Eu aceito...



Parecia ter passado muitos anos quando Rony despertou. A cabeça latejando, um barulho incômodo nos ouvidos. Tudo estava escuro, um gosto amargo na boca. Abriu os olhos lentamente, a principio nada parecia fazer sentido, depois compreendeu que olhava diretamente para uma pessoa.

Tentou mover-se, o esforço fez com que ficasse terrivelmente enjoado. Fechou os olhos novamente, tornou a abri-los e mais uma vez tentou se mexer. Estava no banco da frente com Harry, era para ele que estava olhando a momentos atrás. Ficou observando um filete de sangue que escorria direto de sua fronte, continuando pelo pescoço. Era estranho ficar ali simplesmente observando, quando de repente lhe ocorreu...

Houvera um acidente! Levantou-se ignorando as pontadas nas costelas, chegou mais para perto de Harry e checou-lhe a pulsação, estava vivo. Rony parou para tomar fôlego, isso lhe causou mais pontadas. Estavam ele e Harry no carro, mas tinha mais alguém junto, fez um esforço para conseguir se lembrar, virou-se um pouco e olhou o caminhão capotado logo em frente, não havia sinal de vida ali. Num rompante lembrou-se havia também Gina e Hermione com eles.

Sentiu sua perna bater em algo, olhou para o lado e lá estava Hermione, inconsciente, alcançou sua mão, e checou-lhe o pulso, os batimentos estavam fracos, mas estava viva, rezou para que o socorro chegasse logo, para onde estavam indo? Era terrível tentar lembrar de tudo ao mesmo tempo, a cabeça de Rony doía terrivelmente.

Virou-se para tentar livrar-se da dor que lhe subia do pé e continuava pelo lado do corpo, um osso estava pendurado para fora.Ignorou a dor, apoiou-se em uma dos braços pois o outro pendia frouxamente, devia estar quebrado, levantou-se com muito custo e foi aí que viu Gina.

Seu vestido outrora branco estava todo vermelho. O rosto virado para baixo, caída sobre o capô. Parecia morta. Ignorando a dor Rony seguiu até a irmã, arrastando-se. Parou por um instante para respirar, mas depois continuou. Não havia vidro nenhum no carro, tudo havia virado pequenos fragmentos, que enquanto Rony se arrastava em direção ao corpo inerte de Gina, faziam um barulho insuportável aos seus ouvidos. Chegou perto, e percebeu que havia uma poeira tênue cobrindo o seu corpo, tinha que vira-la, ajuda-la, sua mãe não o perdoaria por não cuidar como devia de sua irmã. Com sua última reserva de energia Rony a virou, deixou escapar um grito aterrorizado.
-Oh não!

Por baixo da toca azul de cetim ensopada de sangue, não havia rosto algum. Nem um vestígio da pessoa que Gina fora outrora, não se podia dizer se Gina estava morta ou viva. Mas por um momento Rony desejou que estivesse morta, pois não existia mais nenhuma Gina, sua irmãzinha, deitou-se sobre o seu peito e entre lágrimas e sangue resvalou mais uma vez para a inconsciência.


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Ele estava extremamente pálido com sua tia ali a observá-lo. Durante todo o tempo em que estivera ali ele permaneceu inconsciente. Logo depois que foi avisada, ligou para o motorista e veio como uma louca para o hospital. Não deixaria que Harry morresse, nem que tivesse que fazê-lo lutar com as últimas reservas de energia, não o perderia. Petúnia Dursley ficou ali sentada segurando-se para não sucumbir ás lagrimas. Amava Harry. Havia lutado durante toda a sua vida para criá-lo, construíra um império para ele e agora o maldito acidente, tudo por causa de uma garota qualquer. Desde a manhã, nada havia mudado, mas os médicos disseram que logo ele iria acordar e Petúnia queria estar ali ao seu lado para quando isso acontecesse.

Soubera por Ronald o que Harry estava pretendendo fazer, e sentiu o sangue ferver. Quase perdera os dois sobrinhos por uma inconseqüência que provavelmente Gina o havia forçado. Ele havia lhe falado que casariam dali á um mês, mas com certeza a dissimulada após saber da conversa que tivera com o sobrinho o fez mudar de idéia.

Petúnia deu um sorriso sarcástico ao lembrar da falta de sorte dos Weasley’s. Ronald depois de medicado, permaneceu acordado e pode relatar para a polícia o ocorrido. De todos, ele era o que menos havia sofrido. Havia tido uma fratura exposta na perna direita, um dos braços quebrado, alguns cortes no rosto, mas ficaria bem.

