Capítulo Três
O Encontro
A Gostosa
Tinha chegado a hora de nós nos conhecermos, nos odiarmos e passarmos o resto de nossas vidas convivendo como eternos inimigos, enquanto todos os fãs continuariam achando que nós nos amávamos.
Okay, não foi isso que aconteceu. Tudo bem, teve aquela vez em que eu e a Lily brigamos, aquela em que a Lene e a Lily se estapearam e também aquela outra vez em que eu chutei as partes do James. Mas isso não vem ao caso agora.
A questão é que o tal encontro havia sido marcado em uma cafeteria perto do estúdio. Eu estava tão nervosa em fazer alguma coisa errada que, pela primeira vez na vida, eu cheguei cedo.
Comecei a me arrumar algumas horas antes do horário combinado; vesti uma camiseta bem preta bem curtinha e uma calça jeans bem larga e, por cima de tudo, uma das minhas milhares de camisas de flanela surradas. Dei uma penteada rápida no cabelo e fui andando até lá, já que naquela época eu ainda morava no centro de Londres.
E o que eu vi ao chegar lá? Uma ruivinha pequena e anêmica demais para ser uma rock star. Ela usava calças jeans claras e uma camiseta colorida – e um daqueles all star com uma estrelinha do lado que, na minha opinião, vai completamente contra à tradição do uso do all star.
Enfim. Perceber que ela era a tal vocalista angelical que Brian havia falado não foi difícil, já que o rosto dela estava tão nervoso quanto o meu. Sorri da forma mais simpática que eu consegui e me dirigi até a mesa em que ela estava.
- Lily Evans? – Perguntei, balançando um pouco a cabeça e colocando o cabelo para trás.
Fiquei com pena dela. Sabem, ela ergueu os olhos com uma carinha de cachorrinha assustada tão fofa que me deu vontade de lhe dar um abraço.
- Olá. – Respondeu após algum tempo em que havia me analisado. – Você deve ser a Wynn.
Óbvio que o Brian havia falado de nós para ela e, por um momento, eu fiquei com medo do que ele falou sobre mim. Quero dizer, todo aquele lance do álcool subindo na minha cabeça e me fazendo tocar bateria pela primeira vez.
- Isso mesmo. – Sentei em frente a ela. – O Brian falou muito bem de você!
- Ele falou bem de você também.
E o assunto morreu.
Após analisá-la um pouco mais de perto eu pude perceber que nós não teríamos muitos assuntos que não envolvessem a nossa banda. Ela nem ao menos parecia gostar das mesmas bandas que eu.
Vários minutos se passaram até que eu vi a Marlene se aproximar de nós. Parei de batucar na mesa e sorri para ela, a salvação do dia havia chegado.
A Chefe
O desconforto nos olhos das duas era berrante.
Enquanto a Wynn usava a mesa como uma bateria e batucava nela no ritmo de alguma música que soou familiar aos meus ouvidos, a garota ruiva olhava ao redor frustradamente.
- Marlene McKinnon. – Saudei ao chegar até elas e me sentar ao lado de Wynn. – Senhorita Wynn, é impressão minha ou você não chegou atrasada?
Pergunta errada.
Mesmo antes de receber a minha resposta, eu percebi que mostrar a intimidade e amizade que eu tinha com a Wynn havia sido errado. Afinal, a nossa vocalista angelical já devia estar se sentindo mais deslocada do que o normal ao lado de toda a altura da Wynn. Nem ouvi a resposta mal-criada que a loira me deu e voltei a sorrir para a ruiva.
- Como vai?
- Bem. – Respondeu com a voz meio fininha.
O silêncio voltou a se instalar entre nós, até que Lily pareceu levar um pequeno choque e percebeu que havia sido um pouco mal educada comigo, uma garota solidária que havia tentado ajudá-la.
- Desculpem-me, eu estou um pouco nervosa. – Confessou, curvando um pouco os lábios nervosamente.
Wynn balançou os longos cabelos louros dela.
- Fique tranqüila, nós somos legais. – Piscou divertidamente.
Revirei os olhos e a empurrei de leve.
- Okay, Barbie Girl, não estamos em um comercial de shampoo.
As duas gargalharam e eu me senti um pouco mais confortável, da mesma forma que elas pareceram relaxar. Afinal, éramos as garotas da banda, devíamos ser como irmãs. Ou alguma coisa do tipo.
