A garota monstro



Tom voltou para sua cama, pensando em aonde Penny estava indo. Em cinco minutos, a curiosidade o venceu e ele resolveu novamente seguir a garota, mas seria mais cauteloso desta vez.
Então, se lembro que algum professor poderia vê-lo, e pesou em que poderia fazer. Quando olhou pela janela, viu Penny já nos terrenos da escola.
Ele resolveu largar a cautela pro alto e saiu do quarto. Voltou cinco minutos depois, pois novamente esquecera a varinha. Ele apanhou a varinha e saiu do dormitório.
A sala comunal estava muito silenciosa, Tom saiu pela porta na parede. A masmorra estava escura como breu. Tom levantou a varinha e murmurou:
- Lumus!
Uma luz acendeu da ponta de sua varinha, iluminando o lugar. Tom andou pelo lugar, suando. Tentava não fazer nenhum barulho sequer.
Seu coração quase parou quando ouviu um enorme ronco vindo da sala de Slughorn. Ele continuou andando depois que superara o susto.
Tom subiu a grande escada das masmorras, nas pontas dos pés, sem fazer barulho. Abriu a porta das marmorras e se viu do lado da escadaria de mármore. Começou a andar quando tropeçara na barra das vestes e quase caíra, mas percebera que fez um barulho que ecoou pelo saguão.
- Quem está ai? - perguntou uma voz.
Tom sentiu seu coração bater mais rápido.
- Nox! - murmurou ele, e a ponta da sua varinha apagou.
- Lumus! - Falou a voz e um brilho acendeu no topo da escadaria. - Foi para os terrenos, deixou a porta aberta.
Tom olhou para a porta de entrada e a viu entreaberta. Pelo visto Penny esquecera de fechar. Alguém desceu a escadaria e, quando chegou no saguão, à luz da varinha, Tom identificou quem era. Era Fenrir Greyback. Ele abriu mais as portas e saiu para os terrenos da escola. Tom foi atrás dele, muito silencioso.
Era uma noite tranqüila, com um suave vento. O luar iluminava os terrenos. Tom teve que se esconder para Fenrir não o ver. As árvores da Floresta Proibida balançavam ao sopro do vento.
- PARE, POR FAVOR! - um grito cortou a noite, vindo de dentro da Floresta. Fenrir se assustou e murmurou:
- Mas o que diabos está acontecendo?
Ele seguiu para a Floresta. Outro grito, desta vez masculino, veio da Floresta:
- ATAQUEM!
Então Tom entendeu, se Penny estava dentro da Floresta ela devia ter dado o primeiro grito. Então o segundo foi de... centauros!
Ele continuou atrás de Fenrir, se escondendo de vez em quando para o monitor não o ver.
Um uivo cortou a noite e disparou o coração dos dois. Pelo visto Penny havia se transformado. Fenrir parou ao lado da cabana de Ogg. Em seguida ele continuou a caminhada.
Os garotos adentraram a Floresta, estava silencioso ali. Pelo visto o ataque era mais à frente.
- Quem está aqui? - ecoou a pergunta de Fenrir pela Floresta.
Outro uivo veio de mais adentro da Floresta. Fenrir começou a se agitar, a luz de sua varinha tremia flutuando no escuro.
- É melhor continuar - comentou o monitor para si mesmo.
Ele continuou a caminhada, adentrando a Floresta. A sensação de estar sendo observado, que Tom sentira na última vez que visitara a Floresta, tomou conta do garoto novamente. Andaram por cinco minutos quando ouviram uma agitação vinda à frente.
Fenrir começou a correr, e Tom o acompanhou. Fenrir parou e Tom se descuidou, tropeçou em uma raiz de árvore e caiu. Fenrir tomou um susto e apontou a varinha para Tom, ao que a luz ofuscou seus olhos.
- O que você tá fazendo aqui, moleque? - perguntou ele assustado.
- Eu ouvi alguém saindo da sala comunal e quis saber quem era. Era você? - perguntou Tom, fingindo que não sabia de nada.
- Não. Eu estava fazendo a guarda noturna no castelo e ouvi passos. Parece que estamos em busca da mesma pessoa, não? - comentou Fenrir.
- É - concordou Tom. - Me dá uma ajudinha aqui?
Fenrir ofereceu a mão e Tom segurou-a. O monitor o levantou.