Hermione tinha escoriações pelo corpo todo, um corte feio na barriga no qual precisou levar alguns pontos. Havia caído por cima do freio de mão, seu rosto estava todo arranhado, tinha batido fortemente a cabeça e estava em coma profundo. Os médicos não tinham previsão alguma se ela iria acordar em breve, haviam detectado uma lesão na coluna, mas só poderiam fazer mais exames depois que esta estivesse acordada.

Já Gina não tivera a mesma sorte, acordou horas depois sentindo dores terríveis, Petúnia ainda podia ouvir, os gritos desesperados dela, sentiu um pouco de piedade da moça afinal, nunca mais poderia levar uma vida normal. Ao ver o estado em que Gina ficou uma idéia começou a se formar em sua cabeça, foi quando a sorte lhe sorriu. Molly ao saber do acidente teve um AVC e precisou ser internada com urgência, foi levada a um hospital público longe do que estavam Harry e Hermione. Os irmãos de Gina com exceção de Rony moravam em Nova York e não haviam sido avisados do acidente, e Petúnia não fez a mínima questão de comunicá-los primeiro iria conversar com Gina depois avisaria a todos.




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Rony viu quando a porta do quarto se abriu e por ela passou uma enfermeira toda sorridente. Estava sendo assim, desde a noite anterior, passava a maior parte do tempo acordado. Mas sempre que estava dormindo era acordado quando alguém entrava no quarto.

Havia tentado entrar em contato com os irmãos, para avisá-los do acidente, mas não estava conseguindo. Na casa de sua mãe ninguém atendia ao telefone, achava melhor ser ele dar a notícia do acidente, pois sabia que ela não estava bem de saúde e temia por sua vida.

Rony ficou observando a enfermeira se mover dentro do quarto, conferindo os medicamentos, vez ou outra fazia uma anotação na prancheta aos pés da cama. Era uma bela moça, com um sorriso amplo, parecia sempre estar de bem com a vida. Enfim a pessoa certa para poder iluminar um pouco do ambiente sombrio do hospital. Se perguntou quando o plantão dela acabava, pois desde que havia dado entrada ali era ela quem vinha checar se estava tudo bem com ele. Das outras vezes que ela estivera no quarto, ele não havia feito nenhuma tentativa de conversar, na primeira vez perguntara por Harry, Hermione e Gina, mas depois de ouvir a resposta havia voltado a se fechar como uma ostra.

Mesmo vendo que Rony a ignorava, entrava pela porta toda sorridente, falava com ele como se estivesse conversando com uma criança de cinco anos de idade, e saía dali com o mesmo sorriso, sem pedir nada em troca. Rony sentiu uma pontada de remorso, por ter ignorado a enfermeira, ela não tinha culpa se sua vida tinha se transformado num caos da noite pro dia. Resolveu mudar a situação, quem sabe conversando, não conseguiria com que ela o levasse para um passeio, estava entediado de ficar na cama sem nada pra fazer. E queria muito ver Hermione.

- Oi! – Sua voz estava rouca, talvez pela falta de uso.

- Ah! Oi! - A enfermeira o olhou surpresa, pois já estivera ali tantas vezes e tentara conversar com o paciente, mas ele nem ao menos lhe dera atenção.

- Me desculpe por não ter falado com você antes, é que não estava querendo conversar com ninguém.

- Não tem problema, eu entendo. Você realmente não devia estar querendo falar com ninguém mesmo, depois de tudo o que aconteceu.

- Nós vamos superar, pelo menos não houve nenhuma vítima fatal, não é?- Constatou

Após concluir a frase, Rony viu o sorriso que estava nos lábios da enfermeira murchar gradativamente.

- Não houve nenhuma vítima fatal não é? - repetiu a pergunta.

- Sr. Weasley – A enfermeira se aproximou da cama e tomou a sua mão que não estava no gesso. – Ainda não lhe contaram?

- Não me contaram o quê? – Rony estava começando a entrar em desespero – Alguém morreu?

- Não ninguém morreu. – Rony soltou a respiração que sem perceber havia prendido, ao ouvir a resposta da enfermeira – Mas...

- Nossa por um momento você me assustou! – Rony não a deixou terminar – Me diga – deu uma olhada no crachá que estava preso no uniforme da enfermeira – Clara, posso te chamar assim?

- Faço questão.

