Capitulo 14



CAPÍTULO 14


O garanhão inquietou-se quando Harry colocou a sela sobre seu dorso. Bateu os cascos no chão, retesando os músculos.
_Que vida dos infernos! - praguejou Harry, segurando as rédeas e preparando-se para montar o animal bravio.
Na verdade, não era seu o trabalho de domar cavalos. Porém, sentia-se na obrigação de retribuir a ajuda e a hospitalidade de Remo. Era o mínimo que podia fazer. A manada que trouxera do Texas representava muito serviço adicional para o amigo e seus empregados. Já lhe dera alguns touros para aprimorar seu rebanho, mas queria ajudar na lida do campo. Estavam na primavera e, para quem vivia naquelas paragens, aquele era o momento de recapturar os cavalos que haviam sido deixados livres durante o inverno. Alguém tinha que domá-los novamente. Ele se oferecera.
Começou a falar baixinho com o garanhão nervoso. As orelhas do animal se empinaram, como se pudesse entender o que ele dizia. Afinal, já fora um cavalo de transporte. Restava faze-lo lembrar-se de que não era tão ruim assim ter um cavaleiro a dirigi-lo.
Apoiou o pé no estribo e, com um impulso, colocou-se sobre a sela. Por um instante, o garanhão manteve-se imóvel, para em seguida, levantar a cabeça e começar a refugar. Harry não desanimou. Já quebrara a resistência de três animais durante a manhã. Teve a sensação, porém, de que aquele pretendia fazer justamente o contrário. Volteava, escoiceando, tendo livrar-se do peso em seu dorso. Alguns vaqueiros achavam que a melhor maneira de domar um cavalo era bater nele até quase matá-lo. Harry não aprovava tais métodos. Nem o chicote usava. Preferia deixar que o bicho se acostumasse a ser montado, repetindo o mesmo procedimento todos os dias. Depois de uma semana, o animal estava pronto para o trabalho.
O garanhão estacou, relinchando. Por um momento, Harry afrouxou a pressão das rédeas. Foi o bastante. Levantando as patas traseiras em um movimento rápido, o cavalo jogou-o fora da sela, fazendo-o voar por sobre sua cabeça. Harry aterrissou, de costas no chão, com um baque surdo.
Por segundos, mal conseguiu respirar, tal a dor que lhe comprimia o peito. Por fim, inalou profundamente e sentou-se, apoiando-se nas mãos. Procurou sentir se quebrara algum osso ou ofendera algum orgão. Tudo estava intacto a não ser seu orgulho. O garanhão correra para a parte mais distante do curral e o observava nervosamente.
_Você pode ter levado a melhor desta vez, mas eu ainda pego você de jeito - gritou para o animal.
_É bom saber que não sou a única que cai do cavalo - Harry pôs-se de pé, virando-se na direção de onde viera a voz. Hermione estava apoiada no lado de fora da cerca, com um sorriso de malícia.
_Acontece - ele respondeu, caminhando até ela. Espanou a poeira da roupa com a mão. - Os animais ficaram soltos durante o inverno - explicou. - Esqueceram-se do que é carregar uma sela e não estão nem um pouco interessados em relembrar.
_Por que não são mantidos no estábulo nesse período? Talvez não ficassem tão selvagens.
Ele tirou o chapéu e bateu-o contra as coxas. Recolocou-o na cabeça e enxugou o rosto suado com um lenço.
_Precisam ser alimentados. Se os deixamos soltos, eles se viram sozinhos. Força e coragem são qualidades que adquirem quando são obrigados a sobreviver.
_Como eu - murmurou Hermione.
Ele fitou-a. O sol fazia reluzir as mechas sedosas de seus cabelos. Os olhos castanhos faiscavam, e os lábios rosados e cheios curvavam-se em um sorriso tentador.
_Você é forte - concordou. - Ao contrário daqueles pôneis, vale a pena olhar para você.
O elogio fez com que ela enrubescesse. O rosado que lhe coloriu as faces, a maneira com que abaixou a cabeça, encantaram Harry. Ela não devia estar acostumada a receber elogios por sua beleza.
Como os pôneis selvagens, ela parecia integrada à paisagem. Nunca havia pensado que aquilo pudesse se aplicar a uma mulher. O fato é que, durante os últimos dias, ele a vinha observando. Chegara à conclusão de que ela se adaptara facilmente, assumindo grande parte do trabalho pesado e fazendo muito mais do que se esperava dela. Tonks não parava de louvar suas qualidades, tentando encorajar uma aproximação entre os dois.
_E agora, como é que fica? - perguntou Hermione, indicando o garanhão. - Ele ganhou a parada?
