Capitulo 17
CAPÍTULO 17
Passava das nove da noite, quando Daisy ouviu batidas na porta. O coração subiu-lhe à garganta. Sufocou um grito de horror. Não!
Não suportaria defrontar-se com Stoner. Não agüentaria ser tocada por aquelas mãos assassinas. Nem ser possuída por ele. A cena da morte de Albert ainda estava vívida em sua memória. Queria dormir, descansar. Estava extenuada, assustada demais, tomada de indignação demais para bancar a esposa dedicada ansiosa por agradar.
As batidas voltaram a se repetir. Daisy pensou em fingir que não estava em casa. Sabia que era inútil. Stoner não desistiria. Iria bater até que ela abrisse. Até que conseguisse o que procurava. Era aquilo o que a consumia de pavor. Nunca ninguém tivera a coragem de dizer não àquele homem. Ninguém. Nem mesmo ela.
Pousou o livro que estivera lendo sobre a mesa e foi até a sala. Ajeitou os cabelos e arrumou as pregas do vestido. Abriu a porta.
Para seu espanto, em vez de se deparar com Stoner, era Leland Prescott que estava ali, em pé, junto ao portão. O luar iluminava-lhe os cabelos de um louro dourado. A penumbra impedia que visse claramente suas feições. Não conseguia imaginar o que estivera pensando para aparecer à sua porta. Olhou de uni lado para outro, para certificar-se de que os vizinhos não estavam espionando.
_Ninguém me viu por enquanto - disse Leland.- Mas, se eu continuar aqui fora, certamente isso vai acontecer. Posso entrar?
Sem raciocinar, Daisy deu um passo atrás. Rapidamente, ele passou por ela, entrando na casa. Lá fora, ela não viu montaria alguma. Percebendo-lhe o olhar, Leland esclareceu:
_Deixei meu cavalo na estrebaria. Ninguém precisa saber que estou aqui.
Fechando a porta, Daisy conduziu o visitante até a sala. Stoner jamais tomara o mesmo cuidado. Ao contrário, parecia comprazer-se em deixar bem visíveis os indícios de sua presença. Não sabia ao certo o motivo, se era desleixo, ou uma forma de impedir que outros homens a cortejassem, ou ainda por mera crueldade. Quaisquer que fossem suas intenções, conseguira que as mulheres da cidade evitassem-na. E homem algum jamais a visitara. A não ser naquela noite.
Acendeu vários lampiões, iluminando o aposento. Aproximou-se da janela, cerrando as pesadas cortinas. Esboçou um sorriso constrangido, ao ver que Leland sentara-se no sofá. Ocupou a outra ponta, procurando manter-se afastada. O que quer que o houvesse levado à casa dela em uma hora tão tardia, não seria o simples desejo de conversar. O que pretendia ele?
_Você deve estar se perguntando por que vim até aqui - disse ele, parecendo ler os pensamentos dela.
Meneando a cabeça, ela assentiu, percebendo que os olhos dele deixavam transparecer um misto de afeição e de desejo. Devia estar imaginando coisas.
Ele moveu-se, aproximando-se, parando apenas quando os joelhos de ambos se tocaram.
_Daisy, meu interesse por você aumenta a cada dia. Você é bonita e inteligente e... Eu quero que faça parte de minha vida.
Boquiaberta, ela não conseguiu esconder a surpresa.
_Dr. Prescott! - exclamou, surpresa.
_Me chame de Leland, por favor.
_Dr. Prescott - ela insistiu no tratamento formal - , o senhor está enganado quanto a mim. Quanto a meu caráter.
_Não. No passado, eu me enganei muitas vezes. Agora, não. Não com relação a você. - Tomou-lhe as mãos.
