Capitulo 16



CAPÍTULO 16


Harry puxou as rédeas, forçando o cavalo a parar. Olhou para os lados. E agora?
Não pudera encontrar Hermione em lugar algum. Já percorrera toda a parte norte e oeste da fazenda. Remo ficara com o sul e o oeste, enquanto Tonks vasculhara a casa e as construções vizinhas. Evitava pensar no pior. Não queria aceitar a verdade, mas era obvio. Hermione havia ido para Whitehorn.
Engoliu em seco, soltando uma praga. Mesmo que sentisse vontade de amaldiçoar Remo, por sua língua solta, não podia culpar o amigo. Não fora ele que mentira. Não queria nem pensar no que poderia acontecer a ela na cidade. Se encontrasse Stoner, o que aquele patife poderia fazer a ela? Não temia por sua integridade física e sim pelos danos morais e psicológicos que Hermione poderia sofrer nas mãos daquele animal. O canalha afrontaria sua delicada sensibilidade de mulher, destruiria seus sonhos, devastaria seus mais nobres sentimentos. E de quem era a culpa? Dele, de Harry.
Instigou o cavalo, seguindo para a sede da fazenda. Tonks estava parada no portão, esperando por ele.
_Encontrou Hermione? - perguntou, quando ele se aproximou.
Ele meneou a cabeça, em uma negativa.
_Ela deve ter ido para a cidade - disse desse sem saber como agir.
_Isso não me surpreende, Harry. Você sabe o que ela pensava sobre Stoner. Tenho o pressentimento de que as dúvidas a assaltaram, nas últimas semanas, e para certificar-se ela resolveu ir até a cidade e ver por si mesma.
_Eu devia ter dito a verdade a ela. Talvez a magoasse mas, pelo menos, isso evitaria que ficasse sonhando acordada.
_O que pretende fazer? - perguntou Tonks.
_Seguir para Whitehorn. Talvez ela não tenha conseguido chegar até lá. É uma caminhada longa.
Tonks olhou para o céu.
_Está escurecendo, Harry. Se ela não chegou a cidade, onde estará? Será que se perdeu?
_Se eu não encontrar, pensaremos nisso. Quando Remo chegar peça-lhe para ficar em casa. Se ela estiver na cidade, eu a trarei de volta. Se não estiver, volto para cá e iremos procurá-la juntos.
_Está bem. Boa sorte.
_Obrigado. Tudo ficará bem, Tonks.
Apanhou as rédeas. A um teve toque das esporas, o animal pôs-se a trotar. Mais além, disparou em um galope, seguindo a estrada poeirenta.
Harry tentou arquitetar um plano. Precisaria de ajuda para localizar Hermione. Se Stoner a houvesse prendido, não poderia contar com o delegado para libertá-la. Mesmo porque não gostaria que Lindsay soubesse que ela estava na cidade. Por outro lado, se Stoner nada soubesse a respeito, não poderia alertá-lo para o fato. Pensou em Daisy. Não gostaria de envolvê-la, mas era a única esperança. Não iria expor a amiga, pedindo que procurasse por Hermione. Porém, talvez tivesse alguma sugestão que pudesse ajudar.
Contornou a última curva da estrada na entrada da cidade. O sol descia perto da linha do horizonte, e as sombras aumentavam. Um vulto estranho na beira da estrada atraiu-lhe o olhar. O vestido verde-escuro era-lhe familiar, assim como os cabelos cacheados, de um castanho dourado. Puxou as rédeas. O cavalo estacou bruscamente. Harry saltou da sela, caindo em pé no chão, com um baque surdo. Pôs-se a correr.
Hermione estava sentada em um barranco, as pernas dobradas, o rosto apoiado nos joelhos. O alívio de Harry foi enorme. Só então se deu conta da intensidade de sua preocupação. Endireitou os ombros, permitindo ao corpo relaxar. Graças a Deus, ele a encontrara.
Embora o perigo maior fosse Stoner, havia outros. Animais selvagens, andarilhos. Podia ter se perdido ou se machucado. Porém, ela parecia estar bem.
O coração de Harry batia descompassado no peito. As mais diversas emoções agitavam-se dentro dele. Percebeu que se importava com ela muito mais do que podia imaginar.


