Capítulo XVII





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Capítulo XVII – Uma família?



Anne fazia as malas com James.

- Estive pensando como vamos viajar juntos, digo, tão juntos... – ele parecia preocupado. – Não morde a cadeira Snow. – ele puxou o cão. – Toma, morde isso. – ele entregou uma bolinha de plástico, que o cão mordeu com gosto.

Ela terminou a última mala. James atendeu uma chamada. Lorainne escutava curiosamente.

- Oi, eu liguei ontem à noite, mas estava ocupado. – James disse assim que atendeu.

Ela suspirou. “Julie.”

- Foram três vezes. Eu apareço por aí hoje.

“Eu...” Ele vai visitá-la em Londres.

- Ou melhor, não vai dar... Eu estou um pouco... preso.

Lorainne riu. Ele finalmente se lembrou do feitiço. Era quase como controlá-lo.

- Tem umas coisas pra eu resolver agora, te ligo depois. Beijo.

Ele percebeu o sorriso que Loren agora disfarçava.

- Não ria da desgraça alheia, se não eu posso pensar que está fazendo isso de propósito. – ele a olhou com intensidade e ela parou definitivamente de sorrir.

- Só estava admirando sua desculpa. – ela ergueu as mãos. - Comprou a bolsa do Snow?

- Você estava comigo, lembra?

- A sim, era apenas pra ter certeza. – ela piscou.

Trabalhosamente, conseguiram tomar o avião em Zurique.


- James, quero você aqui em meia hora. – Não haviam chegado nem a cinco minutos quando o elfo deu-lhe o telefone.

- Johnson, não sei se vai dar...

- O quê? Vamos jogar terça contra a África do Sul. Preciso de você aqui! Meia hora, não se atrase!

- Ele desligou. – James jogou o telefone no sofá.

- Não posso ir aos treinos com você.

- Claro que não, isso é ridículo. O que eu vou fazer?

- Diz que não pode voar.

- Aí minha cabeça rola.

- Tenta. – ela sentou-se no sofá.

Ele abaixou-se.

- Você não entendeu. Se eu não voar hoje, estou fora.

- Conhece alguém capaz de reverter a situação?

- Você conhece esses feitiços. É que nem o que a Emma Lancaster pegou no sexto ano. Não sai.

- Você ainda se lembra?

- Como não? Ela deu em cima do zelador contra a vontade dela! Foi a piada da escola o ano inteiro...

- Nós éramos amigas. Nunca vou perdoar o sonserino de merda que fez aquilo com ela. Ele gostava dela, sabia?

- Não...

- Tentou ser amiga dela. Mas como boa grifinória, ela repudiava todos eles. Era uma magia de amor, James... Só foi desfeita quando ela o perdoou. Se fosse eu, ainda estaria enfeitiçada. Nunca perdoaria aquele traste.

- Por amá-la?

- Não, por me machucar. – ela falou decidida.

- Bem, foi por uma boa razão... ou você gostaria de passar o resto da vida cantando os caras a torto e a direito? Por Merlin, até Lucas Mills!

Anne riu com gosto ao lembrar-se do zelador.

- Até você que era amiga dela.

- Ok. Você tem que estar lá em uma hora... Ou, pode pedir demissão?

- Não posso me demitir agora. Precisam de mim...

- O que quer que eu faça...

- Não sei, diga alguma coisa.

“Eu amo você”

- Eu tenho quinze minutos pra chegar lá... Pense numa desculpa, James... Mesmo que arranjasse, o jogo já é terça e eu não faço idéia de quando vou me libertar. – ele falava consigo mesmo, indo de um lado para o outro o máximo que podia. – Já sei, você corre para um lado e eu pro outro. – ele riu. – Droga.

“EU AMO VOCÊ” ela amarrou a cara.

- O que você disse? – ele se virou.

- Nada. – Lorainne o encarou, confusa. – eu não disse nada.

- Sim, você disse. Tenho certeza.

- Eu nem abri a boca, James.

- Disse sim, é a segunda vez...

- Está ficando maluco?

James beijou Anne. Esta o empurrou.

- O que está tentando fazer?!

- Você me disse uma coisa uma vez, quando nós... Enfim. Você saiu do controle. É isso. É preciso te tirar do controle. E você repetiu agora...

Anne gelou. Ele descobrira.

- No começo eu pensei estar imaginando coisas. Eu achei engraçado e ao mesmo tempo impossível uma frase dessas sair da sua boca... Agora percebi que nunca saiu. Eu... eu consigo ler sua mente, Lorainne Potter!

- Malfoy. – ela continuou, azeda.

Ele levantou-a.

- Liberte-me. Eu lhe imploro. Você sabe como fazer isso.

- Não posso. – ela fraquejou, quase chorando.

- Você é forte e vai fazer isso agora! – ele a segurou.

- Eu...
- Apenas diga, Loren.

- Eu não consigo, nunca, nunca disse...

- Quer me deixar preso, Anne?! Porque eu acho que você sempre soube o que era pra ser dito. Agora não quer dizer...

- Cala a boca...

- Você me pede pra calar a boca numa hor...

- Tá bom! EU NÃO ESTAVA FINGINDO... EU TE AMO! – ela gritou se desvencilhando de seus braços e subindo as escadas. James ficou imóvel na sala, consciente de que o feitiço acabava de se romper. Suspirou. Sabia que ela se trancava no quarto naquele momento, e nem para Merlin ela abriria. Tomou banho no quarto de hóspedes, após tirar algumas roupas da mala e foi treinar.


