A natureza humana é mesmo estr



Ao voltar para o dormitório, Samantha notou que Ayasha não estava lá. Todas as outras garotas já estavam deitadas.

Ela tentou dormir em vão, o sono simplesmente não vinha. Parecia que Morfeu queria lhe castigar pela grosseria que acabara de fazer.

Rolou na cama por alguns minutos, e depois do que pareceu uma eternidade levantou-se. Não ia conseguir dormir até a garota voltar, logo decidiu ir atrás dela.

"Ela não deve ter ido muito longe. Deve está na Sala Comunal." Acertou. Aparentemente, Ayasha adormecera numa das poltronas perto da lareira.

- Ayasha? - Samantha chamou timidamente. A única resposta foi um resmungo sonolento. Sem paciência, a garota sacudiu um pouco os ombros da dorminhoca.

- O que é que você quer? - Ayasha se endireitou na poltrona, olhando para a outra menina que se sentava educadamente na beirada da cadeira seguinte, como se estivesse tomando chá com a Rainha.

- Bem... Se você dormir aqui, vai acordar com dor nas costas - Samantha desconversou.

- Desde quando você se importa?

Samantha pensou em responder: "Eu não me importo." Mas só pensou.

- Na verdade, eu vim dizer para você não ligar para o que eu disse. Eu estava com raiva e descontei no primeiro que eu tive oportunidade. Infelizmente foi você.

- Mas eu não fiz nada contra você!

- É... eu sei. Mas mesmo assim eu gostaria de pedir... - mas ela parou como se estivesse analisando novamente toda a situação.

- Desculpas? - a morena completou.

- É, acho que é esse a palavra.

- Ta, tudo bem. - Houve um silêncio. Samantha notou o interesse da menina pelos seus olhos violetas. Detestava quando faziam isso e desviou o olhar para as últimas brasas da lareira.

- Posso te perguntar uma coisa? - Ayasha falou se encolhendo na poltrona. "Contanto que não seja se meus olhos são naturais ou enfeitiçados." Samantha pensou.

- Você já perguntou! - deu um pequeno sorriso, o primeiro desde que tinha chegado a Hogwarts - Estou brincando... Pode sim.

- Por que você estava com raiva?

- A palavra ideal não é raiva, e sim frustrada. - Samantha começou a falar desde o começo. Nunca tinha falado tanto assim em toda a sua vida. Talvez porque nunca tivesse uma ouvinte tão atenciosa. Contou a Ayasha como foi tediante ficar presa no Jardim das Fadas nos últimos anos., o quanto ficou com raiva quando não pôde ir ao Beco Diagonal, mais raiva por ter que chamar suas tias de Professoras.

- A MacGonagall e a Warner são suas tias?

- É Warren. São sim. A Warren é irmã da minha mãe e a MacGonagall é viúva de meu tio Andrew. Ele era filho do primeiro casamento do meu avô. Foi o primeiro a ser morto por Voldemort, nem lembro dele. - a menina gordinha paralisou ao ouvir o nome que não deve ser pronunciado. - Aí Minerva voltou a usar o nome de solteira. Ela disse que o nome Dumbledore é um fardo muito pesado para se carregar... O que houve?

- Você... disse... o nome... de você-sabe-quem...- gaguejou a ouvinte.

- Ah, isso. Meu avô diz que ter medo do nome só faz o medo da coisa em si aumentar... ou algo parecido... deixa para lá... Não falo mais na sua frente se você quiser... Onde eu parei?

- Eu agradeço. Você estava dizendo que... Dumbledore é seu avô? - perguntou a menina de repente, quase assustando Samantha.

- É sim. - Samantha respondeu novamente entediada -Agradeceria se não espalhasse.

- Pode deixar. Uau... Deve ser chocante...

- Não, não é. - cortou a menina - Ele trabalha demais. Ultimamente não tem tempo para nada. Não quero falar sobre isso. Me fala da sua mãe? A história deve ser interessante. Eu não prestei atenção, desculpa. - Samantha se surpreendeu ao dizer tão naturalmente a última palavra. Mas não teve muito tempo para isso.

Se tivesse prestado atenção a história de Fátima Murray, talvez não estivesse com tanta raiva.

