Besame Mucho
Capítulo Doze - Besame mucho
Harry andava rápido em direção à sala da aula de adivinhação. Cassandra tinha que correr para poder se aproximar dele. Ela chamava, mas ele parecia decidido a ignorá-la.
- Hey Harry! – ela chamou, mas ele não deu sinal algum de que pretendia diminuir o passo – Potter! – ela segurou o braço dele e Harry a encarou, impassível – o que houve?
- Você estava com o Malfoy – ele respondeu quase infantil.
- E você com a Alexa, mas eu não disse nada, disse?
- Não, mas você não teria motivo algum para reclamar! – Cassandra puxou a bolsa para perto de si e tirou uma maçã de lá, ainda estava com fome.
- E por que não? – ela mordeu a maçã, distraidamente – afinal, você reclama cada vez que eu e Draco cruzamos olhares.
Harry empurrou a porta da sala de adivinhação e a segurou aberta para que Cassandra passasse, ela acenou brevemente com a maçã para Rony, no fim da sala.
- Como assim por que não? Não é simplesmente óbvio?
- Bem – ela se sentou ao lado de Rony e apoiou o livro na mesa – não.
- Que tal, porque você me apresentou a ela? Ou porque ela não é da Sonserina, ou porque ela é uma boa pessoa?
- Eu só apresentei porque você pediu – ela deu de ombros enquanto mordia a maçã com vontade
- Quando que eu pedi?
- Oh, não pediu? – ela olhou confusa – bem, eu devo ter sonhado com isso, mas isso não importa realmente, importa?
- Então tá, Cassie, vamos fazer o seguinte, imagine que é o contrario, vamos trocar de papel...
- Não acho possível, a Alexa não faz meu tipo – Cassandra riu – e eu realmente acho que você e o Draco não fariam um casal muito atraente.
- O que? – ele a encarou perplexo, não conseguia acreditar na quantidade de bobagem que havia ouvido de uma só vez – não é disso que eu estou falando, sua tonta!
- Palavras podem ferir Harry! – disse Cassandra com cara de choro.
- Está bem – ele disse, massageando a têmpora, conversar com Cassandra pode dar algum trabalho – vamos fazer assim, supondo que eu estivesse saindo com a Parkinson – ela fez uma careta – o que você ia achar?
- Bom, mas isso não é uma boa comparação, digo, o caso é completamente diferente!
- Diferente como? – perguntou Rony
- Primeiro por que ninguém está saindo com a Parkinson, segundo por que eu não consigo imaginar uma pessoa em sã consciência que sairia com ela
- Cassandra – Harry chamou – era pra você imaginar!
- Eu sei disso, mas é simplesmente impossível imaginar alguém saindo com, com – ela parou e pensou – bem, com aquilo – fez uma expressão de nojo antes de apoiar a cabeça na palma da mão e deixar os olhos correrem pela sala. Em algum momento seus olhos petrificaram na direção da porta e a boca abriu surpresa – essa não...
- O que houve? – Harry perguntou distraidamente. Ela segurou o rosto dele e virou na direção que olhava, o moreno teve a mesma reação.
- Essa não...
A sala estava repleta de conversar e risinhos, mas assim que o ultimo aluno notou a presença de Umbridge um palpável silencio se instalou na sala. A professora Trelawney, que distribuía os livros pela sala, levantou a cabeça ao perceber o silencio repentino.
- Boa tarde professora Trelawney - disse a professora Umbridge com seu largo sorriso. - Você recebeu meu aviso, eu suponho? Dando-lhe a data e a hora de sua inspeção?
- Por Merlin – Cassandra disse abaixando a cabeça – essa aula já não é ruim o suficiente sem isso?
A professora Trelawney concordou brevemente com a cabeça e voltou a entregar os livros à turma. Com um sorrisinho, Umbridge pegou um pufe no fundo da sala e o levou para frente, ficando alguns centímetros atrás de onde Trelawney ficaria para dar aula, encarando cada aluno com seus olhinhos de sapo e batendo a pena levemente no bloquinho que trazia.
Professora Trelawney apertou suas vestes contra o corpo, as mãos ligeiramente trêmulas, e inspecionou a classe com seus olhos aumentados imensamente por trás das lentes.
- Hoje nós continuaremos a estudar os sonhos proféticos - disse numa brava tentativa com seu usual tom místico, apesar de sua voz ter tremido levemente. - Dividam-se em pares, por favor, e interpretem as últimas visões de cada um com a ajuda do livro.
- Professora – disse Cassandra com a mão para o alto – o número de alunos é ímpar, posso fazer um trio?
- Um trio? – a professora perguntou, olhando em volta – sim, sim, claro.
Trelawney pareceu pensar em sentar sua cadeira, mas assim que viu Umbridge sentada ao lado dela mudou a direção bruscamente, colocando-se ao lado de Lilá e Parvati que já discutiam o ultimo sonho desta.
Cassandra apoiou a cabeça sobre a mesa e fechou os olhos.
- O que, em nome de Merlin, você ta fazendo? – perguntou Rony desesperado
- Bem, eu não me lembro do meu ultimo sonho, então pensei em sonhá-lo agora, sabe?
- Você é louca – Harry disse, simplesmente.