- Então, vamos continuar? - perguntou o monitor.
- Vamos. Lumus! - a ponta da varinha de Tom acendeu novamente.
Ele seguiram em frente. As luzes das varinhas os guiando.
- Eu devia lhe tascar uma detenção por andar fora da cama após a hora, sabe? - comentou Fenrir.
Tom apenas concordou com a cabeça, a atenção fixada na Floresta.
- O que será que está acontecendo nessa Floresta? - perguntou Fenrir.
- Não sei.
- Será que é perigoso continuar?
- Não sei.
- O que você imagina que esteja acontecendo?
- Não sei, porra!
Fenrir se calou e eles continuaram.
- Ai! Tropecei em um... mas que merda é essa? - assustou-se Fenrir.
Tom baixou a varinha e iluminou o que fizera Fenrir cair. Era um corpo de centauro. Pelo visto ele fora cruelmente massacrado por algo, e Tom já supôs o que fora que o atacara. Ele estava coberto de sangue, com arranhões e mordidas enormes em várias partes do corpo.
- I-isso é um... Isso é um centauro? - admirou-se Fenrir.
- Acho que sim - respondeu Tom.
Tom ergueu a varinha e iluminou o caminho à frente. Estava cheio de corpos de centauros à frente, também massacrados.
- Vamos - chamou Tom.
- Pra que? Pra ficar assim? - perguntou um apavorado Fenrir, apontando para os corpos.
- Deixa de ser fresco e vem logo.
Tom continuou, Fenrir resmungou e o seguiu.
- Levanta a varinha - falou Tom, ao que a luz da varinha de Fenrir se ergueu.
Eles continuaram, silenciosos.
Um barulhos de farfalhar de plantas veio à sua frente.
- O que foi isso? - perguntou Tom.
- Nox! - falou Fenrir, e a luz da varinha apagou-se.
- Por que você fez isso?
- Lumus Maxima! - a ponta da varinha de Fenrir acendeu como uma enorme lâmpada, iluminando tudo em um raio de cinqüenta metros.
Tom olhou para frente e viu. Enorme e peluda, a lobisomem estava parada olhando para eles.
- Fudeu!
- Corre!
Falaram Tom e Fenrir ao mesmo tempo e os garotos desataram a correr. A lobisomem foi atrás deles. Ele continuaram correndo mas não adiantava, a lobisomem era muito mais rápida.
A baba do lobisomem já escorria sobre as vestes de Tom quando ele se virou, se jogou de costas, apontou a varinha para a lobisomem e berrou:
- PROTEGO!
Uma barreira mágica envolveu os dois e a lobisomem foi jogado para trás. Quando a lobisomem se levantava, Tom reparou que ela estava cheia de ferimentos horríveis, pelo visto os centauros a atacaram ferozmente. Tom continuou correndo, mas percebeu que a lobisomem não mais o perseguia, agora estava atrás de Fenrir.
- Estupefaça!
Um lampejo vermelho saíra da ponta da varinha de Fenrir e atingira a lobisomem no rosto. A lobisomem caiu imóvel.
- VEM, RIDDLE!
Tom seguiu Fenrir Greyback até um caminho desconhecido. Eles continuaram correndo por uma hora e meia, até não aguentarem mais e ficarem sem fôlego.
Fenrir se largou sobre um toco de árvore.
- Um lobisomem! - resmungou ele. - Estamos sendo perseguidos por um lobisomem!
- Acrescenta mais três coisas ruins aos seus resmungos - falou Tom.
- O que? - perguntou Fenrir.
- Estamos sendo perseguidos por um lobisomem, perdidos, na Floresta Proibida e está provavelmente cheio de criaturas perigosas nos rodeando - falou. - E também não temos nenhuma noção de tempo.
- Quanto à isso não há problema, eu tenho relógio - falou Fenrir.
- E que horas são? - perguntou Tom.
- São... putz! Devemos ter passado muito tempo procurando o lobisomem. São três e meia da manhã.
- E agora, para onde vamos? - perguntou Tom.
- Não sei. - falou Fenrir.
Ficaram sentados conversando por mais uma hora, quando Tom comentou:
- Acho melhor sairmos daqui e tentar achar o caminho de volta.
Eles se levantaram e continuaram andando.