Os sons das botas batendo contra as pedras do caminho fizeram com que Hermione levantasse a cabeça. Harry assustou-se com a aparência dela. Tinha os olhos vermelhos, o rosto marcado de lágrimas. A expressão de pavor.
_ Hermione! - ele chamou com suavidade -, você está bem? O que aconteceu?
Ela não respondeu. Olhava-o como se não o conhecesse.
_ Hermione?
Aproximou-se, em largas passadas, abaixando-se ao lado dela. Hermione piscou diversas vezes, como se, so então, percebesse que ele estava ali.
_Harry? - perguntou, confusa, em um fio de voz. – Achei que estivesse perdida. Você estava a minha procura?
_Estou aqui - ele murmurou, segurando-a pelo queixo. Virou-lhe rosto para se certificar de que não estava ferida. - Você se machucou? O que aconteceu?
Pousou-lhe as mãos nos ombros e deslizou-as, procurando ver se os braços estavam feridos. Ela permaneceu imóvel, sem dizer uma palavra. Harry sentou-se, depois de ter certeza de que ela não apresentava sinal algum de agressão ou ferimentos.
_ Hermione, onde você esteve? Procurei por você em toda a parte.
_Eu estava aqui.
_Aqui, na beira da estrada?
_Não. - Ela levantou os olhos, enegrecidos de medo, para ele. - Estava caminhando...
_Remo me contou da conversa que tiveram. Desculpe-me. Eu devia ter explicado tudo a você.
_Está tudo bem. - Ela ergueu os ombros, em um gesto de desalento.- Suponho que haja muitas coisas além do meu entendimento que vocês esconderam de mim. Eu... - Ela mordeu o lábio, os olhos transbordaram de lágrimas.
_ Hermione, por favor, não chore.
Harry inclinou-se e puxou-a para perto de si e acomodou a cabeça dela nos ombros dele. Os soluços sacudiram-lhe o corpo. Chorava como se uma dor profunda consumisse sua alma. Ele abraçou-a gentilmente murmurando palavras de consolo.
_Você foi até a cidade? - perguntou, ansioso por saber se ela se encontrara com o noivo.
Hermione nada respondeu. Enxugou as lágrimas e o rosto de encontro ao peito dele. Harry acariciou-lhe as costas e afagou-lhe os cabelos, inundado de ternura
_Quando Remo me contou o que Stoner disse - ela começou a dizer, ainda soluçando -, achei que devia procurá-lo e descobrir, por mim mesma, se realmente havia me abandonado. Andei durante horas, depois parei. Não sabia que caminho seguir. Fiquei esperando que alguém me encontrasse.
Harry continuou a acarinhá-la. Alguma coisa naquela história não estava bem contada. Porém, não queria pressioná-la. Estava feliz demais por tê-la encontrado sã e salva. Se pudesse ficaria com ela nos braços para sempre.
As sombras da noite já se espalhavam. Os últimos raios de sol morriam no horizonte.
_Temos de voltar para a fazenda antes que escureça - murmurou Harry.
Com um suspiro, ela se levantou. De cabeça baixa, enxugou os últimos vestígios de lágrimas.
_Perdoe-me, Harry - murmurou.
_Você não tem por que pedir perdão.
_Desde que você me seqüestrou, tenho me comportado como uma chata.
Ele roçou os dedos em seu queixo, acariciando-lhe a pele macia.
_ Hermione, eu a seqüestrei. Você não pediu para que tal coisa acontecesse. Eu é que devo pedir perdão, por tudo. Estraguei a sua vida.
Ela levantou a cabeça, olhando-o intensamente.
_Não, Harry, você não... - Hesitou por um instante. - Ao contrário, acho que lhe devo a vida.
_O que quer dizer com isso? - ele a interrogou, alarmado.
Hermione afastou-se dele. Começou a caminhar na direção do cavalo.
_Nada. Só que não quero ficar com alguém que muda de idéia, desistindo de um compromisso assumido. Lucas Stoner não é o homem que eu pensava que fosse.