_De jeito nenhum. Vou montá-lo de novo até que ele aceite ser cavalgado. Pode levar um tempo, mas vou domá-lo.
_E se ele derrubar você de novo?
_Vou continuar montando.
Ela ficou a observar o animal. Depois, sorriu, com malícia.
_Não sei não, Harry. Ele me parece um tanto teimoso...
_Posso dar conta disso.
_Conversa fiada de quem acabou de se esborrachar no chão.
Ele soltou uma gargalhada. Ela também. O cavalo arrebitou as orelhas como se quisesse entender a piada.
Hermione pendurou-se na cerca que os separava.
_Vou fazer manteiga. Tonks está me ensinando a usar a batedeira. Você sabia que eles têm um depósito de gelo? Remo cortou uma porção de blocos, que devem durar a maior parte do verão.
_Você parece surpresa. Não há gelo em Chicago?
_Claro. São vendidos em barras, mas ninguém tem uma geladeira em casa. Aqui, é diferente. Não precisam comprar. Nem gelo, nem manteiga nem ovos, ou galinhas. Tonks vive dizendo que não tem sentido as pessoas comprarem ovos. - Hermione esboçou um sorriso de malícia. - Fico imaginando meu quarto com um par de galinhas dentro. O senhorio não iria gostar nem um pouco.
_Acho que nem você. As galinhas têm um cheiro forte.
_Como tudo, aliás. Prefiro o cheiro delas aos da cidade.
Uma pequena mecha escapara dos cabelos presos no alto da cabeça, e esvoaçava em torno de seu pescoço. Harry arrancou as luvas grossas e prendeu os fios, passando-os atrás da orelha dela. Viu-se, contra a vontade, acariciando-lhe a pele macia, correndo os dedos pela linha do rosto.
_Você não voltaria a morar na cidade, voltaria?
_Não. Nem mesmo se... - Ela calou-se, mordendo o lábio inferior.
Ele deixou cair o braço, perguntando-se se ela adivinhara a verdade.
_Nem mesmo o quê?
_Stoner - ela murmurou. - Já estou aqui há mais de uma semana, Harry. Com a exceção do dia em que você foi até Whitehorn e trouxe minha bagagem, não houve contato algum, nenhuma notícia sobre o resgate, sobre a minha libertação, sobre coisa alguma!
O que diria a ela? Como contar a verdade? Não queria desapontá-la. Apoiou as costas em um dos cantos da cerca, tentando encontrar uma forma de não feri-la.
_Essas coisas podem demorar - conseguiu dizer, depois de algum tempo.
_Talvez. - Ela ficou a olhar para o chão durante alguns instantes. Depois, levantou o rosto e encarou-o. _Você continua negociando com ele? Com Stoner, quero dizer. Conversou com ele quando esteve na cidade?
_Juro que sim, Hermione. - tentou ficar o mais próximo possível da verdade. - Você sabe o que eu sinto em relação a ele.
Ela assentiu com um gesto de cabeça.
_Eu... - procurou as palavras com cuidado.- Eu e você discordamos quanto à qualidades de seu noivo e...
_E eu não creio mais que Stoner seja perfeito - interrompeu-o Hermione. - Eu havia construído uma imagem mental dele, do jeito que eu gostaria que ele fosse. Agora, não tenho mais certeza do que esperar.
Harry deu um suspiro de alívio. Talvez houvesse uma saída. Se ela punha em dúvida o caráter de Stoner bastaria insinuar que havia problemas. No devido tempo, ela descobriria por si mesma que o noivo não tinha mais interesse em casar-se com ela.
_Sei que pretende se casar - disse ele. - Compreendo seus sonhos e sei que são importantes para você. Depois das últimas semanas, creio que ficamos amigos.
Hermione concordou, baixando a cabeça. Corou, violentamente. Ele podia jurar que sabia em que ela pensava. Devia estar lembrando, assim como ele, os momentos que haviam partilhado. Ainda estavam vivas, em sua memória, as sensações que sentira ao te-la nos braços, o gosto de seus beijos, o perfume suave que emanava do corpo dela, a curva generosa dos seios, que ele arrebatara com as mãos.
Um calor intenso subiu-lhe pelo corpo. Mudou de posição para disfarçar o volume que já era visível em sua calça.
_Não acredito que Stoner seja o tipo de homem que possa fazê-la feliz.
_Ele e eu, na verdade, não nos conhecemos - ela admitiu. - Porém, ele me mandou a passagem... E eu prometi desposá-lo. Merece consideração.
