Sociedade das Sombras

Sombras 13

Harry mordeu os lábios ao olhar mais uma vez para os amigos na sala de treinamento.

Eles não estavam prontos!

Ainda não estavam suficientemente preparados para o treinamento especial que tinha sido formulado para o feriado de natal.

Hermione ainda dependia demais da visão para conseguir controlar os objetos e Rony ainda perdia o controle sobre a própria força com frequência.

-  Eles vão ser esmagados! – Sirius cantarolou ao seu lado, e Harry se perguntou quando diabos ele tinha chegado ali sem que tivesse notado, seu padrinho estava ficando bom demais em esconder sua própria presença.

- Não use essa palavra, é agressivo demais.

- Tudo bem então, não é como se eu não tivesse sinônimos o suficiente – ele falou dando de ombros -  Abatidos, achatados, comprimidos, pisados, moídos, dilacerados, destruídos, triturados, qual delas você prefere?

- Eu adoraria não precisar usar nenhuma, mas você está certo Almofadinhas, desse jeito eles serão esmagados. – ele finalmente concordou, com um suspiro.

- Não é  culpa sua Harry, você fez o melhor que pode, mas dominar um poder demanda tempo e isso nós não temos, vamos ter que confiar neles para lidar com o treinamento, eles são seus amigos afinal, são sobreviventes. – o padrinho lhe confortou, pondo sua mão em seu ombro, num gesto de apoio.

- Queria poder ser apenas um adolescente normal, com responsabilidades normais, aprender a usar meus poderes sem o peso de uma guerra nos meus ombros.

- Se você fosse um adolescente normal Harry, provavelmente não teria a coragem para se aproximar da Hermione – Harry olhou chocado para o padrinho que continuava a olhar o treinamento, mas mantinha um sorrisinho safado no rosto.

- Do que você está falando?

- Eu vi os olhares! Meu afilhadinho está apaixonado! – Sirius cantarolou, dessa vez sem conseguir segurar o riso.

- Eu não estou! – Harry negou e quase se bateu quando o fez, desde quando ele soava como uma criança contrariada?

- Harry está amando! – ele continuou, ainda mais animado.

- Pare com isso! – Harry gritou escandalizado quando Sirius pulou do sofá e começou a dançar pela sala sempre repetindo “Harry está amando”. No final o menino desistiu e começou a rir do seu padrinho. Afinal quando Almofadinhas tomava conta de Sirius, era impossível para-lo.

H²

- Quem está sequestrando quem agora? – Harry perguntou brincalhão enquanto Hermione continuava puxando-o pelo braço.

- Cale a boca e levanta voo Sr. Potter!

- Me obrigue!

O olhar ameaçador mandado pela morena foi o suficiente para Harry estender a mão para o alto rindo em sinal de rendição e libertar suas enormes asas antes de agarrar Hermione pela cintura e levantar voo com ela firme em seus braços.

- Você vai ficar me devendo uma camisa nova! – ele resmungou, olhando para sua camisa em destruida e Hermione riu, encostando-se ainda mais no corpo do amigo.

- Serve um reparo?

- Se eu quisesse um reparo eu mesmo faria isso!

- Mas essa é minha especialidade! – ela disse, manhosa.

- Não quero saber, eu quero uma camisa nova e fim da discussão! – Hermione riu do biquinho mimado que Harry fazia

- Tudo bem seu mimado, eu te dou uma camisa de natal! – ela concordou rindo.

- Hey, como assim? Isso significa que você ainda não comprou meu presente de Natal? Que tipo de amiga desleixada você é? – ele perguntou, olhando para a garota, se fingindo de chocado.

- Talvez...

- Oh meu Deus! – os olhos de Harry pareceram saltar das orbitas o que gerou um riso gostoso em Hermione.

- Não se preocupe, pequeno consumista, seu presente de Natal já esta guardado em meu baú, mas eu sempre posso adicionar uma camisa a eles!

 - Adicione duas! – ele riu, quando finalmente pousou no mesmo lugar onde eles tinham passado a noite há quase um mês e que tinha se tornado um lugar só deles desde então.

- Hey! – ela gritou, batendo em seu ombro, o fazendo rir.

