▪ De Pior à Melhor



▪ Capítulo Dois: De Pior à Melhor



Severus ficou parado olhando para o portão do parquinho, sem saber o que fazer em seguida. Não queria continuar no parquinho: estava morrendo de fome. Entretanto, também não queria voltar pa-ra casa. Sentou-se no chão e ficou pensando. Tudo tinha dado errado naquele dia, desde a briga dos pais até aquele momento.
Pensou por um bom tempo, até que decidiu que voltar para a casa seria a melhor solução. Uma hora ou outra teria que voltar. Teria que encarar o pai, com quem fora injusto, e a mãe, com quem se decepcionara.
Já tinha dado dois passos em direção ao portão do parquinho quando viu Lily entrando. Parecia que estava tentando não ser vista pela irmã. Snape parou de chofre, muito surpreso que ela tinha vol-tado. Então, uma onda de felicidade perpassou pelo rosto de Severus: algo, enfim, daria certo naquele dia. Lily se aproximou de Severus. Ficaram se olhando por um tempo. Lily foi quem quebrou o silêncio, dizendo:
– Então é isso?
– Isso!? – Severus não conseguiu entender o que Lily quis dizer com “Isso”.
– É isso? Eu sou mesmo bruxa? Essa é a explicação para todas aquelas coisas estranhas que eu fiz?
– Ah! É, é isso. – Severus não conseguiu pensar em mais nada para dizer a não ser isso.
Lily ficou olhando para Severus. Este último conseguiu ver claramente que havia dúvida nos olhos dela. Por fim, Lily abriu a boca para falar, mas Severus foi quem falou:
– Olhe! Eu não quero que pense que sou louco nem nada parecido. Só quero que acredite.
– Mas... é que é tão difícil acreditar. Bruxos! Isso parece coisa de conto de fadas. – disse Lily, e abai-xou os olhos.
– Eu sei. Só peço que confie em mim. – e um tom avermelhado se espalhou pelas bochechas páli-das de Severus ao dizer isso.
Lily levantou os olhos. E então, para a surpresa de Severus, Lily esbravejou:
– Confiar em VOCÊ? CONFIAR? EM VOCÊ? Eu te conheço não faz nem trinta minutos e só o que você pede é que eu confie em você!
Severus ficou mudo. Toda a alegria de seu rosto sumiu e ele ficou olhando, pálido e sem expressão, para os olhos de Lily. Esta pareceu ter notado, porque ficou muito vermelha e apressou-se em dizer:
– Olha, não tenho nada contra você. Não sou igual à minha irmã, sabe. Só que confiança é algo que se conquista; não se pede. Eu te conheço há pouco tempo e toda essa história parece maluquice. É realmente difícil acreditar. Se não fosse por todas as coisas esquisitas que eu faço, eu, sinceramente, a-charia que você estava brincando comigo.
Os olhos dos dois se encontraram e ficaram fixos um no outro. Severus ia dizer algo, mas foi inter-rompido por um grito:
– LILY EVANS! EU NÃO DISSE PARA NÃO VOLTAR A FALAR COM ELE?! ELE É LOUCO!
Era a irmã de Lily, Petunia, que estava parada no portão do parquinho, com as mãos na cintura e a expressão facial totalmente autoritária. Lily ficou muito vermelha; no primeiro minuto Severus achou que fosse de vergonha, mas, então, Lily começou a vociferar com a irmã e Severus teve certeza que era raiva.
– E desde quando VOCÊ me diz com quem EU posso falar ou não? – Lily estava totalmente enrai-vecida pela irmã ter cortado aquela conversa – Fique VOCÊ sabendo que o menino Snape NÃO É lou-co! – e, ficando repentinamente calma, voltou-se para Severus: – A propósito, qual é o seu primeiro nome mesmo?
– Severus. Severus Snape. – Severus disse assustado.
Petunia tinha ficado muito vermelha, olhava para a irmã com ar de incredulidade e Severus teve a certeza de que era muito difícil Lily se descontrolar daquele jeito com a irmã. Petunia baixou os o-lhos, encarando o chão, e disse em um tom rouco e absurdamente baixo:
– Mamãe está chamando para tomar lanche. – e saiu arrastando os pés.
– Muito bem. Diga que já vou. – gritou Lily, para que a irmã pudesse ouvi-la do outro lado da rua.
Lily voltou a olhar Severus e disse em tom de quem realmente estava triste por ter que ir:
– Desculpe, tenho que ir. Mamãe não gosta que eu chegue atrasada quando ela chama; e tenho certeza que ficará brava por eu não ter ido com a Petunia.
– O.k. – respondeu Severus.
Lily deu um beijo no rosto de Severus e estava indo em direção ao portão. Severus tinha ficado sem movimentos, como se tivesse sido petrificado. Olhava bobamente para Lily enquanto esta ia saindo. Seu dia parecia ter ficado muito melhor depois do beijo.
Um homem de rosto magro e pálido tinha acabado de entrar no parquinho quando Lily parou i-nesperadamente ao portão. Olhou para Severus, que se apressou em tirar aquela expressão boba da cara. Lily parecia estar pensando se devia dizer algo ou não. Por fim decidiu falar:
– Hey! Menino Snape! Acho que minha mãe não se incomodaria se você fosse lanchar lá em casa. Se você quiser e se sua mãe deixar você poderia vir comigo. O que acha?
