Alvo Dumbledore
Uma semana se passou desde o episódio na caverna. Todas as viagens para o lugar foram suspensas. Tom estava em seu quarto esperando o homem que prometeu que viria.
Um grito de Emily, a secretária da sra.Cole, ecoou do andar de baixo.
- SRA.COLE!
A sra. Cole começou a falar alto:
- Já estou indo. Vá à cozinha esquentar a janta. E Raley, feche as janelas e leve o iodo para Marta lá em cima, Carlinhos Stubbs andou descascando as perebas outra vez e Erico Whalley está se esvaindo nos lençóis, e ainda por cima com catapora.
Ela parou instantaneamente de falar. Então Tom esperou. Meia hora depois a porta do quarto se abriu e a sra.Cole entrou e falou:
- Tom? tem uma visita para você. Este é o sr. Dumberton... desculpe, Dunderbore. Ele veio lhe dizer... bem, vou deixar que ele mesmo diga.
Um homem entrou o quarto e a sra.Cole fechou a porta. Tom boquiabriu-se quando viu a aparência do homem. Era um homem alto, com barbas e cabelos acaju. Usava um terno peludo e muito estranho. Ele tinha olhos azuis cintilantes, e, quando olhou para Tom, o garoto teve a sensação de estar sendo radiografado.
- Como vai, Tom? - Perguntou o homem adiantando-se e estendendo a mão.
Tom hesitou, nervoso. Depois apertou a mão do homem. O homem pusou uma cadeira de madeira para junto de Tom. o garoto olhava o homem, nervoso.
- Sou o professor Dumbledore - apresentou-se o homem.
Tom, de repente, ficou preocupado.
- Professor? - repetiu Tom, sem entender. Ele estava começando a ficar aterrorizado. - É como um "doutor"? Por que está aqui? Ela o trouxe para me examinar?
Ele apontou para a porta de onde a sra.Cole acabara de sair.
- Não, não - respondeu Dumbledore sorrindo.
- Não acredito no senhor. - Trovejou Tom - Ela quer que me examine, não é? Fale a verdade!
Tom falou as três últimas palavras, com tom de quem ordena algo. Aquele homem era um mentiroso. Professor? Não! Aquela louca devia tê-lo mandado para examiná-lo. Ele olhou em tom de desafio para Dumbledore, que estava sorrindo. Ele parou de encararo homem, mas ainda desconfiava dele.
- Quem é o senhor?
- Eu já lhe disse. Meu nome é Alvo Dumbledore, e trabalho em uma escola chamada Hogwarts. Vim lhe oferecer uma vaga em minha escola, sua nova escola, se quiser ir.
Tom ficou furioso. Que mentira desvairada era aquela? Escola? Como poderia ir à uma escola se não conhecia ninguém fora do orfanato. nem mesmo sabia quem eram seus pais. Ele pulou da cama e se afastou de Dumbledore. E começou a falar:
- O senhor não me engana! O hospício, é de lá que o senhor é, não é? "Professor", claro, pois eu não vou, entende? Aquela gata velha é que deveria estar no hospício. Nunca fiz nada a Amadinha nem ao Dênis Bishop, e o senhor pode perguntar, eles dirão ao senhor!
- Eu não sou do hospício - replicou Dumbledore pacientemente. - Sou professor e, se você se sentar e se acalmar, posso lhe falar sobre Hogwarts. É claro que se você preferir não ir, ninguém irá forçá-lo...
- Gostaria de ver alguém tentar - desdenhou Tom.
A história daquele estranho era ridícula. Dumbledore falou como se não tivesse ouvido o que Tom acabara de dizer:
- Hogwarts é uma escola para pessoas com talentos especiais...
- Eu não sou louco! - Enfureceu-se Tom.
- Sei que não é. Hogwarts não é uma escola para loucos. É uma escola de magia.
Tom congelou. Pelo visto o homem não tivera muito tempo para ensaiar a história. Olhou para o rosto de Dumbledore, procurando algum vestígio de mentira em seu rosto. Então falou:
- Magia?
- Exato.
Tom percebeu, pelo olhar do homem, que ele provavelmente não estava mentindo.
- É... é magia, o que eu sei fazer?
- Que é que você sabe fazer?