Cassandra levantou a mão, fazendo um feio gesto para ele, sem nem se dar ao trabalho de levantar a cabeça.
- Cassie – Rony enfiou o dedo nas costelas de Cassandra, ela levantou com um pulo, encarando Rony como se ele fosse louco – a Umbridge está olhando.
- Ora, deixe que olhe – ela deu de ombros – as coisas belas da vida foram feitas para ser vistas.
- Exibida – Harry revirou os olhos
- É um dom – Cassandra apertou a bochecha do amigo, suavemente – eu não me lembro de sonho algum, quem fala?
- Harry – Rony respondeu abrindo seu exemplar de “Oráculo dos sonhos” – eu falei na ultima vez! – Rony respondeu à pergunta muda de Harry.
- Não sei... - disse Harry desesperado, pois não se lembrava de ter sonhado algo nos últimos dias. - Vamos ver. Eu sonhei que estava... Afogando Snape no meu caldeirão. Isso mesmo...
Cassandra e Rony riram. O sonho fazia muito sentido. A professora Umbridge já não estava mais sentada em seu banquinho atrás da mesa de Trelawney, ela andava por entre os alunos, fazendo perguntas e ouvindo explicações, sucintas ou demoradas sobre os sonhos dos alunos.
- Ok, nós precisamos adicionar sua idade à data em que você teve o sonho, o número de letras no caso... Seria "afogando" ou "caldeirão" ou "Snape"?
- Não importa, pegue qualquer uma - disse Harry, arriscando um olhar atrás dele. A professora Umbridge estava nos calcanhares da professora Trelawney, tomando notas enquanto a professora de Adivinhação questionava Neville sobre o seu diário dos sonhos.
- Que noite você sonhou isso de novo? - disse Rony, imerso em cálculos.
- Não sei, noite passada, coloca aí qualquer coisa - disse Harry, tentando escutar o que Umbridge estava dizendo a Trelawney. Estavam apenas a uma mesa de distância dos dois garotos. Umbridge estava fazendo outra nota no seu bloco e a professora Trelawney pareceu muito fora de si.
- Sabe o que nós precisamos? – Cassandra disse escrevendo em um pergaminho, Harry a encarou, como se a encorajasse a falar, mas Rony continuava concentrado em seus cálculos, Cassandra arrancou o papel da mão dele de maneira pouco delicada – ora, Rony, eu estou falando!
-Do que nós precisamos Cassie? – ele disse, com um tom entediado.
- Disso – ela esticou o pergaminho no qual escrevia. Com uma letra apressada havia uma sequência de números:
“1-21-12-1 9-14-19-21-16-15-18-20-1-22-12!”
- Cassie, o que é isso? – falou Rony lendo os números aparentemente sem sentido.
- Ora, não é obvio?
- Não – Harry respondeu, encarando a folha.
- É um código! – Cassandra pegou a pena e começou a rabiscar por cima dos números, substituindo cada um por uma letra – vê? É só substituir as letras pelos seus respectivos números, de acordo com a ordem no alfabeto!
- Bom, isso pode ser útil caso algum outro professor pegue o bilhete, certo?
- Mais ou menos – Cassandra olhou para o papel, pensativa – não é o código mais complexo do mundo, quanto tempo vocês acham que uma professora como McGonagall demoraria pra descobrir isso?
Harry abriu a boca para responder, mas a sua opinião foi abafada pela voz de Umbridge.
- Agora – ela disse, olhando Trelawney - há quanto tempo você ocupa esse posto, exatamente?
Trelawney franziu a testa, os braços cruzados e os ombros encurvados, talvez desejando se proteger o máximo possível da indigna inspeção. Depois de uma pequena pausa, em que parecia decidir se a pergunta não era tão ofensiva que poderia com razão ignorar, finalmente disse numa voz muito ressentida.
- Quase dezesseis anos.
- Já é um bom tempo – disse a Professora Umbridge, tomando nota em seu bloco – Foi o professor Dumbledore quem indicou você?
- Isso mesmo – respondeu rapidamente.
Umbridge fez outra anotação.
- E você é tataraneta da famosa vidente Cassandra Trelawney?
- Sim - disse a Professora Trelawney, com sua cabeça posta mais alta.
Outra anotação no bloco.
- Essa não – Cassandra murmurou, Harry indagou, curioso – a partir de agora meu nome é Demétria!
- Posso te chamar de demente? – ele respondeu rindo
- Posso te chamar de chato? – ela cochichou de volta, no mesmo tom
- Mas eu acho – Umbridge continuou – Corrija-me se estiver errada, que você é a primeira na sua família desde Cassandra a possuir Visão Interior?
- Essas coisas costumam pular... Er... Três gerações.
O sorriso de Umbridge, que era igual à de um sapo, aumentou.
- Claro - disse ela docemente, fazendo mais uma anotação. - Bem, gostaria de saber se você pode predizer alguma coisa para mim, sim? - ela olhou maliciosamente, ainda sorrindo.
Sibila enrijeceu como se não pudesse acreditar no que ouvira.
- Eu não entendi - disse ela, apertando convulsivamente seu xale ao redor do seu fino pescoço.
- Gostaria que você fizesse uma previsão para mim - disse Umbridge claramente.
