Capitulo 13
CAPÍTULO 13
Hermione caminhava de um lado para outro pela sala, sem cessar. A todo instante, olhava pela janela, esperando ver Harry chegar.
Durante o almoço, Tonks lhe contara que ele resolvera, inesperadamente, ir até Whitehorn. Ficara surpresa. Não apenas porque a viagem envolvia um enorme risco, mas também porque nada lhe dissera. A notícia provocara-lhe um frio no estômago, uma sensação esquisita. Não sabia, ao certo, a que atribuir o mal-estar. Seria, talvez, a possibilidade de que Harry fosse capturado e preso? Ou estaria ansiosa por saber se ele teria ido procurar Lucas Stoner finalmente? Teriam tratado de seu resgate? Será que ela poderia voltar a sonhar em encontrar-se com o noivo? Qualquer que fosse a razão, queria que ele voltasse o mais breve possível para responder a todas as indagações que a afligiam.
Um movimento, ao longe, chamou sua atenção. Correu para a janela. Era apenas um dos vaqueiros, voltando para a fazenda. Tonks havia dito que Harry levara a carroça para poder trazer a bagagem dela da cidade. Era bem próprio dele, pensou, preocupar-se com ela e seu bem-estar.
_Está esperando por Harry?
Ao ouvir a voz, às suas costas, deu um pulo de susto. Voltou-se e deparou-se com Tonks. Sorriu, encabulada.
_Sim, estou. Sei que é bobagem. Ele só deve voltar bem mais tarde. É que... Estou tão ansiosa para saber das novidades...
Tonks aproximou-se da janela e debruçou-se, olhando ao longe.
_Todos estamos. Espero que não tenha acontecido nada de mal a ele.
Fez uma pausa, como se fosse continuar a dizer mais alguma coisa. Mordeu o lábio e calou-se. Hermione sabia da preocupação de todos com relação a Harry. Temiam que o delegado o prendesse. Tanto para tranqüilizar Tonks como a si própria, murmurou:
_Tenho certeza de que ele tomou todas as precauções.
_Ele já se meteu em encrencas antes - retrucou Tonks. - É um sujeito muito teimoso. Remo tentou demovê-lo da idéia, mas ele não quis ouvir. Só nos resta rezar para que o delegado Lindsay não queira correr o risco de provocar um levante na cidade.
Hermione sentiu o estômago revirar.
_Sinto ser a causa de tantos problemas.
Tonkspousou a mão, com delicadeza, sobre o ombro de Hermione.
_Você não tem culpa alguma pelo que está acontecendo. Veio para Whitehorn de boa-fé, esperando fazer um bom casamento. Nunca poderia imaginar que iria ser seqüestrada. Harry é quem deve pedir desculpas, não você. Quando tudo terminar, tenho certeza de que ele vai se desculpar com você.
_Não precisa - disse Hermione, sem saber ao certo por que dizia aquilo.
Tonks fitou-a, por um momento, como se lhe tentasse ler os pensamentos. Depois, com um gesto de carinho, afastou-se.
_Todos estão apreensivos hoje. Também não dormi direito. Vou tentar descansar um pouco até a hora de fazer o jantar. Não se incomoda em ficar sozinha?
_De modo algum. Não quer que eu prepare o jantar? Sou boa cozinheira.
_ Seria ótimo. - Tonks abraçou-a, agradecida, e saiu.
Hermione seguiu-a com os olhos até que ela desaparecesse no corredor. Uma sensação de inveja apertou-lhe o peito. Tonks tinha um lar, um marido amoroso, um filho por nascer. Muito em breve, pensou, não teria mais motivos para invejá-la. Assim que Harry recebesse o resgate, ela iria para Whitehorn para casar-se e começar uma nova vida, plena de felicidade. Tentou visualizar o rosto de Lucas. A única imagem que lhe veio à cabeça foi a de Harry. A lembrança dos beijos que haviam trocado perturbou-a.
_Não pense mais nisso - murmurou, em voz baixa.
Estava prestes a se casar com Lucas. Não era correto ficar se lembrando dos beijos de outro homem. Mesmo assim, teve de confessar, ansiava por beijá-lo novamente.
Deixou-se cair no sofá, cobrindo o rosto com as mãos. Se Harry não a houvesse seqüestrado, nada daquilo estaria acontecendo. Não teria de lutar contra a sensação de estar sendo desleal. A cada dia ficava mais confusa. Se, pelo menos, pudesse ter certeza de que Lucas era um homem correto e não um patife como Harry afirmava... Se pudesse confiar plenamente nele como confiava em Harry...