Daisy pensou em evitar o contato. Não devia permitir que ele a tocasse. Porém, a sensação daqueles dedos fortes, pressionando suavemente os seus, era muito agradável. Ele era gentil e aquela era uma qualidade que ela apreciava e da qual sentia falta. Precisava de um toque de gentileza em sua vida, tão sofrida e árida nos últimos anos. Ainda assim, não podia deixá-lo continuar. Talvez Leland não tivesse conhecimentos dos rumores, dos cochichos sobre sua vida privada. Talvez não soubesse o que acontecia mio interior daquela casa. Com delicadeza retirou as mãos das dele, juntando-as no colo.
_Dr. Prescott, eu...
_Sei o que você vem fazendo. - Ele interrompeu-a. - Sei que está ajudando Harry Potter a provar que Stoner matou o pai dele. E que ele também está por trás de todos os ataques às fazendas da região. Nunca gostei daquele tipo. Para mim, ele não passa de um bastardo. - Fez uma pausa, franzindo o rosto. - Desculpe meu jeito de falar, Daisy. Esse assunto me deixa nervoso.
Por pouco, ela não riu. Leland pedia desculpas pela linguagem? Ele, que sempre a tratara como a uma dama?
_Você não compreende. Eu...
_Você é uma mulher forte e corajosa. Eu a admiro muito.
A sinceridade brilhava nos olhos dele. Como resistir?
_Não sou nada disso - ela retrucou, com firmeza forçando-se a encará-lo. - É verdade que tenho procurado ajudar Harry. Sabe por quê? - ela continuou, sem lhe dar tempo para responder: - Eu era apaixonada pelo pai dele. James Potter era tudo para mim. Farei todo o possível para restaurar sua honra.
_Já falamos sobre isso - murmurou Leland. - Conheço seus sentimentos para com James. Porém, ele está morto há mais de seis meses.
_Não estou falando de sentimentos - ela insistiu. - Eu era amante dele! Fui para a cama com ele, mesmo sabendo que ele nunca se casaria comigo. Eu disse e repito: farei qualquer coisa para vingá-lo. E estou fazendo. Vendi o meu corpo, em troca de justiça. Você deve saber que Stoner vem aqui a qualquer hora. Não ouviu os comentários? - Os olhos começaram-lhe a queimar. Piscou várias vezes, tentando impedir as lágrimas de correrem. - Não falam mais aos cochichos. Agora, comentam em voz alta, para quem quiser ouvir. E não posso acusá-los. Sou uma prostituta, a prostituta de Stoner. Por Deus, o que você pode querer de mim?
Leland deixou escapar um longo suspiro. Ela preparou-se para ouvir-lhe os insultos. Ou para uma retirada em silêncio. Dissera-lhe a verdade, nua e crua. Poucos homens poderiam entender as razões que a motivavam. E nenhum, certamente, seria capaz de perdoar aquela atitude. Ela mesma mal conseguia perdoar a si própria.
Ele inclinou-se, aprisionando-lhe novamente as mãos.
_Não sou como os outros. Não me interessam os comentários nem os insultos. Deixe que falem o que quiserem. É você que me importa.
_Como pode dizer uma coisas dessas? - ela perguntou, encarando-o.
_Esta é a verdade. - Aproximou as mãos dela dos lábios, beijando-lhe os dedos. - Não entende? Eu amo você. Quando tudo isso terminar, quero namorá-la na frente de todos. Vou convencê-la a se casar comigo.
Se não estivesse sentada, Daisy com certeza desabaria no chão, tal o tremor de seus joelhos. Perturbada, insistiu:
_Mas eu... Eu já dormi com outros homens além do meu marido. Com James e, agora, com Stoner!
Ele levantou as sobrancelhas com um ar incrédulo.