Todos os alunos haviam deixado seus deveres para prestar atenção na conversa de Umbridge e Trelawney.
- O Olho Interior não vê sob pressão! - disse ela em tom escandalizado.
- Eu entendi - disse a professora Umbridge, já tomando outra nota.
- Eu... Mas... Espere! - disse a professora Trelawney de repente, tentando manter sua voz etérea, apesar do efeito místico estar arruinado, pois estava tremendo de raiva. - Eu. Eu acho que estou vendo algo... Algo o seu respeito. Sinto algo... Algo obscuro... Algo grave...
Sibila apontou um dedo trêmulo para Umbridge, que continuava a sorrir brandamente, suas sobrancelhas erguidas.
- Acho que... Acho que você corre grande perigo! - finalizou Sibila dramaticamente.
- Eu posso jogar uma bola de cristal na cabeça dela, que tal?
- Você é louca, Cassie? – Rony perguntou com urgência.
- Me chame pelo meu nome, por favor!
- Você é louca, Demi? – repetiu sarcasticamente.
- Bom, Trelawney acerta a previsão, Umbridge morre, nós ficamos sem professora, acho que todas as partes ganham – ela disse com extrema naturalidade.
Harry e Rony a encararam. Agora tinham certeza, ela havia perdido completamente a razão.
- Mas talvez... – Rony encarou a bola de cristal.
Houve uma pausa. A professora Umbridge encarava a professora Trelawney.
- Certo - ela disse levemente, escrevendo em seu bloco mais uma vez. - Bem se é o melhor que pode fazer...
Os três se encararam. Cassandra sabia que Rony e Harry não gostavam de Trelawney, mas dava para perceber a pena que eles sentiam nos olhos deles. Pelo menos até o momento em que ela se aproximou de Harry, exigindo seu diário de sonhos.
- Bem? - disse, estalando seus longos dedos em frente de Harry, incomumente elétrica. - Deixe-me ver como você começou o seu diário dos sonhos, sim?
- Nossa – Cassandra exclamou assim que saíram da aula de adivinhação.
Umbridge havia sido a primeira a deixar o recinto, e provavelmente já estava em outro lugar torturando outro aluno ou professor.
- Ela é terrível – balançou a cabeça – realmente detestável!
-Bem, falando nessa mulher terrível, acho melhor nos apressarmos por que temos aula dela agora.
- Oh Não! – ela desabou sobre seus joelhos – mais duas horas olhando pra ela? – Cassandra agarrou a barra das vestes de Harry – me mate! Por favor Harry, me mate!
- Não acho que seja uma boa ideia, Cassie – ele respondeu pensativo – as pessoas já me acham louco o suficiente sem um homicídio na minha ficha criminal.
- Mas Harry – ela se levantou e segurou o colarinho dele – morta o Malfoy não chega perto de mim, uma dor de cabeça a menos na sua vida!
Harry a encarou parecia considerar seriamente a proposta de Cassandra.
Eles entraram na sala defesa contra as artes das trevas discutindo ainda se Cassandra seria ou não atacada por Harry. Umbridge espera pelos alunos, sorridente no fim da sala. Estava sentada em sua mesa, cantarolando. Parecia muito feliz.
Hermione chegou poucos minutos depois deles, sentando-se ao lado de Cassandra. Como a menina não assistia às aulas de adivinhação os primeiros minutos de defesa contras as artes das trevas
- Guardem as varinhas - instruiu ela a todos com um sorriso e aqueles que pensaram que poderiam tirar as varinhas tristemente as colocaram de volta às mochilas. - Como acabamos com a última lição do Capítulo 1 gostaria que todos fossem à página 19 e começassem o Capítulo 2, Teorias de Defesa Comum e Suas Derivações. Não há necessidade de conversa.
- Bem – Cassandra disse descontraída – por gostaria a senhora quer dizer que nós temos opção, certo?
- Abra o seu livro agora, senhorita! Mais uma gracinha de sua parte, senhorita Boscaretty e será detenção até o fim do mês que vem! – Cassandra bufou
- Eu já devo ter acumulado detenção até o final do sétimo ano.
- Disse algo?
- Não senhora.
Cassandra apoiou a cabeça sobre a mão, enquanto abria o livro languidamente. Ela passava cada página com toda a calma do mundo, sem se preocupar com o que Umbridge falaria. Hermione estava parada ao seu lado, com a mão no alto e o livro fechado sobre sua mesa. Umbridge a encarou por alguns segundos antes de andar até sua mesa, ficando de frente para ela. Ela sussurrou tão baixo que mesmo Cassandra, que estava ao lado dela, teve que se esforçar para ouvir o que a professora falava.
- O que foi agora, senhorita Granger?
- Eu já li o Capítulo 2 - disse Hermione.
- Bom, então proceda ao Capítulo 3.
- Já o li também. Aliás, já li o livro inteiro.
Cassandra, que prestava atenção na conversa, abriu os olhos, surpresa. O livro era incrivelmente chato, mas ainda assim Hermione já o havia terminado. Impressionante.
Umbridge piscou, mas logo recuperou a pose, sorrindo docemente para ela, como se não acreditasse no que Hermione havia dito.
- Muito bem. Então você é capaz de me dizer o que Slinkhard diz sobre contra-azarações no capítulo 15?