Severus ficou totalmente atrapalhado com a pergunta. Esperava que ela falasse qualquer outra coisa de despedia, e não que fosse chamá-lo para lanchar em sua casa.
– Eu?! Claro... É claro que eu quero, menina Evans. – e abriu um sorriso de orelha a orelha.
Severus foi correndo até o portão e parou ao lado de Lily.
– Sua mãe não se importa? – perguntou Lily meio insegura.
– Ah! Não... Ela não se importa muito comigo. Passa mais tempo preocupada com o sangue-ruim do meu pai. – Severus respondeu enquanto ia subindo a ruazinha que levava à Rua dos Alfeneiros.
– Sangue o quê? – perguntou Lily sem entender a expressão.
– Ah! Nada. É só uma expressão bruxa para trouxas.
– E o que são trouxas? – Lily ficava cada vez mais confusa.
– Pessoas não-mágicas. Como a sua irmã.
– Ah! Acho que vou ter que aprender muito ainda.
Andaram um pouquinho até que chegaram a uma rua extremamente sem graça, absolutamente comum com casarões quadrados, gramados excessivamente bem-cuidados e carros parados na frente. Pararam à frente da casa de número quatro. A casa era ampla e quadrada, como todas as outras, com um pequeno muro na frente do jardim, canteiros de flores e uma estufa. Na frente da porta havia um pequeno tapete, no qual estava escrito “Welcome”. Lily abriu a porta e fez um gesto para que Se-verus entrasse. Severus hesitou: não tinha muita certeza se seria bem-vindo, principalmente por Petu-nia. Lily percebeu a preocupação de Severus:
– Olhe, tá tudo bem. Pode entrar. – e vendo que Severus não se movia, acrescentou: – Sério.
– Acho que não é uma boa idéia, sabe. Acho melhor você falar com a sua mãe, com o seu pai e, principalmente, com a sua irmã.
– Minha irmã não manda em nada. A vida é minha e eu trago quem eu quiser para a minha casa. Não se reocupe com ela.
– Mesmo assim... Acho melhor você falar com eles primeiro.
– O.k. Se você acha melhor. – e dizendo isso, Lily entrou para o hall de entrada.
Severus ficou ali parado, em silêncio. Silêncio esse que foi quebrado pelo grito de Petunia:
– COMO É QUE É?! Não, definitivamente não. Mal conhecemos esse moleque. E, mamãe, ELE CHAMOU LILY DE BRUXA! E A MIM DE TROUXA!
– Trouxa? O que vem a ser isso? – disse uma voz suave e feminina, e Severus suspeitou que fosse da Sra. Evans.
– Eu lá sei. É por isso que eu digo. ELE É MALUCO! E um maluco dos piores, se quer saber. – Petu-nia esbravejava com a mãe.
– ELE... NÃO... É... MALUCO! – Lily gritou – Ele acha que bruxos existem mesmo, e trouxa é um termo usado por bruxos para designar as pessoas não-mágicas!
– ISSO é loucura! Bruxos NÃO existem! – respondeu Petunia.
– Realmente, minha filha! Nisso, tenho que concordar com sua irmã: bruxos não existem! – disse uma voz masculina rouca, porém bondosa. Severus acreditou ser o Sr. Evans.
– VIU? É melhor mandarmos ele embora! ELE É LOUCO! – Petunia insistia.
– ELE NÃO É LOUCO E NÃO VAI EMBORA! E, se querem saber, acho que estou começando a a-creditar nessa história de bruxos.
– Então também está começando a ficar louca! – retrucou Petunia.
– Mamãe, deixe-o entrar, por favor! Ele é um cara legal e é só um lanche. – havia um tom de sú-plica na voz de Lily, e, ao ouvir isso, Severus ficou radiante. O resto da conversa Severus nunca chegou a saber. Depois de ouvir Lily dizendo que ele, Severus Snape, era um cara legal e que ela, Lily Evans, estava começando a acreditar, Severus não se importava com mais nada. Ficou ali parado, sorrindo bobamente para a porta que estava a sua frente. Pensando em Lily o defendendo. Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de Lily, que sorria feliz ao dizer:
– Eles deixaram! Vamos! – e, segurando a mão de Severus, o puxou para dentro. O menino sentiu sua mão se encher de um calor descomunal. No início do dia, achava que esse seria o pior de sua vida. À tarde, porém, sentira que tudo havia mudado. Lily brigara com a irmã por sua causa, estava come-çando a confiar nele, lhe dera um beijo no rosto, o chamara para lanchar em sua casa, insistira para os pais deixarem, o defendera quando lhe chamaram de louco e, principalmente, dissera que ele era um cara legal e pegara em sua mão. Esse dia com certeza nunca mais seria esquecido: nove de dezembro de 1969, exatamente um mês antes de seu aniversário de 10 anos. Esse dia com certeza tinha sido o seu melhor presente de aniversário, e adiantado.


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N/A: Capítulo totalmente feito por mim.! :D

COMENTEM, PELO AMOR DE MERLIN.!

Os comentários de vocês é que me dão impulso para continuar. Estava quase desistindo da fic, porque ninguém comentava o capítulo um. Achava que o povo não estava gostando. Aí eu li o comentário da Kristina e isso me motivou a continuar. Então, peço-lhes que comentem. Fico realmente feliz com comentários.


Obrigado, Rafael Kaleray!

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