- Ela é marroquna e, é claro, nasceu numa família muçulmana. Seu casamento já estava acertado antes dela completar um ano de vida. Mas como a mãe dela, ela nasceu bruxa. E os muçulmanos não aceitam muito bem a bruxaria. As comunidades bruxas de lá são muito fechadas. E minha avó não pertencia a ela.

"Em segreedo, minha avó ensinou ela. E na noite anterior a festa do casamento dela, ela figiu."

"Com a ajuda da magia, entrou num navio como clandestina e cruzou o estreito de Gibraltar até a Espanha e de lá veio para a Inglaterra."

- Por quê? Quero dizer: entre a Inglaterra e o Marrocos tem a Espanha, Portugal e França.

- Ah! Ela só falava árabe e inglês. Bom, ela achava que falava inglês. - nesse momento Ayasha deu um sorriso confidencial - Sofreu para aprender direitinho. Até hoje quando ela está brigando com um de nós ela mistura o árabe com inglês. Aí ninguém entende mais nada.
"Depois conheceu o meu pai, que é médico. E só conseguiu fazer contato com a sociedade bruxa inglesa quando Malena nasceu."

- Malena?

- Minha irmã. Sétimo ano, Corvinal.

- Quantos irmãos você tem?

- Quatro. O mais velho é o Wilbert, ele nasceu trouxa e estuda medicina. Depois tem o Saul, que terminou Eton ano passado. A Malena e o Chad... Já te falei do Chad.

- É mesmo.

- E você?

- Eu o quê?

- Só tem a Samara? - a essa altura ela já tinha falado da irmã.

- Só. Ela é legal. Próximo ano você irá conhecer.

- Seus pais são bruxos?

- São.

- Estudaram em Hogwarts? - dessa vez Samantha só confirmou com a cabeça - Ah! De novo não! Eu falei a história da minha família e agora você só balança a cabeça!

- Tudo bem... - suspirou cansada, aquela conversa tomou o rumo que ela não queria - Minha mãe foi da Grifinória e meu pai da Sonserina.

- Sério? Bom... Ela deve está feliz. - Ayasha completou receosa.

- Não. Ela não deve nem saber. Mas o que eu queria mesmo era está na Sonserina...

- Por quê? - Ayasha interrompeu.

- Porque... Não sei... Meu pai sempre disse que era a melhor casa...

- É mentira! - dessa vez Ayasha levou a mão a boca, surpreendida com a própria ousadia e a falta de educação - Desculpa. Não tenho o direito de chamá-lo de mentiroso. - mas Samantha só olhava para ela do mesmo jeito inexpressivo que ela olhava para uma das tias quando elas brigavam com ela ou falavam do pai ou da mãe.

- Tudo bem. Deve ser mentira mesmo. Só mais uma das mentiras dele.
- Não! Não fale assim do seu pai!

- Você está defendendo o meu pai? - Samantha riu da ironia - Não precisa ter respeito por ele. Ninguém o tem. Nem pelo fato de estar morto. Mesmo a morte sendo fonte de respeito para a maioria: "Deve-se respeitar os mortos." - Ela citou o que a maioria das pessoas dizem - Não! Isso não se aplica a Dimitri Grindelwald - suspirou cansada. Desde a morte do pai há quase dois anos ela não pronunciava seu nome. - Não o respeite. Ele matou muitos como você. E agora conversando com você eu vejo que tudo o que ele disse era mentira.

- Você é filha de um Comensal da Morte? - ao ver a cara de surpresa de Samantha, a morena completou - Eu leio os jornais. Ontem saiu uma sitação sobre ele no Profeta Diário.

- No Jornal? Ah! O que dizia? É que eu estava tão ocupada ontem que não deu tempo!

- Eu peço para o meu pai mandar para mim, ele gosta de artefatos bruxos. Mamãe só deixa ele ficar com o jornal. Ele é um desastre se tratando de bruxaria.

- Ótimo! Eu te empresto Freya, minha coruja.

- Combinado! - depois de uns segundos de silêncio, Ayasha se lembrou - Ah, por que você disse que sua mãe não deve nem saber que você está na Grifinória?

- Ela ficou muito doente depois que ele morreu. Bem, ela não se interessa muito pelo mundo ao seu redor... Olha a hora! É melhor a gente dormir. Nós temos aula amanhã bem cedo.

Ayasha aparentemente achou melhor não insistir no assunto e também estava com sono, apesar da conversa estar interessante. E assim as duas foram dormir.