Harry fingiu aceitar a explicação. Mais tarde, com calma, tentaria convencê-la a contar toda a verdade. O mais importante, no momento, era sair dali.


Tonks saiu do quarto de hóspedes, fechando a porta com cuidado.
_ Hermione está bem - disse. - Um pouco cansada, talvez. O cálice de uísque que dei a ela vai ajudá-la a dormir.
Harry aproximou-se, caminhando na ponta dos pés.
_Posso entrar para vê-la?
_Claro. Não se assuste se ela dormir de repente.
Ele não se incomodaria se ela dormisse no meio de uma frase. A única coisa que desejava era certificar-se de que ela estava bem. Assim que Tonks se afastou, ele empurrou a porta e entrou. Hermione estava reclinada em meio a uma porção de travesseiros. Uma longa trança prendia-lhe os cabelos, caindo-lhe sobre o ombro. Os olhos estavam fechados. Harry fitou-a, estudando-lhe o rosto. Aparentemente, nada havia acontecido. Porém, tinha a sensação de que alguma coisa não ia bem.
Ao se aproximar da cama, notou que os dedos dela agarravam as dobras do lençol nervosamente. Vestida com uma camisola branca, fazia lembrar Claire, embora as duas fossem diametralmente diferentes. Hermione era determinada, vibrante, excitante e principalmente, cheia de vida. Claire preferira esconder-se de muitas maneiras, optando por fugir em vez de encarar as muitas oportunidades que a vida poderia lhe oferecer.
Sentou-se na beira da cama, tomando-lhe uma das mãos entre as suas. Ela estremeceu e abriu os olhos.
_Harry?
_Estou aqui.
Ela parecia sonolenta, as pálpebras pesadas. A despeito daquilo, nunca estivera tão linda. A vontade de Harry era de abraçá-la, prendê-la nos braços. Se ousasse confessar a si próprio, saberia que queria muito mais. Desejava, cobri-la de beijos, deitar-se ao lado dela e tocá-la, como se toca uma esposa.
Hermione tentou esboçar um sorriso, mas os lábios tremeram. Ele percebeu que ela estava próxima das lágrimas.
_O que foi? - perguntou, a voz vibrando de preocupação. – Você está com medo?
_Desculpe-me - ela murmurou, concordando.
_Não se preocupe. Ficarei aqui a seu lado, zelando por você. Durma, Hermione.
Os olhos dela se fecharam e um leve sorriso despontou em seu rosto. Suspirou, começando a respirar profunda e ritmicamente. Harry permaneceu sentado, segurando-lhe a mão. Todo seu corpo ansiava por mais. Em seu peito, travava-se uma batalha. Embora tentasse convencer-se de que apenas se importava com ela, algo lhe dizia que devia dar-se uma segunda chance para amar.


Hermione estacou em meio ao corredor. Uma boa noite de sono havia ajudado a recuperar as forças. Sentia-se bem fisicamente. Emocionalmente, porém, estava bastante abalada pelos acontecimentos que presenciara. Todas as vezes que acordara, durante a noite, vira que Harry continuava sentado em uma cadeira ao lado da cama. Insistira com ele para que fosse dormir em seu quarto, mas ele se recusara. A presença dele dera-lhe conforto e segurança. Já era dia claro quando ele saiu do quarto.
Encostou-se na parede, atordoada. Parte dela recusava-se a acreditar no que havia acontecido. Durante toda sua vida, jamais se deparara com um fato tão brutal e sem sentido. O pavor a impedia de contar, a quem quer que fosse, a cena medonha que havia presenciado. Atê mesmo a Harry. Vira muita gente morrer, muita violência nas ruas, mas nada tão horrível como aquilo. Como alguém era capaz de uma monstruosidade daquelas?
O estômago começou a doer. Não havia comido nada desde o café da manhã do dia anterior. Só de pensar em comida, sentiu ânsia de vômito. Precisava alimentar-se porém, para recuperar a energia perdida.
Dirigiu-se a cozinha em passos lentos. Podia ouvir o barulho das panelas. Tonks já se levantara, Hermione apressou-se. Iria sentir-se melhor, tendo alguém a seu lado. Respirou profundamente, forçando-se a colocar um sorriso no rosto.
