Sophie
Enquanto isso, confortavelmente instalada em uma poltrona da primeira classe de um avião, estava Sophie. Já não era cedo, e ela era uma das poucas pessoas acordadas naquele momento.
À primeira vista, Sophie nada mais era do que uma adolescente comum de 15 anos: jeans, fones de ouvido e uma revista nas mãos. Ninguém poderia sequer imaginar o que Sophie era capaz de fazer, utilizando o objeto que guardava, ou melhor, escondia em sua bolsa. Apenas observando-a, ninguém poderia supor que Sophie era uma bruxa.
Filha de mãe bruxa e pai trouxa, Sophie era a única herdeira de uma importante família mágica inglesa. Nasceu na Inglaterra, porém, logo após a morte da mãe, o pai a levara para viver em outro país. Annelise D'Argento fora uma dos muitos aurores mortos quando Voldemort estava no auge de seu poder. Após sua morte, o marido, fugindo das lembranças, mudou-se com a filha para o Brasil.
Sophie estudava na única escola de magia do país, a A.M.B.A. - Academia de Magia e Bruxaria Americana, mas sempre desejou estudar em uma escola européia. O pai culpava a avó materna da garota por esse desejo. Violet D'Argento, por sua vez, negava veementemente a acusação. Sophie mantinha contato constante com a avó, através das inúmeras cartas que trocavam. Ela também revezava as férias com o pai e com a avó. Foi através da avó que Sophie soube de tudo o que estava acontecendo na comunidade mágica inglesa naquele momento. Esta foi uma das razões que a fizeram mudar os planos que fizera para este ano.
Mas não foi apenas isso que a influenciou. Ela vinha trocando cartas há alguns meses com um aluno da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Seu nome era Jorge Weasley. Eles eram diametralmente opostos: ao passo que Jorge era expansivo, brincalhão e traquinas, Sophie era estudiosa, tranqüila e silenciosa.
Tudo o que Jorge lhe contara, mais as informações obtidas com a avó, levaram Sophie a tomar uma decisão que com certeza não agradaria o pai. Ela fez, sem que ele soubesse, uma solicitação para um intercâmbio em Hogwarts. E foi aceita.
Ao ser informado da decisão da filha, a primeira reação do sr. Fitzwillian foi raiva; Sophie não podia ter decidido algo tão importante sozinha, ele era, afinal de contas, pai dela e deveria ter tomado parte nesta decisão. Apesar de não ser um bruxo, ele também sabia o que estava acontecendo, por isso, assim que a raiva passou, a preocupação tomou seu lugar. Eles haviam saído da Inglaterra havia muitos anos, mas parecia que, a despeito do pouco tempo em que lá vivera, o coração da garota continuava em seu país de origem, e isso era algo que ele não conseguia compreender. Ele temia pela segurança de sua filha e estava decidido a não permitir a partida de Sophie. Não desejava perder a filha da mesma forma que perdera a esposa que tanto amou. Nestes momentos, porém, o forte temperamento, vindo sabe-se lá de onde, visto que tanto Charles quanto Annelise eram pessoas absolutamente tranquilas, se revelava em Sophie. Ela bateu de frente com o pai, e disse-lhe que iria, com ou sem sua autorização. Geralmente dócil, Sophie surpreendeu o pai.
- Você não vai, Sophie. E isso é uma ordem.
- Ah, eu vou, sim. Você deixando ou não.
- Não pode deixar o país sem minha autorização.
“Isso é o que veremos.” - pensou ela.
E foi assim que ela chegou à poltrona do avião, fones de ouvido e uma expressão preocupada no rosto.
- Isso é muito grave. O garoto está com a mente totalmente desprotegida, à mercê daquele assassino lunático. Foi pura sorte eu ter tentado contato com ele naquele momento...
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