_Diante disso, devo confessar meus pecados também? - perguntou. Sem esperar resposta, continuou. - Tive algumas mulheres antes de minha esposa. E muitas, depois que ela morreu. Não sou santo, embora procure ser um bom homem. Fui fiel a minha mulher e serei fiel a você. Só peço que pense em minha proposta. - Acariciou-lhe as mãos. - Pense nisso. Quero que fique comigo. - Soltou-a e, com um gesto de carinho, tocou-lhe a farta cabeleira ruiva. - Quero queimar-me no fogo de seus cabelos, contemplar as linhas de expressão que se formam aqui. - Tocou-lhe o canto dos olhos. - E aqui. - Contornou-lhe os lábios. -- Quero você, Daisy. Vou esperar até que resolva seu problema com Stoner. Nem um minuto mais.
_Não consigo entender... - ela hesitou, sem saber o que dizer. Tudo aquilo parecia irreal.
_Não precisa entender. Só acreditar.
Aproximou-se ainda mais, olhando-a ternamente. Inclinou-se e beijou-a.
Ela não soube como resistir. Os beijos de Stoner enchiam-na de nojo. Os de James eram românticos e excitantes. Os do marido, mal conseguia lembrar. Com Leland, porém, sentiu uma explosão de desejo que nunca experimentara antes. Era como se houvesse sido envolvida em um redemoinho. Sentiu as entranhas se contraírem, latejando.
Os braços fortes de Prescott abraçaram-na. Ela correu-lhe os dedos pelas costas, apertando-o contra o peito, procurando senti-lo por inteiro. Ele mordiscou-lhe os lábios, introduzindo a língua lentamente em sua boca, percorrendo seu interior em movimentos sinuosos e sensuais. Ela exultou de prazer. Quando o beijo acabou, debruçou-se sobre ele, contorcendo-se, gemendo, sussurrando o nome dele. Leland também gemeu, resmungando frases e palavras soltas, falando de amor, de promessas, de eternidade. Por fim, afastou-a, suavemente.
_Até que enfim, você me dá atenção - murmurou com um sorriso maroto. - O que é muito bom, porque eu só penso em você.
Tomou-lhe a mão, beijando-a com sofreguidão. Ela acariciou-lhe o rosto, longe de sentir a repulsa que lhe dava Stoner. Lamentava, tão somente, não poder ficar junto dele por toda a noite.
_Eu quero você, Daisy. Desejo você, amo você. Acredita em mim, agora?
Incapaz de falar, ela assentiu com um gesto. Ele roçou-lhe os lábios molhados com a ponta dos dedos.
_Acha que pode vir a gostar de mim?
_Eu já gosto - ela respondeu, sentindo que seria muito fácil apaixonar-se por ele.
_Então, vou esperar até que resolva seus negócios com Stoner. - Tapou-lhe a boca docemente com um dedo, impedindo-a de interromper. – Não se preocupe. Não vou me habituar a visitá-la a horas perdidas da noite. Nada farei que possa prejudicar ainda mais sua reputação ou que cause problemas a você. Vou ficar aguardando. Se precisar de mim, é só fazer um sinal. Prometa que irá me procurar quando tudo acabar, e Stoner for preso. Você promete?
_Prometo, Leland. - Ela examinou-lhe o rosto de traços perfeitos, e permitiu-se sonhar com o que lhe parecia impossível. Depois de tantos anos de infelicidade e incertezas, finalmente encontrara alguém que se importava verdadeiramente com ela. Acrescentou, relutante: - Porém, se demorar muito tempo e se você, até lá, tiver dado seu coração a outra, eu compreenderei.
Leland pôs-se em pé e caminhou até a porta. Daisy acompanhou-o.
_É mesmo? Pois eu, não. Nunca vou me confortar se você vier a gostar de alguém que não seja eu. Tem de me prometer que não fará isso. Quanto a mim, é impossível que eu dê meu coração a outra. Você já se apossou dele.
Com um ultimo beijo, saiu e desapareceu na escuridão da noite. Daisy fechou a porta e recostou-se contra a madeira, suspirando. Pela primeira vez, desde há muito tempo, podia vislumbrar um final feliz para toda a desgraça que a rodeava. Pôs-se a rezar, suplicando aos céus que Leland tivesse paciência para esperar. Que Stoner fosse punido pelos erros que cometera. Pediu por si mesma, para viver o bastante e poder desfrutar da felicidade ainda tão longe de seu alcance.
