Deixando a Rua dos Alfeneiros
Harry acordou sentindo-se um pouco perdido. Tivera uma noite difícil e sua cabeça parecia que ia explodir. Vestiu-se, saiu do quarto e desceu lentamente a escada. Os tios mal o viram entrar na cozinha, pegar uma torrada e voltar para o quarto.
O dia parecia se arrastar enquanto Harry esperava a noite, e o retorno de Edwiges. Ele não saiu do quarto nem mesmo para comer; ainda tinha escondidos alguns bolos e biscoitos mandados por seus amigos ao longo das férias. Os Dursley não o perturbaram; ficavam aliviados por não ter que ver o garoto a maior parte do dia. A noite chegou, e Harry continuava observando a janela, em busca de algum sinal de Edwiges. Mas teve uma grande surpresa: ao invés da coruja, foi o rosto de Remo Lupin que apareceu na janela.
- Olá, Harry! Pronto para um pequeno passeio?
Harry quase gargalhou, não o fazendo apenas por medo de chamar a atenção dos tios.
- Mas, professor... e meus tios?
- Não se preocupe, eles estão muito ocupados vendo tevê. - disse Lupin com uma piscadela
- E minhas coisas? Tenho que arrumar tudo e...
- Tudo bem, Harry, eu faço isso. Apenas pegue sua vassoura e saia, mas apresse-se.
Não foi preciso falar outra vez. Harry desceu as escadas, evitando o traiçoeiro degrau que rangia, apanhou sua vassoura no armário e se esgueirou em direção à porta. Os tios e o primo pareciam misteriosamente hipnotizados pela tevê.
Do lado de fora, um grupo de seis ou sete bruxos o esperava.
- Mas quem são...
- Depois, Harry. - disse um bruxa de cabelos rosa-chiclete - Tudo será explicado mais tarde. Agora vamos.
- Fique bem no meio do grupo, garoto. - rosnou Olho-Tonto Moody, seu ex-quase-professor.
Todos montaram nas vassouras e partiram. Poucas vezes Harry se sentiu tão feliz; era maravilhoso voar após todo o verão sem poder sequer ver sua Firebolt. Ele observava a paisagem passando, e aos poucos foi reconhecendo o caminho: ele o percorrera três anos atrás, no Ford Anglia do sr. Weasley. Harry sorriu; ele estava indo para A Toca.
Ao chegar, Harry mal conseguiu descer da vassoura direito, pois tão logo pôs os pés no chão se viu preso ao abraço carinhoso e sufocante da sra. Weasley.
- Harry, querido! Como você está?
- Bem, sra. Weasley, obrigado.
Logo estava sendo cumprimentado por Rony e os gêmeos, depois recebeu um demorado abraço de Hermione. Gina, tão vermelha quanto seus longos cabelos, deu um beijo tímido em seu rosto. A sra. Weasley os colocou para dentro da casa; do grupo de “resgate”, apenas Lupin e a bruxa de cabelos coloridos, Tonks, ficaram n'A Toca.
- Venha, Harry, querido. Você deve estar faminto. Vamos jantar!
O jantar foi ótimo, a comida estava deliciosa e todos conversavam animadamente. Harry descobriu que Nymphadora Tonks era uma auror, e também prima de Sirius.
- Não me chame de Nymphadora, a não ser que goste de ser azarado. Não sei de onde a doida da minha mãe tirou esse nome ridículo! É Tonks. - dizia a bruxa, que agora tinha os cabelos roxos.
Ela era uma bruxa metamorfa, conseguia mudar sua aparência quando quisesse, e divertiu os jovens com suas mil faces. Quando todos acabaram de comer, Harry não conseguiu mais conter sua curiosidade.
- Desculpe, professor, mas eu ainda não entendi direito o que está acontecendo. Não tive nenhuma notícia sobre Voldemort durante as férias. Não havia nada no Profeta Diário, e eu não entendi o porquê de vocês terem ido me buscar esta noite. E também quero saber notícias de Sirius.
- Sabia que você não iria aguentar por mais tempo, Harry. Sobre não ter ouvido nada, é simples, o Ministério está ocultando o caso totalmente. Está desacreditando tanto você quanto Dumbledore. Fudge teme causar o pânico entre as pessoas, e como ele interfere no Profeta, creio que isso responde parte da sua pergunta. Sobre Sirius, ele está bem, mas você sabe que ele deve ficar escondido. Ele bem que queria ir conosco buscar você, mas Dumbledore não permitiu. Agora vamos à parte mais complicada. As informações que temos é de que Voldemort está reunindo novamente seus seguidores. No auge de seu poder, ele tinha o apoio não apenas de bruxos, mas também de outras criaturas das trevas, que ele está novamente tentando conquistar. Há especulações de que ele está tentando trazer mesmo os dementadores e os gigantes para suas fileiras, o que seria algo desastroso. Mas ouça Harry, na outra vez havia um grupo de bruxos, que combatiam Voldemort e seus aliados. Este grupo diminuiu, mas ainda está disposto a lutar. Não pense que estamos despreparados, Harry, também estamos nos organizando. Estamos tentando conquistar o apoio do maior número de pessoas possível, mas isso é demorado pois, por exemplo, Sirius não pode exatamente sair a distribuir panfletos por aí, e, bem, eu não sou muito bem visto por minha condição.
- Está bem, mas e porque esse meu “resgate”?
- Ora Harry, Voldemort já tentou matá-lo, e irá tentar novamente. Obtivemos informações de que haviam espiões observando cada movimento seu. Além disso, Dumbledore ficou preocupado com seu sonho. Mas esqueça isso por enquanto. Você está seguro e logo estará de volta a Hogwarts.
- Exatamente. - disse o sr. Weasley
- Bem, já comemos, já conversamos, e acho que estamos todos muito cansados. - disse Lupin - Eu já vou indo. Molly, obrigado pelo jantar.
- É, eu também vou pegar meu rumo. Tchau, todo mundo. - disse Tonks, já levantando-se.
Após despedirem-se de todos, os dois foram embora juntos. As coisas na cozinha d'A Toca foram rapidamente limpas e organizadas, e logo todos foram dormir, pois aquela fora realmente uma noite cansativa.
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