Capitulo Dois
Às vezes o destino prega peças
Terça, 27 de junho. Meu nome é Lily Evans.
Sabem, minha vida é um lixo.
Não, é sério. Eu não tenho um namorado, eu já namorei uma vez, mas foi com o meu melhor amigo, e só durou dois meses.
Ele não era nada romântico. Quer dizer, ele não me lançava olhares apaixonados, nem me mandava flores no dia seguinte que brigávamos, nem me ligava no meio da noite dizendo que poderia morrer dormindo e a minha voz é a última coisa que ele quer ouvir na vida. Fala sério, a coisa mais romântica que ele disse foi “vamos para a moita”.
- O que foi? – perguntou Emmy quando eu dei um suspiro particularmente alto. – não está pensando no Jason, está?
Só fiquei em silêncio, fitando um casalzinho umas duas fileiras abaixo da gente, que ficava encostando o nariz um no outro de um jeito muito fofo.
- Está – concluiu Dorcas. Suspirei de novo.
- Qual é, Lil – falou Marlene – ele não presta.
- Não mesmo – concordou Emmeline, jogando uma pipoca em mim.
- Fala sério, quem fala para a namorada que ela fica feia dormindo? – disse Dorcas.
Anh, eu tinha me esquecido disso. Valeu Dorky.
Uma vez, a gente foi assistir um filme na minha casa, e eu acabei dormindo no colo dele, e quando eu acordei ele virou e falou assim: “Lily, você fica tão engraçada dormindo” e eu achando que era alguma coisa romântica, dei um sorrisinho meigo e perguntei: “engraçada como?”. Mas ele balançou os ombros e disse, normalmente: “Engraçada de um jeito feio.”.
Eu fiquei muito triste, e fiquei uma semana sem dormir com medo que alguém entrasse no meu quarto e gritasse “AHÁ-HÁ QUE FEIA QUE VOCÊ É”.
Meu, foi um trauma.
- Eu sei. Só que é impossível esquecer ele. - eu disse, comendo a pipoca beeeeem devagar. - ele é meu vizinho.
- Que seja – falou Dorcas. Às vezes ela é tão sem sentimento. – você merece alguém melhor.
Emmy e Marlene concordaram com a cabeça.
- Talvez – eu falei, ainda um pouco murcha.
Então Marlene levantou de um salto, e quando dei por mim já estava sendo puxada pela louca que saia desabalada pelo corredor do cinema.
- Lene – eu arfei, quando ela finalmente parou, na frente da lanchonete. –- O que você...?
- Dois chocolates ‘Hershey’s’, por favor – ela me interrompeu dizendo para o atendente espinhudo que simplesmente não conseguia tirar os olhos dos seios dela.
O atendente (com muito custo) entrou em uma portinha atrás do balcão e Marlene se virou para mim.
- Agora, vou te ensinar como conseguir bebida de graça – disse.
- Mas eu não estou com sede – eu disse, na hora que o rapaz voltava com duas barras enormes de chocolate.
- Não, mas vai ser muito engraçado, vai fazer você rir um pouco – ela sussurrou, antes de se virar para o carinha e colocar o dinheiro no balcão.
Depois ela me entregou uma das barras e começou a abrir a dela muuuuito devagar. E depois a mordeu devagar também, como quem seduz alguém. Acho que é isso mesmo que ela queria fazer.
Ela tem razão, isso é muito engraçado, por que eu olhei para o espinhento e ele tava como uma cara hilária.
- Puxa que sede – ela falou, numa voz arrastada. – Você tem algum dinheiro aí Lil?
Então percebi aonde ela queria chegar.
E balancei minha cabeça negativamente.
- Nem eu – ela falou, ainda com a voz arrastada – vamos voltar para a sala de cinema, então...
- Espera –- O espinhento falou. – acho...acho que posso arranjar bebidas para vocês.
E ele olhou à volta para ver se alguém estava olhando, então pegou dois copinhos e encheu de refrigerante. Olhei para Marlene maravilhada e ela piscou para mim.
- Por conta da casa – ele disse, entregando dois copinhos para mim e para Lene. Peguei e agradeci, e Marlene mandou um beijinho para ele, enquanto nos afastávamos.
- Genial ! – exclamei, enquanto estávamos no corredor da sala do filme que íamos assistir.
- Divertido, não? – concordou.
Foi tudo muito rápido. Num segundo estávamos correndo e rindo pelo corredor, e no outro, trombamos com alguém alto e musculoso.
