Capítulo XVIII
Capítulo XVIII – Filho de peixe...
James levantou-se quando Zigg bateu na porta do quarto de hóspedes.
- Por que me acordou tão cedo?
- O senhor tem visita.
- Por que não disse que eu não podia?
O elfo balançou a cabeça.
- O Sr. Harry Potter está aqui e ele insiste em vê-lo.
James gelou. Seu pai não estaria em sua casa no meio da manhã de um dia de trabalho se não tivesse acontecido algo grave. Tomou um banho rápido.
- Convidei o Sr. Harry Potter para acomodar-se na sala, mas ele não quis. Ele está agora em seu escritório, Sr. Potter. Eu servi apenas chá. – o elfo falava, preocupado.
- Está ótimo, Zigg. – James abriu a porta delicadamente.
Harry estava sentado em sua cadeira. Os olhos pousados em um livro de capa azul escuro. James fechou sutilmente a porta e parou diante de seu pai. Harry o encarou intensamente, intimidando-o. O olhar de seu pai tinha esse devastador efeito no rapaz.
- James... Você saiu ontem á noite?
- Por que o senhor...
- Apenas responda. – ele cortou.
- Sim.
- Estava na casa de... – ele pausou momentaneamente. – Julie Washburn, não era?
- Está me vigiando?
- Antes fosse. – ele se ergueu, mantendo-se mais desafiador. - Não me parece que tenha bebido...
- Eu não bebi. Quer dizer, só tomei um copo de uísque.
- Claro, estava ocupado fazendo outras coisas na casa da amante... – ele cruzou os braços e estreitou os olhos, fazendo de seu olhar algo quase insustentável. Deu a volta na mesa e encostou-se nela.
- Pai, o senhor entendeu errado...
- Não vim aqui para acusá-lo, James – ele cortou de novo – Vim porque quero ouvir as suas explicações, caso eu tenha que livrá-lo da morte...
- Do que está falando?
Harry atirou-lhe o jornal. James correu o olhar pela notícia. Seus olhos cresciam de pavor a cada linha.
- Minha nossa!
- Tem mais disso na página seis... – ele falou, distraído enquanto analisava os detalhes da capa do livro azul. – Mas você não vai querer ler... – ele puxou o jornal, magicamente. - Você se expôs, James. E expôs sua esposa. Acho que a essa altura ela já sabe. Você vai passar por maus bocados, porque eu acho que o pai dela também sabe. E provavelmente não está muito feliz... Mas sabe o que eu estou lutando para entender... – ele alterou um pouco a voz - é como você foi capaz de perder a oportunidade de estar ao lado da pessoa que você mais ama! Não minta, James, você não me engana porque é igualzinho a mim, com a diferença de que eu não sou indeciso. Eu sei muito bem que você sempre foi louco por ela, capaz de pegar um avião e largar sua família por seis anos para estar ao lado dela. Então, inexplicavelmente, você vai ao apartamento de uma mulher e fica até meia-noite lá. Nesse exato momento, Lorainne pode estar vindo aqui terminar o casamento com você e tudo o que você pode fazer é tentar explicar por que é um... idiota. – ele parou abruptamente o falatório para verter um pouco de chá – Isso se Draco não chegar primeiro, e eu não vou nem me mexer se ele tentar te matar. Hoje não estou com paciência para duelos...
- Pai...
Harry acenou com a cabeça. Em sua voz não tinha mais sarcasmo ou crítica:
- Sei que faz tempo que não falo isso, mas: James, explique-se.
O rapaz tomou fôlego e olhou para o chão, incapaz de sustentar por mais tempo o olhar de seu pai. Ele se sentia penosamente distante do homem à sua frente. Este parecia calmo e concentrado, sem nenhum traço de raiva, portando a frieza de quem podia estalar os dedos e resolver a situação. Sentia-se patético diante de Harry, quando tinha que admitir que o pai o conhecia tão bem... Ele havia acabado de comparar James a ele mesmo, porém o rapaz sabia que, diferente dele, o pai sempre tinha o controle de tudo. Começo falando pausadamente:
- Eu a amo. Enlouqueci quando ela disse que ia me deixar. Eu era um adolescente imbecil, o senhor lembra. Eu só queria estar ao lado dela. Há um ano eu a encontrei novamente. Não me lembro de outro dia como aquele. Aí eu pensei que poderia pôr em ação o sonho de Loren...
