O primeiro dia do resto de nos
Durante os Dias das Bruxas, as Warren sempre faziam um banquete e iam para o terraço do sobrado reverenciar a Lua e festejar as estrelas.
Mas esse ano o dia foi diferente.
Stock convidou os Weasley para o jantar, menos Artur, que estaria de plantão. Mas como Molly teria que se deslocar com seis crianças, e a pequena Gina não tinha completado um mês ainda, Stock achou melhor ela e Samara irem para lá.
Também era aniversário de Samantha, mas esta passaria pela primeira vez longe da mãe, da irmã e da tia Stock. Mas em compensação passaria ao lado de seus novos amigos e com um grande banquete.
Porque mesmo com a época difícil, Hogwarts mantinha sua tradição, que incluía as enormes abóboras da plantação do Hagrid.
Tanto em Ottery St. Catchpole quanto em Hogwarts, ou até mesmo Hogsmeade, ou em qualquer lar bruxo o dia das bruxas foi comemorado com um certo tom de súplica por tempos melhores e esperança de que essa súplica fosse atendida.
E logo depois das festas, todos se deitaram e dormiram. Sem saber que durante esse sono suas súplicas seriam atendidas, porém o preço seria alto. Mais alto, no entanto, para um pequeno bebê que agora chorava na chuva, no meio dos escombros da casa semi-destruída de seus pais. E ao lado do bebê estava o corpo de sua mãe, inerte e sem vida. E mais para baixo o de seu pai, que compriu o juramento de que o protegeria até mesmo com a própria vida.
- Dumbledore?! - o diretor de Hogwarts escutou uma voz impertinente que insistia em tirá-lo de seus mais profundos pensamentos - Dumbledore, por favor, acorde, uma tragédia aconteceu!!
- Eu não estou dormindo, Aneth! O que houve? - disse o velho levantando-se de sua cadeira de diretor de Hogwarts e se encaminhando para um quadro de uma senhora simpática, mas que agora parecia aflita. E na moldura do quadro estava escrito: Aneth Potter.
- Meu neto está morto! - ao ouvir estas palavras, o velho sentiu como se tivesse levado um soco no estômago.
- Thiago? - perguntou com a voz fraca.
- Sim, e sua amada esposa também! Ah, Dumbledore, eu vi tudo. Foi horrível. Depois do jantar, eles ficaram conversando em frente à lareira, parecia que meu bisneto não queria dormir. E então eles escutaram a porta da cozinha se abrindo. Eu o vi, mestre. O próprio Mal em pessoa foi matar o que resta de minha família. Ele e Thiago duelaram enquanto Lílian subiu as escadas com o pequeno Harry. E então meu neto morreu quando estava em cima das escadas. Lílian foi para o quarto com o filho e a partir daí eu só escutei. - enquanto ele escutava o relatório aflito, escrevia vários bilhetes - Ele matou a pobre menina e quando proferiu o feitiço contra Harry, houve uma explosão. Quando voltei ao meu quadro, só vi o corpo de Thiago e o braço de Lílian pendendo para fora do quarto. E tudo o que eu escuto é o choro do bebê! Ele ainda está vivo, Alvo!! Por favor, faça alguma coisa rápido!
- Fawkes, vamos! - e saiu apressado do escritório. Os pensamentos estavam a uma velocidade monstruosa. Entregou vários envelopes a sua fênix e esta, num estalido, desapareceu.
- Hagrid!! - bateu ele à porta da cabana com o pouco do fôlego que lhe restava.
- Acordem! Acordem!
- Ah, Rosemund. Deixa a gente dormir!
- É terça-feira e as aulas só vão começar daqui há horas. - Ayasha disse sonolenta e na outra cama Samantha se afundava mais nos lençóis.
- Não vai haver aula hoje! - Rose disse impaciente, abrindo as cortinas das camas para que suas ocupantes acordassem.
- Como assim?! - exclamou Samantha, pondo-se de pé junto com as outras.
- Os monitores querem todos na Sala Comunal para dar um comunicado! Agora!
As garotas não fizeram mais perguntas. Colocaram seus robes, escovaram apenas os dentes e meio descabeladas se juntaram às outras meninas que desciam as escadas.
- Estão todos aqui? - perguntou Cole Priuet, monitor-chefe, à uma garota que se aproximava.
- Luke teve problemas em acordar uns meninos do primeiro ano.