Harry ficaria feliz em reembolsar Stoner se o assunto se limitasse ao preço da passagem. Antes de enforcá-lo, daria a ele o dinheiro. O que não podia dar a entender era que estava ansioso para que Hermione se livrasse do noivo. Era melhor para ambos se ela continuasse com suas fantasias. Seria menos doloroso. Além disso, mesmo que já estivesse preparada para acertar a verdade sobre Stoner, o que dizer de sua reputação? Estava arruinada e muito pouco poderia ser feito para reparar tal prejuízo... Exceto se a desposasse.
Fitou-a, imaginando que tal coisa não era tão impossível. Hermione sonhava com um marido amoroso e em constituir família. Ele, porém, recusava-se a expor a vida de mais uma mulher. Era bem verdade que Hermione já provara ser forte e corajosa, porém quem poderia afirmar que também não sucumbiria? E o amor que ela desejava, será que existia? Seu pai amara sua mãe mas, quando esta morrera, arranjara-se com Daisy.
À sua maneira, embora não quisesse casar-se com ela, ele a amara. Ele, Harry, nunca fora apaixonado por Claire. Mesmo assim, havia se casado e partilhado a cama com ela. E Claire... Bem, não tinha certeza de seus sentimentos. Como evitar o sofrimento?
_Nada foi decidido ainda - disse por fim. - Você se sente feliz aqui na fazenda, não é verdade?
Ela concordou.
_Devo ir á cidade nos próximos dias. É possível que até lá as coisas já se resolvam.
Era mentira, mas fez com que Hermione sorrisse. Por enquanto, era o que importava.


Hermione entrou na cozinha iluminada pelos raios de sol, com o avental cheio de ovos. Talvez um dia, se cansasse da rotina diária. Porém, por enquanto, divertia-se com ela. Gostava de ocupar as mãos, principalmente fazendo as refeições. Quando vivia na cidade, também cozinhava, mas não era a mesma coisa. Lá, precisava comprar os ingredientes. Na fazenda, não. Colhia-os fresquinhos. Gostava da sensação de estar ligada à terra.
Ouviu a porta abrir-se. Relanceou os olhos e viu uma silhueta masculina desenhar-se no vidro da janela. O coração saltou-lhe no peito. O homem entrou. Era Remo, e não Harry. A pulsação voltou ao normal e o frêmito no estômago desapareceu.
Não que não gostasse de seu anfitrião ou que não apreciasse sua companhia. Nada disso. Apenas não era Harry. Parecia que o mundo havia se reduzido a dois tipos de gente: ou era Harry ou não era Harry. Nada mais importava.
_Bom dia - disse, caminhando até a pia e começando a guardar os ovos em uma cesta.
Remo sorriu em resposta. Serviu-se de ruma xícara de café e sentou-se.
_Estava fazendo um serviço que me trouxe até aqui perto. Então pensei em mastigar alguma coisa. - Colocou alguns biscoitos no prato, apanhou a manteigueira e o pote de geléia que Tonks fizera verão passado. - Não vá me delatar!
Hermione olhou para o corredor.
_Tonks está descansando. Se não fizer muito barulho, ela nem vai perceber que você esteve aqui. - Apontou o vidro, com um sorriso malicioso. - É claro que vai dar pela falta dos biscoitos.
_Não podia dizer a ela que foi você quem comeu?
_Não. Porém, não direi nem uma palavra. Só se ela me perguntar.
_Já é alguma coisa. - Indicou a cadeira, do lado oposto. - Por que não me faz companhia enquanto eu como?
Hermione serviu-se de café e sentou-se diante dele. Remo partiu dois biscoitos ao meio, passou manteiga em dos pedaços e geléia no outro. Levou-os à boca, pondo-se a mastigá-los. Fechou os olhos com evidente prazer.
-Posso jurar que não existe uma cozinheira melhor em toda a região, do que a minha mulher.
_É verdade - concordou Hermione.
Gostava de observar a maneira carinhosa como o casal se tratava. O amor que havia entre eles era evidente. Muitas vezes, ela os havia surpreendido trocando olhares, tocando-se às escondidas quando achavam que não havia ninguém por perto.
Tomou um gole de café. Era assim que desejava viver. Queria ter um homem para amar e respeitar e que também lhe desse amor e respeito em troca. No momento, porém, era-lhe impossível concretizar seu sonho. Muita gente tinha a mesma opinião sobre Lucas Stoner. Ele era o responsável pelas coisas horríveis que vinham acontecendo nas imediações. Mesmo que não fosse o chefe dos renegados, estava envolvido com os ataques e as chacinas. O que fazer, diante daquilo?