- Ele diz que contra-azarações são impropriamente nomeadas - disse Hermione prontamente. - Que contra-azaração é só um nome que as pessoas dão para suas azarações quando querem fazer com que soem mais aceitáveis.
Umbridge levantou uma das sobrancelhas, obviamente impressionada.
- Mas eu discordo - continuou Hermione.
Ela a encarou surpresa, levantando as duas sobrancelhas dessa vez, adquirindo um frio olhar.
- Você discorda? - repetiu
- Sim, eu discordo - disse Hermione em voz alta. Não se preocupava em sussurrar, como Umbridge. Pouco a importava se a turma toda estava olhando para elas – O Sr. Slinkhard não gosta de azarações, não é? Mas eu acho que elas podem ser bem úteis quando usadas defensivamente.
- Ah, você acha, não é? - disse a professora, esquecendo de sussurrar e se levantando. - Mas eu acho que a opinião do Sr. Slinkhard, e não a sua, é a que conta para a classe, Srta. Granger.
- Mas... - começou Hermione.
- Já chega - disse a professora. Ela voltou para frente da sala e ficou de frente para todos os alegria que mostrava no início da aula desapareceu. - senhorita Granger, eu vou tirar cinco pontos da Grifinória.
- Professora – Cassandra levantou a mão – em uma sala de aula a opinião dos alunos não deveria ser levada em conta? Digo, a senhora não só ignorou completamente a opinião de Hermione como também tirou cinco postos dela sem nenhum motivo plausível!
- Os pontos foram retirados por perturbar minha aula com interrupções bobas – disse a professora suavemente. - Estou aqui para ensinar vocês usando um método aprovado pelo Ministério que não inclui convidar os alunos para darem suas opiniões em assuntos que entendem pouco. Seus últimos professores nessa matéria podem ter sido mais displicentes mas nenhum deles, com a possível exceção do Professor Quirrell, que ao menos aparentava restringir as lições devido à idade, teria passado por uma inspeção ministerial...
- Ah, claro, Quirrell era um excelente professor - disse Harry em voz alta - mas ele tinha o problema de ter Lord Voldemort grudado na parte de trás da cabeça!
Esse pronunciamento foi seguido por um dos silêncios mais audíveis que Harry já escutou. Então...
- Acho que mais uma semana de detenção fará bem pra você, Sr. Potter - disse Umbridge suavemente.
Nenhum dos alunos disse mais uma palavra sequer até o fim da aula e Cassandra estava conseguindo passar o resto do dia sem mais nenhuma detenção.
Assim que o sinal bateu ela arrumou suas coisas com incrível velocidade. Murmurando brevemente algo como “Dumbledore” Cassandra saiu da sala correndo, não queria perder muito tempo da refeição, mas tinha que falar com o diretor e já estava contando com o momento em que iria se perder no caminho.
Ela parou bruscamente em frente a uma gárgula, que guardava um arco. Um monitor havia apontado aquela gárgula como a entrada do escritório de Dumbledore. Ela olhou em volta e tentou se espremer por trás da estatua, mas tudo o que conseguiu foi com que a escultura se mexesse, pedindo uma senha.
- Senha? Que senha?
- Sem senha, sem diretor.
- Mas eu preciso falar com o diretor!
- Ele não se encontra em seu escritório. A senhorita pode esperar na porta se quiser.
- Ótimo – ela bufou, se jogando no chão para sentar ao lado da porta, já estava ficando cheia de tantas e senhas e não saber nenhuma delas.
Ela esperou vários minutos antes que Dumbledore aparecesse. Ele andava calmamente e lhe destinou um sorriso bondoso quando chegou.
- Cassandra, o que você está fazendo do lado de fora da minha sala?
- A gárgula não me deixa entrar – ela respondeu inutilmente – digo – ela pigarreou – eu precisava falar com o senhor, mas a gárgula não me deixou entrar, por que não tinha a senha.
- E você ficou esperando do lado de fora?
- É, fiquei, mas não tem problema – ela deu de ombros – Eu já estou ficando acostumada a esperar do lado de fora por falta de senha. Já é um ato corriqueiro.
- Bem, acredito que seja algo importante, para a senhorita perder o jantar
- Eu perdi o jantar? – ela olhou o relógio surpresa
- Não todo ele – Dumbledore lhe destinou outro sorriso – mas parte dele, sim. Já está tarde, Cassandra.
- Droga – ela murmurou, batendo na testa
- Bem, então não nos demoremos mais. Por favor, entre. – disse o diretor indicando o espaço atrás da gárgula
A gárgula se afastou e uma escada começou a subir em espiral. Cassandra pisou em um degrau logo abaixo do de Dumbledore e deixou que a escada a levasse até a porta do escritório do diretor.
Ele abriu a porta e a segurou para Cassandra passar. Ela entrou e encarou o escritório com um discreto “wow”. Era muito grande, com diversos aparelhos por todos os lados que faziam várias coisas. Alguns soltavam fumaça, outros giravam, outros apitavam, alguns apitavam e giravam e assim por diante. Ela esticou o dedo para tocar em um deles, mas o objeto pulou para trás e se escondeu, tremendo, como se com medo. Ela riu.