- Então Clara, como ninguém veio me visitar ainda? – Olhou para ela com o seu olhar mais manhoso – Estou me sentindo tão triste, aqui nessa cama. Eu pensei como seria bom, sair um pouco desse quarto sabe, tomar um ar, ou alguma coisa do gênero...

- Srº Weasley...

- Rony, por favor.

- Claro! Rony, acho que você ainda não está sabendo o que aconteceu com a sua mãe, não é?

- O que houve com minha mãe? – Sua voz não saiu mais que um sussurro.

- Ligaram do Hospital Municipal, é que quando ela soube da notícia sofreu um AVC e está em estado grave. - Falou com voz triste como se lhe custasse dar uma notícia ruim.

- Quer dizer que a minha mãe pode morrer a qualquer momento?

Clara somente confirmou com a cabeça. Viu as lágrimas caindo aos montes dos olhos de Rony. Não agüentou e o abraçou, fazia apenas algumas horas que ele estava ali, havia dobrado o plantão para cuidar dele, até que este se acostumasse com os gessos que haviam sido colocados na perna e no braço.

Rony recostou a cabeça no peito de Clara e ali ficou. Não sentia vergonha de estar chorando, nos braços de uma mulher desconhecida. Sentia-se reconfortado, não havia malícia alguma no abraço que estava recebendo, as mãos dela percorriam em seus cabelos, um toque afetuoso, como se esse pudesse espantar toda a dor que ele estava sentindo. Rony parou de chorar e Clara o largou.

- Obrigado, acho que estava precisando chorar um pouco.

- Disponha – O sorriso voltou a formar em seus lábios, apesar de que os seus olhos estavam tristes – Se precisar de algo é só chamar...

- Eu estava falando sério quando lhe disse que queria dar um passeio.

Clara olhou para os olhos azuis de Rony, que agora estavam vermelhos por causa do choro de instantes atrás. Sabia que poderia ser despedida se o tirasse dali, o médico responsável, havia lhe dito que o paciente não poderia mover-se da cama por mais algum tempo, mas ao olhar novamente para Rony viu que, se talvez fosse ela naquela cama, também não agüentaria ficar ali.

- Sabia que se eu fizer isso posso perder meu emprego? – Perguntou avaliando a situação em que se encontrava e o pedido do paciente.

- Não se preocupe que se você perder o emprego eu falo pro Harry te contratar, acho que a Gina vai precisar de você quando sair daqui.

- Gina é a moça que estava com vocês no carro? A que teve o rosto mais atingido no acidente, não é? – Tentou colocar de forma delicada a situação da jovem.

- Você a viu? – Rony lembrou-se da pessoa disforme que Gina havia se transformado, e uma lágrima solitária escorreu por seu rosto.

- Não, eu não sou daquela ala, mas uma das enfermeiras estava comentando, que não sabe como ela ainda permanece viva.

- Acho que sinceramente eu preferia que ela não tivesse sobrevivido...

- Meu Deus Rony! – Clara colocou a mão na boca horrorizada por Rony desejar a morte da moça.

- Ela era uma mulher muito bonita Clara, não sei se vai agüentar a pressão. Será que ela já sabe da mamãe?

- Ela é sua irmã? – Rony se limitou a confirmar fazendo um aceno com a cabeça

- Provavelmente sabe.

- Agora entende porque eu preferiria que ela não tivesse sobrevivido. Por mais que ela saia do hospital com vida, eu acho que pra ela tudo acabou.

- Sim eu entendo...

- Então eu posso ir ver ela?

- Infelizmente lá eu não posso te levar. A ala em que ela esta fica do outro lado do corredor e para chegar lá temos que passar em frente a sala da diretoria e alguém poderia nos pegar.

- Ok! Você sabe qual quarto a Hermione Potter está?

- Deixe-me lembrar... Ah sim! Ela está no final desse mesmo corredor...

- E o Harry?

- O Potter?

- Sim.

- Está no quarto ao lado.

- Você viu como ele está?

- Não, o médico que está cuidando dele e da irmã, não trabalha aqui neste hospital, é de Nova York, e trouxe com ele a sua equipe. Nós não estamos autorizadas a entrar em nenhum dos quartos.

- Eu precisava saber como esta a Hermione. Ela aqui tão pertinho, mas não posso nem ao menos vê-la. O Harry eu sei que nem adianta tentar, aquela bruxa da Petúnia, provavelmente deve estar fazendo vigília ao lado dele e nem ligando pra Hermione.

- Já me disseram que ela foi apenas uma vez ao quarto da sobrinha, mas que não saiu do lado de Harry à noite toda.