_Bom dia - disse. - Acho que dormi demais.
Tonks tirou os olhos da panela que mexia e sorriu para ela.
_Fico feliz. Você teve um longo e difícil dia, ontem. Caminhar tanto e ainda se perder... Você deve estar exausta! - Apontou para a mesa. - Sente-se. Fiz café e bolinhos. Quer que eu lhe faça ovos quentes? Só demora um minuto.
A gentileza de Tonks deu-lhe vontade de chorar. Todos eram tão atenciosos com ela, Harry, Tonks, até mesmo Remo. Sabia que ele não pretendia magoá-la dizendo-lhe a verdade. Todos tinham procurado evitar que sofresse uma decepção.
_Obrigada. Só os bolinhos já são suficientes,
_Tem certeza?
_Tenho. - Abriu a porta do guarda-louças e pegou uma xícara. - Continue com seus afazeres. Eu mesma me sirvo. Não quero atrapalhar em nada.
Encheu a xícara, apanhou um prato e colocou nele alguns bolinhos. Puxou uma cadeira e sentou-se. Tonks continuou a mexer as panelas, tagarelando alegremente. Contou que estava esperando a resposta de uns amigos. Havia pedido a eles que a recebessem até o bebê nascer.
_Acho uma boa idéia - disse Hermione, tentando afugentar da lembrança a cena horrível que presenciara.
_É mesmo? - perguntou Tonks um tanto surpresa. - Pensei que você tinha dito que eu estava bem..
_Você está - assegurou-lhe Hermione. - Porém, com tudo o que tem acontecido por aqui... Creio que você e Remo iriam ficar mais sossegados, sabendo que você está a salvo. Principalmente o seu marido. Assim, ele e Harry poderiam resolver os problemas que têm enfrentado.
Na verdade, depois que vira do que Stoner era capaz, não podia nem sequer cogitar que Tonks ficasse na fazenda à mercê dos asseclas daquele assassino.
Tonks pousou a colher na pia e puxou uma cadeira, sentando-se bem em frente a Hermione. Seus olhos perscrutaram-na, cheios de preocupação.
_O que aconteceu, Hermione? Alguma coisa errada?
_Eu... - Hermione encolheu os ombros. - Nada, nada mesmo. Só pensei que seria melhor para você não ficar aqui.
_Tem certeza de que está bem?
Hermione sabia que nunca mais seria a mesma. A única pessoa capaz de lhe dar conforto era Harry. Quando ele a encontrara e a abraçara, sentira-se a salvo, como se a presença dele pudesse afastar todos os demônios que a persegui a nu. Respirou, sorvendo o ar ansiosamente. Precisava desabafar.
_Estive na cidade ontem.
Tonks arregalou os olhos.
_Pensei que você havia se perdido... Não sabia que tinha ido até Whitehorn.
_Eu ainda não contei a Harry.
_Por que não?
_Não pude. Foi tudo tão horrível! Eu ia contar. Eu preciso contar. Agora compreendo tudo. - Ela não conseguia controlar o nervosismo.
Tonks inclinou-se, observando-a atentamente.
_Compreende o quê? - perguntou com toda a cautela.
Hermione não sabia se ria ou se chorava. Apesar dos ataques às fazendas, da morte do pai de Harry, do assassinato de tantos outros infelizes, Tonks ainda tentava poupá-la, evitando responsabilizar Stoner pelos acontecimentos.
_Ele não é um homem bom - Hermione murmurou, desistindo de contar o que havia se passado. - Ele é capaz de qualquer coisa para obter o que deseja. Vocês tinham razão quando disseram que era Stoner quem estava por trás dos ataques. Perdoe-me por não ter acreditado.
Tonks tomou-lhe a mão com carinho.
_Oh, Hermione, e como você poderia? Ia casar-se com ele. Claro que preferia acreditar que ele era o melhor dos homens. - Franziu as sobrancelhas. - Você falou com Stoner? Ele ficou sabendo que você estava na cidade?
_Não ele não me viu. Mas eu consegui vê-lo. Depois disso, não quero mais falar com ele.
_Preferia que você não houvesse descoberto a verdade... - murmurou Tonks penalizada. - Preferia que você estivesse com a razão sobre ele...