Ao fundo, cobrindo quase toda a parede, vários quadros com os antigos diretores. Alguns dormiam e outros conversavam entre si, rindo ou discutindo e, próximo à mesa do diretor, um poleiro com uma magnífica fênix em pé, esticando as longas asas. Cassandra a encarou por alguns segundos, admirada. Nunca havia visto uma de perto. Ela chegou perto e acariciou delicadamente o bico dela, murmurando “oi passarinho”. Dumbledore a encarava em silencio, com um pequeno sorriso nos lábios.
O diretor estava sentado em uma grande e confortável cadeira. Assim que Cassandra desviou o olhar da ave ele indicou outra cadeira, defronte a mesa. Ela sorriu e se sentou.
- Então – ele disse, juntando as pontas dos dedos – o que deseja?
- Bem, senhor – ela mordeu o lábio, pensativa. Queria escolher as palavras com muito cuidado – esse é o meu primeiro ano em Hogwarts e, bem, eu fiz amigos e tudo o mais, mas sempre tem aquela saudadezinha de casa, sabe? – ele confirmou com a cabeça, incentivando-a a continuar – bem, e o meu aniversário está chegando e eu gostaria de saber se, bem, se o senhor me dá permissão para fazer uma festa em Hogsmeade?
Ele sorriu
- Ora, Cassandra você não precisa pedir permissão pra isso. O que os alunos fazem nos feriados em Hogsmeade é de responsabilidade deles, minha cara – dessa vez foi a vez dela de sorrir, o diretor não havia entendido seu ponto. Cassandra puxou um calendário da bolsa com todos os feriados em Hogsmeade assinalados até o fim período escolar.
- Na verdade senhor – ela apontou para o final de semana correspondente ao seu aniversário, não havia nada lá – eu gostaria de realizar a festa nesse dia e – ela tossiu – bem, a noite.
- Ah – ele fez uma expressão de entendimento – agora seu pedido faz sentido. Bem, uma viagem à noite para Hogsmeade talvez não seja bem vista pela professora Umbridge, não é mesmo?
Ela sentiu seu ânimo despencar
- Oh, sim, eu... – ela tossiu – er, é claro, eu entendo. É só que – ela pigarreou – Madame Máxime nunca viu problema algum, desde que fosse agendado com antecedência então eu pensei que fosse o mesmo aqui.
- Sim, sim – ele sorriu – me lembro de Olímpia dizendo algo do tipo durante o baile de inverno.
- É – ela concordou – pois é, desde que o estudante tivesse notas boas e não tenha se metido em encrencas ele poderia fazer festinhas particulares, principalmente se o aluno tivesse recomendações boas de outros professores ou, no meu caso – adicionou disfarçadamente – de outros diretores.
- Imagino que sim – respondeu, como se desentendido
- E eu tenho certeza que ela não se oporia a mandar ao senhor uma carta sobre isso, nem qualquer outra pessoa de Beauxbatons!
- Eu acredito que não
- Pois é – ela deu de ombros – mas eu só queria falar isso mesmo com o senhor, o meu aniversário de quinze anos pode passar despercebido... – ela se levantou dramaticamente. Dumbledore sorria com a cena. Cassandra realmente era a típica “Drama Queen”.
- Bom, Cassandra a senhorita se encarregaria da divulgação, decoração e tudo o mais?
- Com certeza, senhor – ela confirmou energicamente
- E a senhorita sabe que os alunos abaixo do terceiro ano não podem sair de Hogwarts?
- Com todo respeito senhor, pretendo chamar os do quinto ano para cima, no máximo o quarto.
- E está ciente de que pelo menos um professor tem que ficar lá, responsável?
- Não esperaria menos que isso – ela sorria abertamente, apesar do tom sério na voz
- Neste caso, não vejo problema em ceder algumas carruagens para a senhorita, desde que até o final da semana já tenha o lugar confirmado – ele sorriu para ela
- Muito obrigada, senhor! Muito obrigada mesmo! Não se preocupe, eu terei tudo o que for necessário!
- Acredito que sim – respondeu, sorrindo entre os dedos
Cassandra agradeceu mais algumas vezes e saiu correndo pela porta até o salão principal. Harry, Rony e Hermione estavam sentados no salão principal, junto com os outros irmãos Weasley. Cassandra aprumou as vestes e se sentou entre eles como se nada tivesse acontecido.
- Onde você esteve? – Harry perguntou distraidamente
- Em lugares – ela respondeu sombria e vagamente, eles a encararam
- Fazendo o que?
- Coisas – deu de ombros
- Que tipo de coisas? – Harry perguntou, encarando-a incisivo
Ela olhou em volta, como se tivesse medo que alguém ouvisse a conversa. Cassandra jogou o tronco sobre a mesa, se aproximando do amigo que estava no outro lado de balcão e disse aos outros que fizessem o mesmo se quisessem ouvir o que ela tinha a dizer.
- Estava com Dumbledore – falou baixinho. Os seis a encararam, como se pedissem para falar mais – em seu escritório – ninguém dizia uma palavra, muito curiosos com o que ela teria a dizer.
