A ida para Hogwarts



Aquela semana passou voando! No dia da partida, Sophie acordou mais cedo do que o necessário, e tentou sair sem ser vista. Mas, como sempre, sua avó conhecia seus planos. E quando a garota ia abrindo a porta, ouviu sua voz vindo do alto da escada:
- Sabe que não é a coisa certa a fazer, não sabe?
- Vou apenas me despedir de Jael, vovó. Ele me fez prometer que iria.
- Você sabe que isto não faz nenhum bem a ele, Sophie.
- Eu sei – disse a garota com ar culpado – mas ficarei um longo tempo sem vê-lo, e nossa última conversa foi interrompida por Cristal. Eu volto logo.
Sophie saiu da casa, foi ao estábulo pegar Selena, montou e partiu, cavalgando rápido. Jael a esperava à orla do bosque.
- Tive medo de que não viesse, minha estrela...
- Vim apenas me despedir, como prometi. Não devo demorar, parto para a escola em poucas horas. Além disso, quero evitar encontros... desagradáveis.
- Com Cristal?
Sophie sorriu fracamente. Jael deu um passo em direção a ela.
- Não nos veremos por um longo tempo, Sophie. Sentirei sua falta...
Ele tocou o rosto da garota, que estremeceu.
- E eu a sua, Jael.
- Sei que desta vez estarei perdendo-a para sempre.
- Jamais irá me perder, meu amigo.
- Mas jamais me olhará como eu gostaria, está destinada a ser de outro, que seja igual a você. Porém, se você estiver feliz, eu também estarei.
- Jael, não... por favor...
E dando mais um passo, o centauro beijou Sophie levemente nos lábios. Sophie recuou, sem conseguir encará-lo.
- Não posso ter você, Sophie, mas ao menos terei este momento, para sempre.
- Tenho que ir. Cuide-se, está bem? – disse ela com voz trêmula.
- Você também, minha estrela.
Enquanto uma perturbada Sophie cavalgava em direção à mansão, uma lágrima solitária escorria pela face do centauro que a observava partindo.
- Adeus, minha estrela. Minha amiga, meu amor...
Sophie voltou para casa com lágrimas nos olhos. Ao ser beijada por Jael, teve consciência da extensão do sentimento dele. E também de sua tristeza. Ao chegar, deixou Selena no estábulo e entrou; não quis comer ou conversar, apenas despediu-se da avó e foi com John à estação.
N’A Toca, tudo era uma enorme confusão. Tendo apenas o sr. e a sra. Weasley para tomar conta de seis adolescentes, a casa era uma enorme bagunça. Depois de muitos gritos, correria e um café da manhã tomado às pressas, eles finalmente partiram para King’s Cross.
A ida para a estação tornou-se quase uma operação militar. Os mesmos aurores que “resgataram” Harry da casa dos tios estavam espalhados por todo o lado, checando cada canto, cada beco, para que eles pudessem partir em segurança. Harry se sentia um pouco incomodado, sendo tão protegido e vigiado, e também triste por ter passado as férias sem ver Sirius. Mas sua tristeza passou no momento em que viu um enorme cão negro, que latia para ele e abanava o rabo, contente. Moody ficou furioso; Tonks ria. Sirius esteve ao lado de Harry até o momento da partida.
Todos percebiam a agitação de Jorge, que olhava de um lado para o outro, buscando Sophie. Mas ele não a encontraria. Sophie chegara cedo, e já estava acomodada no último vagão do trem. Os alunos passavam pela porta trancada da cabine, e observavam a garota estranha que não erguia os olhos do enorme livro em seu colo. O que eles não sabiam, é que ela esperava alguém, e sabia que, de alguma forma, ele viria. E no momento certo ela destrancou a porta. Assim que ela voltou ao seu lugar, um garoto magro, de olhos verdes e cabelos bagunçados enfiou a cabeça na porta e perguntou:
- Podemos ficar aqui? O resto do trem está cheio.
Sophie ergueu os olhos e calmamente respondeu:
- Claro! Fiquem à vontade.
Junto com ele vinham um garoto, tão ruivo quanto Jorge, e uma garota morena, de cabelos um tanto volumosos. Todos se acomodaram e se olhavam, curiosos uns sobre os outros; Harry tinha a vívida impressão de que conhecia aquela garota. Hermione, por fim, quebrou o silêncio.
- Ahn... não lembro de já tê-la visto em Hogwarts, e com certeza, você não é uma primeiranista.
- Realmente não pode ter me visto, pois eu nunca estive em Hogwarts. E, não, eu não sou uma primeiranista. Estou no quinto ano, e vou fazer um intercâmbio em sua escola este ano. Eu sou...
- Sophie!!! – gritou Gina, ao chegar à porta da cabine – Jorge estava doido, procurando você.
- Oi, Gina! Como você está?
As duas meninas se abraçaram, sob o olhar estupefato dos outros ocupantes da cabine. Gina então explicou aos amigos como conhecera Sophie, e eles conversaram animadamente durante todo o trajeto até a escola. Chegando à estação, Sophie estava um pouco perdida, então foi seguindo os colegas de cabine. Enquanto andavam em direção às carruagens, o grupo encontrou os gêmeos. Sophie deu um abraço em Jorge, que ficou muito vermelho, e lhe apresentou a Fred e Lino Jordan.
Fred mal ouviu o que o irmão falava; ele parecia hipnotizado pelos olhos incrivelmente negros da garota à sua frente.
- Fred? Ei, acorda!
- Hã? O que foi que você disse?
- Vamos procurar uma carruagem.
O garoto percebeu que estava se comportando de forma estranha, pois os amigos o olhavam atentamente, então tentou agir com naturalidade. Sophie, por sua vez, sentiu algo agitar-se dentro dela; era uma sensação desconhecida, que a deixou perturbada, embora ela disfarçasse bem.
Depois de uma breve confusão, dividiram-se nas carruagens para partir: Sophie foi com os gêmeos e Lino. Ela riu durante toda a viagem; os meninos eram muito engraçados, e Jorge fazia de tudo para diverti-la. Fred, porém, estava muito calado; pegava-se olhando para Sophie, e logo desviava o olhar, com medo de que alguém, principalmente ela, notasse. Mal perceberam quando chegaram à escola; desceram e se encaminharam para a entrada. A professora McGonagall separou Sophie do grupo e a uniu aos primeiranistas: ela teria que passar pela seleção.

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