Endireitou-se no sofá. Era aquele o problema. Confiava em Harry. Fora atencioso com ela, preocupara-se com sua segurança e bem-estar e, até onde sabia, nunca havia mentido para ela. Então, por que dissera coisas tão horríveis a respeito de Lucas? E se não estivesse mentindo? E se tudo o que tinha dito fosse verdade?
Sua intuição havia insinuado tal possibilidade desde a primeira vez em que ouvira Harry opinar sobre o caráter de Lucas. Não poderia desposar um assassino. Todos os sonhos que tinha iriam por água abaixo.
Levantou-se e foi até a janela. Dali podia descortinar o celeiro e a pastagem, estendendo-se a perder de vista. Fazia uma bela tarde. No céu azul, viam-se apenas algumas nuvens brancas como algodão. A primavera fizera surgir as cores, pintando as árvores com todos os matizes de verde. As flores se espalhavam por toda a parte. Será que a fazenda de Harry era tão bonita assim?
No mesmo instante, a lembrança das casas em fogo e dos corpos espalhados pela relva na fazenda atacada voltou-lhe à mente. Mesmo de olhos abertos, podia ver a destruição. Ainda tinha, nos ouvidos, o som da voz da mulher em agonia, chamando pelo marido, clamando pelos filhos. Seria aquele o cenário que Harry presenciara ao retornar às suas terras?
_Lucas Stoner é um perfeito cavalheiro - murmurou, tentando se convencer. - Um homem bom, gentil, adorável. - As palavras não produziram o efeito desejado. Ao invés de sentir-se aliviada, a preocupação e a insegurança aumentaram.
_Diga o que devo fazer, Harry. Diga a verdade. Lucas Stoner é, realmente, uma criatura horrenda? Ou é você que está errado?
Seus olhos captaram um movimento ao longe. Franziu as sobrancelhas, tentando enxergar melhor. Uma carroça contornava a curva, descendo pela trilha estreita que levava à fazenda. O coração começou a bater-lhe na boca, ao reconhecer quem a conduzia. Por pouco não bateu palmas de alegria. Era Harry. Tinha voltado. Graças a Deus não fora preso.
Saiu correndo para os fundos da casa, dirigindo-se ao quintal. Sentiu um frio na barriga. A mesma sensação que sentira quando Harry a beijara. Acelerou o passo. Chegou ao celeiro no instante em que Harry puxava as rédeas, obrigando o cavalo a parar. Ele fitou-a sem dizer uma só palavra. Havia alguma coisa errada, ela pensou. Podia adivinhar pela expressão que via no rosto dele.
_O que aconteceu? - perguntou aflita.
_Nada. - Ele desceu e passou por ela. - Trouxe seu baú. - Foi até a traseira da carroça, retirou a pesada arca de madeira, colocando-a no chão. - Acho que ninguém tentou abrir sua bagagem. Suas coisas devem estar em ordem.
_Não estou preocupada com isso - ela respondeu sem nem mesmo olhar para o baú. - Você está bem?
_Estou aqui, não estou? - Harry evitou encará-la. _Lindsay não me jogou atrás das grades. Não se preocupe. - Deu alguns passos, afastando-se.
Ela agarrou-o pelo braço.
_Harry?
Finalmente, ele olhou-a nos olhos. Uma sombra escura e tenebrosa perpassou-lhe o semblante e desapareceu. Hermione viu-se diante da fisionomia impassível de um estranho. Embora houvessem estado juntos durante muitos dias, pareceu a ela que não mais o conhecia. O que haveria acontecido? Será que estava escondendo alguma coisa?
_Você viu o sr. Stoner?
A boca de Harry apertou-se.
_Sim. Eu o vi. - A voz saiu alta e zangada. - Você escolheu um homem e tanto, Hermione. É uma pena que não possa estar com ele desde já.
_Você não permitiu - ela retrucou, acusadoramente.
_Não, não permiti. Nem vou deixar que o encontre por enquanto. Ou talvez nunca deixe. Pode ser que a mantenha como prisioneira para sempre. Stoner que arda, nas chamas do inferno, esperando por você.