- Ouviu isso? - horrorizou-se, Fenrir.
- Desculpe, acho que estou passando mal, não deu pra segurar - comentou Tom.
- Não isso. O som de alguém se aproximando.
Tom ouviu um rosnado e se assustou. Olhou para o lado, e viu a lobisomem adiante.
- Fica de boca calada e sai de fininho daqui - murmurou Tom para Fenrir.
- Por que? - perguntou Fenrir em um murmúrio.
- Olha para a sua esquerda - pediu Tom.
Fenrir olhou diretamente para a lobisomem e soltou um guincho, ao que a lobisomem olhou para eles.
- Viado! - xingou Tom.
A lobisomem recomeçara a correr atrás dos garotos, e eles começaram a correr para fugir dela. Tom estava totalmente sem fôlego devido à corrida anterior.
- E agora? - perguntou, ainda correndo para Fenrir.
- Relaxa e goza, cara. Não pode ficar pior! - falou ele.
- Falar é fácil, né?
Tom sentiu algo desabar sobre suas costas, e caiu. A lobisomem pularam em cima dele. Ela levantou suas garras e rasgou o ombro esquerdo de Tom com suas enormes unhas afiadas. Tom agonizou de dor.
- Incarcerous! - Uma corda saíra da ponta da varinha de Fenrir, atingindo a lobisomem e a derrubando. Isso deu tempo de Tom escapar.
A lobisomem se livrou das cordas. Avançou para Tom mas não o atacou. Ao invés disso, pulou por cima dele e derrubou Fenrir. Quando o monitor a atingiu com a varinha, ela arranhou o braço do garoto, inultilizando-o, e em seguida mordeu o braço dele.
Fenrir berrou de dor, enquanto Tom observava a lobisomem prender sua carne entre os dentes. Ele não pensou suas vezes, pegou uma enorme pedra no chão, jogou-a, e atingiu a coluna da lobisomem.
Enquanto Fenrir desmaiava, a lobisomem saiu de cima dele e avançou em Tom, ela arranhou Tom várias vezes, até Tom se sentir completamente fatiado. Seus olhos estavam saindo de foco. Um brilho vinha por entre as àrvores e o céu se clareava. A lobisomem saiu de cima dele e ele viu ela se encolher e perder alguns pelos, até que desmaiou.

Ele abriu os olhos, a luz do sol ofuscava sobre Tom e o mato em que estava deitado. Ainda estava na Floresta Proibida. Ele se levantou e olhou para o lado, onde estava Penny Hamirley, deitada, de olhos fechados. Ele corou, sentiu um fogo sobre ele, sentiu suas calças serem puxadas para frente, apertando-lhe o traseiro. A garota estava nua.
Um movimento dele fez as plantas farfalharem. A garota acordou ao som disso. olhou para Tom, todo arranhado e falou:
- Ah, não! Eu fiz isso?
Ela tremeu um pouco de frio e olhou para o próprio corpo. Ela soltou um grito.
- Que foi? - perguntou Tom.
- Eu to pelada, Tom! - respondeu ela, envergonhada.
- Tudo bem, juro que não ligo! - mentiu Tom, observando-a.
- Tarado! - xingou ela. - Enfim, o que aconteceu aqui?
Tom explicou para ela o que aconteceu, e percebeu que sentia raiva da garota à cada palavra da história. Afinal, fora ela que provocara tudo aquilo.
- E você atacou o monitor, Fenrir Greyback. Mordeu ele - informou Tom com arrogância.
A garota ficou sem palavras, chorosa.
- Pelo menos você não se machucou muito - comentou ela.
- Não me machuquei muito, Penny? - Tom perguntou, zangado. - Olhe para mim, você me arranhou, está doendo cada parte do meu corpo, e você ia me morder se o sol não tivesse nascido na hora certa, e você ainda fala que eu não me machuquei.
- Desculpe - suplicou ela.
- Você me fatiou inteiro e ainda acha que desculpas vão adiantar? - perguntou Tom, raivoso. - Você não sabe o terror que eu e o Fenrir passamos essa noite.
Ele sentia uma vontade de fazer o mesmo com a garota, fazer até pior. Tinha vontade de fazê-la pagar pelo que fez.
- Eu não tive a intenção, Tom. - chorou ela.
