Capítulo Dois



Capítulo Dois
As Impressões


A Chefe

Óbvio que eu não tocava de verdade. Eu apenas me dedicava, muito. Dia e noite. Ensaiava TANTO que os meus dedos passaram a usar constantemente curativos, virou quase um acessório para mim. Eu comecei até a cortar as minhas unhas! Claro, antes eu deixava elas meio compridas, quase sempre pintadas de preto. Vocês não imaginam o inferno que é ter que tocar baixo com unhas compridas.

Aí vocês começam a se preocupar com o meu vicio total pela música e pelo meu baixo. Aliás, eu já disse que ele se chama Tom?!

Ignorem isso.

A Wynn ficava me ligando, combinamos que talvez ela viesse ensaiar aqui em casa, talvez não. Nós nos aproximamos um pouco, e deu até pra perceber que ela não é tão fútil como parece.

- Você é mais legal do que aparenta ser. – Comentou ela, casualmente, no final de uma aula.

Isso foi um elogio, eu acho. Eu sou legal, eu sei, o problema é que ninguém sabe disso. Ali estava começando uma amizade que, eu acho, vai durar muito. A não ser que ela queira me dar dicas de moda. E, já que eu me visto sempre com alguma saia, ás vezes de couro, e alguma blusinha legal, isso não seria muito bom.

Um antigo namorado me disse que eu era a sua princesa do rock, e eu até admitiria que adorei isso. Mas eu nunca faria tal coisa, porque...isso é machismo demais!

Machismos me irritam, e estereótipos também; por isso eu não gosto desse lance de ser A Chefe, enfim, eu acho que vocês já perceberam isso.

A Wynn falou muito desse tal de Brian, e ele parece bem legal – e lindo, pelo o que ela disse. Ele realmente acredita em nós, e na nossa música.

Isso é mágico! Tudo isso é mágico, e fez coisas mágicas comigo. Eu sempre me imaginei como jornalista, ou médica, ou alguma coisa que fosse importante, e agora eu vou ser a baixista de uma banda de rock, e é isso que eu quero fazer da minha vida.

Agora eu SOU a baixista de uma super banda de rock, que não sai das paradas, e vai entrar para a história!

Ok, Marlene McKinnon, controle-se. Não, eu não me controlo! Eu não sei me controlar, eu preciso treinar isso. Quando eu me animo com uma coisa eu realmente falo demais, apesar de, no restante do tempo, ser bem reservada. Não que eu seja uma descontrolada com as palavras, porque, vejam bem: eu sou a única controlada dessa banda.

Eu sei falar direitinho com o pessoal da Industria e todo o resto.

De qualquer forma, acabou que eu fui ensaiar na casa da Wynn e, pelo amor de todos os Deuses, nós éramos horríveis, sem sincronia nenhuma. Cheguei a pensar em desistir de tudo aquilo.

”Ok, Lene, esta loucura acaba aqui.”

Eu juro que cheguei a pensar nisso, mas a Wynn não me deixou desistir...muito pelo contrário: ela finalmente marcou o meu primeiro encontro com o nosso produtor.

Nervosismo era apelido perto do que eu estava sentindo. Eu estava em pânico. E se ele não fosse com a minha cara e percebesse que devia desistir daquela banda?

Se isso acontecesse seria bye bye para nós.

Bom, ainda tinha a opção de ele ir com a minha cara, nós nos darmos bem e a banda ser um sucesso. E eu adianto para vocês que foi exatamente isso que aconteceu.



A Gostosa

Marcamos em uma lanchonete no centro de Londres, que estava na moda na época. Tinha uma decoração bem legal, e o pessoal que freqüentava o local era bem divertido. Eu cheguei atrasada, para variar um pouco.

Eu não consigo escolher uma roupa e me arrumar em menos de uma hora, algum problema?! Alô, eu sou uma das garotas mais populares da escola, vocês acham que eu acordo com o cabelo arrumado todo dia? Se eu sair por aí sem maquiagem e essas coisas, eu seria apedrejada. E, na real, isso estava começando a cansar.

Acho que foi por isso que eu estava querendo TANTO participar daquela banda, e fazer tudo certo. Se eu estivesse mesmo numa banda, eles iam se importar com o que eu iria tocar, não com a marca da roupa que eu uso.

Enfim.

Quando eu cheguei lá, a Marlene já estava conversando com o Brian, e eles pareciam estar se entendendo bem. Isso me amedrontou um pouco.

Pensem comigo: a Marlene, por si só, já me bota um super medo, imaginem a Marlene junto com um produtor musical!

Tudo bem que eu já conhecia o Brian, e ele era super gente boa, mas naquele momento ele iria nos avaliar, e eu podia dizer com toda razão que ele não ia deixar o meu sobrenome ou o meu dinheiro interferir na escolha dele. E eu não estava acostumada com isso.