Ela percebeu-lhe a tensão, a maneira com que contraía os músculos como se estivesse pronto para lutar. Talvez pretendesse assustá-la com aquelas palavras. Estranhamente, a possibilidade de ficar eternamente ao lado dele encheu-a de expectativas. Hermione cruzou os braços sobre o peito, em um abraço apertado, procurando acalmar as batidas loucas do coração. Não conseguia entender o que se passava em seu íntimo. Em meio à confusão de sentimentos, viu-se imaginando que Harry a desejava para si. Procurou recobrar a lucidez. Ela era apenas um meio para que ele atingisse seus fins. Nada mais.
Harry retirou os arreios do cavalo e puxou-o, dirigindo-se ao celeiro. Hermione o seguiu. Ficou a observá-lo enquanto ele escovava o animal. O que poderia ter acontecido para aborrecê-lo tanto? O que teriam conversado, ele e Stoner? Sentou-se sobre um fardo de feno, apoiando os cotovelos nos joelhos. Os diversos aromas no ar subiram-lhe pelas narinas. Cheiro de cavalos e de feno, mesclado pelas rajadas da brisa fresca, perfumada com as flores da primavera.
_Sua fazenda era como esta? - perguntou de maneira impulsiva.
Ao perceber o que dissera, encolheu-se, temendo receber uma resposta áspera. Ele, no entanto, continuou em seu trabalho, escovando cuidadosamente o cavalo. Depois de um longo instante calado, disse em um tom baixo e saudoso:
_A casa da sede era bem maior, de dois andares, um grande terraço ao redor. A extensão das terras era mais ou menos a mesma. Havia muita água, muito mais do que aqui.
_A terra... ainda é sua?
_Stoner tentou reclama-la, mas eu voltei a tempo de impedir.
_Quando tudo... - Ela hesitou, escolhendo as palavras. - Quando tudo estiver resolvido, pretende voltar para lá?
_É meu lar. Não tenho outro lugar para onde ir. Vou derrubar o que restou do incêndio e construir uma nova casa. O gado, que foi dispersado, precisa ser reunido. - Soltou um longo suspiro. - Meu pai e eu pretendíamos fazer uns cruzamentos para aprimorar a raça. Foi por isso que viajei até o Texas. Os búfalos são muito resistentes, mas sua carne é fibrosa. Iríamos cruzá-los para obter um rebanho com o melhor de cada espécime.
_Você ainda pretende prosseguir com seus planos, não é mesmo?
_Acho que sim. Remo guardou a manada que eu trouxe do Texas. Quando eu puder, vou levá-la para minhas terras. - Balançou a cabeça, desanimado. - Parece que tudo isso está tão distante.
_Não está - ela afiançou.- Com as informações sobre a ferrovia, você já tem uma pista para seguir. Logo, vai desvendar o mistério e poderá dar seguimento a sua vida.
_Talvez a estrada de ferro seja o fio da meada. Não temos certeza. Podemos estar enganados.
_Se for outra coisa, você descobrirá. Já foi tão longe com isso, Harry. Não pode desistir, agora. - A imagem de uma vasta pastagem, pontilhada de milhares de cabeças de gado, veio-lhe à mente. - Você não vai poder fazer todo o trabalho sozinho. Vai precisar de empregados.
_De pelo menos umas duas dúzias. Isso não será problema. Todos os dias chegam vaqueiros à procura de trabalho em Whitehorn.
_Pena que você não tenha uma dúzia de filhos para ajudá-lo - Hermione disse, impensadamente. Lembrou-se, um tanto tarde, de que a esposa dele morrera. Será que havia sido de parto? Constrangida, perguntou: - Havia crianças na fazenda?
Ele olhou-a, com uma expressão impenetrável. Deixou cair a escova e levou o cavalo para o estábulo. Quando retornou, recolheu do chão os arreios e os utensílios que usara, guardando-os no lugar certo, e sentou-se em um fardo de feno a poucos passos dela.
_Nenhuma criança - disse, destacando as palavras.
_Ainda não é tarde para... Harry, você pode...
Ele interrompeu-a, com um gesto.
_Não tenho interesse em me casar de novo.
_Mas...
Harry pulou para o chão, encarando-a.
_Você não entende, Hermione. Aqui não é a cidade. O inverno demora a terminar e é inclemente. O vento pode soprar durante dias, uivando de enlouquecer. No verão, é tão quente que até os animais sucumbem. Ter uma grande extensão de terras significa ficar a léguas de distância dos vizinhos mais próximos. Vive-se em completo isolamento, o trabalho é duro e pesado para todos. É uma vida difícil.