Harry terminou sua narrativa. Remo e Tonks haviam escutado, atentamente, todos os detalhes da visita de Hermione à cidade. Seus rostos revelaram todo o horror e a consternação que lhes ia na alma. A morte de Albert era uma tragédia sem sentido. Graças a Deus, Daisy havia aparecido e protegera Hermione. Se ambas houvessem sido apanhadas, a desgraça poderia ter sido ainda maior.
_O problema, agora, é o que devemos fazer - concluiu Harry. - Temos as informações, mas não a carta original.
_E isso importa? - perguntou Remo.
_A carta poderia nos ajudar. Acho que devemos contratar um detetive em Boston e começar as investigações por lá. Graças a Hermione temos o nome do homem com quem Stoner está negociando. Provavelmente, existem muitas outras cartas que provam sua culpa, no escritório dele. Temos de descobrir todas as pistas.
Remo concordou.
_Tenho alguns amigos em Boston. Vou telegrafar a eles e pedir que indiquem alguém confiável. Assim que levantarmos provas concretas, entregaremos o caso aos delegados federais. Eles têm condições de resolver qualquer tipo de problema que Lindsay possa vir a criar
_Custa-me acreditar que o delegado não queira ajudar - murmurou Tonks, deixando transparecei seu desapontamento.
_Ele se vendeu. É pago para isso, Tonks - retrucou Harry, relembrando-a do fato.
Continuaram a discutir as providências a tomar. Harry relanceou os olhos para Hermione, que a tudo ouvia sem dizer palavra.
_Você está bem? - perguntou.
_Claro - ela respondeu, com um sorriso tímido. _Estava prestando atenção ao que diziam. Lamento não ter trazido a carta. A estas horas, Stoner deve ter sumido com ela.
_Não se preocupe - retrucou Harry, colocando sua mão sobre a dela. - Vamos apanhá-lo, Hermione, graças a você. Suas informações são mais do que suficientes. Não se preocupe com a carta. - Gostaria de acrescentar que não ligava a mínima para qualquer tipo de prova que houvesse no escritório de Stoner, mesmo que fosse uma confissão por escrito. Nada valia o risco ao qual ela havia se exposto. - Assim que enviarmos os telegramas, precisaremos arranjar um jeito de proteger as fazendas.
_Não temos idéia de onde pretendem construir a ferrovia - disse Remo. - Existem cinco ou seis propriedades no caminho deles. Se avisarmos os fazendeiros, poderemos salvar muitas vidas. - Olhou para a esposa, preocupado. - Você terá de sair daqui, Tonks.
_Por quê? - perguntou ela. - Nossas terras não ficam no traçado da estrada de ferro. Não há motivo para nos atacarem.
_Não importa. Não poderei ajudar Harry se estiver preocupado com você e com o bebê.
Por alguns segundos, ela hesitou. Porém, os argumentos do marido a convenceram.
_Está bem. Se isso torna as coisas mais fáceis para você, eu vou.
_Ótimo. Creio que podemos tomar todas as providências em uns dois dias. É tempo suficiente para você arrumar suas coisas?
_Claro - respondeu Tonks.
Harry olhou para Hermione.
_Quero que vá com ela.
_Por quê? - inquiriu Hermione, os olhos castanhos arregalados de surpresa. - Não corro perigo algum, ficando aqui.
_Eu... - Harry calou-se. Não podia usar os mesmos argumentos que o amigo. Como iria confessar que não conseguia pensar direito com ela por perto? Hermione não era nem sua esposa nem mesmo sua noiva. Não tinha direito algum sobre ela. - Estaremos muito ocupados - acrescentou. - Você ficaria muito sozinha.