- O que houve? – Hermione perguntou muito curiosa
- Calma, eu já vou falar! Mas antes eu preciso fazer uma pergunta muito séria – eles confirmaram com a cabeça, incentivando-a a falar – vocês são meus amigos, certo? – eles fizeram que sim com a cabeça – e vão me ajudar sempre, não é? Não importa a encrenca que eu me meta, eu posso sempre contar com vocês seis, certo? – ninguém respondeu, eles apenas encaravam Cassandra em silencio.
- Mas é claro, Cassie – Fred disse depois de alguns instantes
- É – disseram os outros
- Por Merlin, Cassie – chiou Hermione – o que você fez agora?
- Eu – ela abaixou a cabeça, saboreando cada momento, adora ser o centro das atenções, mas mais do que isso, adorava uma boa piada – agendei uma ida extra a Hogsmeade para qualquer aluno que se dispuser a ir para comemorar o meu aniversário daqui a algumas semanas. Vou precisar de ajuda para arrumar tudo.
Eles a encararam, obviamente se perguntando se realmente teriam ouvido o que ouviram. Lentamente eles começaram a olhar um para o outro, em um pedido mudo de ratificação. Fred se virou para ela, com um sorrisinho.
- Desculpe – ele disse lentamente – você pode repetir?
Cassandra o encarava com seriedade, como se tivesse acabado de anunciar o inicio da segunda grande guerra bruxa.
- Agendei uma ida extra a Hogsmeade para qualquer aluno que se dispuser a ir para comemorar o meu aniversário daqui a algumas semanas. Vou precisar de ajuda para arrumar tudo. – repetiu com exatamente o mesmo tom de voz.
- Eu ainda não entendi
- Caramba, Fred! – ela se jogou no banco – Não é tão difícil assim! O que você ainda não entendeu?
- O seu tom de voz – todos se sentaram com a mesma expressão de decepção – acho que falo por todos quando digo que esperava algo muito mais emocionante!
- Oh, então você quer dizer que o meu aniversário é algo desinteressante?
- Não foi isso que eu disse – ele sorriu para ela – mas devido ao atual cenário todos esperávamos alguma coisa muito mais grave – ele deu de ombros enquanto colocava uma batata na boca.
- Eu sei – ela riu – vocês deveriam ter visto as suas caras!
- Você realmente não vale o prato de comida que come – Fred puxou o prato que ela comia para si e começou a transferir todo o conteúdo para seu próprio prato – já te contaram isso?
- Já – ela puxou o prato de volta – mas isso não é motivo para que eu morra de inanição, não é mesmo, Harry?
- Bem – ele parecia distraído, Cassandra imaginou que estivesse pensando na detenção de mais tarde – você realmente nós deu um susto agora, acho que ir para a cama sem comer é o mínimo que você pode receber como punição...
- O que? – ela gritou, surpresa – você realmente acha isso? – Harry deu de ombros, os outros riam
- O escolhido falou! – pronunciou Jorge solenemente
- Ora bolas – Cassandra disse infantilmente enquanto cruzava os braços – pois só por causa disso eu vou – ela olhou em volta, procurando uma ameaça – eu vou, eu vou – ela sorriu – eu vou jantar com a Alexa! – ela se levantou e se dirigiu à mesa da Corvinal, sentando-se ao lado de Alexa, encarando os amigos da Grifinória desafiadora.
Alexa a olhava, confusa. Agora tinha certeza, a amiga havia perdido a razão. Ela revirou os olhos e tornou a ler o livro de poções aberto sobre a mesa.
- Devo perguntar o que está acontecendo aqui? – entoou monotonamente
- Não me deixam comer naquela mesa, querem me castigar – ela deu de ombros – por isso eu vim comer com você! – ela sorriu
- Logo vi – Alexa fechou o livro sonoramente – bem, eu não vou estudar poções agora! Por que querem te castigar? O que você aprontou dessa vez?
- Nada de mais, só o de sempre – ela jogou as mãos para trás da cabeça e a apoiou nelas – e você, o que está aprontando com esse livro de poções?
- Nada de mais, só procurando uma poção para acalmar meu irmão, desde que ele descobriu que eu estava conversando com o Potter no lago ele anda bastante estressado, acho que isso é influencia do Draco – Cassandra soltou algo entre uma risadinha e uma bufada
- Tinha que ser – ela jogou o longo cabelo para trás com descaso – ficaria surpresa se aquele egocêntrico não estivesse envolvido nisso.
- Egocêntrico, é? – Alexa riu com sarcasmo – eu sei muito bem o quão egocêntrico você o acha, Blaise me contou – ela lançou um sorriso malicioso para a amiga.
- O que você quer dizer com isso?
- Nada – ela deu de ombros, abrindo o livro novamente – absolutamente nada.
Cassandra bufou enquanto puxava o prato vazio de Alexa para si e conjurava um par de talheres novos.
- A propósito – Alexa chamou lentamente, parecia genuinamente concentrada no livro – o narcisista egocêntrico disse que queria falar com você
- O que? – Cassandra engasgou com o suco que tomava – e você só me diz agora? – Alexa sorriu triunfante enquanto levantava os olhos do livro
- Você não acabou de dar a entender que não se importa com ele?
- E não me importo mesmo – respondeu se levantando – mas sou educada, só por isso estou indo falar com ele agora
- Claro – Alexa respondeu piscando para a amiga, que sorriu em retribuição.