_Eu criei uma imagem na cabeça apenas para não morrer de pavor diante da perspectiva de me casar com um desconhecido. Só posso agradecer a Harry por ter me seqüestrado. Senão, a uma hora dessas, eu estaria casada com Lucas Stoner.
As duas ficaram em profundo silêncio. Hermione estremeceu, pensando na cegueira que a induzira a aceitar um casamento naquelas condições. Quem sabe o que poderia ter acontecido, por trás das portas de um quarto, quando se visse à mercê daquele homem?
_Você sabe onde está Harry? - perguntou, levantando-se. - Preciso agradecer a ele.
_No escritório de Remo, atrás do celeiro, dormindo um pouco. - Tonks sorriu. - Ele me contou que passou a noite toda sentado em uma cadeira a seu lado e que estava um tanto cansado.
_Eu sei - murmurou Hermione. Sentia-se em débito para com Harry. Como poderia lhe pagar?


Hermione encontrou Harry exatamente onde Tonks dissera, no pequeno escritório nos fundos do celeiro.
O aposento tinha apenas uma escrivaninha e duas cadeiras, além de um par de gavetas que serviam de arquivo. De uma janela podiam-se ver os currais. A luz do sol filtrava-se através do vidro, iluminando os livros de contabilidade abertos em frente a Harry.
Ele não a ouviu entrar. Hermione parou na porta, observando o homem que a resgatara. Depois de todos os problemas que lhe causara, ele deveria estar ansioso para livrar-se dela. Poderia tê-la deixado partir e nem se incomodar em procurá-la. Afinal, ela não tinha mais serventia alguma para seus planos. Porém, Harry não agira assim: sabia o que a esperava na cidade e preferiu protegê-la.
Ela examinou-lhe o rosto, detendo-se em uma mecha de cabelo que lhe caía na testa. Como era bonito! Era generoso e gentil. Tinha sido bom com ela, mesmo quando tal coisa parecia impossível. Ele a fazia sentir-se segura. E também a fazia desejar coisas que não podia compreender.
Em algumas poucas semanas, toda sua vida havia mudado. Ainda estava atordoada, tantas as coisas que haviam acontecido. Viera ao oeste para desposar um homem e, agora, descobria que nutria um profundo sentimento para com outro. Sentimento ao qual não sabia dar um nome; sentimento que nunca antes experimentara. A única coisa que sabia era que o mundo se tomava um lugar melhor desde que Harry estivesse por perto. Ele levantou os olhos, como se ouvisse algo. Ao vê-la, sorriu, revelando os dentes muito brancos. Uma onda de prazer invadiu-a, fazendo-a também sorrir em resposta.
_Você acordou - ele disse, levantando-se e oferecendo a outra cadeira a ela. - Como está se sentindo.
_Bem melhor - respondeu Hermione, sentando-se. - Obrigada por ter ficado comigo a noite passada. Fiquei constrangida por saber que você dormiu na cadeira. Você devia ter ido para seu quarto. Eu teria ficado bem,
_Não queria deixá-la sozinha. Você estava muito perturbada.
_ Eu sei.
Harry pousou a caneta sobre a mesa e inclinou-se para ela.
_ Hermione, o que aconteceu, ontem? Você não ficou o dia todo perdida, ficou?
Ela surpreendeu-se. Como ele poderia ter adivinhado? Balançou a cabeça em uma negativa.
_Um fazendeiro que passava me deu uma carona para chegar à cidade.
_Quem? - ele perguntou, visivelmente alterado.
_Albert Cooper. Lembrei-me de que Tonks e Remo tinham dito que ele era um bom vizinho, por isso pensei que não haveria nada de mal em aceitar o oferecimento que ele me fez.
A tensão de Harry diminuiu.
_Albert é uma pessoa muito boa. Você estava segura com ele. Então, por que ficou tão perturbada? Você viu Stoner?
Ela havia pensado que poderia falar do assunto com tranqüilidade, mas estava enganada. Mesmo esforçando-se em manter o auto-controle, seu corpo começou a tremer, e as lágrimas vieram-lhe aos olhos. Levantou-se, apertando os lábios com a mão para impedir um soluço.