Ela endireitou o corpo, colocando as mãos nos quadris em uma atitude de desafio.
_Você pensa que eu não sei o que é um trabalho pesado? E que os uivos do vento podem me assustar? Pois vou lhe contar uma coisa. No prédio onde eu morava, um homem bateu em sua mulher até matá-la. Durante dois anos, surrou-a, diariamente. Dois anos! Passei dois anos ouvindo os gritos dela, enquanto ele a espancava sem dó nem piedade. Eu escondia a cabeça debaixo do travesseiro, rezando para que ele parasse. Ou que a deixasse ir embora. Uma noite, os gritos cessaram. Ele a matara.
_Hermione, eu...
_Eu ainda não terminei. Trabalhei até quase cair, partida ao meio, de dor nas costas. Minhas mãos ficavam em carne viva, comidas pela soda do sabão com que eu limpava os assoalhos. Passei fome! Fiquei mais de três dias sem pôr nenhuma comida na boca, porque não tinha um centavo. Ao sair de casa, um dia, depois de uma nevasca, vi dezenas de pessoas mortas de frio pelas ruas. - Fez uma pausa para recuperar o fôlego. As memórias horríveis que jaziam enterradas em mente tinham vindo à tona. Eram coisas que tentara esquecer durante anos. - Não quero dizer com isso que a vida aqui não seja difícil. Claro que é. Tanto quanto em qualquer outro lugar. Montana é um lugar lindo, mas suponho que possa ser insuportável também. Pense o que quiser, mas não me venha com essa conversa de que, por ser mulher, não sou forte suficiente para sobreviver. Conheço muitos homens que não sobreviveriam na cidade. Importante é que as pessoas sejam dotadas ou não de força para lutar e seguir em frente. Não importa o lugar.
_Sinto muito por saber que você passou por tudo isso - Harry murmurou desolado.- É uma pena que você não tivesse ninguém para protegê-la.
Ela encolheu os ombros, como se aquilo não a do incomodasse. Mas, na verdade. detestava ser sozinha. Por isso seus sonhos de casar-se e ter uma família eram-lhe tão caros.
_Nunca pensei que fosse tão perigoso viver na cidade - continuou ele. Encostou-se na parede pensativo. - Talvez você esteja com a razão. Talvez a vontade de sobreviver fale mais alto. Claire não era assim como você.
Hermione não entendeu bem aonde ele queria chegar. Quando ele se calou, não lhe fez pergunta alguma. A intuição lhe dizia que poderia não gostar do que ele tinha a dizer sobre a esposa morta. O desejo de saber mais, no entanto, era enorme.
Harry tirou o chapéu e começou a bate-lo nas coxas levemente. Os cabelos escuros e compridos, agora livres do chapéu que os prendiam, caíram até o colarinho. Só de pensar em acaricia-los, sentir a maciez de seus fios, Hermione curvou os dedos, antecipando o contato.
_Claire era da Geórgia, uma pequena cidade ao lado de Atlanta. A família tinha muito dinheiro, e ela nunca havia precisado fazer nenhum tipo de serviço. Era esguia e polida. Muito bonita.
_Uma dama - murmurou Hermione.
_Um bibelô - corrigiu Harry. - Ela poderia ter se tornado uma esposa adorável para o homem certo. Nosso casamento foi um erro. Ela odiava a fazenda, detestava o trabalho. Tinha as mãos perfeitas e imaculadas, sem nenhuma mancha ou sinal. Tinha o maior orgulho delas.
Hermione abriu as mãos e esticou os dedos, observando as unhas curtas, a mancha arroxeada onde uma galinha havia picado, os arranhões e as cicatrizes. Virou-as, de palmas para cima, olhando os calos e as outras marcas. Não eram mãos de uma dama. Eram mãos de quem trabalhava pesado. Também tinha orgulho delas. Queria que continuassem laboriosas.
_Ela devia ser encantadora - murmurou, esperando que ele não notasse como se sentia inadequada ao ser comparada com Claire.
_Sim, ela era. Estava sempre de branco, mesmo no inverno. Usava vestidos lindos, imaculadamente brancos, de mangas curtas e cheios de babados. Andava pela casa tão silenciosamente que parecia um fantasma, uma aparição.
_Era bonita?