- Bonito, hein? – disse o alguém, de braços cruzados.
- Miguel? – falou Marlene, e eu olhei para o carinha que tinha barrado a nossa passagem –- O que você está fazendo aqui?
- Vim no cinema com uns carinhas do time da escola – Miguel falou, apontando para uns garotos atrás dele, só que a maioria estava de costas, e a gente nem prestou atenção. – vi o que vocês fizeram como o coitado do atendente. E não gostei nadinha.
- Ai Miguel, me deixa – Lene disse, revirando os olhos. Às vezes Miguel é tão protetor que dá raiva.
- Kinnon, anda! – algum garoto gritou lá atrás, e Miguel gritou um “já vou” de volta.
- Escuta – prosseguiu – eu não quero a minha irmã se exibindo por aí.
- Miguel, tchau, tá? também te amo –- E ela subiu na pontinha dos pés e deu um beijinho na bochecha dele, e me puxou, enquanto eu dava tchauzinho para ele.
O amor fraternal deles é lindo. Claro, porque Miguel é o homem da casa, coitada da Lene, ela perdeu o pai quando tinha oito anos.
Mas, anyway...
- Dude, onde vocês estavam? – perguntou Dorcas, quando a gente voltou para nossas cadeiras, e o cinema já tava escurinho.
- Fomos comprar chocolate, vocês querem? – perguntei oferecendo a minha barra para as duas.
- Yep! Valeu – disse Emmy, pegando um pedaço.
- Agora, shiu, que o filme já vai começar. – alertou Dorc’s apontando para a tela, onde estava escrito “ Dreamworks presents”.
______________________________________________________________
Terça, 27 de junho. Meu nome é Marlene McKinnon.
Sabe, às vezes eu chego a pensar que meu problema é falta de namorado.
Talvez seja mesmo. Não, é sério. Quer dizer, eu só namorei uma vez, e um único garoto se declarou para mim. Digo, do coração, mesmo, sem envolver nenhuma aposta ou sem ter segunda intenções. Mesmo que eu não queira ficar com Tommy Wagner, foi um ato muito gentil dele, sabe, se declarar para mim depois da aula de artes. Além disso, ele limpou o meu apontador.
É, quem sabe, eu deveria ter ficado com o Tommy Wagner.
Só que quando eu contei toda essa minha conclusão óbvia, as meninas discordaram completamente.
- Nem vem, Lene – disse Dorcas, jogando uma almofada em mim. – Tommy era um looser.
- Coitado do Tommy! – eu protestei, devolvendo a almofada bem na cabeça dela.
- Ah claro, me desculpe – disse, dessa vez Emmeline – se você quer namorar um cara que se interessa mais em cadarços do que em vida social, então vá em frente.
- Ele não era interessado em cadarços – defendi. Certo, uma vez ele me perguntou qual estilo eu gostava mais, se era escadinha, ou cruzado.
- Ah não – continuou Dorcas, revirando os olhos – Lene, acho que você se apaixonou pelo Tommy Wagner.
Então eu joguei outra almofada nela. Minha cama está começando a ficar desfalcada.
- Lily, o que você está fazendo? – perguntou Emmy, e olhei para a Lil que tava quieta, num canto, lendo uma reportagem de uma revista adolescente.
-Uh, lendo – ela respondeu, sem tirar os olhos da revista.
- Jura? – perguntou Dorcas sarcástica – se você não avisasse eu não teria percebido!
- Lendo o que? Essas revistas não prestam – eu falei, e fui para o lado dela, que estava sentada num pufão.
- Eu sei – ela disse, se endireitando, para eu poder ver também – Mas essa reportagem é realmente boa, olha só: “ ‘Ninguém me conhecia. Era como viver nas sombras’, Declara A.J., estudante, 16 anos. ‘Mudei de escola e reconstruí minha imagem. Hoje tenho amigos e um namorado’ ”
- Dude, o que você acha desse corte de cabelo? – perguntou Dorcas mostrando uma página de outra revista, e Emmeline soltou um gemido de apreciação.
- Vocês não ouviram nenhuma palavra que eu disse – resmungou Lily, voltando-se para a revista.
Pareceu bobagem, mas por um minuto – um só minuto – eu me coloquei no lugar da A.J. E sabe, não me pareceu uma má idéia.
- Lily, desencana – falou Emmeline. E aí ouvimos meu irmão gritar um “MARLENE”.