Samantha não fazia idéia do que acabra de acontecer. Ela nunca havia conquistado algo só para si antes. Samara era sua irmã, e os garotos Weasley já eram tão próximos que poderiam ser considerados parentes. Mas agora ela conquistara algo sozinha. Sem ajuda do dinheiro ou de suas tias. Tinha conquistado um grande tesouro e nem sabia disso.




Um mês depois que Freya voltou com a resposta do Sr. Murray de que enviaria o jornal assim que tivesse tempo de procurá-lo, pois estava com trabalho praticamente dobrado, tanto no hospital como no consultório, um garoto de olhos verdes que contrastavam com a pele muito morena e com um sorriso lindo se aproximou da mesa da Grifinória, onde Ayasha e Samantha estavam santadas junto com outros primeiranistas.

- Hey, Bom-bom?! - disse animado, fazendo Ayasha virar para ele com raiva, e encarando mal-humorada os outros garotos que o acompanhavam.

- O que é que você quer, Chad?

- Nada de interessante... E aí?! Hum, animada por ser a única na família que não está na Corvinal? Tsc, tsc... Será que faltou inteligência?

- Chad, diz logo o que você quer e cai fora! E para sua informação, papai e mamãe ficaram tão felizes que vão me dar um presente super especial! - o garoto riu da menina e virou o rosto para os acompanhantes da irmã e pela primeira vez ele pousou os olhos em Samantha.

- Sabe, maninha, até que não foi má idéia você ir para a Grifinória… - disse piscando para Samantha, o que a fez corar violentamente - Mas eu só vim mesmo entregar esse jornal atrasado para você! - disse entregando o jornal à irmã e olhando divertido para Samantha, que não sabia se ria de volta ou chateava-se com um garoto tão pernóstico, até que se dicidiu.

O garoto olhou meio estranho para ela, como se estivesse na dúvida entre rir e fazer cara feia.

- Gostei! Um a zero, branquinha. Tchau, Bom-bom, a gente se ver! - e assim ele e sua turminha se afastaram.

- Você esqueceu de dizer que seu irmão é um chato! - Gui falou indignado com a atitude do garoto.

- Ele só assim na frente desses idiotas! Quando não precisa ser O Chad, chefe da gangue, aí ele é legal. Ah, Malena é que coloca ele no lugar dele. Pena que ela vai se formar esse ano. Sam, lê logo a notícia sobre o seu... O seqüestro. - completou ao se lembrar da promessa que fez para a amiga, de que não revelaria nenhum de seus segredos.

- Pode deixar, Bom-bom! - Samantha disse ao mesmo tempo em que abria o jornal e tentava desviar de um pãozinho que Ayasha jogou nela.



[i]Duendes brutalmente assassinados

(por Emereth Brown)



Mais um crime que choca a nossa sociedade.

Ontem o Banco Gringotes chamou aurores do Ministério para lhe auxiliarem. Comensais da Morte tinham tomado como refém toda uma família de duendes em Nottinghan para obrigar o banco a pagar uma quantia de dois milhões de galeões como resgate. Uma das exigências era que o Ministério ficasse fora do caso.

Infelizmente, o desfecho não foi nada agradável.

O banco, secretamente, pediu o auxílio do Ministério, como informou nossa fonte. Mas suspeita-se de que alguém de dentro do Ministério informou aos seqüestradores.

Quando os aurores chegaram à zona rural de Nottinghan, onde ficava a casa dos seqüestrados e possível cativeiro, tudo o que encontraram foi uma cena horrenda.

Aparentemente não usaram magia para matar as vítimas. Nossa fonte informou que ainda não conseguiram identificar todos os corpos.

A barbárie pode ser comparada àquelas que são atribuídas à Dimitri Grindelwald, morto por Alvo Dumbledore em batalha há dois anos. Ele era considerado o braço direito de você-sabe-quem.

Essas são as informações confirmadas sobre Grindelwald. Mas não podemos esquecer da Sangrenta Trindade, cujo comando está associado à ele. Apesar do Ministério afirmar ser um boato, de acordo com todos você-sabe-quem tem os seus líderes e prediletos. E assim eles seriam chamados, Sangrenta Trindade. O que nos leva a pensar em três Comensais da Morte de maior confiança. E se realmente são três e um está morto, ainda tem dois à solta.

