.”
À tarde os quintanistas da Grifinória não tiveram aulas, pois Snape precisou deixar o castelo e não voltou até o fim do dia. Rony, Harry e Hermione foram até a biblioteca, devolver alguns livros de Magia Defensiva que haviam pegado, e procurar outros que pudessem ser úteis para as reuniões da “ED”. Sophie aproveitou o tempo livre para responder a carta do pai.
“Oi, pai!
Eu estou bem, sim, e você? Estou morrendo de saudades de você.
Sei que tem razão em ter ficado zangado, e que o que fiz não foi correto, mas foi o que senti que deveria fazer. Desculpe-me, sim?
A escola é ótima, e eu fiz vários amigos. Também não posso dizer muito por carta, mas fique tranquilo, vai ficar tudo bem.
Por favor, papai, não se preocupe comigo, eu vou me cuidar. Você não vai me perder, nunca, ouviu bem?
Amo você. Sophie.”
Naquele dia haveria treino de Quadribol, e após as aulas de Gina, as três garotas se dirigiram ao campo, para assistirem ao treino dos meninos, que só foi terminar quando já estava escuro. Elas continuaram na arquibancada, esperando que os garotos fossem ao vestiário, guardar o material e trocar de roupas, e depois voltaram todos juntos para o castelo.
Já era tarde, e enquanto todos dormiam, Sophie e Fred estavam, como de costume, em um dos sofás do salão comunal da Grifinória. Sophie tinha a cabeça recostada no peito do garoto, que lhe acariciava os cabelos, e estava sonolenta.
- Sophie, é melhor você ir para o dormitório, ou vai acabar dormindo aqui mesmo.
- Hmmm... não quero subir... tá gostoso aqui, você fica mexendo assim no meu cabelo, e tá tão quentinho...
- Tá bom! Só mais um pouco, então.
- Aham...
De fato, a garota logo adormeceu nos braços do namorado, mas não teve um sono tranqüilo. Ela sonhou com algo que a deixou deveras inquieta.
Estava em uma casa enorme, muito escura e suja, e era recebida por um elfo doméstico, que a chamava “pequena mestra”. Olhava para um longo corredor, ao fim do qual, Sirius lhe estendia a mão, chamando-a.
- Vem, Zoe! Vem, filha!
Ela conseguia também ouvir a voz de Harry, vinda da mesma direção, e, apesar de usar um nome bem diferente, ela sabia que era a ela que ele chamava.
- Vem logo, Nini!
Havia dado apenas alguns passos em direção à mão estendida do homem à sua frente, quando se voltou para a porta, que o elfo começava a fechar, e através dela, via seu pai acenando um adeus, com os olhos marejados de lágrimas.
Acordou sobressaltada, assustando Fred, que ainda lhe acariciava os cabelos, distraído.
- Sophie? Tudo bem? – a expressão dele era preocupada.
- Tá... tudo bem. – disse ela, de forma pouco convincente – Foi só um sonho ruim.
- Tá tudo bem, agora. Você tá cansada, é isso. Vem, vamos pra cama.
Ele a carregou no colo até a beira da escada do dormitório feminino.
- Só posso trazer você até aqui. Se eu der mais um passo, acordamos a torre inteira.
Sophie deu um sorriso fraco, e após um beijo de boa noite, subiu as escadas para o dormitório, sob o olhar ainda preocupado de Fred, que só após vê-la desaparecer nas sombras, se dirigiu ao próprio dormitório.
Sophie foi para o dormitório para apaziguar Fred, porém, não conseguiu dormir. As imagens do sonho não paravam de se repetir em sua mente. O que significava tudo aquilo? Sirius, Harry, seu pai... ela não entendia. Sentia que havia algo ali, algo que ela havia deixado escapar, algo que ela deveria ter compreendido. Estava inquieta demais para dormir, na verdade, sequer conseguia ficar quieta no quarto. Instantes depois de deitar-se, tornou a levantar, vestiu um robe por cima do pijama e deixou o dormitório, e a torre.
Preocupado com Sophie, Fred também não dormiu. Ela não quis falar sobre o sonho, mas o garoto percebeu sua inquietação. Pegando o Mapa do Maroto, Fred viu-a deixar a torre, e decidiu seguí-la. Encontrou-a na Sala Precisa, olhando para uma das janelas, com uma expressão confusa e aflita. Sophie assustou-se ao ouvir a voz do garoto às suas costas.
- Pensei que estivesse na cama...
- Hã? Ah, é você. Não consegui dormir, resolvi andar um pouco.
- Filch podia ter pego você. - disse ele.
- Podia ter pego você também. - respondeu a garota, voltando-se novamente para a janela.
- Eu ainda tô com o Mapa. Você tá bem? - perguntou ele, abraçando-a pelas costas.
A garota nada respondeu. Apenas continuou fitando a janela.
- Vem, deita aqui comigo. Eu cuido de você. - disse ele, conduzindo-a até um monte de almofadas, onde os dois se acomodaram.
Sophie aninhou-se nos braços de Fred, a presença dele a acalmava, e logo ela se rendeu novamente ao sono, desta vez, tranquilo e sem sonhos.
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