_Oh, Harry.
No mesmo instante, ele estava a seu lado. Sem nem mesmo saber como, viu-se sentada no colo dele. Seus braços fortes a envolveram, apertando-lhe os quadris.
Ele tomou-a pelo queixo, fazendo-a recostar a cabeça em seu ombro.
_Está tudo bem - murmurou. - Você está segura e vai continuar assim. Conte-me o que aconteceu. Podemos resolver o problema, Hermione, desde que você me deixe ajudar.
_Eu queria não ter respondido ao anúncio - murmurou ela, agarrando-se a sua camisa e esfregando o rosto em seu pescoço. O calor de seu corpo e o cheiro suave de sabonete fizeram-na lembrar da noite na caverna, dos beijos dele. - Mas, se não o houvesse feito, eu não estaria aqui hoje. Eu gosto de Montana e das fazendas. Apesar de tudo, fico feliz que você tenha me seqüestrado.
_Eu também.
Ela sentiu um toque leve nos cabelos. Será que Harry a beijara? Fechou os olhos, desejando que aquilo fosse verdade. Queria que a beijasse. Queria que ele também sentisse a mesma vontade que a consumia naquele momento.
_Conte-me o que aconteceu - disse ele, interrompendo-lhe os devaneios.
Hermione respirou profundamente. Talvez, se dissesse tudo, pudesse aliviar o sofrimento e o medo. Além do mais, precisava contar da carta que encontrara. Provava o envolvimento de Stoner na destruição das fazendas e que ele havia incriminado, o pai de Harry injustamente.
_Depois da conversa com Remo, fiquei furiosa - começou ela, a voz um tanto abafada. - Não com ele nem com você, mas com Stoner. O mínimo que eu podia esperar dele é que procurasse me resgatar quando fui raptada. Fico muito feliz por você ter agido assim, Harry, senão... - Ela arrepiou-se toda.
_Eu sei - ele murmurou, acariciando-lhe o rosto.- Você está em segurança, agora. Não se casou com Stoner. Eu não vou permitir que ele ponha as mãos em você de maneira alguma.
_Obrigada - ela prosseguiu. - Decidi ir até a cidade e dizer a Stoner o que pensava dele. Não sabia ao certo o que fazer, mas planejava deixá-lo arrasado.
_Aposto que sim. Stoner nem ia entender o que tinha acontecido. Então, você foi até a estrada, e Albert deu-lhe uma carona.
_Ele foi muito gentil. - Ela fechou os olhos, e a visão da garganta cortada, o sangue esguichando do pescoço do fazendeiro, voltou-lhe à mente. Precisou controlar-se para não vomitar. Forçou-se a prosseguir. - Eu encontrei o escritório de terras. Não havia ninguém lá. Decidi esperar. Havia uma porção de papéis sobre uma escrivaninha. Cruzei o balcão e resolvi investigar. Achei uma carta. De um homem de Boston, um tal sr. Cahill, falando a respeito da ferrovia. É exatamente o que havíamos pensado, Harry. Os trilhos vão cortar a linha norte-sul, do Texas a Montana. Stoner se comprometeu a deixar toda a extensão de terra livre. E é também um dos investidores. Está tudo escrito na carta.
A expressão de Harry endureceu-se.
_Eu sabia. Aquele bastardo! Ainda vou vê-lo pendurado em uma corda.
_A carta não está comigo - ela emendou. - Desculpe-me.
_Não se preocupe. Agora que temos o nome desse sujeito, de Boston, podemos iniciar uma investigação. Vamos pegá-lo. E o que mais aconteceu?
Ela contou-lhe, em detalhes, tudo o que havia se passado. Ao ouvir a descrição de como a garganta do pobre homem havia sido cortada, Harry descontrolou-se e soltou um palavrão. Depois, puxou-a para mais perto, embalando-a como a uma criança.
_Calma - murmurou. - Acabou. Você não podia fazer nada. Se Stoner houvesse surpreendido você, a esta hora estaria morta também.
As lágrimas brotaram dos olhos de Hermione, escorrendo-lhe pelo rosto e molhando-lhe a blusa.