Como sempre, Cassandra sentiu a atmosfera pesar conforme se aproximava da mesa da Sonserina. Ela conseguia sentir o olhar de cada aluno se virando para ela, queimando suas costas, e seu estômago despencar centenas de metros em poucos segundos. Detestava ir para a mesa da Sonserina, sabia que jamais seria bem vinda naquele canto do salão.
No entanto, Cassandra sempre foi uma autentica “Espírito De Porco” e não deixaria provocar quem pudesse, principalmente quando sabia que poderia ganhar alguma coisa ao fazê-lo. Ela procurou o olhar de Draco enquanto se aproximava, com cada sonserino encarando seu brasão com o nariz torcido e cochichando entre si, e percebeu que ele já a encarava, se perguntou desde quando ele o fazia.
- A Alexa disse que você estava me procurando – falou assim que chegou. Pansy, imediatamente, adquiriu a expressão de nojo que Cassandra conhecia tão bem.
- Ótimo – exclamou empurrando o prato – era exatamente o que eu precisava para perder o apetite. O gato-do-mato vir se exibir aqui.
- Puxa, quem diria – Cassandra bateu palmas – passou o dia todo lendo sobre felinos pra escolher o com nome mais engraçado, não é mesmo, víbora?
- Acho que alguém fez o mesmo – Pansy se levantou e as duas se encaravam ferozmente, uma briga violenta entre as duas era apenas questão de tempo.
- Acho que você se esforçou demais, Parkinson, se eu tivesse um cérebro tão pequeno como o seu eu evitaria pensar pra não estragar – ela apontou para um pouco de fumaça que subia da sopa quente que Goyle tomava, rodeando a orelha de Pansy – Mas acho que já é tarde de mais pra você, olha a fumaça saindo da orelha dela...
- Sabe – Blaise se levantou, ficando entre as duas, encarava Pansy, recriminando-a – é realmente muito desagradável comer assim
Cassandra se encolheu, ainda não havia se acostumando ao jeito de Blaise. Não que ele fosse inconveniente, não era, mas por que sempre falava exatamente o que todos estavam pensando, mas ninguém tinha coragem de dizer e sem muitas papas na língua.
Draco colocou as mãos sobre os ombros de Cassandra e a puxou para trás, dizendo que o seguisse. Ele a guiou para um corredor próximo ao salão principal, mais vazio. Ela se apoiou na parede com um sorriso desconfiado.
- E então? – perguntou, encarando Draco – o que houve?
Ele andava de um lado para o outro, parecia nervoso.
- Nada – parou em frente a ela, com um sorriso torto – só achei que você não iria querer ficar lá ouvindo um esporro do Zabini – ela riu.
- Nem vem com essa, a Alexa disse que você queria falar comigo!
- Ah, ela disse, é?
- Disse! – entoou, com um tom teimoso, quase infantil. Ele deu de ombros.
- Nesse caso eu não tenho lá muita opção, não é mesmo? – Cassandra negou com a cabeça – me encontre hoje a meia noite no corredor do terceiro andar
Ele se virou, como se fosse embora, no entanto Cassandra segurou seu braço, fazendo com que ele virasse para ela. Draco sorria, achava tudo uma grande piada.
- Como assim? – ela perguntou rindo – Pensei que o corredor do terceiro andar fosse proibido!
Ele piscou para ela enquanto soltava o braço. Ele se dirigiu em direção ao salão da Sonserina.
- E é – falou sem se dar trabalho de se virar
*
Cassandra olhou no relógio, já eram onze e meia. Ela saiu da cama, pé ante pé e chamou Hermione com delicadeza, não a tocou, só chamou seu nome, mas a amiga sequer se mexeu. Ela sorriu e puxou a camisola pela cabeça, revelando outra roupa. Já estava pronta para sair desde o momento que supostamente havia ido para a cama. Hermione jamais a deixaria sair se soubesse o que planejava. Encarava a si mesma no espelho, usava uma camisa verde, com o ombro caído, um bracelete de prata e uma legging preta, a bota marrom que poria estava apoiada na cama.
A menina pegou a bota e saiu pela porta, com muito cuidado para não acordar ninguém. Uma vez no salão comunal ela se sentou no sofá e calçou o sapado, deixando o local imediatamente, antes que desse tempo de algum aluno descer.
Os corredores do colégio estavam escuros e vazios, nem mesmo os monitores estavam lá mais. Cassandra olhava atentamente o caminho, sabia que iria se perder, por isso saiu meia hora mais cedo, no entanto pior que o medo de se perder era o de dar de cara com algum professor. Definitivamente se meteria em encrenca caso o fizesse. Ela tentava se lembrar do caminho que havia seguido no primeiro dia de aula, mas era realmente difícil, afinal não havia prestado atenção naquele dia e estava muito escuro. Ela empurrou uma porta pesada e olhou em volta, não conseguia reconhecer o local de jeito nenhum. Bufando, ela soltou um palavrão.
- Você já percebeu que sempre solta palavrões horríveis quando se perde?
Ela revirou os olhos, depois de tantas vezes já conseguia reconhecer a voz de Draco no escuro. Ela sentiu seu estomago revirar, por que estava tão nervosa?