A excitação tomou conta de Tom. Ele desatou a falar:
- Muita coisa. Sei fazer as coisas se mexerem sem tocar nelas. Sei fazer os bichos me obedecerem sem treinamento. Sei fazer coisas ruins acontecerem a quem me aborrece. Sei fazer as pessoas sentirem dor, se quiser.
Ele começou a tremer. Sentou na cama e começou a olhar para baixo, pensanso. Ao falar as duas últimas frases à Dumbledore, ele se lembrou do que aconteceu à Amada e Dênis na caverna.
- Eu sabia que era diferente. Sabia que era especial. sempre soube que havia alguma coisa.
- Bem, você estava certo - disse Dumbledore, que já não sorria, mas observava Tom com atenção. - Você é um bruxo.
Tom ficou inesperadamente mais feliz do que estivera na vida. Então ele era mais especial que os outro? Podia fazer magia? Ele era, então, superior às crianças do orfanato? Ele ergueu os olhos para Dumbledore e perguntou:
- O senhor também é bruxo?
- Sou - respondeu Dumbledore.
Tom olhou para o homem. Estava na hora de obter respostas. Descobrir se tudo aquilo era verdade ou uma desculpa para interná-lo.
- Prove - ordenou ao homem.
Dumbledore ergueu as sombrancelhas e falou:
- Se, como imagino, você estiver aceitando a vaga em Hogwarts...
- Claro que estou!
- Então, vai se dirigir a mim, chamando-me de "professor" ou de "senhor".
Tom pensou que o homem estava de brincadeira com ele. Parou de sorrir. Acabara de conhecer Dumbledore , e o homem queria que ele mostrasse esse respeito por ele? Quem ele pensa que é? No entanto, pensou Tom, acho melhor seguir o jogo dele se quiser descobrir mais sobre Hogwarts.
Falou, então, mais educadamente:
- Desculpe, senhor. Eu quis dizer: por favor, professor, pode me mostrar...?
Dumbledore puxou uma vara de madeira do bolso, acenou-a e, de repente, o armário de Tom começou a pegar fogo.
Tom urrou de fúria. O homem estava queimando todos os seus bens pessoais. O garoto avançou para Dumbledore, e, no instante em que agiu, o fogo do guarda-roupa se apagou.
Tom, surpreso, olhou do armário para Dumbledore, e, em seguida, olhou para a vara de madeira na mão de Dumbledore, e, conectando o que aquilo acabara de fazer e percebeu que aquilo devia ser uma varinha mágica. Olhou, cobiçoso para ela. Nunca na vida desejara tanto algo. Apontou para a varinha e perguntou:
- Onde posso arranjar uma dessas?
- Tudo a seu tempo - respondeu Dumbledore. - Acho que tem alguma coisa querendo sair do seu guarda-roupa.
Tom, então, ouviu algo chocalahndo baixinho de seu armário. Então, o medo apossou-se dele. eram os objetos roubados. Se Dumbledore visse aquilo, ele provavelmente nunca iria à Hogwarts.
- Abra a porta - ordenou Dumbledore.
Tom, tremendo de medo, atravessou o quarto e abriu a porta do armário. Quando abriu, viu que, realmente, a caixinha com os objetos roubados estava sacudindo freneticamente.
- Tire-a daí - disse Dumbledore.
Tom apanhou a caixinha que sacudia, nervoso. Agora fudeu! O homem descobriria o que havia dentro da caixa e iria embora, provavelmente contaria, também, à sra.Cole.
- Tem alguma coisa nessa caixa que você não deveria ter? - perguntou Dumbledore.
Tom olhou para Dumbledore. E daí se ele soubesse? Agora que descobrira que era especial, que era superior, nada iria pará-lo. Respondeu, então, numa voz inexpressiva:
- Suponho que sim, senhor.
- Abra-a.
Tom abriu a caixa, e virou-a na cama, msotrando todo o conteúdo. Uma vez fora da caixa, os objestos pararam de sacudir.
- Você os devolverá aos seus donos com suas desculpas - disse Dumbledore calmamente, tornando a guardar a varinha no paletó. - Saberei se fez isso. - E alertou: - Em Hogwarts, não toleramos roubos.
Tom não se envergonhou. Ficou particularmente feliz que Dumbledore não o tivesse proibido de ir à Hogwarts. No entanto, achou melhor responder:
- Sim, senhor.