_Que bobagem! - Ela levantou o queixo em uma atitude desafiadora. - Não tenho motivos para sair correndo nem você pode me obrigar a isso. Sem Tonks aqui, alguém tem de tomar conta de você e de Remo. Eu posso cuidar de tudo. Não sou inútil.
Eu não sou como Claire, ela pareceu insinuar. Para Harrye, aquele fato era motivo de alegria. Hermione tinha muitas qualidades que sua falecida esposa jamais tivera, incluindo a capacidade de ser uma companheira de fato. Bem que gostaria de ter tido uma vida diferente, de não ter descoberto o alto preço que uma mulher tinha de pagar por estabelecer-se em um lugar inóspito. Desejava ser suficientemente forte, ou tolo o bastante, para acreditar que nada havia de errado em permitir que seus sentimentos para com ela florescessem a cada dia. Talvez, quando tudo estivesse terminado, ele e Hermione pudessem conversar. Isso, se ela decidisse permanecer ali e julgasse haver uma chance para os dois. Talvez houvesse uma maneira de viver a vida que sempre desejara.
_Vou ficar - reafirmou Hermione.
_Está bem - concordou ele, descobrindo que ansiava por ficar ao lado dela.
_Você deve saber que os primos de Stoner são leais a ele, mas não são estúpidos - disse Remo, cortando-lhe os devaneios.
_Que quer dizer com isso? - perguntou Harry.
_Se os pegarmos em flagrante e os ameaçarmos com a acusação de assassinato, aposto que vão delatar Stoner como o mandante. Assim, livram-se da pena capital.
_Boa idéia. Temos de descobrir qual das fazendas eles pretendem atacar e chegar lá antes deles.
_Temos uma chance em seis - resmungou Remo, franzindo as sobrancelhas. - Não gosto nada disso.
Harry concordou.
_Se virmos a fumaça dos incêndios que eles vêm ateando, saberemos que chegamos tarde. Se, ao menos, soubéssemos qual o próximo passo que pretendem dar...
Tonks dobrou as últimas peças de roupa, olhando tristemente para a janela.
_Sinto-me como uma criança que espera pelo Natal. Como o tempo custa a passar...
Hermione seguiu-lhe o olhar. As gotas de chuva escorriam pelo vidro. O tempo parecia conspirar contra eles. Chovia incessantemente desde que Remo resolvera levar Tonks para longe dali. As estradas estavam intransitáveis.
Com um sorriso desconcertado, Tonks justificou-se.
_Não pense que não aprecio sua companhia. É que estou ansiosa para partir.
_Compreendo - assegurou Hermione. - Assim que você estiver segura, Remo e Harry podem concentrar-se em capturar Stoner. Todos querem que tudo isso termine para que a vida em Whitehorn possa voltar a ser como era antes.
_Ando preocupada com você - murmurou Tonks, sentando-se na beirada da cama. - Você presenciou uma cena chocante. Se quiser desabafar, sou toda ouvidos.
Impulsivamente, Hermione agarrou-lhe as mãos, apertando-as entre as suas.
_Sei disso e agradeço seu interesse. Estou bem, acredite. - Pensou nos sonhos que a atormentavam durante a noite. - Ainda vai levar algum tempo até eu esquecer... Não tenho medo de que Stoner descubra o que eu sei, ou mesmo que venha atrás de mim. Mas desejo ardentemente que seja preso. Eu só queria ter conseguido trazer a carta... - suspirou.
_Não se atormente - disse Tonks. - Por que não muda de idéia e vem comigo? Tenho certeza de que seria muito bem recebida e de que iria gostar de meus amigos.
_Prefiro ficar - Hermione retrucou. – Remo e Harry vão precisar de alguém para cuidar deles. - Olhou para o relógio de parede. - Por falar nisso, é melhor eu ir cuidar do jantar.
_Vou ajudá-la.
Hermione fez um gesto de negativa.
_Você está com a aparência cansada. Fique deitada, descanse um pouco. Quando a chuva parar, e as estradas permitirem, você terá uma longa viagem pela frente.