- A clínica?
- Sim... eu precisava de tempo e precisava isolá-la, e eu o fiz. – Um sorriso fino surgiu nos lábios de Harry. – O Solteirão parecia a solução perfeita. Então, apareceu Julie. E finalmente eu encontrei uma mulher pela qual eu realmente me interessava e, surpreendentemente, ela sentia o mesmo. Loren parecia um objetivo cada vez mais distante, enquanto Julie estava perto demais. Eu pensei que talvez pudesse ser feliz sem Loren.
Harry lhe ofereceu chá. Tinha um olhar enigmático.
- Julie foi desclassificada e eu pensei. “E agora?” não acredito que vou ter que casar com ela... Vou casar com uma mulher que não me ama, que está fazendo um favor pra mim casando comigo. Depois disso a gente foi para a Suíça. Bem, nessa parte eu me descontrolei um pouco, também fiquei muito confuso. Queria me apoiar na idéia de que me casaria com Julie e seria feliz dali a alguns meses. Mas não conseguia parar de pensar em Loren. Merlin, como ela ficou mais linda do que já era. Estava provocante. Eu tentei não ligar para isso, mas ficou impossível. Há alguns dias tivemos a maior de nossas brigas e depois, para a felicidade quase completa que eu poderia ter, fizemos amor.
James estava totalmente à vontade.
- Eu tive Loren por uma noite e ela não ligou se eu era seu melhor amigo ou seu marido, o que seja. Eu jurei ter ouvido que ela me amava, mas nessa hora não sabia que eu era capaz de ler a mente dela, sem querer. – Harry esforçava-se para não alargar o sorriso. - Pensei que era imaginação, o que, mesmo assim, me deixou mais feliz. Ontem ela finalmente disse que me ama e eu tentei conversar, queria dizer tudo isso. Queria dizer que a amava e que estava tudo bem. Mas ela não quis conversa comigo, então, eu fui resolver a outra parte da história: Julie.
Início do Flashback
...
- James, o que foi???
- Minha esposa me ama... – ele aceitou o uísque que Julie servia.
- Ela te ama?! Mas você não disse que era impossível ela gostar de você? Que eram amigos, enfim... – ela ajeitou as almofadas, incomodada.
- Eu sei, mas ela está.
- O que vai fazer? Como vai se separar sem magoá-la.
Ele a olhou nos olhos.
- Eu não vou.
- Quê?
- Eu sinto muito, Julie. Mas não posso me separar de Loren.
- Por quê? O que deu em você?
Ele manteve silêncio. Julie ficou boquiaberta.
- É, pelo visto percebi porque teve trezentas e sessenta e cinco namoradas, ano passado. Bastou uma lua-de-mel para se apaixonar por ela, James? – ela ficou em pé, contraindo os lábios.
- Não, Julie. A verdade é que eu estive apaixonado por ela a minha vida toda. E só hoje descobri que sou correspondido.
- Canalha. – ela balbuciou, quase inaudivelmente. – Lizzie estava certa. Eu era o objeto do ciúme, não era, James? Seu cais seguro para o caso da Loren não te querer!
- Não. Nunca foi. Eu realmente achava que estava apaixonado por você. Mas depois de uma semana casado, eu descobri que se ela não me quisesse, eu terminaria sozinho, porque não dá pra ser feliz sem ela. – ele se levantou. – Eu sinto muito. – ele pôs o copo na mesinha e foi até a porta.
Ela o olhava mansamente.
- Está bem, James. Por isso estava tão frio. Vai embora. Eu... – ela tomou fôlego quando a voz falhou. - não quero mais ouvir falar de nada disso.
Ele se virou e logo após sair, ouviu um estalo, que pensava ser da porta.
Fim do Flashback
James estancou a narrativa nesse ponto.
- O estalo vinha de Julie. Foi ela quem tirou a foto do jornal!