- Ah, Amber! Eu vou até lá trazê-los pelas orelhas! - e depois de uns cinco minutos ele voltou acompanhado de Luke, o monitor do quinto ano, e de Gui, Troy e turma.
- Bem, as ordens foram para que as notícias fossem dadas a todos. Quem me disse foi o prof. Flittwick. Ele está no comando da escola hoje. Ninguém sabe onde Dumbledore está. E a vice-diretora, prof. McGonagall, foi atrás dele. Mas isso não é motivo para preocupações! - enquanto falava, sua voz ia aumentando de volume, desnecessariamente, pois agora todo mundo prendia a respiração esperando pelo o que viria - Pois as notícias são boas, boas não. Ótimas! - o rapaz esboçou em sorriso meio maluco e sonhador - Você-sabe-quem, aquele-que-denão-deve-ser-nomeado se foi. - o garoto se decepcionou com a reação da sua platéia, pois esta ficou muda, calada. - Gente, vocês não entenderam? Ele se foi. Morreu. Sumiu. Já era! - enquanto ia acrescentando sinônimos para o que aconteceu, a platéia começou a se manifestar - Não sei dizer como, mas ele sumiu, a professora Warren me garantiu que era verdade, mas ela teve que sair também. E não haverá aula hoje. Estão todos dispensados durante o dia todo.
O que se sucedeu a isso foi uma festa sem precedentes na escola de magia. Garotos e garotas de robes para cima e para baixo, comentando e festejando.
O almoço foi o mais maravilhoso de toda a vida de qualquer um ali. Pois todos, de certo modo, tiveram suas vidas afetadas por aquele bruxo. Troy McKinnon, Cole Priuet, entre outras crianças tiveram pai e mãe assassinados por ele ou seus leais soldados. Sem falar nos lares mutilados e famílias destruídas porque um de seus membros se desviou para o lado das trevas ou fora obrigado a se juntar ao Mal.
Depois de onze anos eles tinham o que comemorar. E comemoraram. E brindaram:
- A Harry Potter: o menino que sobreviveu!
Depois das festas, Samantha se dirigiu aos aposentos de sua tia Minerva, mas onde quer que esta tivesse ido, ainda não voltara. O mesmo havia sucedido com Morgan Warren. Então rumou para o escritório do diretor da escola. Uma hora ou outra ele voltaria e talvez tivesse a resposta para sua pergunta.
- Balas de Alcaçuz - disse ao gárgula que guarda a entrada para os aposentos do avô.
Ele havia dado a senha a ela na esperança de que um dia o procurasse, já que a garota ignorava as tias que estavam na escola, e a única correspondência que mantinha com Stockard eram as lições de francês. Apenas a promessa de uma carta todo fim-de-semana para Samara era o que a menina mantinha.
O escritório estava vazio quando entrou. Decidiu esperar ali mesmo, apesar de que a qualquer momento anoiteceria. Sentou numa poltrona próxima a lareira.
Tomou um susto enorme quando Fawkes apareceu do nada em seu poleiro.
- Olá, Fawkes - ao ouvir a voz fina e sonolenta da menina, Fawkes voou até pousar no braço da poltrona em que ela se sentava - Carta para o diretor? - Sam, perguntou alisando as penas douradas da ave e olhando para a sua pata. A ave confirmou picando de leve a mão branca e pequena da menina - Ai, eu não ia pegar. - E assim as duas ficaram em total silêncio, pois todos quadros estavam vazios. E aos poucos a cabeça de Samantha foi pendendo até ela adormecer.
Abriu os olhos devagar, pois a luz do Sol já iluminava todo o aposento. Quando os abriu por completo, viu o fogo da lareira transformado completamente em cinzas. Tentou se mover, mas viu que Fawkes estava toda encolhida ao seu lado.
- Na minha época de estudos, apesar de já fazer bastante tempo, as camas costumavam ser mais confortáveis do que poltronas aumentadas com engorgio!
- Não fui eu que enfeiticei a poltrona! Na verdade, eu nem lembro de nada antes de adormecer. - Samantha respondeu ao diretor, que a olhava de sua poltrona, com um ar um pouco divertido. - Onde o senhor esteve nos últimos dois dias? - perguntou se levantando com a saia xadrez verde completamente amassada. Quando ela se levantou, Fawkes acordou e foi para o seu mestre, entregando-lhe a carta, enquanto este fez com que a poltrona que na madrugada desse dia ele fez aumentar de tamanho para que sua neta ficasse mais confortável voltasse ao normal.
- Em muitos lugares! - disse levianamente, abrindo a carta que a ave trouxe.