O que nossa sociedade espera que o Ministério apure com afinco...[/i]




- O Ministério tem mais o que fazer do que investigar todos os boatos que aparecem! - disse Gustavo com a boca cheia de torrada e geléia.

Fazia um mês que as aulas tinham começado. O Sr. Murray tinha demorado a enviar porque nesse período ele tinha tido muitas emergências no hospital e só pudera enviar o jornal naquele dia.

- O que é que você acha? - perguntou Gui à Samantha, que estava sentada a sua frente, ao lado de Holly e Ayasha. Tinha o jornal nas mãos e ainda lia em silêncio o restinho da reportagem, que falava do possível motivo da necessidade de dinheiro dos bruxos das trevas.

- Que Emereth Brown é um insensível, por nem mencionar o nome dos pobres duendes, como se eles não fossem ninguém! - disse séria, mas fechou o jornal e o guardou na mochila - Mas ao menos ele é esperto: Trindade, três pessoas. Um morto. Três menos um é igual a duas pessoas vivas. - nesse momento todos riram. A menina já estava mais "sociável", como Ayasha dizia. Já falava com as outras crianças normalmente. E já tinha um relacionamento muito melhor com Holly. Só ela e Rosemund é que não se batiam muito bem. Talvez pelo fato da menina se pentear tanto e se achar tão linda, e do regime de servidão que ela mantinha Sarah, ou que essa se mantinha. Depois do primeiro desentendimento no dormitório que fez a monitora Lore, do quinto ano, levá-las até a professora McGonagall, que rendeu na primeira detenção de Samantha e Rosemund, elas fizeram um pacto de "cessar fogo", para não se prejudicaram mais. Isso também resultou num berrador de tia Stock.

Tirando isso, a garota estava indo muito bem, mas não tão bem quanto Guilherme.

O garoto fizera amizade com todos do seu dormitório e em um mês já parecia que se conheciam há anos. Mas todos estavam indo bem.

As aulas eram outro assunto. O único do grupo que não era muito de estudar era Teodoro, mas como a única coisa que os meninos faziam eram os deveres que os professores passavam, ele se obrigava a isso, pelo menos. Já com as meninas era diferente. Holly e Ayasha eram mais lentas que Samantha. Quando ela terminava suas tarefas, as outras duas ainda precisavam de mais tempo. Então Samantha ficava na biblioteca, seu local predileto da escola, vendo os livros, ou lendo, ou se adiantando nas matérias. Continuava com as lições de francês, tia Stock mandava pilhas de exercícios toda sexta-feira, mas isso ela também tirava de letra.
Eles estavam tomando o café demoradamente, como faziam toda sexta-feira. Era como uma preparação espiritual para o que viria.

É que na sexta-feira pela manhã eles tinham aulas duplas de Poções junto com a Sonserina. E desde sua primeira aula com o novato Prof. Snape, eles demoravam o máximo possível que podiam para assim se sentaram nas últimas bancas, já que os sonserinos sempre pegavam as primeiras.

- Sam! Você fez quantos centímetros de redação para o Morcegão? - perguntou Gui. Só faltavam cinco minutos para a aula e eles andavam agora pelo corredor que dava nas masmorras.

- Setenta e cinco centímetros - disse ela apressando o passo.

- Mas ele só pediu cinqüenta! - exclamou ele indignado, agora eles se distribuíam pelas carteiras no fundo das masmorras.

- Eu sei, mas a Prof. Sprout me indicou um livro específico sobre o gênero [i]Asfódelo[/i]...

- Que idiota escreveria sobre essa chatice? - mas Samantha não pôde responder, pois nesse momento o prof. Snape entrou com sua capa preta e seus cabelos gordurosos.

Desde a primeira aula do professor novato praticamente todos tinham aprendido que se deve entrar mudo e sair calado das masmorras. Os alunos do primeiro ano da Corvinal e Lufa-lufa, que tinham aulas juntas, foram os primeiros dessa série a experimentar o veneno do Morcegão.

Os boatos foram muitos, mas a única coisa que se pode afirmar era que Martin Highsmith, lufa-lufa, ia à Ala Hospitalar antes das aulas tomar uma poção para animar, pois sem isso ele se recusava a voltar às Masmorras.



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O nome desse capítulo é : Anatureza humana é mesmo estranha.

Não está entrando ele completo, aí eu estou colocando ele aqui.



Espero que estejam gostando da fic. E digam a sua opinião sobre ela!!!!

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