- Será que você não pode me levar para vê-la? Prometo que vai ser só por um minuto.

- Tem uma enfermeira que estudou comigo que esta na equipe do Drº. Larry, o médico deles. Posso dar uma olhada se ela está de plantão e conversar com ela.

- Você faria isso por mim?

- Espere um instante eu já volto.

Rony viu Clara sair apressada pela porta, realmente havia acertado em conversar com ela, estava se mostrando uma pessoa amiga, e prestativa, só esperava não colocá-la em uma confusão. Depois de alguns minutos que pareceram horas para Rony, Clara voltou, trazendo com ela uma outra enfermeira, que logo foi apresentada como sendo a responsável pelos cuidados de Hermione.

- Você deu sorte Rony, era realmente a minha colega que estava de plantão.

- Obrigado. – Rony disse simplismente - É muito importante para mim ao menos dar uma olhada em Hermione.

- Tudo bem. – a enfermeira deu um sorriso bondoso a Rony – Ela está muito sozinha mesmo. Mas torça para que ninguém nos pegue.

- Deus te ouça. – Clara estava um pouco nervosa, mas confiante que estava fazendo a coisa certa.

- Então vamos de uma vez, pois eu não agüento mais ficar nessa cama. – Rony estava eufórico como se tivesse ganhado o primeiro brinquedo.

As enfermeiras o colocaram em uma cadeira de rodas, as dores que há muito estavam adormecidas, voltaram com força total, mas Rony não ousou reclamar um minuto sequer, pois sabia que se o fizesse iriam suspender a sua visita clandestina ao quarto de Hermione.

- Está tudo bem? – Clara perguntou preocupada.

- Está – Rony forçou um sorriso – Vamos?

- Vamos – Clara cobriu as pernas de Rony com um cobertor, colocou um boné sob sua cabeça, para que os cabelos vermelhos não o denunciassem, a amiga de Clara que havia ido ver se estava tudo certo, voltou e sinalizou da porta para que viessem.

Saíram andando calmamente, como se estivessem fazendo um passeio em uma tarde de sol. Chegaram á porta do quarto de Hermione, Clara á abriu, e empurrou a cadeira para dentro. O levou até o lado da cama, onde Hermione parecia estar dormindo e se postou em frente à porta. Se alguém tentasse entrar, iria bater nela antes de conseguir passar por ali e talvez isso ajudasse, se Rony precisasse se esconder.

Apesar de Rony saber que o estado de Hermione não era em nada favorável, não estava totalmente preparado para o que viu. Ela estava pálida, vários aparelhos apitando em sua volta, respirando por um tubo na boca, com uma agulha espetada em seu braço ligada a outro tubo mais fino e a um frasco contendo um líquido transparente, que pingava gota á gota. Aos olhos de Rony pareceu morta. Pegou delicadamente a sua mão, e beijou.

Não conseguia aceitar que estivera com ela em seus braços, somente há algumas horas atrás, e que agora ela estava ali sem vida.
Por que havia demorado tanto para perceber que Hermione não era simplesmente a irmãzinha do seu melhor amigo? Que ela havia crescido e se tornado uma bela mulher? Demorara tanto tempo e quando finalmente a ficha havia caído, ele a estava perdendo.

À noite em que tinha batido na porta de Hermione, parecia longínqua. Não havia se dado conta do por que havia ido parar no apartamento dela, inventou uma desculpa só para vê-la. Na verdade realmente havia perdido a chave, mas sabia que por debaixo do tapete na porta de sua casa tinha uma chave extra. Quando chegou e a viu em um minúsculo baby dool, pode perceber o que estava perdendo.

Sabia que ela era apaixonada por ele há muito tempo, mas sempre a respeitou, pois não queria magoá-la. Sabia que Harry não o perdoaria se ele brincasse com os sentimentos de sua irmã. Achava não estar preparado para um compromisso sério, como o que Harry tinha com Gina, então sempre quando Hermione investia contra ele, acabava se esquivando. Mas naquela noite ao vê-la tão perto, sentiu vontade de amá-la, e teria acontecido se Gina não tivesse interrompido. E agora isso. Nem ao menos haviam conversado.

As lágrimas caiam em abundância dos olhos de Rony. Clara estava observando a dor de seu mais novo amigo, via pelos seus olhos que amava a moça que estava deitada inerte naquela cama, e sem ao menos perceber estava derramando lágrimas, por Rony, por Hermione com quem nem ao menos havia conversado. Por que Deus tinha que ser tão injusto para com as pessoas? Aproximou-se de Rony e tocou seu ombro de leve, o olhar que ele lançou a ela foi de cortar o coração.