- JÁ VOU – gritei de volta. – deve ser a pizza – completei, olhando para elas e abrindo a porta para descer.
- Vou com você – falou Emmy, me acompanhando, e fechando a porta, logo atrás de mim, deixando a Dorc’s falando um “O que você acha de eu cortar o meu cabelo curtinho?” para Lily.
Descemos as escadas, e passamos pelo quarto do Miguel, onde ouvimos umas gargalhadas. Deve ter trazido os amigos depois do cinema.
Abrimos a porta, mas não tinha nenhum entregador de pizza. Tinha um carteiro bigodudo, isso sim.
- Ah, mocinha – ele falou, levantando um envelope grande e branco – entregue isso ao – pausa momentânea para ler o nome no envelope – Miguel Mckinnon, sim?
- Anh...ok – eu disse, decepcionada por não ser a pizza que eu estava recebendo. – obrigada.
O carteiro fez um breve aceno com a cabeça e saiu, rua abaixo.
- O que é? – perguntou Emmy.
- Eu não sei, mas deve ser importante – disse - O carteiro não costuma entregar cartas de noite.
- Hum...isso não é o brasão do colégio? Do Miguel, quero dizer – falou, apontando para um brasãzinho no cantinho superior direito do envelope.
- Tomara que ele tenha sido expulso – falei, e Emmy riu. – vamos, vamos entregar o envelope para ele e assim, a gente já descobre o que é.
E subi as escadas de novo, com Emmeline ao meu encalço õ/.
Toc toc.
Quem é?
Eu, a Fu.
Fu de que?
Fumiga!
Ok, eu tenho que parar de cheirar o cabelo de Emmeline, por mais macio e cheiroso que ele seja, ele me deixa tabacuda.
- Quié? – perguntou alguém lá dentro, que não é o meu irmão.
- Hum...sou eu, Marlene – respondi, e eu ouvi meu irmão gritar lá dentro um “Ah, é a minha irmã, eu vejo o que ela quer”.
Depois disso, a porta abriu.
- Fala – ele disse, fazendo sinal com a mão para que eu continuasse. Atrás dele eu vi os mesmos cabelos de quem estava com ele no cinema. Digo cabelo porque eles estavam todos de costas, fuçando em alguma coisa no computador.
- Hum – eu falei mostrando o envelope para ele – entregaram isso para você. O que é?
Ele abriu o envelope e deu uma olhada no primeiro papel.
- Uh, é um informe dizendo que o teste de re-matrícula é amanha – ele disse, e puxando um segundo papel, continuou: - E a ficha que eu tenho que preencher para poder me matricular de novo.
- Ah – exclamamos eu e Emmeline.
- Só a St. Adam’s, mesmo – ele disse, e um garoto moreno gritou um “Ei Kinnon, vem ver isso” e Miguel fechou a porta do quarto.
- Ah, achei que era alguma coisa interessante – falei, abrindo a porta do meu quarto, que é duas portas do lado do dele.
- Ué, cadê a pizza? – Dorc perguntou.
- Não era a pizza – falei, indo me juntar à elas. Lily havia deixado a revista que lia de lado e agora as duas estavam vendo uma edição especial de cabelos da “Teen People”.
- Puxa, meu sonho é ter um cabelo assim – falou Dorcas, apontando para um cabelo curto, e arrepiado.
- Você ia ficar bem, Dorky – falou Emmy – você tem uma estrutura óssea que combina com cabelo curto.
Ficamos nesse papo de Cabelos e estrutura óssea da Dorcas, até que ouvimos a campainha tocar de novo, e dessa vez, antes de descer, eu olhei pela janela do meu quarto – que dá para ver certinho a soleira da porta. E eu vi um cara segurando umas quatro caixas de Pizza – Miguel deve ter pedido também.
- Ok, agora é a pizza – falei, descendo as escadas.
_________________________________________________________________
Terça, 27 de junho. Meu nome é Emmeline Vance.
Eu andei mesmo pensando sobre o que a minha mãe disse naquela noite.
Bem, tem muitos alunos novos que vão entrar, e a gente podia fingir que é alguém diferente.
Talvez esteja na hora de contar para as meninas.
- Falei com a minha mãe, ela disse que seria uma boa idéia se construíssemos tudo de novo do começo. – falei.
- Como construir do começo? Se toda escola já conhece o quão fracassadas somos? – disse Marlene, e Dorcas concordou com a cabeça.