_Queria lhe perguntar uma coisa sobre Tonks. - disse Remo, assim que acabou de mastigar. - Harry me contou que você trabalhou com um médico durante muitos anos. O dr. Prescott me assegurou que ela está bem, mas que está um pouco nervosa porque este é seu primeiro filho e tudo o mais. O que acha?
A voz de Remo ressoava cheia de amor e preocupação. Hermione sentiu-se tocada no fundo do coração.
_Sua esposa está bem - disse, inclinando-se para ele. - Está assustada com as transformações que o corpo tem sofrido. E temerosa de não ser capaz de lidar com as dificuldades do parto. Tonks, porem, é forte, bem-disposta, qualidades sumamente importantes para uma mulher nas condições dela.
_Ela me disse que tem conversado com você sobre muitas coisas. Sobre a chegada do bebê e os primeiros cuidados com ele. Que se sente melhor. Queria que soubesse que nós dois agradecemos sua dedicação.
_Fico feliz de poder ajudar. Gosto muito de Tonks.
_Estivemos conversando a respeito de mandá-la para a casa dos pais - continuou Remo. – Com tudo o que tem acontecido por aqui, nos sentiríamos mais seguros se ela estivesse longe, entre amigos. Porém, é preciso viajar durante um dia todo. Acha que pode prejudicá-la?
_Não. Mas será preciso seguir devagar, parando de vez em quando para que ela possa andar um pouco. Ela está esperando um bebê, Remo. Não está doente.
_Sei disso. Mas fico preocupado. Ela é minha esposa! - Não chegou a dizer em voz alta que a amava, mas Hermione entendeu. - E você, já refez seus planos? - perguntou, mudando de assunto. – Não creio que queira ficar muito tempo na cidade depois de tudo o que aconteceu.
A pergunta confundiu os pensamentos de Hermione. Planos? Será que sua permanência os estava incomodando? Não pretendia ficar com os Lupin além do necessário
_Nada ficou acertado – ela murmurou, com cautela
_ Na cidade você não quer ficar, não é mesmo?
Por que não? Talvez ele pensasse que ela não sabia do resgate.
_Harry me falou sobre o resgate - murmurou. - Que elevou a quantia. Lucas precisa de mais tempo para conseguir o dinheiro. Não decidi ainda o que fazer. Na verdade, eu concordei em desposá-lo, mas somos estranhos um para o outro. Acho que muitas coisas precisam ser levadas em consideração.
_De que resgate está falando? - perguntou, arregalando os olhos.
_Harry pediu resgate ao sr. Stoner, só então me deixará partir. Acho que precisa de dinheiro para reconstruir a fazenda.
_Harry tem muito dinheiro - retrucou Remo. – Se precisasse era só vender algumas cabeças de gado. Ele não quer resgate, quer informações. E agora, que Stoner decidiu não...
Calou-se, apertando os lábios, como se houvesse cometido uma indiscrição. Hermione sentiu como se houvesse sido golpeada no estômago. Uma sensação de pânico ameaçou dominá-la. Alguma coisa estava errada. Tinha certeza. Desde a primeira vez em que Harry havia alegado haver pedido dinheiro para libertá-la, sentiu intuitivamente que ele mentia. Nada lhe perguntara porque, na realidade, não queria saber. Agora, porém tinha de conhecer a verdade. Não havia mitra escolha.
_Agora que Stoner decidiu o quê?
Remo remexeu-se na cadeira, cabeça baixa, encabulado.
_Não é de minha conta. Pergunte ao Harry.
_Ele não está aqui neste momento. Você sabe muito bem que ele está longe com a boiada e que vai demorar para chegar. Conte para mim, Remo. Por favor, o que foi que Lucas decidiu?
_Desculpe-me, Hermione. Não devia ter tocado nesse assunto. Harry nunca pediu resgate algum. Na verdade, não queria que você soubesse a razão pela qual não podia mais devolvê-la ao Stoner.
_E que razão é essa?
A expressão de Remo era de pena.
_Stoner decidiu que não quer mais você. Você e Harry ficaram sozinhos durante muito tempo na floresta. O patife alegou que não está interessado em mercadorias usadas. Você sabe o que ele quis insinuar...
A sala rodou ao redor de Hermione ao ouvir semelhante insulto. Então, Stoner a rejeitara. Procurou controlar-se. Não era mulher para desfalecer á toa.
_Entendo... - murmurou, em um fio de voz. - Obrigada por me contar.
_Você está bem? .- perguntou Remo, preocupado com a palidez dela.
_Estou bem - respondeu, meneando a cabeça. Cerrou os punhos com força. - Gostaria de ter sabido da verdade desde o começo. Mas... sei por que Harry não me contou. Não queria me magoar. Que gentileza, a dele... - Sentia o corpo entorpecido. Mal conseguia falar, mexer os lábios. Lutou para ficar em pé. - Se me der licença, vou para meu quarto. Preciso ficar sozinha.