- O que? Você que disse que eu sou consumista!

- É, mas eu não esperava que você fosse confirmar isso! – ela explicou, saindo do colo de Harry, mas permanecendo perto dele, sem realmente querer se afastar – cadê meu amigo humilde que usava as roupas velhas do primo?

-Descobriu os prazeres da alfaiataria! – Hermione ainda olhou por um segundo inteiro para Harry antes de cair no riso. Ela esperava ver uma sombra nos olhos do amigo quando perguntou aquilo, algo que demonstrasse o quanto a infância dolorida o machucava, mas Harry parecia bem consigo mesmo, e embora ela soubesse que aquelas lembranças nunca deixariam de lhe atormentar, ela pelo menos ficava feliz que ele pudesse brincar livremente sobre isso.

- Talvez você pudesse mandar seu alfaiate lhe fazer umas camisas customizadas, umas com buracos nas costas – a garota comentou, os olhos fixos nas grandes asas brancas, agora dobradas sobre as costas de Harry, como um escudo, os dedos tocando-as no ponto mais próximo, quase inconscientemente. Tão focada que nem percebeu como o amigo estremeceu levemente com o toque.

- E como exatamente eu iria explicar isso a ele? Ou você espera que eu virasse para o bom homem com um simples “eu preciso de camisas de seda com buracos para meus apêndices extras que de vez em quando aparecem em minhas costas?”, o coitado ia desmaiar ou pior ainda, achar que eu sou louco! – aquilo fez Hermione rir, principalmente ao imaginar a cara de Harry se o tal alfaiate realmente desmaiasse em seus braços.

- Tenho certeza que você pensaria em alguma coisa!

- Ou você poderia pensar por mim! – Harry decidiu, rindo.

- Pensei que esse tempo tinha passado – Hermione comentou, despreocupada, enquanto retirava um cobertor em miniatura do bolso, o retornava para seu tamanho normal e o estendia no chao, deitando-se de forma confortável logo depois.

- Que tempo? – Harry perguntou, “guardando” suas asas, e deitando-se no lado da castanha, que rapidamente enviou um reparo em sua camisa destruída.

- O tempo que você dependia de mim para pensar por você – ela comentou, virando o rosto para encarar os olhos esmeraldas do amigo.

- Talvez para pensar por mim, mas Hermione, eu sempre vou depender de você! – aquela declaração tirou seu fôlego, mas bastou um olhar naqueles olhos brilhantes para que qualquer duvida da veracidade da frase fosse embora e com um sorriso ela procurou pela mão do moreno, entrelaçando seus dedos delicadamente.

Eles não falaram nada após isso, apenas ali, apreciando o silencio confortador que pairava entre eles, os dedos ainda entrelaçados, enquanto o sol ia delicadamente se pondo no horizonte, levando consigo o pouco calor que do dia, mas nenhum dos dois se importou. Nem mesmo quando a noite finalmente recaiu sobre eles, ou eles precisaram conjurar cobertores grossos para se aquecer, ou quando as primeiras palavras quebraram o silencio quase uma hora depois, porque ali, naquele pequeno morro depois do lado eles tinham encontrado ou reencontrado a cumplicidade que acharam naquele banheiro destruído por um trasgo há tantos anos. Sendo sinceros consigo mesmo, eles sabiam que tinham encontrado muito mais que isso.

Por isso não importava as mudanças que aconteciam ao seu redor, tudo que eles queriam era aproveitar a noite como outro, antes que o feriado de Natal recaíssem sobre eles no dia seguinte, e foi isso que eles fizeram, curtiram a noite, se curtiram, entre conversas descontraídas, um jantar raso e constantes toques carinhosos, as mãos, em momento nenhum fugindo do enlace uma da outra.

H2

 - Então...

- Natal! – Stella completou a frase que tinha sido iniciada por Vinicius, no momento que eles pisaram o pé na estação King Cross, saindo do Expresso que os trouxera de volta para Londres.

- Rony, Gina, Harry, Mione! – a voz estridente da Sra. Weasley soou perto deles, antes dos quatro serem enlaçados pelos braços fortes da matriarca ruiva. Harry sorriu quase inconscientemente, com a familiaridade que aquela cena lhe trouxe.