Se alguém dissesse, naquela época, que eu era uma princesinha que vivia em uma redoma, eu nunca poderia discordar. Mas a música, aos poucos, foi me fazendo acordar. Eu fui percebendo que, talvez, eu não precisasse me defender antes mesmo de as pessoas me julgarem.

E então eu tomei coragem e fui me sentar junto com o Brian e a Marlene.

Fiquei quieta a maior parte do tempo, apenas ouvindo o que eles tinham para falar, já que eu só seria a baterista, enquanto, pelo jeito, a Marlene seria uma espécie de segunda empresária, de tantas opiniões construtivas que ela tinha.

O almoço ocorreu bem, e eu já estava quase ficando tranqüila, quando Brian anunciou que iríamos até o estúdio, para mostrarmos a ele o que sabíamos fazer. Ok, nós tínhamos ensaiado uma música do Nirvana, e até que tinha ficado bom, mas ainda não tínhamos mostrado para ninguém, e não tínhamos uma opinião sincera de ninguém. Isso assustava mais do que a Lene e o Brian juntos.

É de se esperar que um estúdio de um cara rico como o Brian seja O estúdio...mas, acreditem, aquilo estava caindo aos pedaços. Não que nós pudéssemos exigir alguma coisa...nós estávamos bem longe disso. Mas nós tocamos, e tocamos, e tocamos mais uma vez.

E, querem saber?

Brian Black gostou. E apostou em nós.

Apostou em duas adolescentes, que ainda nem haviam acabado o segundo grau. Apostou em duas garotas que tinham vontade demais, e talento de menos.

Apostou em duas garotas que queriam formar uma super banda de rock, mas não faziam idéia de como conseguir. E essas duas garotas – conhecidas como Wynn e Marlene – formaram a tal banda. A banda que começou com uma baterista e uma baixista, e que logo logo teria o melhor guitarrista do mundo e...a melhor vocalista que nós podíamos querer.



A Voz

- Uma banda só de garotas...tocando rock? – Gaguejou a minha mãe.

Eu sei que ela deve ter pensado coisas bem bizarras; para ela, quando alguém fala em “rock”, é uma coisa bem critica; principalmente levando em consideração que para ela essa palavra lembra duas bandas: Kiss e Guns ‘N Roses.

As línguas, as maquiagens, as musicas, as grupies, as danças, os gritos e tudo o mais dessas bandas ME assustam, imagina a minha mãe!

O Brian deve ter percebido isso, porque ele olhou para a minha mãe como se conhecesse o tipo. O tipo “mãe super protetora de uma vocalista angelical”. Ela estava com medo e, acreditem, eu também, era uma coisa nova, um novo desafio, e isso me assustava.

Assustava?! Ok, aquilo me apavorava, eu estava morrendo de medo daquilo! E então você, caro fã, se pergunta o motivo, e eu lhe respondo:

PORQUE EU QUERIA AQUILO!

Sim, eu queria estar numa banda de rock só de garotas, eu queria ser a vocalista desta banda e, cara, fazer muito sucesso!

- Eu entendo, eu entendo. Vá para a sua casa, com a sua filha. – Ele REALMENTE sabia como lidar com a minha mãe. – Eu não quero ser o responsável pela perda da inocência da sua filha. E é exatamente isso que A Indústria vai fazer com ela: irão colocá-la no topo em um dia, e irão esmagá-la no outro.

Eu abri a boca, para me intrometer. Ele achava que eu era uma garotinha de onze anos de idade?!

Tudo bem, tudo bem; eu tenho um rostinho fofinho, os meus cabelos ruivos são bem cuidados, e as minhas roupas, apesar de serem bem básicas, são bem passadas e tudo o mais. Óbvio que, quando uma pessoa coloca os olhos em mim, ela percebe que eu sou uma filhinha da mamãe. Realmente, a mamãe cuida muito bem de mim e da Petúnia, e eu gosto disso.

Mas a minha mãe foi mais rápida que eu, e logo foi falando com o tom de voz um pouco acima do normal:

- Senhor Black. – A minha mãe também é meio ruiva, e todo mundo sempre fala que ruivas são esquentadinhas; pois fiquem sabendo: ruivas irritadas são leoas furiosas. – A minha filha tem talento e integridade o suficiente para participar de uma banda de rock!

Alguns minutos mais tarde já estava tudo acertado para o primeiro encontro com a banda e, Céus, eu estava muito entusiasmada MESMO. Os meus olhos pareciam duas estrelhinhas, de tanto que brilhavam de felicidade.