- Temos que ir Rony.

- Só vou me despedir.

- Ok, vou esperar do lado de fora.

Rony pareceu não ouvi-la. Estava olhando profundamente Hermione.

- Eu te amo, viu?! – disse baixinho, mas Clara ainda pode ouvir, e novamente lágrimas escorreram de seus olhos, saiu em silêncio para que ele pudesse ficar a sós com Hermione. - Então acorda logo, pra nós resolvermos a nossa vida – beijou-lhe a mão – Talvez eu tenha demorado tempo demais para perceber que você é a mulher que eu quero passar o resto dos meus dias.

Virou-se para sair, com muito custo conseguiu fazer com que a cadeira de rodas se movesse, deu uma batidinha na porta e Clara a abriu, antes de sair deu mais uma olhada no corpo inerte de Hermione. Após a porta ser fechada atrás de si, sentiu como se um pedaço do seu coração tivesse ficado ali, naquele quarto.




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Petúnia levantou-se e ficou ao lado de Harry, queria que ele acordasse logo, mas antes iria tomar as medidas necessárias para que conseguisse separar ele de Gina. Ouviu duas batidas baixas na porta e logo depois o médico da família, Drº. Larry Tompson, entrou no quarto.

- Pensei que havia lhe ordenado claramente que fosse descansar. - Olhando para Harry ele acrescentou. – Em questão de horas ele vai acordar. Não se martirize por isso.

- Não quero sair do lado dele enquanto não acordar, Larry.

- Já lhe disse Petúnia, ele vai acordar. Você deve se preocupar mais com Hermione.

- Hermione – Petúnia suspirou, como se fizesse pouco caso de sua sobrinha – Essa nunca se importou comigo. Sabia Larry que desde que foi morar sozinha ela só me visitou duas vezes? E ambas às vezes foi para pegar algumas coisas suas que ainda estavam lá em casa.

- Isso não quer dizer que ela não se importe com você, ainda mantém o quarto dela e de Harry em sua casa, não é?

- Ainda – Petúnia sorriu de canto – Talvez eu tenha esperança que ambos voltem.

- Quem sabe agora eles não voltam? Ambos vão precisar de você.

- Eu sei e quero estar preparada para isso.

- Por esse mesmo motivo que eu insisto que você vá descansar por algumas horas. Mas vim aqui, pois queria ter uma breve conversa com você.

- O que foi Larry?

- Será que poderíamos sair por um momento no corredor?

- Vamos à sala dos fumantes estou precisando de um cigarro.

- Isso ainda vai acabar te matando.

Petúnia sorriu e seguiu o médico para fora do quarto. Ele sempre dizia isso. Já na área destinada aos fumantes no hospital, Petúnia acomodou-se e esperou até que o médico começasse a falar.

- Pedi que viesse até aqui pára que eu pudesse lhe falar a respeito da moça, Petúnia.

- O que tem ela? – O tom de voz estava duro e transparecia raiva, o que assustou Larry.

- Você viu o estado em que a pobre ficou?

- Não me importo com ela – Petúnia deu uma forte tragada no cigarro e depois soltou a fumaça – Por mim poderia estar morta.

- Por Deus Petúnia! Por que sente tanta raiva dela? Você ouviu o relato do irmão e não era ela que estava dirigindo, mas sim Harry.

- Sim eu sei. Mas ambos os meus sobrinhos não estariam na situação em que estão se ela não tivesse pressionado o Harry a adiantar o casamento.

- Você não sabe se foi realmente assim – Petúnia deu de ombros – Você ao menos deveria ter alguma consideração por ela. Você a viu crescer!

- O que você quer que eu faça Larry? – Petúnia levantou-se - Que fique fazendo vigília em volta de sua cama, e chorando por ela?

- Não estou lhe pedindo nem uma coisa ou outra – Larry também se levantou e postou-se ao lado de Petúnia. – Você sabe que ela nunca mais vai ter uma vida normal, não sabe?

- Sim, me falaram a respeito.

- Mas existe alguma chance de talvez reconstruir o seu rosto, ou ao menos lhe dar uma aparência melhor.

- Não me diga! Talvez eu não esteja interessada se ela vai ou não ter uma vida melhor.

- Você sabe que Harry lhe seria eternamente grato se a ajudasse. Ele a ama e se você fizesse o bem para essa moça, até mesmo Hermione lhe olharia com outros olhos.