- Não, espera – falou Lily, e todas nós paramos para ouvir sua brilhante idéia - Nessa escola nós somos fracassadas.
Então ela ficou olhando para nós esperando respostas.
- Sim, e daí? – eu perguntei.
- É simples, Emmeline – disse, como se fôssemos retardadas. Dorcas que me desculpe, mas ela está fazendo uma cara muito retardada agora :P – vamos mudar de escola!
- Mudar de escola? – Dorcas falou – mas isso é uma coisa que requer planejamento, quer dizer, tem que fazer o teste, tem que ter uma entrevista com o diretor...
Detesto admitir, mas Dorc’s está certa.
E acho que está na hora de contar a outra novidade também.
- Hum, gente – eu falei, e elas – pela primeira vez na historia da nossa amizade – olharam direto para mim –- Eu vou...eu vou me mudar.
- QUÊ? – exclamou Marlene, e eLily ficou boquiaberta, e Dorcas fingiu que desmaiou.
- Sim, eu estou indo para Paris – eu falei, fingindo que tava chorando, e Marlene caiu da cama.
- Não, você NÃO pode – falou Lily.
Eu não agüentei, e cai na risada.
E elas ficaram me olhando muito bravas.
- Gentem, tô zuando, eu não vou para Paris – eu me expliquei rápido, e houve um suspiro de alivio coletivo. – na verdade, eu vou para bem perto daqui, no quarteirão de trás.
- Por quê? – perguntou Dorcas, e as outras duas me olharam curiosa.
- Porque minha mãe meio que “ganhou” a casa – expliquei. – é um casarão, para falar a verdade.
Parece que eu falei alguma coisa estranha, porque Marlene arregalou aqueles olhões amendoados para mim.
- Você vai se mudar para o velho casarão? – perguntou, como se fosse algo ruim.
- Hum...eu não sei, por que? – perguntei, meio apavorada, porque Marlene está olhando meio assustadora para mim.
- Sei lá, todo mundo diz que é assombrado – ela falou. E Lily estremeceu. – Dizem que o antigo proprietário morreu na casa da piscina.
Houve um breve momento de silêncio, em que nós quatro nos entreolhamos.
- AH LENE – eu berrei, jogando tudo que eu encontrei em cima dela – PORQUE VOCÊ DISSE ISSOOO?! EU NUNCA VOU QUERER ENTRAR NAQUELE LUGAR, AGORA!
Dude, fiquei traumatizada. Sabe quando eu vou entrar naquela casa de piscina? NUNCA.
E a bandida ainda riu de mim.
- Anyway – falou minha falsa-amiga. – é na rua do St. Adam’s.
- Sim – falou Dorcas –- E daí?
- Será que vocês não percebem nada, uh? – reclamou Lily, jogando uma almofada em mim. Eu sou sempre a prejudicada nessa turma, viu? – esta é a chance perfeita!
- Querem saber? – falei – Miguel disse que o teste da St. Adam’s é amanha. Nós podíamos...sei lá...fazer o teste, e aí depois nós contamos para os nossos pais que queremos mudar.
- Eles vão estar tão felizes que passamos, que vão concordar em mudar a gente – disse Dorcas.- É genial!
Claro que íamos passar, temos ótimas notas no Edwards, e olha que é uma escola boa, só não chega aos pés da St. Adams.
Fala sério, é um plano infalível.
- É um plano bom – falou Marlene – mas para fazer o teste precisa da ficha de inscrição, você estava lá, você ouviu ele falar.
Bolas. Eu não contava com essa.
- Hum...Marlene?- perguntou Dorcas, com um ar maroto no rosto – Onde exatamente...está a ficha que o Miguel recebeu?
- Eu sei lá – falou, dando os ombros – deve estar no quarto dele, por quê?
Dorcas checou se ninguém ouvia – como se precisasse, fala sério, estamos no quarto da Lene –- E se virou para nós.
- Vamos rouba-la – anunciou.
- Você...você pirou? – perguntou Lily, se segurando para não cair na risada. Eu mesma estava fazendo isso.
- Não vamos ficar com ela por muito tempo – prosseguiu – só o tempo necessário para tirar quatro copias.
- Isso é loucura – falou Lene, e eu e Lily concordamos com a cabeça – quer dizer, aqueles meninos nunca dormem, vai ser super difícil de entrar.