- Bom, eu ainda estou dando alguns telefonemas, mas ao que tudo indica, nós não vamos ter uma guitarrista, nós vamos ter o guitarrista, e ele é muito bom. – Sorriu, todo contente por ter achado O Guitarrista. – De resto, eu achei uma baterista linda e uma baixista genial.

Bom, nesse ponto eu fiquei meio chateada – mas, obviamente, nada que tirasse o brilho dos meus olhos. Afinal, a banda seria muito mais divertida se fossem apenas garotas fazendo música!

Ou pelo menos era isso que eu pensava, até conhecer James Potter.



O Garoto

Depois de Brian me convencer a participar da tal banda, eu achei que tudo fosse acontecer bem rápido, mas acabou que eu tive um tempo para pensar no assunto antes de conhecer as garotas.

Em primeiro lugar, Brian me contou um pouco sobre elas. Falou vagamente do quanto tinha se dado bem com a baixista, e sobre como a baterista era misteriosa. Falou também sobre a vocalista, e sobre como tinha sido difícil convencer a mãe da garota, pelo jeito a garota era uma filhinha da mamãe.

Só por isso você já deve imaginar o que eu pensei sobre a tal de Lily. Eu fiquei imaginando que ela seria uma espécie de patricinha metida a rockstar.

- Alguém me mate se ela gostar de Britney Spears. – Comentei com o Sirius, enquanto nós matávamos tempo na lanchonete que havia em frente a nossa escola.

Tudo bem, nós não estávamos matando o tempo, nós estávamos matando a aula, mas quem se importa?

- Fique tranqüilo, eu me encarrego disso. – Esse é o meu amigo Sirius Black, sempre tão caridoso!
- Eu só espero que as outras sejam melhores.

Não, eu não esperava isso. Eu suplicava por isso. É errado julgar as pessoas antes de conhecê-las, eu sei, mas eu simplesmente não conseguia simpatizar com a nossa vocalista, mesmo sem conhecer a garota.

- Pense bem, James. – Sirius tomou mais um gole da sua Coca-Cola. – Você tem três colegas de banda. Uma pode até não ser tão legal, mas vamos supor que ela, além de gostar da Sra. Spears, se pareça com ela.

Nessa hora eu imaginei Britney Spears cantando Back In Black, do AC/DC. Crianças, nunca tentem imaginar isso. A não ser que vocês queiram ter pesadelos de noite.

- Agora vamos pensar na baixista. – Continuou Sirius, na sua linha de pensamento que eu não entendia muito bem. – Ela deve ser alta, pois a maioria dos baixistas são altos. Ela deve ser o tipo modelo, James!

E então eu imaginei uma modelo, daquelas bem loiras e magras, tocando baixo e enlouquecendo em um show. Novamente, nunca tentem imaginar isso.

- E agora...a baterista! Pense, James, pense! Ela deve ser agressiva! Uma leoa! – Imitou o rugido de um leão. – Imagine uma baterista raivosa e sexy na cama, James!

A essa altura os olhos do Sirius já estavam brilhando. E a imagem de uma baterista raivosa e misteriosa já estava na minha cabeça, fazendo exatamente o que ele tinha mencionado.

Eu preciso dizer que vocês REALMENTE não devem imaginar isso?

- Você colocou alguma coisa na sua Coca? – Perguntei, pegando a lata de refrigerante dele.

Sabem como é, a juventude de hoje em dia não sabe mais a hora de beber. Isso me lembra do dia em que eu e Sirius fizemos um campeonato para ver quem conseguia tomar mais vodca, o campeonato foi das duas da madrugada até as dez da manhã do outro dia.

Nunca tentem fazer isso em casa, crianças, principalmente sem auxilio médico.

- Cara, essa sua banda vai ser demais! – Exclamou Sirius sorrindo, recuperando a sua lata de Coca.




(N/A):
Hey, dude!
Demorou mais do que eu previa, admito isso. MAAAS eu espero que vocês tenham gostado :D
Eu tinha esse capítulo escrito há um tempo[aliás, eu preciso me desculpar pela falta de tamanho e qualidade gramatical, mas ninguém nunca quer betar as minhas fics, então aceitem as minhas burrices no português], no meu caderno de espanhol, mas vieram as provas e eu não tive tempo de passar pro computador. E agradeçam ao fato de o download do episódio de Everwood ter demorado, porque senão eu não teria tido vontade de passar o capítulo pro computador.
Enfim, quem se importa se eu voltei a ser uma viciada em Everwood depois de ter desistido de ver a serie na metade da 2ª temporada?
Ninguém, eu tenho certeza, mas, cara, eu falo demais O.O
COMENTEM!
Beijos, abraços e tudo o mais pra vocês e talz.
Lisi Black

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