Harry revirou os olhos.
- Achava que nunca pensaria nisso... Você não tem malícia nenhuma quando o assunto é mulher, James. Nunca duvide de uma mulher que se sente traída, por mais que ela aparente ser... – ele procurou a palavra - ...boazinha.
- Ela estragou meu casamento!
- Não, James. Você estragou. Você foi à casa dela. Você escolheu errado.
- Tá, pai, eu entendi... Plantei, colhi. – James naquele momento parecia um garoto com a metade de sua idade.
- Exato.
A campainha tocou.
- Quem o senhor acha que é?
Harry dirigia-se à porta.
- É sua esposa, obviamente. Vou sair pela outra porta.
- O que eu faço?
- Diga a ela! Tudo o que me disse. Não que eu ache que fará muita diferença...
- Obrigado pelo incentivo.
Seu pai sorriu de lado.
- Você está ferrado. Ela é tão teimosa quanto você...
- Obrigado mais uma vez.
- Filho, não se esqueça... Se ela não te ouvir... - ele abriu a porta.
- O quê?
Mas ele apenas piscou o olho.
Zigg apareceu apressado e ofegante. James lembrou-se de imediato de que deveria dar férias ao elfo. Ele parecia realmente cansado.
- Sr. Potter, Sra. Potter vindo. – ele sumiu quando Lorainne entrou.
- Loren. Eu tenho que conversar. – ele se calou, ela havia dito a mesma coisa. Pelo menos não aparentava estar furiosa.
- Eu vim pegar minhas coisas. – ela falou – vou para a casa dos meus pais.
- Espera. – ele barrou a loira.
- Antes que eu esqueça... eu quero o divórcio.
- Não pode ir embora sem me ouvir!
- James, eu cansei das suas justificativas feitas pra tudo, agora que todo mundo já sabe, não tem mais jeito... Nossa amizade já acabou faz tempo e você sabe disso. Agora você tem a Julie e nada mais nos prende. Eu cansei de cuidar de você.
- Eu te amo.
Ela o olhou indiferentemente.
- E você disse isso para a Julie ontem.
- Mas eu não...
- JAMES! – ela se impacientou. – Então, pronto. Eu é que não te quero mais.
“Se ela não te ouvir...” O que seu pai faria?
Ele a tomou em seus braços.
- Me solta. Qual é o seu prob... – ele estava perto demais.
- Tem certeza disso? – ele colou seus lábios demoradamente, dando-lhe um selinho e fazendo com que ela sentisse sua respiração. Anne fechou os olhos e ele sorriu por dentro. Agora ela iria ouvi-lo.
- Não vai adiantar, James. – ela girou a maçaneta. – Só se erra comigo uma vez. E eu já te perdoei demais.
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Harry entrou na mansão mal-iluminada.
- E então? Você e o miserável do seu querido filhinho conversaram?
- Sim – Potter o encarava com severidade.
- Deixe-me adivinhar... Você brigou por ele ter sido tão indiscreto. Afinal, um Potter pode ter uma amante às escondidas, desde que ninguém descubra, não é?! – Malfoy lutava para impedir que o autocontrole esvaísse. E este o fazia em forma de sarcasmo.
- Não se preocupe, Draco. Se não estou enganado. Lorainne, a qualquer momento, estará aqui.
- Separada daquele traste!
Harry ergueu as sobrancelhas e continuou polidamente:
- Sim. Separada de James, para o azar e o bom-senso dela.
- Azar? Aquele inútil traiu minha filha!
Harry pegava o casaco.
- Bem, Draco. Eu só vim aqui para impedi-lo de sair daqui e fazer alguma coisa da qual se arrependa posteriormente. Mas aviso a você que as acusações que tem contra meu filho são apenas disparates de um jornal. E sim, ele é bastante querido e não será na minha frente que ele será chamado de miserável de novo. Espero que se contenha quando nos virmos outra hora. Senão teremos problemas – Harry falou suavemente, fazendo com que os olhos de Draco se estreitassem. – Até logo.
- Até. – O loiro o observou saindo. Agora estava pensativo.
“Disparates...”.
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