- Ainda mais que a impressora que tira xerox fica no quarto do Miguel – falou Lily, e Marlene concordou com a cabeça – alias, faz o maior barulho, eles podem acordar.
- Vocês é que sabem – bufou Dorky – eu quero fazer o teste na St. Adams, então eu vou entrar naquele quarto, com ou sem vocês.
Ficamos nos entreolhando por um tempinho, até que Marlene se pronunciou:
- Ah certo, eu aceito. –- E depois Dorcas pulou no pescoço da garota
- Okay – falou Lily, balançando a cabeça, convencida.
Então todas olharam para mim.
E o que eu podia fazer, a não ser concordar com essa maluquice?
_____________________________________________________________
Terça, 27 de junho. Meu nome é Dorcas Meadowes.
Fala sério, esse plano era perfeito.
Eu digo era porque eu não contava que esses moleques fossem dormir às 3 e meia da manhã. ¬¬
- Dorcas, esse moleton está muito grande – reclamou Lily, porque eu fiz todo mundo vestir roupas pretas, para não sermos vistas.
- Eu até que gostei – disse Emmeline, que está com uma blusa da Marlene – Eu estou me sentindo uma espiã de verdade.
- Acho que poderíamos criar nomes-código – falei, decidida –- O meu vai ser Águia-líder, o da Emma vair ser Ursinho-carinhoso...
- Dorcas – cortou Marlene, com uma das sobrancelhas levantada - Nós não somos ‘As panteras’.
- Que seja – falei, revirando os olhos. – Lene, você que conhece o quarto melhor, entra primeiro – Marlene levantou o dedão em sinal de ‘beleza’ – nós vamos depois. Se algum deles estiver acordado, você diz que precisa falar com o seu irmão, e inventa alguma coisa.
- Diga que você está se sentindo solitária! – sugeriu Emmeline, e olhamos para ela. – Ah, sei lá, pode funcionar...
- Que seja – falou Marlene, abrindo a porta bem devagar, e entrando mais devagar ainda – Tudo limpo, gente. – completou, sussurrando.
Depois disso, Lily entrou também, e depois eu entrei, e por último Emmeline, que fechou a porta e o quarto mergulhou numa escuridão profunda.
- Alguém acende a lanterna - sussurrou Lily, que estava do meu lado. - Antes que alguém...autch
Eu só vi um vulto tropeçar, e depois ir para o chão, e tudo que eu pensei foi: Pronto. Ela caiu em cima de alguém e esse alguém vai acordar, e vai gritar, que vai acordar os outros que vão perguntar o que a gente tá fazendo ali.
E eu fechei os olhos, esperando um grito.
Que não veio.
- Será que vocês podem me ajudar? - disse Lily, e Emmeline acendeu a lanterna, bem na minha cara.
- Outch, Emmeline! - sussurrei brava, e ela desviou a Luz para onde Lily estava caída, que era bem no meio de dois carinhas que estavam dormindo, bem no meio mesmo. Um meio loiro e outro moreno. Eu me segurei muito para não rir, porque a cena estava muito engraçada.
- Dude, todos eles dormem sem camisa - falou Emmeline, encantada, apontando a lanterna para cada ser que dormia naquele quarto.
- E todos eles dormem de bruços - falou Marlene - Anda, me ajudem a achar aquela ficha, e a gente vai poder sair daqui logo.
- Eu não me importo de ficar aqui mais um pouquinho - falou Emmeline, e eu concordei com a cabeça.
- Gentee - gemeu Lily –- Me ajudaa!
Então, eu dei uns passinhos pra frente, e quando eu pisei no colchão, o carinha moreno se mexeu, e eu gelei completamente.
Mas ele só virou a cabeça de lado, de modo que o nariz dele quase encostou no nariz da Lily.
- Andaa - gemeu Lily de novo, e agora todas nós estávamos segurando a risada.
Eu dei outro passo, pisando no colchão novamente.
Mas dessa vez, ele se mexeu mais.
Ele meio que enlaçou Lily, passando o braço dele em cima da cintura dela.
Marlene não agüentou, caiu na risada, e se Emmeline não desse um salto por entre os colchões para chegar ao outro lado, e tampasse a boca dela, todo o nosso cuidado seria em vão.
Mas eu a perdôo, porque eu mesma estava mordendo a minha mão para não gargalhar bem ali.
- O que eu faço?! - perguntou Lily, desesperada.
- Aproveita - eu disse, segurando a risada.