- Em Hogwarts - continuou Dumbledore - ensinamos não apenas a usar a magia, mas a controlá-la. Você tem usado seus poderes, decerto sem saber, de um modo que não é ensinado nem tolerado em nossa escola. Você não é o primeiro nem será o último a deixar que a sua magia fuja ao seu controle. Mas é preciso que saiba que Hogwarts pode expulsar alunos e o Ministério da Magia, porque existe um Ministério, castiga os que desrespeitam as leis, ainda mais severamente. Todos os novos bruxos têm de aceitar que, ao entrar em nosso mundo, se submetem às nossas leis.
- Sim, senhor - repetiu Tom.
Tom não entendera muita coisa do que Dumbledore falara. Pensara, enquando guardava os objetos no armário, qual era a graça de ser bruxo se não podia fazer o que quisesse? Então até bruxos tinham lei? Tom sempre odiou leis.
Em seguida, pensou em um problema mais urgente que as leis. Olhou para Dumbledore e desabafou:
- Não tenho dinheiro.
- Isto é facilmente remediável - disse Dumbledore, tirando uma bolsa de couro do bolso. - Há um fundo em Hogwarts para os que precisam de ajuda para comprar livros e vestes. Você talvez tenha de comprar alguns livros de feitiço e outras coisas de segunda mão, mas...
Tom pegou a bolsa de dinheiro, sem agradecer e interrompeu Dumbledore, perguntando:
- Onde se compram livros de feitiço?
- No Beco Diagonal. Trouxe sua lista de livros e materiais escolares. Posso ajudá-lo a encontrar tudo...
Tom ergueu a cabeça e perguntou:
- O senhor vai me acompanhar?
- Certamente, se você...
- Não preciso do senhor - retrucou Tom. - Estou acostumado a fazer tudo sozinho. Ando por toda a Londres desacompanhado. Como se chega a esse Beco Diagonal... senhor?
- Aqui está sua lista de materiais - disse, entregando um envelope ao garoto. - Você deverá ir à Londres e procure no Centro Comercial um lugar com um letreiro escrito "Caldeirão Furado". Você o verá, embora à sua volta os trouxas não o vejam. pergunte por Tom, o dono do bar, é fácil lembrar, porque ele tem o mesmo nome que você...
Tom fez um movimento de irritação.
- Você não gosta do nome "Tom"? - perguntou Dumbledore, gentilmente.
- Tem muita gente com esse nome. Mas meu pai era bruxo? Ele também se chamava Tom Riddle, me disseram.
- Receio não saber dizer - respondeu Dumbledore em tom gentil.
Tom pensou e começou a dizer mais para si mesmo do que para Dumbledore:
- Minha mãe não deve ter sido bruxa ou não teria morrido. Deve ter sido ele. Muito bem, depois de comprar tudo o que preciso, como vou para essa tal Hogwarts?
Tom ficou se perguntando onde ficava esse lugar desde que começara a acreditar que era bruxo.
- Todos os detalhes estão na segunda folha de pergaminho no seu envelope - informou Dumbledore. - Você embarcará na estação de King's Cross no primeiro dia de setembro. Há também um bilhete de trem aí dentro.
Tom assentiu. Então iria de trem para a escola?
Dumbledore se levantou e estendeu a mão. Tom a apertou e decidiu desabafar à Dumbledore seu poder mais estranho:
- Posso falar com as cobras. Descobri isso quando fui ao campo, nos passeios, elas me acham, sussurram para mim. Isto é normal nos bruxo?
Tom percebeu o olhar hesitante de Dumbledore e temeu que o fato de falar com as cobras o tornasse uma aberração tanto no mundo máginco quanto no não-mágico.
- Não é normal - respondeu Dumbledore. - Mas há ocorrências.
Tom Riddle e Dumbledore se encararam por um momente, então o apreto de mão se desfez e Dumbledore se dirigiu à porta. Virando-se falou:
- Até mais, Tom. verei você em Hogwarts.
E fechou a porta.
Tom se largou na cama. Fechou os olhos, suspirando e penso nas aventuras que o aguardavam.
A porta do quarto se abriu e a sra.Cole entro e perguntou:
- O que o sr.Durbenton queria, Tom?
- Ele disse que eu vou para a escola dele.
- É. Ele insinuou algo assim.
Ela fechou a porta.
Uma onda de felicidade invadiu Tom. Ia deixar aquele lugar horrível. ia finalmente para um lugar onde seria feliz.
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