Conversamos um pouco, até que o assunto chegou a músicas e bandas. Eu juro que estava tentando evitar aquele momento, pois eu tinha plena certeza de que aquele não era um bom assunto.
Vejam só, caros fãs:
Desde os meus doze anos eu respirava, comia e bebia Heavy Metal. Isso, o bom e velho metal. E não me venham com as milhares de variações que ele tem, porque eu só gosto do clássico. E viro uma fera quando erram o nome de alguma música do Iron. Também não venham me falar que o Eddie é apenas um monstro feio que estampa todas as capas de CD’s da banda, porque o Eddie é um modo de viver, o Eddie é o Deus supremo do metal. E ELE NÃO É APENAS UM MONSTRO FEIO!
Já a Wynn, desde que eu havia a conhecido – no ano passado – usava a mesma camisa-xadrez-que-vinha-de-um-guarda-roupas-masculino por cima da camiseta do uniforme. Sim, caros fãs, como todos vocês sabem – vocês são nossos fãs, é óbvio que vocês sabem cada detalhe das nossas vidas – a Wynn acha que Kurt Cobain era um anjo e que ele ainda habita a terra, ajudando todos os seus seguidores. Normalmente o visual camisa de flanela e calça jeans rasgada e all star surrado e cabelo meio bagunçado é uma combinação que eu acho horrível. Mas vocês sabem: nada fica feio na Wynn, porque ela é uma modelo. Uma modelo grunge.
Oh sim. Lily Evans, a nossa garotinha angelical. Ela curtia música de igreja. Okay, isso foi brincadeira. Na verdade a nossa ruivinha fazia parte daquele estilo que nós, apreciadores do rock de verdade, repudiávamos. Lily era indie. Antigamente isso teria me dado vontade de assassiná-la cruelmente ali mesmo, mas naquele momento eu apenas rezei para que aquilo não nos trouxesse brigas. E para que, pelo amor de todos os deuses do metal, a nossa vocalista emo-indie-angelical não atraísse fãs semelhantes a ela.
A nossa banda, mesmo antes de começar, já tinha uma variedade tão grande de estilos que até mesmo eu estava surpresa com tudo aquilo. E, vejam bem, a nossa enorme variedade aumentou ainda mais quando o nosso garoto chegou.
O Garoto
Eu tinha morrido e estava no paraíso.
Uma loira, uma morena e uma ruiva, juntas. Eu realmente estava no paraíso e elas eram as anjas que me guiariam na minha nova vida.
Quando parei em frente à mesa em que elas estavam – nem olhei duas vezes ao redor, já que não restavam dúvidas de que aquelas eram as minhas colegas de banda – todas pararam de conversar e ergueram o olhar.
A que estava mais perto de mim era a morena; cabelos até o ombro, caindo em alguns cachos, a pele bronzeada e um olhar firme, a garota mais dominadora que já havia conhecido. Em frente a ela estava a ruiva, que era uma das garotas com aspecto mais doce e carinhoso que eu já havia visto, também tinha os olhos mais verdes do mundo. Oh, claro. A loira. Já que estamos na classificação de garota-mais-alguma-coisa-que-já-conheci, eu acho que posso falar o que ela era.
A garota mais loira, com os maiores peitos e mais gostosa que eu já havia visto.
Céus, por que eu não morri antes? COMO EU FIZ ESSAS ANJAS ME ESPERAREM POR TANTO TEMPO?
- Olá. – Disse a morena, bem pausadamente.
Acho que eu estava quase babando, e elas deviam estar achando que eu tinha algum problema mental.
- Olá! – Respondi animado. – James Potter.
Estendi a mão para cumprimentá-la, mas ela já havia parado de me olhar. A loira também. Menos a ruiva. Ela ainda me olhava como se estivesse hipnotizada, o que me fez tirar o olhar da loira e me perder nos seus olhos verdes por algum tempo.
- Lily Evans. – Ela disse, também estendendo a mão e apertando a minha.
Porque, obviamente, eu havia deixado a minha mão estendida no ar, mesmo depois de ser ignorado pelas outras duas. Estava me comportando como um completo babaca na frente das garotas mais bonitas que já havia conhecido.
Lily apertou a minha mão, e eu continuei apertando, até que ela sorriu e a soltou.
- Por que você não senta? – Perguntou, mostrando o lugar vago eu havia do seu lado.
Sentei e sorri para todas as garotas.