James foi recebido com uma festa, praticamente. Treinou o resto da tarde.

- Até logo, James.

James chegou em casa quase à noite. Estava exausto do quadribol e da viagem.

- E Lorainne? – O moreno perguntou a Zigg.

- Saiu as quinze e quarenta para a casa de seus pais. Depois voltou e se trancou novamente no quarto.

- Então ainda não jantou?

- Jantou, senhor. Ela o fez assim que chegou em casa, o Sr. Jacques estava aqui com ela.

- O cabeleireiro?

- Sim.

Ele subiu.

- Loren? – estava trancada. – Querida... Não estou a fim de dormir no quarto de hóspedes... vamos conversar.

Ela não respondeu.

- Tá bom... tô saindo. Se hoje é o dia pra contar a verdade, então que eu termine de uma vez...


*******************


Anne não estava em condições de falar com James. Não tinha coragem agora que ele sabia de seu segredo. Ouvia James pedindo baixinho para que ela abrisse a porta. Iria responder, mas talvez faltasse ânimo.

- Por favor, não me ligue hoje. Vou dormir na Julie. – ela ouviu os passos se afastando.

Ergueu-se da cama violentamente.

- Eu digo que o amo e ele vai dormir na amante, que família nós somos...


*********************


- James, querido! – Julie o recebeu em seu novo apartamento. – Como foi de viagem?

- Bem.

- O que houve?

- Eu posso falar com você?

Ele estava pálido.

- James, o que foi???

- Minha esposa me ama... – ele aceitou o uísque que Julie servia.


*********************


Lorainne estava bem mais animada quando foi trabalhar no dia seguinte, sentiu vontade de perguntar para Zigg se James já retornara, mas preferiu não demonstrar grande interesse.

Finalmente retornava a sua rotina normal e sua clínica recém-aberta estava sendo um sucesso. “Trabalho é distração...” Tentava não pensar em como James provocara seu ciúme na noite anterior. Ele deveria estar nos braços daquela perfeitinha sonsa... “Mantenha a calma... Trabalho é distração...” MERDA!

Caminhava de manhã cedo pelos corredores quando viu vários rostos encarando-a na manhã seguinte. Não ameaçadoramente, e sim com uma inexplicável simpatia e ternura. O que estava havendo?


*********************


Harry Potter cuspia todo o seu café no tapete.

- O que foi, querido? – Hermione arregalou os olhos.

- Ele passou dos limites. – Harry retornou ao jornal friamente. Hermione pôs-se a ler ao seu lado. Havia uma foto de James entrando em um apartamento. Por um espelho que havia nesse andar do prédio, via-se a silhueta de uma mulher.


O que Lorainne Potter achará disso?
James e Lorainne Potter retornaram ontem da lua-de-mel na Suíça, após um glorioso casamento. Bastou retornar a Londres, entretanto, para James correr para os braços de uma misteriosa mulher, cujo apartamento se encontra no centro da capital.
Várias fontes dizem que ela não é ninguém menos que Julie Washburn, uma advogada que está se separando e que participou de “O solteirão”, programa que elegeu Lorainne a esposa de James. Washburn foi desclassificada por não estar legalmente solteira, e não pelo fato de James tê-la eliminado, fato bastante revelador.
James saiu de lá algumas horas depois, retornando para casa, possivelmente bêbado. Será que a Sra. Potter sabe disso? Este é o fim de um dos maiores casamentos que a Inglaterra já assistiu?
(Continua na página 6)




- Malditos sensacionalistas! – Harry contraiu o maxilar. – Vou conversar com James agora. Hermione, avise a Rony que vou me atrasar hoje.

- Meu filho está frito... Bem passadinho, no alho e óleo... – Hermione ergueu a sobrancelha. – Draco deve estar...


- LOUCO! Suicida... Eu vou matá-lo!

- Você não vai matar ninguém, Draco. – Gina o acalmava. – Nossa filha pode resolver isso sozinha. Ela já é bem grandinha. Ela vai pedir o divórcio e pronto. E aquele canalha do James, meu Merlin sabe como eu gostava dele, vai ficar sem nenhuma...

Draco revirava o quarto atrás de um sobretudo.

- Ele vai desejar morrer hoje... – Draco vestia-se tremendo de raiva. – O país todo sabe desse escândalo, Gina! Vai ser uma daquelas separações que todo mundo conhece os detalhes! Como ele pôde... Eu vou acabar com tudo, amanhã ele estará desempregado e pobre e ninguém vai lembrar nem o nome dele.

- Ele é filho do Harry, querido, ele não vai não... E Harry acabou de ligar, disse que você não fizesse besteira...

- Pra ele é fácil. É igualzinho ao filho... – o loiro bufava.

- Não é verdade... – ela impedia sua passagem. – Só sairá daqui quando estiver calmo. – ela falou imperativamente.

Ele amarrou a cara.

- Uma amante... – ele falou contrariado. - Ninguém faz isso com a minha filha. – respirou fundo. – Ninguém...

*****************

Pierre andava ao encontro de Lorainne apressadamente.

- Más notícias. O carneirinho pulou a cerca.

- Quê?

- Ele se deixou ser visto entrando na casa de Julie.

Ela suspirou, cansada.

- Me deixa adivinhar o resto... Agora todo o país sabe...

- Exato.

- Eu odeio essa parte...


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