- Levanto em conta a frequência que eu me perco... – ela não conseguia enxergar, mas sentiu o rapaz segurando sua mão e a puxando na direção da porta que havia acabado de atravessar.
- Eu te ajudo a se encontrar!
Ela deixou que ele o guiasse pelo castelo. Draco a puxava com muito cuidado para não fazer barulho, se escondiam até mesmo dos fantasmas e nenhum dos dois ousava sequer acender a varinha, para não serem notados. Cassandra não imaginava para onde ele a levava.
Em primeira instancia, ela sequer imaginava por que havia concordado em encontrar com ele àquele horário, mas no momento ela só se perguntava para onde iam. Cassandra tentou reparar em Draco. Não conseguia ver exatamente as roupas que ele usava, apenas constatava que não eram as vestes de Hogwarts de normalmente. Também pode perceber que o cabelo do rapaz estava despenteado, pois balançava muito enquanto corria.
Draco parou abruptamente próximo a uma das portas que dava para os jardins e empurrou Cassandra contra a parede, os escondendo atrás de uma escada.
- Mas o que...? – ela guinchou. Draco colocou a mão sobre a boca dela e o outro dedo sobre os próprios lábios, como se pedisse silencio e depois apontou para o corredor, no momento que Filch passava fazendo a última ronda do dia.
O velho zelador parou em frente à escada e começou a olhar em volta. Havia ouvido Cassandra falando. Eles prenderam a respiração. Não faziam ruído algum. Filch olhou em volta novamente, mas parou no meio do movimento com um sorriso, Madame Nor-r-ra havia chegado e se enroscava nas pernas do homem. Ele se abaixou e pegou a gata no colo, levando-a para dentro enquanto conversava delicadamente com ela.
- Foi por pouco – Draco sussurrou enquanto tirava a mão da boca de Cassandra. Ela seguia o zelador com o olhar.
- Muito pouco – ela concordou no mesmo tom, rindo – imagina só que aquele nojento nos encontra aqui!
- Ora vejam só – ele voltou a guiá-la pelo castelo – você xingando alguém!
- Bem – ela revirou os olhos – algumas pessoas simplesmente merecem xingamentos.
Ele riu. Depois de algum tempo andando pelo jardim eles pararam nas estufas. Cassandra olhava em volta, definitivamente se perderia se tivesse que voltar de lá sozinha. Não havia luz alguma, exceto pela lua cheia com algumas poucas nuvens. O céu estava estrelado e Cassandra o olhava, maravilhada. Draco sorria enquanto encarava Cassandra. Ela parecia uma criança olhando o céu pela primeira vez.
Cassandra sentou no chão, sem tirar os olhos da atmosfera. Não queria entrar nas estufas e perder a bela vista.
- Aqui é o melhor lugar para ver – ele estava meio deitado no chão, com o tronco levantado apoiado pelos cotovelos.
- O céu? – Cassandra disse sem tirar os olhos da lua
- Não – ele apontou para a lua – o eclipse
Cassandra o encarou com uma expressão curiosa
- Eclipse? – ele confirmou com a cabeça, ela chegou mais perto dele e se apoiou exatamente do mesmo modo – muito esperto, Malfoy – ela riu – você me trouxe para as estufas na noite mais escura do ano.
Ele se aproximou ainda mais. Passava os dedos no rosto dela delicadamente.
- Não foi coincidência.
Ele deslizou a mão do rosto para o pescoço dela e a puxou, com calma, para perto. Ela se deixou puxar enquanto fechava os olhos. Ele sentiu os lábios dele nos seus e sorriu levemente. Como ela havia se aproximado mais ele viu nisso um sinal para aprofundar o beijo.
Minutos, ou horas, se passaram. Nenhuma dos dois sabia dizer. Um enorme raio cortou o céu completamente escuro, devido ao eclipse. Cassandra pulou assustada ao ouvir o trovão. Ela se levantou e olhou em volta. Era tarde, muito tarde.
- Essa não!
- O que foi? – ele se levantou languidamente
- Vai chover! – ela apontou para o lugar onde o raio havia cortado – e muito! Nós temos que ir!
- Não temos não – ele segurou as mãos dela e se apoiou em uma arvora, puxando-a pra perto de si. Cassandra sentiu uma gorda gota caindo em sua testa. Ela puxou a mão e se afastou, dando as costas para ele.
- Temos sim
Cassandra começou a andar na direção do castelo, ou, pelo menos, em uma direção que indicava ser a do castelo, mas logo percebeu que não chegaria até lá. Ela sentia algum como uma corda invisível amarrada em sua cintura a puxando na direção contrária e por mais que fizesse força não conseguia dar um passo sequer para frente, só conseguia ser arrastada para trás. Com um sonoro trovão a chuva começou a cair fortemente sobre eles. Cassandra se virou para Draco, encarando-o enquanto sorria e apontava a varinha para ela. Imediatamente imaginou que um feitiço convocativo era o que a impedia de andar para frente.
- Um feitiço convocativo, no meio dessa chuva toda? – ela riu assim que se aproximou o suficiente para que ele segurasse seu rosto com delicadeza – você está louco? – ele sorriu para ela
- Talvez, acho que sim – respondeu puxando-a para mais beijo.
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