- Se isso curasse eu até aceitava o que você está dizendo. Eu te savei uma vez, e você me atacou. Acreditei que podia confiar em você, e você me faz isso.
- Eu não podia me controlar, Tom.
Tom sentiu a raiva subir sobre ele. Um fulgor de assassinato passar por seus olhos. Uma vontade voraz de matar se apossar dele.
Ele ergueu a varinha e apontou para Penny.
- O-o que você vai fazer, Tom? - perguntou ela, desesperada.
- Vou fazer você pagar - respondeu ele.
Ele sentiu que conseguiria dessa vez.
- Pare, T-Tom, por f-favo-or - chorou ela.
- Guardei seu segredo por todo esse tempo e você me ataca? Pra mim já chega! Avada Kedavra!
Dessa vez não foi apenas um fio de luz verde que saiu de sua varinha. Um lampejo ofuscante se produziu na ponta da varinha e atingiu Penny. Os olhos da garota saíram de foco e ela tombou no chão. Estava morta.
Tom olhou friamente para o corpo da garota. Não sentia nenhum remorso pelo que acabara de fazer. Pelo contrário. Sentira um extremo prazer em ter matado a garota.
Ele olhou para os lados e localizou um corpo de um centauro. Tirou uma flecha que estava na mão do centauro, caminhou para o corpo de Penny, e cravou-a em seu peito. O sangue morto da garota escorreu de suas articulações paradas.
- Pronto, agora quem te matou foi um centauro - sussurrou Tom.
Ele saiu caminhando de lá, e localizou Fenrir ainda desmaiado no chão, com o braço deformado pela mordida da lobisomem. Ele ergueu-o, passou os braços do monitor por seu ombro, e carregou-o, fazendo muita força.
Ele caíra no meio do caminho. Não só Fenrir era muito pesado, como Tom estava muito ferido.
Ele achou uma pedra enorme no meio do caminho. Pegou Fenrir, colocou-o em cima da pedra, apontou a varinha para ela e murmurou:
- Wingardium Leviosa!
A pedra começou a levitar, com o inconsciente Fenrir deitado em cima dela.
Achou a saída da Floresta em dez minutos. Caminhou em direção ao castelo. Bateu nas portas de carvalho, e elas se abriram. O prof. Dumbledore estava olhando para ele.
- O que aconteceu? - perguntou Dumbledore.
- Chama o prof. Dippet, por favor - pediu Tom.
- Ouvi meu nome? - perguntou uma voz fraquinha.
O prof. Dippet apareceu à porta e olhou para os garotos.
- O que houve? - perguntou, com os olhos arregalados.
- Me ajuda, por favor, professor. Eu te conto, mas nos leva daqui.
O professor concordou com a cabeça, ergueu a varinha e apontou-a para Fenrir:
- Locomotor!
Fenrir se ergueu no ar.
Dippet e Tom seguiram para os aposentos do diretor, acomodaram Fenrir em uma cama, e Tom começou a explicar.
Dippet ouviu a história de Tom calmamente.
- ...então, Fenrir foi mordido e eu saí correndo, me escondi e esperei. Aí quando amanheceu eu saí do esconderijo, peguei o corpo de Fenrir e vim para cá.
- E a srta. Hamirley? - perguntou Dippet.
- Não vi mais ela, senhor.
- Certo, me espere aqui.
Dippet saiu da sala, e Tom ficou sentado olhando para para o aposento.
Meia hora depois o diretor voltou.
- Ah, isso é horrível! - resmungou ele, visivelmente abalado.
- O que houve, professor? - perguntou Tom.
- Eu sei que vai parecer chocante para você Tom. Eu encontrei a srta. Hamirley morta na floresta. Pelo visto um centauro a atingiu no peito com uma flecha e ela não resistiu. acabei de mandar uma coruja para os pais da garota.
Tom abriu a boca, mas fechou-a em seguida, sem saber o que falar.
- Acho melhor você ir à Ala Hospitalar, a Madame Morfy deve cuidar desses ferimentos. Quanto ao sr. Greyback, acho que ele deverá ir ao St. Mungus. Ele nunca mais voltará a ser o mesmo. Ah, isso é uma tragédia!
Tom retirou-se da sala do diretor, sorrindo. Conseguira se vingar, executara uma Maldição da morte com perfeição e ninguém descobriu nada.

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