Ele assentiu com um gesto de cabeça.
Ele havia comentado que Claire não era como ela. O que queria dizer que não era bonita, pensou, com tristeza. O engraçado é que nunca se importara com sua aparência. Porém, depois que Harry a beijara, desejava ser atraente aos olhos dele. Estava claro que não era.
_Hermione... - Ele cruzou a distância que os separava. Sentou-se ao lado dela e tomou-lhe as mãos. - Você não está fazendo um mau juízo de si mesma, não é?
_Oh, claro que não - ela disse, baixinho, imaginando como ele havia adivinhado seus pensamentos. - Sou robusta. Saudável. Não sou como Claire, uma dama. Porém, sou uma boa pessoa. E muito trabalhadeira.
Os olhos de Harry, verdes e brilhantes, procuraram os dela.
_Você é muito melhor do que isso.
O calor dos dedos dele, prendendo-lhe as mãos, dava a Hermione uma sensação de conforto. Queria que ele se achegasse mais, que a tomasse nos braços. Não tinha coragem de pedir.
_Quer saber por que Claire morreu? - ele perguntou.
Ela fez um sinal que sim.
_Começou a falar sozinha. Primeiro, apenas algumas palavras. Depois, frases. Mais além, toda uma conversação. O inverno estava particularmente penoso. Tínhamos de nos manter dentro de casa, trancados. Claire insistia em usar seus vestidos vaporosos. Recusava-se a colocar um agasalho. Sua pele estava sempre gelada, mas ela parecia não notar. Então, um certo dia, ela abriu a porta dos fundos e saiu caminhando pela neve. Eu nada percebi, a não ser horas mais tarde. Quando eu encontrei, estava morta ao lado do celeiro. Congelada.
Hermione percebeu a dor contida na voz de Harry e sentiu pena dele. De ambos. Apertou-lhe os dedos, sabendo que não tinha palavras que pudessem aliviar seu sofrimento.
Harry retribuiu o aperto de mão e soltou-a.
_Eu sabia, com toda a convicção, que meu casamento não ia dar certo - murmurou. - Devia tê-la mandado de volta para casa. Em vez disso... tentei fazê-la feliz.
_Não foi culpa sua - disse-lhe Hermione.
_Não? Então, de quem foi? De Claire? Ela veio para o oeste, esperando encontrar uma vida igual a que deixara para trás. Talvez não fosse forte o suficiente e nem pudesse ser feliz em lugar nenhum. Não sei. O que sei é que não quero, nunca mais, ser responsável pela infelicidade ou pela morte de alguma outra mulher. Nunca mais.
Levantou-se e saiu do celeiro. Hermione viu quando ele parou, colocou o baú nos ombros, carregando-o para a casa.
Que forças estranhas haviam se apossado da esposa de Harry para fazê-la dar cabo da própria vida? Será que tinha consciência do que fazia? Hermione sentia muita pena dos dois. Mas Harry estava errado em amaldiçoar a terra. As pessoas são diferentes, reagem às dificuldades conforme temperamento. Umas são mais fortes. Outras menos. Talvez Claire não pudesse sobreviver, enfrentar a vida rústica de Montana. Ela, Hermione, podia. Se tivesse a oportunidade.
E agora, o que iria acontecer? Não tinha mais certeza de nada. Não sabia se suportaria encontrar-se com Stoner, mas... Talvez tivesse de enfrentar aquilo também. Harry podia ter conjeturado em mantê-la prisioneira para sempre, porém, na realidade, nunca teria coragem para tanto. E se ele a libertasse, o que faria?
Iria para a cidade? Se não se casasse com Stoner viveria de que? Será que encontraria um trabalho? Queria mesmo ficar em Montana?
A única certeza que tinha era de que jamais voltaria para Chicago. Havia trabalhado muito tempo com o dr. Redding e era uma boa enfermeira. Poderia arranjar um serviço, ajudando as pessoas doentes. Talvez houvesse um médico na cidade. Poderia oferecer os seus préstimos a ele.
Contudo, não precisava decidir-se imediatamente. Os Lupin eram pessoas gentis e não se importariam que ela ficasse com eles um pouco mais. Até que encontrasse uma ocupação. Até que descobrisse o verdadeiro envolvimento de Lucas Stoner nos ataques e mortes de tantas pessoas. Até que soubesse exatamente por que seu corpo se incendiava toda vez que pensava em Harry Potter.
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