- Se por acaso eu estiver interessada em ajudar a moça, não seria simplesmente para ter a gratidão de ambos os meus sobrinhos.

- E bem sei que não, pois para isso vai muito dinheiro Petúnia, e ela não tem nenhum para que pudesse lhe pagar um dia.

- Ela não tem nada – Petúnia respondeu como se a falta de dinheiro fosse algum tipo de doença – Mas me diga. Você conhece alguém que faça o trabalho?

- Sim, mas desde já vou lhe estou avisando que esse médico não é do tipo que faz caridade.

- Certamente que não. Conte-me como ele se chama.

- O seu nome é Draco Malfoy, é um médico jovem, mas que esta fazendo verdadeiros milagres na área da estética, acredito que ele seja o único capaz de fazer esse trabalho.

- Já ouvi falar dele, realmente cobra fortunas por um sorriso novo. Imagine se for para um rosto novo. Eu vou pensar Larry, ainda hoje vou te dar uma posição.

- Tudo bem Petúnia. Se você ajudar essa moça, tenho certeza que ela lhe será grata por toda a vida.

- Eu não quero a sua gratidão. Quero que ela saia de nossas vidas. – Petúnia falou mais para si do que para Larry.

O médico não se espantou pelo tom de voz usado por Petúnia, essa realmente era uma mulher de fibra que não se deixava intimidar.

- Agora tenho que ir, mas me avise o quanto antes.

- Pode deixar que eu o avisarei e obrigado por tudo Larry.

- Não se preocupe eles irão ficar bem.

Petúnia ofereceu o rosto para que Larry o beijasse, e ficou olhando o médico se distanciar. Apagou o cigarro com a ponta do sapato e seguiu em direção ao quarto de Harry. Odiava hospitais, desde a morte de Valter. O silêncio sepulcral a atemorizava.

Sem se dar conta estava diante do quarto de Gina. Parou como se para ter um pouco de coragem, abriu a porta e entrou. A cama estava num canto distante da janela, as cortinas estavam todas fechadas e o quarto estava escuro como se o paciente que estava ali não pudesse ser iluminado pela luz do sol. O silêncio vez ou outra era quebrado por soluços que fariam qualquer um entrar em estado de desespero profundo. Mas isso não intimidou Petúnia, gostaria de sentir pena de Gina, mas não conseguia. Continuou se aproximando, chegou ao lado da cama no momento em que o choro convulsionado de Gina cessava.

- Quem está aí? – A voz estava abafada por causa das ataduras que envolviam o seu rosto. – Por favor, me diga quem está aí, não estou conseguindo enxergar.

- Não há nada de errado com seus olhos, só está envolto em bandagens. Diga-me sente muita dor?

- Não estou sentindo nada, meu corpo está dormente.

- Então por que não dorme?

- Simplesmente não consigo.

- Já soube o que houve com o seu rosto?

- Sim – Gina respondeu num fio de voz, começando outra vez a soluçar desesperadamente. Petúnia aguardou pacientemente que o choro cessasse – E Harry, Rony e Hermione como estão?

- Seu irmão foi o que menos sofreu, está num quarto em observação, Harry e Hermione vão ficar bem.

- Mas onde eles estão? Eles não vieram até aqui ainda?

- Ambos estão inconscientes – os soluços recomeçaram – O médico disse que irão acordar em breve. - Petúnia fez uma prece silenciosa para que isso realmente fosse verdade.

- E Rony? – Perguntou entre os soluços.

- Não está podendo andar ainda, Gina. – Petúnia fez uma pausa, tomou fôlego e disse numa só vez – Tenho que contar uma coisa para você.

- O que houve? – Gina falou desesperada.

- Foi com sua mãe, ela sofreu um AVC, e está em estado crítico no hospital. Ninguém veio te visitar, pois não querem deixar a sua mãe sozinha.

- Por Deus! O que nós fizemos para merecer tanta desgraça de uma só vez? – Gina havia parado de chorar e o seu tom de voz era duro.

- Agora que você já sabe de tudo o que aconteceu, não está se sentindo culpada?

- Eu deveria estar? – seu tom era de espanto.

-Se não fosse por você, meus sobrinhos não estariam correndo risco de vida, sua mãe não estaria praticamente morta e você não haveria se transformado em uma aberração.

As palavras venenosas proferidas por Petúnia, machucavam Gina profundamente, mas esta não demonstrou nenhuma fraqueza. Por mais que estivesse em uma posição desfavorável, e com o emocional totalmente abalado manteve-se firme.