- Olá, James. – A loira sorriu, colocando as mãos nos cabelos e os bagunçando da mesma forma que eu costumava fazer quando ficava nervoso ou animado. – Eu sou a Wynn e ela é a Marlene.
A tal de Marlene nem deu muita bola pra mim, e logo virou-se para conversar com as garotas. Ela realmente parecia ser do tipo que domina. Elas começaram a falar sobre alguma coisa que eu não prestei atenção. Incrivelmente eu havia me enganado completamente com elas. Tudo bem, o Sirius ajudou muito nessa enganação.
Eu estava completamente hipnotizado por cada uma delas, e eu gostaria de ter três olhos para poder olhá-las sempre.
- Me desculpem, mas...eu ainda não encaixei os nomes de vocês aos instrumentos.
Não me culpem, caros fãs. Eu ainda estava meio atordoado com tanta beleza.
- A voz. – Respondeu Lily, com um sorriso nos lábios.
- Baixo. – Disse, Marlene, erguendo a mão como se estivéssemos fazendo uma chamada escolar.
Olhei, meio surpreso para Wynn. Ela parecia delicada demais para uma baterista.
- Bateria. – Completei, sorrindo.
E então a Wynn abriu um sorriso e a Marlene também e a Lily continuava sorrindo. Aquele era o paraíso, sem sombra de dúvidas.
A Voz
A voz dele, o sorriso dele, o cabelo dele...Deus, como eu pude pensar que um garoto na banda seria ruim?
Logo de cara deu pra perceber que ele adorava sorrir – e isso deixava o seu rosto ainda mais acolhedor – e tinha a mania de mexer no cabelo. Tudo bem, pelo pouco tempo em que nós conversamos, ficou claro que ele é um pouco prepotente e levemente egocêntrico.
Depois de um pouco de conversa inútil, fizemos os nossos pedidos ao garçom. Mais uma vez a diferença entre nós era completamente gritante; não conseguíamos nos parecer nem mesmo nas bebidas.
- Uma Coca-Cola, com muito gelo, por favor. – Pediu Wynn que, obviamente, tinha toda a atenção do garçom.
Se eu tivesse o corpo que ela tem, eu também chamaria atenção do mundo inteiro.
- Milk Shake de morango. – Pediu a Lene, revirando os olhos ao perceber que o garçom estava quase babando.
Ao que tudo indicava ela já havia se acostumado com aquilo e até achava graça. Para falar a verdade, pelo o que eu havia visto, Marlene McKinnon era a garota mais cheia de confiança da face da terra. Aquele tipo de garota pela qual você sente aquela inveja saudável, que você admira.
- Que tal um pouco de vodca? – Perguntou James para o garçom, com um sorriso completamente fajuto no rosto.
Como se um grupo de adolescentes pudesse parar em uma lanchonete retro de Londres e pedir vodca. Por um momento senti vontade de dar uns tapas nele, mas acabei me contendo.
- Você está bem longe de poder tomar vodca, garoto. – Respondeu o cara, com um sorriso irônico nos lábios.
- Um Milk Shake de flocos, por favor. – Pedi ao perceber que o James iria reclamar.
Ele cruzou os braços e revirou os olhos.
- Okay, Milk Shake de chocolate.
- Você sabe que o alcoolismo tem matado cada vez mais jovens? – Perguntou Marlene, assim que o garçom foi embora.
Wynn começou a rir descontroladamente, enquanto James mostrava a língua pra ela. Abri um grande e sincero sorriso no rosto e não pude deixar de me surpreender ao perceber que, apesar de todas as nossas diferenças, havia surgido uma harmonia tão espontânea entre nós. Exatamente o que uma banda precisa.
(N/A):
Anos e anos e anos e anos depis eu atualizei isso daqui. Enfim, essa fic tá tomando um rumo completamente diferente do que eu tinha imaginado no início, mas eu não quis deletar tudo isso, repensar tudo e reescrever cenas diferentes [?]
Vocês irão encontrar alguns errinhos básicos de português, eu acho.
Mas comentem, votem, me xinguem e tudo o mais.
Beijos, desculpem a demora e bla bla.
Lisi Black
P.S.: eu nunca tive tantas complicações com uma capa, como eu tive com essa. perdi tudo várias vezes por conta de crises de loucura do meu computador, depois salvei em péssima qualidade e mais um monte de coisas. enfim, eu não teria coragem de não deixá-la aí, depois de tanto trabalho, apesar de não ter gostado tanto assim.
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