O livro das sombras: Sophia



- Você não vai mesmo me contar onde esteve ontem? - Guilherme perguntou acompanhando a menina a sua frente, que andava ao lado de uma estante de livros da biblioteca, com os dedos passando pelos livros como se estivesse escolhendo o de melhor aspecto.

- Não! Mais alguma pergunta? - Samantha respondeu sem nem olhar para ele. Pegou um livro grande e fino de capa verde. - Já terminou a sua redação sobre ervas da Patagônia? - perguntou a Ayasha, que confirmou - Ótimo, vamos fazer logo o mapa estelar que a prof. Sinistra pediu em dupla - sentou à mesa e abriu o livro que tinha pego na estante, [i]Tratado Estelar de Mercúrio[/i].

Gui ficou parado um tempo olhando para a mesa que estava rodeada de meninas. Sam, Ayasha, Holly, Rosemund e Sarah estavam entretidas em suas tarefas até que Amber, monitora do sétimo ano da Grifinória e irmã de Rosemund, chegou junto com Malena.

- Entretido com a vista, Weasley? - Malena perguntou divertida. Isso fez as meninas levantarem as cabeças, e antes que registrassem o que a monitora-chefe tinha dito, tratou de sair dali.



- Parece que todos vão para casa no Natal! - disse Rosemund na véspera da partida de todos para suas casas. Elas ainda conversavam animadas sobre as tão desejadas férias. - Samantha, o que você tanto escreve? Deixa esse diário e vem para cá! Tem sapo de chocolate à vontade! - disse a Samantha, que estava sentada em sua cama, escrevendo no caderno chinês.

- Não é um diário! - foi a única coisa que disse e voltou a escrever.

As outras meninas continuavam a conversa quando aparentementee tinha terminado suas anotações e Ayasha falava onde ia passar o Natal.

- Acho que vamos ficar em casa mesmo. Wilbert só vai poder ficar para o Natal mesmo, Malena disse que ele não conseguiu muitos dias de folga em Oxford. O curso está cada vez mais puxado. Ai, ai, deve estar mais chato do que nunca!

- Vamos para Edimurgo passar o Natal com a vovó. A comida dela é divina! - falou Holly enrolando os cachinhos com a ajuda de Ayasha e agora de Samantha - E você, Sam?

- Casa, minhas tias, minha irmã, Weasleys... O de sempre!

- E seu avô, sei que você tem um. - disse Rosemund um pouco sonolenta.

- Talvez ele vá. Não sei. - respondeu com pouco interesse.



Faltava pouco para o Natal e já estava nevando muito quando o Expresso de Hogwarts parou na plataforma de sempre.

Morgan desceu com os dois alunos do primeiro ano e os conduziu até as lareiras. Os dois foram para A Toca, de lá ela e Samantha seguiram para casa, já que as lareiras desta não estavam ligadas à rede do Flú.

Gui foi recebido com beijos e abraços da mãe. Depois de um tempo, as mulheres seguiram caminho para casa e lá também foram bem recebidas.

As férias de Natal se seguiram muito bem. Apesar dos "relatórios" semanais para Samara, a loirinha obrigou a irmã mais velha a lhe contar tudo sobre a escola de novo.

Na manhã de Natal, depois de abrirem todos os presentes, Samantha foi até o livro da família para continuar a leitura que sempre fazia quando estava em casa. Para sua surpresa, o livro estava aberto. Não reconheceu a letra, mas ao ler a história viu que já a conhecia, porém nunca tinha visto o que tinha no livro sobre sua avó. Voltou algumas páginas e iniciou a leitura.



[i]
Depois da formatura, Sophia deciciu continuar seus estudos. Bem, isso não é muito comum, geralmente as bruxas se casam. Mas vindo de minha irmã, isso é completamente normal.

Ela continuou trocando cartas com nosso ex-professor de Transfiguração, Dumbledore. Natural, já que ela queria indicações para boas universidades de Magia.

(...)

A sociedade bruxa ficou chocada quando eles se casaram. Todos diziam que era um absurdo Dumbledore se casar com alguém da idade de seu filho. O que é mentira. Ela era mais velha do que Andrew uns cinco anos.

O que mais deixou Sophia furiosa foi que quando Dumbledore derrotou Grindelwald, em 1945. Pareceu que todos eram amigos, fans e idólatras dele desde sempre. Num mover de varinhas esqueceram que ele, apesar de viúvo, se casou com uma mulher mais nova, e pior, uma Warren.

(...)

Sophia começou a se desesperar quando sua terceira filha nasceu, e daí passou a procurar uma forma de impedir a morte de Alvo. Mas ele sempre dizia que "Maldições só têm força se acreditarem nelas".