- Não foi culpa minha. Não era eu quem estava dirigindo, e muito menos idéia minha casar as pressas e escondido de todos. Mas eu não culpo o Harry por isso, pois todos estão sujeitos a sofrer acidentes.

-Vejo que não está tão atordoada do modo que imaginei que estava. Então como está bem lúcida sabe que não poderá ter uma vida normal, não sabe.

- Os médicos me disseram que não poderão fazer nada aqui, mas que um bom cirurgião poderia me ajudar.

- Sim um bom cirurgião lhe ajudaria com certeza, mas me diga você acha que seria de graça? Que alguém se compadeceria de seu estado e lhe daria um rosto novo em troca de sua gratidão?

Gina ficou em silêncio. Petúnia vendo que esta estava totalmente quieta, continuou.

- E você sabe que Harry não poderia pagar, por mais que ele possua a empresa, eu não permitiria que á vendesse para lhe ajudar.

- Muito menos eu iria querer algo assim de Harry, Petúnia.- Gina falou com raiva.

- Vejo que sabe com quem está falando menina. Pois bem, vou lhe fazer uma proposta.

- Que tipo de proposta?

- Você não quer ter seu rosto de volta? Poder levar uma vida normal? Sem ter os outros fugindo de você?

- Ainda não entendi aonde você quer chegar...

- Você por acaso acha que Harry ficaria com você após ver o estado em que ficou?

-Não o obrigaria a isso.

- Se conheço bem o meu sobrinho, talvez ele quisesse ficar com você por piedade.

- Não quero que sintam pena de mim, e se o caso de Harry decidir que quer ficar comigo, não vai ser por piedade e sim pelo amor que sentimos um pelo outro.

- Você é muito tola mesmo não? Você acredita que realmente existe amor? O que Harry sente por você é desejo, talvez você fosse boa de cama e sabia como agradá-lo, nada mais, além disso.

- Você diz isso por que nunca soube o que é ser amada por um homem Petúnia. Pelo menos o Harry não saía á noite a procura de uma profissional que o satisfaça, como seu falecido marido fazia.

- Cale-se Gina! – Petúnia estava com um ódio descomunal de Gina, como ela ousava falar de Valter daquela maneira – Não vim até aqui para ouvir ofensas ao meu falecido marido, vim lhe fazer uma proposta e se você for realmente uma pessoa inteligente vai aceitá-la.

- Ah sim, uma proposta. – Gina respondeu num tom irônico – Por acaso você vai fazer uma caridade e gastar alguns de seus milhões comigo? – Perguntou zombando com Petúnia.

- Vou!

- Você vai? – Agora o tom não era mais irônico mais sim surpreso.

- Sim, se você quiser é claro. - Gina fez menção de falar, mas Petúnia a interrompeu – Primeiro escute depois você me diz qual é a sua decisão.

Gina balançou levemente a cabeça confirmando. As dores estavam começando a voltar, e o sedativo que o médico havia dado algum tempo atrás estava começando a fazer efeito, resolveu ficar quieta, pois queria que Petúnia saísse dali logo, para que pudesse dormir.

- Existe um médico em San Francisco que seria capaz de reconstruir um rosto novo com perfeição, pense em uma vida nova, um rosto novo, sem ter as pessoas a olhando como se fosse um monstro.

Petúnia agora estava em seu terreno, sabia negociar melhor do que ninguém, foi por isso que havia chegado onde estava hoje, com um pouco de persuasão tudo se consegue e sabia que a partir do momento em que usasse as palavras certas com Gina ela seria conquistada. Pois afinal, qual mulher não gostaria de ser bela e ter a oportunidade de ser admirada por todos.

- Agora pense Gina, como seria bom ter uma beleza invejada por todos, sair na rua e os homens voltarem à cabeça para admirá-la, me diga se isso não é o sonho de toda mulher;

- Pode estar certa que não é o meu, tendo o Harry para me olhar e dizer eu sou bela para ele é o que me basta.

- Tudo bem! – Petúnia tinha o tom de voz macio, como se estivesse convencendo uma criança de algo, não parecia à mesma mulher de momentos atrás. - Mas me diga você acha que Harry lhe dirá que você está linda?

Um “não” sufocado pode ser ouvido por debaixo das ataduras. Petúnia achou que os soluços iriam recomeçar, mas admiravelmente Gina se manteve firme.

- Pois então você já o perdeu, tem consciência disso não tem?

Gina balançou a cabeça levemente.

- Se não tem nada a perder por que não fazer uma porção de cirurgias que lhe dará um novo rosto?