- Harry! – Sr. Weasley cumprimentou de forma mais tranquila, assim sua esposa deixou os garotos respirarem.

- Sr. Weasley! – ele respondeu o cumpriemnto.

- Ah meu menino, eu quase não acreditei quando ouvi que você estava de volta, eu estava tão preocupada, tão preocupada, mas olhe só para você, tão bonito, parece que aquele seu padrinho seu tomou conta de você direito – a mulher tagarelou, enquanto o revistava com olhos e mãos, como se quisesse ter certeza do que falava.

- Você me ofende ao pensar, apenas por um segundo, que seria diferente Molly – Sirius comentou, andando em direção a eles, obviamente tendo acabado de aparatar de Hogsmead até ali. Molly, é claro, apenas revirou os olhos, sem parecer arrependida – prontos? – Sirius perguntou, assim que estava na frente do pequeno grupo, que estava chamando mais atenção do que Harry queria.

- Oras, mas já? – Arthur perguntou, mostrando como ele, também, queria passar mais tempo como o menino que tinha sumido por três anos.

- Sim, sim, vocês realmente precisam ir? Sabe que não gosto tanto disso, a Toca estava aberta para vocês, porque não podem simplesmente passar o feriado conosco? – a Sra. Weasley perguntou, retomando uma discussão que obviamente já tinha acontecido antes.

- Já conversamos sobre isso Molly – Sirius suspirou – além disso, você terá todo o tempo para paparicar as crianças na noite de Natal, o jantar, lembra? – Harry lembrava, claro, afinal, passar a véspera e o dia de Natal na’Toca tinha sido a condição estipulada para que Molly Weasley concordasse sem maiores brigas em deixar seu filho, Harry e Hermione passar o resto do feriado na “casa de Sirius”, ela obviamente também se lembrava, já que pareceu murchar, antes de acenar positivamente com a cabeça.

Vendo o sinal verde, Sirius não demorou a distribuir meias velhas aos adolescentes, exceto Gina, que embora estivesse claramente chateada por não ter sido convidada, se manteve calada, chaves de portal, ele explicou.

- Estamos esperando mais alguém? – Hermione perguntou, apontando para a meia extra na mão do professor.

- Na verdade...oh, lá vem ela! – ele sorriu, apontando para um casal de loiros que se aproximava.

- Luna Lovegood? – Rony quase guinchou ao reconhecer a figura menor, fazendo Harry lhe lançar um sorriso enigmático.

- Xenofilio! – Sirius cumprimentou o loiro exótico que acompanhava a garota, obviamente seu pai, que retribuiu com um firme aperto de mão e um tranquilo “Sirius”.

O loiro, diferente de Molly, apenas abraçou a filha e depositou um beijo em sua testa, com um suave sussurro de “cuidado com os narguilés” antes de se afastar, permitindo sua viagem sem grandes problemas.

- Certo, as chaves vão se acionar – Sirius comentou após entregar a Luna sua própria meia – em 5...4...3...2...

- Um! – Vinicius comentou assim que eles surgiram, uns mais elegantemente que os outros nos terrenos do que apenas poderia ser descrito como um palácio.

- Wow! – Rony arfou, comentando o que estava na cabeça de todos os três que nunca tiveram no local antes.

Harry se virou, olhando com carinho para aquele lugar que havia chamado de lar por mais de um ano.

O lugar, obviamente não era um castelo, mas uma imensa mansão de pedra medieval, com direito a duas torres em cada extremidade, as telhas de um marcando azul escuro suavizando a aparência da casa, assim a imensa piscina logo em frente de suas grandes portas e os jardins imensos que a rodeavam, com mangueiras, coqueiros e diversos tipos de planta que forneciam sombra e cor ao ambiente, o terreno, obviamente não se limitava aquilo e Harry se perguntou qual seria a reação do amigo quando visse o resto, ele sem duvida, lembrava-se da sua.

Sendo assim, o moreno voltou-se aos amigos, um sorriso faceiro projetando-se em suas feições:

- Bem Vindos, a Sociedade das Sombras.

 

 

 

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.