A garota se aproximou pé ante pé do bureau do diretor. Este lia atentamente o pergaminho e cada vez que lia Samantha notou que a escuridão de seus olhos se aprofundavam.
- O senhor está triste! Enquanto todo mundo está tão feliz...
- Perdi três pessoas muito preciosas, Sam. Este foi o preço da nossa liberdade. Um preço bem amargo.
- A luz de seus olhos se apagaram da mesma forma que aconteceu no dia em que mamãe voltou para casa. - o velho parou de ler o pergaminho e olhou preocupado para a neta. Ela nunca falara como foi exatamente o seu encontro com a mãe naquele dia das Bruxas, agora há dois anos. - Três? Pensei o bebê Potter tivesse sobrevivido... Harry sobreviveu, não foi?
- Esqueci que você conheceu um pouco os Potter, no dia em que você e Guilherme Weasley despencaram na biblioteca - falou u pouco divertido, na medida em que a situação permitia. Tirou os óculos de meia-lua, depositou-os na mesa e massageou a parte de cima do nariz. O avô nunca parecera tão velho para a menina quanto naquele instante. Mirou a menina como se estivesse esperando uma resposta, mas foi aí que Samantha se lembrou de que fora ela quem fizera as perguntas.
- O senhor não respondeu nenhuma das minhas perguntas.
- É que eu estou esperando você perguntar o que você realmente veio perguntar! - A menina se sentiu fraquejar. Será que ele iria responder para ela? Para uma garota que mal completara onze anos? Sentou na cadeira em frente a ele e tentou desamassar a saia, para ganhar tempo enquanto procuravaas palavras exatas.
O velho olhou divertido e piedoso para a garota a sua frente. Gostava quando Samantha se comportava como uma criança da idade dela. Desde aquele 31 de outubro, há dois anos, isso era muito raro. E ele se sentia culpado por isso, já que a menina tivera que amadurecer muito para compreender o porquê de o avô dela ter precisado matar seu pai. Já que era essa a verdade que a garota conhecia.
- Ele realmente se foi? Quero dizer: Voldemort está morto? - já que não achou a melhor forma, preferiu ser direta.
- Até antes de chegar aqui e ler essa carta - disse apontando para o pergaminho que a fênix lhe trouxera - eu não sabia. Mas agora eu sei... Não. Não, Samantha. Ele não está morto. Seu espírito ficou desprovido de corpo e sem forças, mas não está morto... Já sei para onde ele escapou. E uns amigos já estão vigiando ele e o monitorando. De olho, para garantir que de lá não saia.
- Então por que não o matam, já que está fraco?
- Não creio que ele possa ser morto. Bom, não por ninguém com quem nós possamos contar no momento.
- Onde está essa pessoa?
- Londres, Surrey. Na casa dos tios...
- Harry?
- Você é muito inteligente.
- Ele é a terceira pessoa? - o avô apenas confirmou com a cabeça - Bem, não o perdemos. Ele voltará em dez anos. E virá para Hogwarts.
- É, eu sei. Não se preocupe com esse avô biruta e velho.
- Não se preocupe. Eu não me preocupo. - disse tentando abafar o riso, mas de repente se lembrou de algo. E tirou um papel dobrado do bolso, e desdobrando-o perguntou: - Você foi vê-lo antes de ser preso?
Dumbledore se surpreendeu com a perspicácia dela quando viu que o papel era a notícia da prisão de Sirius Black no Profeta Diário.
- Ele não foi preso só por ter matado essas pessoas, não é mesmo? Ele era o fiel do segredo... Por isso ele nem teve julgamento!
Nesse momento, os habitantes dos quadros começaram a voltar com relatórios para o diretor.
- Você está certa de novo, Samantha. O café já vai ser servido - nesse momento uma batida forte foi ouvida e Hagrid entrou muito atrapalhado e pedindo desculpas.
- Professor, desculpe, preciso falar com o senhor! Olá, Samantha!
- Tudo bem, Hagrid. A srta. Warren já estava indo se preparar para assistir às aulas.
Ela notou que não era mais bem-vinda ali e desejou um bom-dia a todos, retirando-se em seguida. Olhou para o relógio e viu que tinha que correr se pretendia se arrumar para assistir às aulas e comer.
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Bom, como o do capítulo anterior, o título desse é muito grande, logo vou colocá-lo aqui em baixo!
O primeiro dia do resto de nossas vidas.
COMENTEM POR FAVOR!!
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