- Você mesma já disse que custaria muito dinheiro e não temos condições de pagar.

- Mas como já lhe disse, eu tenho. Quero lhe oferecer uma nova vida, tudo o que precisar durante o tratamento, um apartamento em outra cidade, enfim um mundo novo, até que o trabalho esteja concluído.

- E depois?

- Depois você poderá fazer o que quiser com sua nova vida.

Petúnia ficou em silêncio para que Gina absorvesse bem as palavras, para enfim dar o golpe de misericórdia.

-Contanto que você não volte nunca mais a procurar Harry, você terá que abrir mão dele para ter um novo rosto. Mas você mesmo admite que já o perdeu então por que não aceitar a minha proposta?

- E se Harry não aceitar isso e se ele for me procurar?

- Tudo o que eu quero é que você me dê a sua palavra que se manterá longe dele, e se Harry quiser te procurar o problema vai ser dele.

- Então se ele vier me procurar, você não vai se colocar no meio, vai respeitar isso?

- Sim vou.

Gina se sentiu vitoriosa. Sabia que Harry não a abandonaria assim, que ele iria querer estar ao lado dela, ajudando-a a enfrentar tudo e todos. Sentiu que estaria trapaceando se aceitasse a proposta de Petúnia, pois já sabia qual seria o resultado final. Mas não poderia deixar passar a oportunidade.

- Então vai aceitar? – Petúnia estava ansiosa e isso transparecia em sua voz.Prendeu a respiração, essa seria a palavra que iria libertar Harry, lhe dando a oportunidade de ser livre de uma vez por todas.

- Se eu aceitar poderei me manter informada sobre minha família?

Petúnia bufou, achou que Gina iria fazer essa pergunta, mas estava com a resposta preparada.

- Eu a manterei informada, mas a condição será a mesma, não deve procurá-los, somente se eles entrarem em contato com você.

Gina daria a palavra da vitória e não de derrota, estava depositando toda a sua fé em Harry, e sua família, de repente lembrou-se da promessa feita á alguns dias atrás na praia, sabia que ninguém a abandonaria. Se pudesse sorrir nesse momento era o que Gina teria feito. Sabia que Harry jamais diria adeus...

- O que me diz Gina?

Petúnia não podia esperar mais. Então veio a tão esperada resposta.

- Eu aceito.









N.B.: *Clara abre o e-mail, toma um susto e cai da cadeira* Ai! Menina... O que foi isso??? Amei seu surto... Viu como ficou ótimo??? Tudo bem que quem acabou roubando a cena fui... EU!!!!!!!! Hahahahahaha!!!! Viram como eu sou uma enfermeira boazinha... Se alguém me encontrar num hospital vai poder comprovar... Se bem que eu não quero encontrar ninguém dodói, né?! Se possível só aqui lendo fics!!!!!! Amei a ceninha Eu & Rony!!!!! Eu consolando ele... Fazendo carinho... Afinal quem não tem Harry caça com Rony!!!!!!!!!! E levante a mão quem igual a mim ama outro personagem, mas não resistiria a aqueles olhos azuis e aqueles cabelos ruivos??? *Clara vendo um mar de mãos aos céus* Nossa... Desisto de contar!!! Jane... Amei o capitulo!!! Tô morrendo de raiva da Petúnia... Essa história não tá me cheirando muito bem... Tô, como sempre, morrendo de medo do Malfoy... Já falei que odeio ele??? Que não confio nele??? Achei super fofo a ceninha Ron & Mione... Achei incrível o modo como você o trocou de lugar com o Harry... Ele vendo a Mione como a irmãzinha do seu melhor amigo e não como uma mulher com desejos e vontades!!!!!!! Bom deixa eu calar a boca se não minha nota sai maior que o capitulo... Amei o capitulo!!!!!!! Mil B-jus




N.A.: E aí gostaram da Clara como nossa super enfermeira???? Eu havia mandado pra ela o capitulo, mas havia dito que não tinha gostado daí ela me disse: “Escreve uma ceninha R/Hr que o capitulo vai melhorar” Comecei a escrever e o que era para sair uma ceninha ficou uma cena enorme.
Espero que vocês curtam o cap, foi muito gostoso de escrever a cena do Rony, ainda mais com a participação mais do que especial da minha queridíssima beta como personagem...
Não vou responder os comentários individuais hj, pq eu estou com um pouquinho de pressa, mais saibam que eu li todos com muito carinho, e estou esperando muito mais Ok????
Bjao




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