Remo levantou-se, completamente embaraçado.
_Sinto muito, muito mesmo Hermione. Foi melhor para você. Stoner é um bastardo, e você se arrependeria amargamente se casasse com ele.
_Tenho certeza de que tem razão. Obrigada. - Chegou ao quarto sem nem saber como. Jogou-se na cama, comprimindo a boca com as mãos para não romper em soluços. O que havia acontecido, meu Deus? Por que as coisas tinham dado errado? Havia poucos minutos, estava imaginando o que fazer com o compromisso que assumira com Lucas Stoner. No minuto seguinte descobrira que ele não a queria mais. Harry sabia de tudo e não dissera nada, absolutamente nada. Esfregou os olhos, reprimindo o choro. Recordou-se das inúmeras vezes em que haviam conversado, falando sobre o futuro. Será que Harry havia rido dela, de seu sonhos infantis? Ou pior, será que sentira pena?
Trechos inteiros de conversas voltaram-lhe à memória. Recentemente, Harry perguntara se ela nunca mais pretendia regressar a Chicago. Não havia dúvida de que estava preocupado em ter de se responsabilizar por ela para sempre. Como devia lamentar o fato de tê-la seqüestrado. Só quisera arranjar uma forma de obter informações e, no final, acabara tendo que aturar a noiva por correspondência do inimigo.
Hermione admitia que ele fizera de tudo para ser atencioso. Tentara, de todas as maneiras, fazê-la enxergar com os próprios olhos quem era Stoner. Quisera alertá-la para que desmanchasse o compromisso e desistisse de tudo antes de lhe contar que não haveria mais o casamento.
Stoner não queria mercadorias usadas. O que queria dizer com aquilo? Que a reputação dela havia sido enxovalhada? Estremeceu, só em pensar nas noites que havia permanecido junto de Harry na floresta. A cidade inteira sabia daquilo? Estava na boca do povo! Teve vontade de gritar que nada acontecera, que era inocente, mas... do que adiantaria? Uns poucos cochichos sussurrados era o bastante para destruir a reputação de uma mulher. Não era o que havia acontecido que importava... e, sim, o que as pessoas pensavam que houvesse acontecido.
Abriu os olhos, levantou-se e foi até a janela. E agora? Para onde iria? O que faria? Não havia mais noivo algum para reclamá-la e, mesmo que o fizesse, jamais iria ficar com ele. A menos que ele provasse que era um homem decente.
Quase explodiu em uma gargalhada histérica. Decente? Dificilmente ele seria. Harry estava certo. A mágoa foi, aos poucos, dando lugar à raiva.
Como Stoner ousara rejeitá-la? Prometera casar-se com ela, mas, ao saber do seqüestro, simplesmente a deixara abandonada a sua própria sorte. E se fosse outro homem, que não Harry, a raptá-la? Que coisas horríveis poderiam ter-lhe acontecido? Poderia ter sido morta, espancada... ou coisa bem pior.
A raiva tomou-a completamente. Raiva pela injustiça da situação. Raiva pela reação de Stoner. Quem ele pensava que era? Havia empenhado a palavra! Ainda que Hermione não desejasse mais desposá-lo, ele deveria honrar o compromisso assumido. Ela merecia uma explicação ou, no mínimo, um pedido de desculpas.
A raiva cresceu ainda mais, transformando-se em ira. Fervia de ódio, estava prestes a explodir como um vulcão. Rodou nos calcanhares, apanhando um xale e jogando-o sobre as costas. Rumou para a porta, apressando o passo.
Whitehorn não podia ser muito longe. Harry fora e voltara no mesmo dia. Ela também poderia.
Lucas Stoner não perdia por esperar. Ia ficar frente a frente com ele. E dizer tudo o que pensava a seu respeito.




Obs:Oiiiii pessoal!!!!Surpresaaaaa!!!!!Gostaram das atualizações??? "Noiva em Perigo" terminada, 3 capitulos de "Receita de Amor" e 4 de "Seqüestro de Amor"!!!!Resolvi recompensar vocês pela demora na atualização como uma 'super atualização'...hehehe....Mais uma vez me desculpem pela demora!!!Resolvi dar uma adiantada na fic, afinal já estava na hora da Hermione saber quem o Stoner é na verdade. Espero que tenham curtido os capitulos e prometo que até o final da semana tem mais e quem sabe ainda um presente de natal para vocês, hum?Que acham???Bjux!!!Adoro vocês!!!!

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