_Fico contente que esteja aqui, Hermione - murmurou Tonks com um sorriso doce.
_Obrigada. Eu também.
Deixou o quarto, fechando a porta cuidadosamente atrás de si. Já no corredor, apressou-se em direção à cozinha para preparar a refeição.
Nos últimos dois dias, havia assumido a responsabilidade dos serviços da casa, permitindo a Tonks cuidar da bagagem e descansar. Tonks era forte e saudável, porém estava prestes a dar à luz. O bebê era esperado dentro de poucas semanas. Hermione gostava do trabalho doméstico. Nunca tivera um lar e, embora a casa não fosse dela, algumas vezes permitia-se imaginar que era. Fingia que havia encontrado, em Montana, tudo aquilo que sempre sonhara.
Colocou o pão para assar no forno. Admitiu a si mesma que os devaneios não incluíam apenas as imagens idealizadas de um lar. Havia sempre um homem envolvido em seus sonhos, um marido que a amava e que se preocupava com ela. O desejo de proteção e de pertencer a alguém não havia findado. Apenas mudara substancialmente. Agora, em vez de imaginar um estranho, cuja face estava sempre se modificando, via somente o rosto de Harry.
Na hora das refeições, aguardava por ele, ansiosa, espiando pela janela da cozinha. Quando os afazeres a levavam aos arredores da casa, arranjava desculpas para procurá-lo se ele estivesse por perto. A noite, quando Tonks e Remo recolhiam-se, sentava-se ao lado dele e ficavam conversando. Quanto mais o conhecia, mais o admirava. Mais gostava dele.
Naquelas ocasiões, quando se sentavam, muitas vezes procurava adivinhar-lhe os pensamentos. Estaria se recordando dos beijos que haviam trocado? Gostaria que sim e de arranjar um jeito de pedir a ele que a beijasse novamente. Pouco sabia a respeito dos homens, porém sentia com razoável certeza que ele, tanto quanto ela, havia gostado daquela intimidade.
Algumas vezes, quando a lembrança da morte de Albert vinha atormentá-la durante o sono, tentava expulsar os pensamentos angustiosos, substituindo-os pelas doces recordações dos beijos de Harry. Sentia-se envolta em paz, embora muitas vezes percebesse o corpo em chamas, tomado de arrepios. Perguntava-se como pudera chegar á idade adulta desconhecendo o que se passava na intimidade de um homem e uma mulher. E se Harry não a houvesse seqüestrado? E se houvesse se casado com Stoner?
Abriu uma lata de tomates, despejando o conteúdo dentro de uma panela. Seria terrível ser obrigada a beijar uma pessoa como ele. Já não seria capaz de fazer aquilo. E claro que, antes de Harry, não teria como comparar os beijos de um e de outro. Não teria como saber o que estava perdendo.
Embora preocupada com os ataques e a destruição das fazendas, queria usufruir, o maior tempo possível da presença de desse. Só pensava nele. Queria estar com ele. Seria amor aquela vontade, aquele desejo de estar com alguém? Estaria se comportando como uma esposa à espera do marido? Não tinha certeza. Mas o que importava? E se estivesse apaixonada por Harry? Ele deixara bem claro não ter interesse numa nova esposa. Mesmo que tivesse, será que acreditaria na sinceridade de seus sentimentos? Ou pensaria que ela estava apenas procurando um outro marido? Afinal, fizera uma longa viagem só para se casar.
Ao ouvir o som de passos, vindo do portão, o coração disparou. Um sorriso de felicidade brotou de seus lábios. A despeito da chuva, o dia pareceu-lhe radiante, Harry havia chegado.
Obs:Oiiii pessoal!!!!Como eu tinha prometido aqui está o capitulo 17!!!!Espero que tenham curtido!!!!Ainda esta semana eu posto uma fic nova!!!Bjux!!!!Adoro vocês!!!!
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