- É, quer dizer - disse Emmeline, soltando a mão da boca de Marlene, que já estava mais controlada - Hoje de manhã mesmo você estava deprimida por não ter um namorado, e agora você está sendo agarrada por um cara totalmente gostoso.
Marlene começou a rir de novo, e Emmeline tampou a boca dela.
- Achem logo a droga da ficha e me tirem daqui - reclamou Lily.
Marlene e Emmeline se viraram, e começaram a procurar a ficha em cima da escrivaninha.
- Agüenta aí, Lily - eu falei e sai correndo do quarto de Miguel.
Entrei no da Marlene, e varri o quarto com os olhos, procurando alguma coisa que pudesse substituir a coitada da Lily dos braços daquele garoto.
Bem, tudo que eu encontrei foi um ursão de pelúcia, mas como era a única coisa grande ali, teve que ser esse mesmo.
Voltei correndo, e entrei no quarto de novo, com cuidado.
Marlene e Emmeline já tinham achado a ficha, e Lily continuava presa pelos braços do seu ‘príncipe’.
- Lily, Eu vou trocar você por esse ursinho, okay? - perguntei, e Lily concordou com a cabeça, meio desesperada. Eu não me importaria de ser abraçada por aqueles músculos.
- Como liga esse troço? - perguntou Emmeline, E Lene começou a apertar uns botões, até que a máquina fez um barulhão, e começou a Xerocar a ficha.
Eu estava mais ocupada, tentando tirar o braço de cima da Lily.
Foi difícil, mas eu consegui, e Lily saltou, como se o chão começasse a queimar quem tocasse nele. Troquei, coloquei o ursinho e o garoto nem reparou na troca.
- Graças a Deus - suspirou Lily, apoiando-se na porta do guarda roupa, e eu apoiei também, mas a minha mão tocou uma coisa macia, como uma roupa.
- Yough - falei, tirando minha mão rapidinho, porque era uma cueca :P - Que noojo! Homem é tão nojento.
Lily riu, mas ela arregalou os olhos para a cama de Miguel, e eu olhei também.
Ele estava se mexendo muito, e começou a levantar a cabeça.
Depois ele abriu os olhos, mas como estava muito escuro, ele teve que forçar um pouco, fazendo eles ficarem como uma frestinha só.
Lene também percebeu, porque ela arrancou as fichas que já estavam prontas, desligou a impressora correndo, puxou Emmeline, e saltou os colchões bem no momento em que Miguel levantava a cabeça em direção à escrivaninha.
Ficamos esperando ele deitar de novo, e quando eu soltou um gemido e deixou a cabeça cair de novo no travesseiro, é que saímos do quarto.
- Pegaram as fichas? – perguntei, agora que a gente já tava no corredor e já podia falar em voz alta, porque, sabe como é, a madeira tapa 80% do som, e como a porta é de madeira, eles não iam ouvir nada. Claro, descontando que eles estavam em profundo sono, e que nem se o Osama Bin laden resolvesse nos atacar, eles acordariam.
Marlene levantou quatro folinhas.
Depois disso, a gente começou a pular feito cabritas de um lado para o outro, até que Lily fez sinal para entrarmos no quarto da Lene.
A gente tava tão cansada, que só trocou de pijama, e acabamos nos largando em qualquer colchão, mesmo.
- Vai ser tão demais – falou Emmeline, antes da gente dormir – quer dizer, se a gente passar, não vai ter ninguém para falar “Quem você está enganando, Dorcas Meadows? Eu sei que você comeu cola na primeira série”.
Todas rimos, e concordamos.
- É, mas quem comeu cola foi você, Emmeline. – eu disse, antes de ajeitar minhas cobertas.
Acho que ela disse alguma coisa, mas eu não ouvi, porque meus olhos começaram a se fechar, e meu cérebro não capta mais nenhum som...
N/A: muito bem, agora o capitulo tá completo. só pra lembrar que o verão delas vai passar rápido, só vou fazer um ou dois capitulos, pra mostra alguma das tranformaçoes, por que a historia acontece mesmo no ano letivo õ/
Ah, soh pra avisa que eu modifiquei um pouco o primeiro capitulo, e entao, elas estao indo para o primeiro colegial, e nao para o segundo, okay?
E antes que eu me esqueça, Balas interminaveis do Willy Wonka para todos! (:
/joga balinhas interminaveis do Willy Wonka para todos/
anúncio
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!