_Foi o que Daisy disse. Ela me empurrou para fora e disse para eu correr e voltar à fazenda. Não me deixou procurar o delegado. - Olhou para Harry. - Ele é, mesmo, um dos homens de Stoner?
Por uns instantes, Harry hesitou.
_Lindsay consta da folha de salários de Stoner e, infelizmente, não é um homem dotado de uma grande força de caráter. Algumas vezes, age de forma correta em outras, nem tanto. Daisy fez muito bem em mandá-la sair da cidade. Eu não confiaria a Lindsay uma informação dessas. Seria muito simples para Stoner liquidar duas mulheres.
_Oh, Harry...
_Calma, amor. Eu sei como tudo isso é difícil. - Ele tomou-lhe o rosto entre as mãos, limpando-lhe as lágrimas com os polegares. - Prometo que Stoner vai pagar por todos os seus crimes e também pela morte de Albert. Ele precisa ser impedido de continuar a cometer atrocidades.
_Acredito em você.
_Ótimo. Agora, quero que esqueça tudo isso. É difícil, mas você tem de tentar.
_Sei disso. Não garanto que vou conseguir. - Pousou-lhe as mãos nos ombros. - Você é tão atencioso comigo. Não sei como lhe agradecer.
O rosto de Harry transfigurou-se. Ela não soube dizer que tipo de emoção mudara-lhe as feições. Só se deu conta de que ainda se encontrava no colo dele. De repente, o pequeno escritório começou a rodar e ela foi caindo, caindo, de encontro a ele. Um desejo intenso invadiu-a. Um desejo que somente um... Ele beijou-a. Quando aqueles lábios firmes pressionaram os dela, Hermione descobriu que era tudo o que estivera esperando durante todo o tempo. Que era aquilo o que ela desejava. A força e a afeição contidas naquele beijo deram-lhe ânimo novo. O calor que a envolveu afastou as sombras que lhe iam na alma.
Ele beijava os lábios dela docemente, fazendo-a recordar-se dos beijos que haviam trocado, da centelha de fogo que lhe incendiara a pele e que fizera seu corpo arder. Lembrou-se da sensação deliciosa de sua língua, roçando a dela. Ergueu os braços e envolveu-o pelos ombros. Entreabriu a boca, arfando.
Como se estivesse esperando por aquele oferecimento, Harry, com a língua, traçou os contornos macios do interior dos lábios dela. Foi mais além, explorando o interior de sua boca. Corpos apertados, um contra o outro, eles entregaram-se ao prazer. Desejos estranhos fizeram Hermione estremecer. Ansiava para que ele a tocasse de todas as maneiras, em todo seu corpo. Tremia, não de medo, mas de ansiedade. Sentiu-se perdendo as forças, embora a alegria e o prazer fizessem seu coração disparar. Tudo o que sonhara, tudo o que desejara, encontrara nos braços de Harry. Podia ser como era, autêntica. Estava segura. Feliz. Uma palavra ecoou no fundo de sua mente. Amor. Descobrir o amor nos braços dele, seria um presente dos céus. Por enquanto, porém, bastava que ele a beijasse, apertando-a contra si e murmurando-lhe o nome.
Quando, finalmente, ele a afastou, Hermione se deu conta de que queria beijá-lo mais e mais. Sempre. Talvez, assim, pudesse aliviar o estranho desejo que lhe invadira o corpo. E fazer o coração parar de reclamar por algo que ela nem sequer sabia o que era.





Obs:Oiiii pessoal!!!!Capitulo postado como prometido!!!!Espero que o ano novo de vocês tenha sido maravilhoso!!!!Pórem tenho uma noticia que talvez não agrade:vou voltar para a praia no dia 12 e dessa vez ficarei duas semanas seguidas lá, ou seja, só volto no dia 27!!!Sei que é muuuuito tempo, mas como há lan house lá, vou tentarei atualizar a fic sempre que conseguir. Peço desde já que me desculpem caso a atualização demore mais que o previsto. Mas não se preocupem por que ainda essa semana tem capitulo novo na área e quem sabe até uma fic nova.....Bjux à todos e obrigada pela paciência e pela compreensão!!!Adoro vocês!!!!

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