Mesmo assim ela continuou a procurar uma forma de impedir sua morte. Não sabemos exatamente o que houve, se ela realmente conseguiu achar algo. Só sei que teve uma época que ela sossegou. Isso só durou duas semanas. Quando Sally tinha três anos, Dumbledore, que já estava na diretoria de Hogwarts, encontrou Sophia morta em sua estufa de ervas. Foi suicídio. Ela aparentemente conseguiu burlar a maldição e realmente amou o marido. Amou até um ponto que preferiu morrer a vê-lo morto.

(...)

As meninas estão há cinco anos conosco. Eu e Mary estamos criando elas aqui no Jardim. Próximo ano Sotckard irá para Hogwarts. Ela é tão parecida com a mãe! Inteligente como Sophia. Bom, não tem os olhos violetas, mas mesmo assim lembra muito minha irmã mais velha. Herdou os olhos do pai, na verdade as três. Stock, Morgan e Sally têm os olhos azuis do pai...



Sonja Warren
Agosto de 1955 [/i]



Sempre se perguntara por que o avô ainda estava vivo. Sabia que a avó tinha morrido antes dele e isso talvez o tivesse mantido vivo, mas não sabia que tinha sido suicídio. As tias não falavam muito da mãe, falavam mais das tias, Mary e Sonja. Agora ela entendia o porquê.

Fechou o livro e foi para a cozinha, aquela história tinha aumentado a sua fome.

Na cozinha estavam alguns elfos, preparando o café, e sua tia Stock, preparando uma poção.

- O que a senhora está fazendo? - perguntou Samantha pegando uma torradinha em cima da mesa.

- Samara está com cara de quem vai gripar, estou fazendo este lambedor de hortelã e alho. -Samantha fez uma careta - Nem faça essa cara que você vai tomar uma colher para privinir.

- Estou com fome! - ela disse olhando para a tia, que lhe estendeu uma bandeja de frutas.

- Não coma tudo, senão você fica sem fome para comer na hora certa!

- Até parece! - disse Samantha, comendo mais uma uva. Foi quando ouviu uma musiquinha, vinda das suas costas. Quando se virou, viu que sua mãe estivera sentada este tempo todo numa cadeira perto da porta da cozinha na varanda, do lado de fora da casa, cantarolando e se balançando na cadeira. Tinha no colo uma boneca de pano, linhas e agulhas, aparentemente estava consertando a roupa desta.

- Samantha, vá ver o que sua irmã está fazendo. Desde que seu avô deu para ela aquele pássaro, ela não larga mais ele. - o avô tinha dado uma coruja como presente de natal para a neta mais nova, e para a mais velha uma coleção de livros trouxas. Romances, épicos, dramas da literatura trouxa, todos dentro de um bauzinho que ela colocou no quarto, e escolheu um para começar a lê-los devagar, pois eram muitos.

Decidiu obedecer à tia e saiu da cozinha.

- Samantha... Minha Sam... Ela está em Hogwarts agora, tendo aulas com Morgan. Mas um dia ela vai pra longe... e vai encontrar a solução para tudo... Minha Samara será infeliz, uma viúva infeliz... Mas ela vai encontrar felicidade, tudo graças à Sam...

- Sally, o que você disse? - Stockard parecia nervosa, olhando a irmã. Sally a olhou como se fosse a primeira vez que a encontrasse naquela manhã.
- Querida Stock... lindo dia, não? Quando Dimitri chegar, diga que tenho uma surpresa para ele, sim? - Stock ficou desanimada e se afastou para a cozinha, de volta a seus afazeres. Sally continuava a balançar em sua cadeira. - Samantha... - sussurrou ela - Samantha vai achar a cura... vai ajudar Samara também...



A neve continuou até o dia da volta para a escola. Samanhta pediu que as tias as levassem para conhecerem o Beco Diagonal, mas o tempo não permitiu. E assim todos voltaram para a escola. E o ano letivo seguiu.

Aos poucos o gelo foi abandonando a paisagem e o Sol passou a aparecer mais vezes.

As férias da Páscoa também passaram e com isso a realidade de que prestariam exames no final do ano letivo ficava cada vez mais perturbadora nas mentes dos alunos novatos, já que nunca tinham sido examinados antes. E de certa forma se juntaram aos alunos do quinto e do sétimo ano, que também prestariam exames, só que estes mais importantes.

O mais desesperado era Teodoro, que suplicava por aulas extras dos amigos. Mas por mais incrível que parecesse, até ele se deu bem nas provas.
Pareceu que o ano tinha sido encurtado quando Samantha se viu pisando mais uma vez na plataforma 9 e meia, novamente para voltar para casa.

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